
Cremos de todo o coração que devemos seguir de perto nosso Senhor Jesus Cristo e ser semelhantes a Ele. Entretanto, poucos cristãos (talvez nenhum) podem ver isso como uma possibilidade real para si mesmos ou para os crentes que eles conhecem. Isso não parece ser algo que possamos avaliar mediante medidas definidas, que entendamos claramente, e que saibamos como implementar.
Consequentemente, nos sentimos apanhados nas garras de um dilema. Se um dia eu garantir aos meus amigos cristãos que pretendo parar de pecar e alcançar um estágio onde possa seguir perfeitamente a Jesus Cristo, é provável que eles se sintam escandalizados e ameaçados - ou, no mínimo, muito confusos. "Quem você pensa que é?", provavelmente dirão. Ou poderão pensar: "O que há com ele?".
Se, porém, por outro lado, eu afirmo que não pretendo parar de pecar ou que não planejo realmente seguir meu Senhor, eles ficariam igualmente perturbados. E com razão. Como Jesus pode ser meu Senhor se eu nem ao menos planejo obedecê-lo? Isso realmente seria diferente, em essência e em resultado, de não tê-lo como Senhor? Meu círculo de comunhão cristã não me permitirá deixar de seguir a Jesus, nem pensar em fazer isso, mas, tampouco, me permitirão dizer: "Não pecarei mais".
Ainda assim, eu devo fazer uma das duas coisas: devo ter a intenção de parar de pecar ou de continuar pecando. Não existe uma terceira possibilidade. Tenho de planejar seguir totalmente a Jesus ou não fazer isso. Não planejar seguir realmente a Jesus é diferente, diante de Deus e da humanidade, de planejar não segui-lo? Mas como posso eu honestamente fazer uma coisa ou outra?
O dilema seria resolvido se pudéssemos planejar realisticamente ser como Cristo. Talvez o momento mais difícil na vida de um pastor ou professor ocorre quando, em resposta à sua pregação ou ensino, um ouvinte diz: "Tudo bem. Eu realmente quero ser como Cristo. Você me convenceu de que somente quando eu ando com Ele e de fato me torno semelhante a Ele posso conhecer a plenitude da vida para a qual fui criado. Agora, diga-me, precisamente, como fazer isso." Dificilmente o líder pode dizer: "Você não deveria tentar fazer isso!" Por outro lado, há poucos líderes e professores hoje em dia que podem dizer calmamente "Eis o que você precisa fazer" e apresentar passos específicos e comprovados, realmente acessíveis ao seu interlocutor.
(Dallas Willard. O Espírito das Disciplinas. Editora Danprewan).
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