
Eu li um clássico sem paralelo que reconta a vida, os sofrimentos e as mortes triunfantes dos mártires cristãos da história, o Livro dos Mártires que inicia com a história do nosso Jesus Cristo e dos seus sofrimentos. O livro traça as raízes da perseguição religiosa. Expõe os casos de mártires famosos como John Wycliffe, John Huss, William Tyndale, Martinho Lutero, Thomas Cranmer e muitos outros. Os relatos são ao mesmo tempo pungentes e animadores. Eles diziam: Cada ferida a faca no rosto é uma boca para pregar a Cristo.
John Foxe fala de um dos mártires ao invés de lágrimas, suspiros e gemidos se ouve a voz dele cantando salmos durante todo o tempo da flagelação, pedindo aos algozes que não o poupassem pela sua nobreza: Não é o sangue dos meus progenitores - dizia ele – mas, sim a profissão de fé cristã que me faz nobre. As palavras do mártir eram como óleo para o fogo da fúria do prefeito. Quanto mais o falava, mais enlouquecido ele ficava, a ponto de ordenar que as ilhargas do mártir fossem perfuradas a faca até aparecer o branco dos ossos (FOXE, 2003, p. 14).
No ano 161 (d.C) Marco Aurélio assumiu o trono e ele foi duro e feroz contra os cristãos, e desencadeou a quarta perseguição. As crueldades executadas nesta perseguição foram de tal calibre que muitos dos espectadores estremeciam de horror ao vê-las e ficavam atônitos diante da coragem dos que as sofriam. Alguns dos mártires eram obrigados a passar, com os pés já feridos, sobre espinhos, cravos, conchas afiadas, etc. Outros eram açoitados até que seus tendões e veias ficassem expostos, e depois de haverem sofrido os mais atrozes tormentos já inventados, eram mortos das maneiras mais terríveis.
Um deles foi jovem Germânico. Ele era um verdadeiro cristão e foi entregue às feras por causa de sua fé. Enfrentou tudo com coragem tão assombrosa que muitos pagãos se converteram ao cristianismo.
Policarpo, o respeitado bispo de Esmirna se ocultou ao ouvir que o procuravam, foi, porém, descoberto por um menino. Depois de servir uma refeição aos guardas que o prenderam, pediu-lhes uma hora de oração e foi atendido. Orou com tal fervor que os soldados, os quais o haviam detido se arrependeram de havê-lo feito. Todavia, levaram-no ao procônsul e ele foi condenado e queimado na praça do mercado.
O procônsul o pressionou dizendo: “Jura e te darei a liberdade. Blasfema contra Cristo” (FOXE, 2003, p. 29).
Policarpo respondeu-lhe: “Durante oitenta e seis anos o tenho servido, e nunca me fez mal algum. Como blasfemaria eu contra o meu Rei, que me tem salvado?” (FOXE, 2003, p. 29).
Policarpo lhes assegurou que se manteria imóvel na estaca, então, ao contrário do que se costumava fazer, foi apenas atado e não cravado. Ao acenderem a fogueira, as chamas lhe rodearam o corpo, como um arco e sem tocá-lo. Ordenaram então ao carrasco que o traspassasse com uma espada. Com isto, manou tão grande quantidade de sangue que o fogo se apagou (FOXE, 2003, p. 30).
Justino, o célebre filósofo, foi martirizado nesta perseguição. Era natural de Neápolis, em Samaria, e nascera em 103 d.C. Foi um grande amante da verdade e erudito universal. Por volta do ano 133 d.C., aos trinta anos se converteu ao cristianismo e, desde então, pela primeira vez, percebeu a real natureza da verdade. Escreveu uma elegante epístola aos gentios e empregou seus talentos para convencer os judeus da verdade dos ritos cristãos. Dedicou grande tempo a viajar, até estabelecer sua residência em Roma, no monte Viminal.
A segunda apologia de Justino, devido a certas coisas que continha, deu ao cínico Crescente a oportunidade de predispor o imperador contra ele, por isso, Justino foi detido juntamente com seis companheiros. Como se recusassem a prestar sacrifícios aos ídolos pagãos foram condenados ao açoite seguido de decapitação. Esta sentença se cumpriu com toda a severidade imaginável.
A verdade é que vários mártires cristãos da história foram decapitados por se recusarem a sacrificar à imagens ou por não negarem a Cristo de forma alguma.cHoje não temos os mesmos sofrimentos, mas temos o modelo de vida destes mártires para enfrentarmos qualquer tipo de perseguição sempre visando a causa de Cristo, a glória de Cristo.
Alcindo Almeida
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