sexta-feira, 30 de abril de 2010

SUA ALTEZA, O MENDIGO. XLVII


A esmola é um gesto caritativo que, ao mesmo tempo em que mitiga a fome do mendigo, o degrada em sua dignidade, enquanto tenta engrandecer o esmoler. Aquele que dá uma esmola, por menor que seja, sente-se aliviado em sua consciência pelo ato de altruísmo, ainda que possa nutrir uma culpa por ter um pouco mais do que o pedinte. Benemerência pode ser um surto de culpabilidade ao coletivo.
A esmola é uma doação ao demérito. O mendigo, como um pária social, não faz jus ao donativo que recebe e ainda gera dolo no filantropo, que tendo mais condições do que o indigente, acaba ficando acusado por dar tão pouco.
Em qualquer das circunstâncias a esmola é constrangedora. Ela se mostra como um incômodo imperioso que só mata a fome do carente, embora não satisfaça a decência humana, nem o contentamento daquele que é o doador. O fulano que a recebe, suaviza a sua dor imediata, mas não a sua fome de significado pessoal. O que a dá, abranda a culpa particular, contudo ainda mantém um débito de valor impagável, por ter mais sucesso.
Dar bolsas de amparo às famílias desprovidas poderia ser um gesto de magnanimidade, se os carentes não fossem eleitores e os dadivosos não fossem políticos, negociando o voto, com o estomago do necessitado. É triste ver um país como o Brasil sendo transformado num curral eleitoral, financiado com dinheiro público pelos coronéis do desmando aético da pós-modernidade despótica, sob a seqüela apática do povo.
Entendo que a esmola da graça é uma dádiva imerecida ao privado de dignidade, mas também, desprovido de qualquer possibilidade de retribuição. O banquete aos miseráveis, demonstrado por Jesus, é um jantar que não dá lucro ou recompensa para quem o promove. O convidado é tão pobre que nunca poderá pagar a benção recebida. Só assim, viver de caridade tem algum sentido.
Graça ressarcida é mercadoria do comércio sórdido dos filhos do coisa-ruim. Tentar indenizar o favor imerecido é uma arrogância cavalar de gente estupidificada. Do mesmo modo, ninguém pode comprar a lealdade política de um faminto com um prato de comida, nem exigir que o favorecido tenha que compensar com o seu voto, o benefício recebido. Só os crápulas protegem os carentes, com o fim de serem gratificados.
Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. Mateus 6:2-4. Donativos propalados e dádivas requerendo reconhecimento fogem às características da verdadeira beneficência. Cuidado com gente que dá um prato de sopa, com o fim ser laureada como benemerente.
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Glenio Paranaguá – mendigo-padrão.

Entre desencontros e reencontros - Por Ricardo Agreste

Todos temos a difícil tarefa de lidar com amarguras em relação às atitudes de pessoas. Todos temos a difícil tarefa de lidar com amarguras em relação às atitudes de pessoas.Debaixo dos olhos do Pai Celeste, que tanto nos tem perdoado, somos motivados a fazer o mesmo com o irmão que pecou contra nós.
Um dos maiores desafios que enfrentamos na manutenção de nossa saúde física, emocional e espiritual reside na forma como lidamos com os ressentimentos gerados pelos desencontros em nossas relações interpessoais.
Em algum momento de nossa trajetória, todos nós nos deparamos com a difícil tarefa de lidar com as amarguras em relação às atitudes e palavras de pessoas que, consciente ou inconscientemente, nos feriram ou decepcionaram. No evangelho de Mateus, Jesus inicia uma sessão de ensinamentos com a seguinte frase: "Se o seu irmão pecar contra você (…)".
Diante do que é colocado, Pedro levanta uma palpitante questão: "Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim?" Jesus responde de forma enigmática, dizendo que não deveria fazê-lo somente sete vezes, mas sim, "setenta vezes sete", conforme Mateus 18.21-22. Dando continuidade ao raciocínio, o Mestre conta a história do rei que, diante da oportunidade de acertar contas com seus servos, optou por cancelar suas dívidas e deixá-los ir.
É interessante que a primeira preocupação que nos ocorre ao lermos este trecho é qual seria o significado da frase "setenta vezes sete". Isso muitas vezes desvia a nossa atenção de alguns outros elementos bem mais importantes no texto. Um deles é o fato de que este conjunto de ensinamentos trata dos desencontros entre "irmãos" e "conservos". Logo, nosso questionamento deveria ser identificar quem é esse irmão, a quem devemos perdoar, ou quem é o conservo cuja dívida devemos cancelar. Eles certamente não serão pessoas desconhecidas, aquela gente que simplesmente encontramos na fila do banco ou no ponto de ônibus.
Tais termos referem-se a pessoas que têm compartilhado conosco de uma jornada mais constante, andando lado a lado numa caminhada de fé e na construção de uma relação de amizade.Justamente por isso, somos levados à constatação de três grandes problemas em nosso relacionamento com aqueles que nos são como irmãos ou conservos.
O primeiro deles é que nossa maior dificuldade não é lidar com desencontros ocorridos com estranhos. O sofrimento e a crise se instalam de forma dolorosa e complexa quando o relacionamento com gente que compartilha de nossas vidas é abalado.
O segundo problema diz respeito ao idealismo que criamos em torno dessas pessoas que nos são próximas. É uma expectativa irreal pensarmos que gente que compreende o Evangelho e se rende a Jesus como Salvador e Senhor não está sujeita a sentimentos de inveja, ciúmes, rancor ou inimizade. Daí nossa decepção quando o relacionamento com alguém assim é abalado.
O terceiro problema aponta para a forma como trabalhamos esses nossos relacionamentos. Sempre atribuímos maior valor à última atitude ou palavra, sem levarmos em conta todas as atitudes e palavras que construíram a história daquela relação. Em outras palavras, não importam todos os depósitos que foram feitos ao longo das experiências vividas; diante do desencontro, agimos como se nosso irmão ou conservo não tivesse qualquer saldo em nossas vidas.
Em qualquer destas situações, a solução é sempre abrir mão do orgulho, reconhecendo o valor dessas pessoas para nossas vidas e histórias, redimensionando nossas expectativas em relação a elas e levando em conta tudo de bom que construiu nossa história mútua, e que não pode ser desprezado em função de um erro fortuito.
Mas o que Jesus quis nos ensinar com essa história? Primeiramente, que nós somos como o servo que não tinha como quitar a dívida com seu senhor. Deus é o rei que optou por cancelar nossas contas e deixar-nos ir, salvos e justificados. Logo, existem momentos que somente a consciência de quem somos diante de Deus pode nos dar a humildade suficiente para lidarmos com graça com nosso irmão ou conservo ofensor.Em segundo lugar, a história nos ensina que perdoar não é um sentimento que brota espontaneamente dentro de nós.
O perdão é uma decisão que tomamos de assumir os prejuízos gerados pelo ofensor, abrindo mão de toda e qualquer cobrança. Ao perdoar o devedor, aquele rei não estava dizendo que não existia de fato uma dívida, mas sim, que ele resolvera abrir mão do que lhe era devido. Ou seja, ele assumiu o prejuízo e liberou o outro de qualquer cobrança. E, muitas vezes, o perdão não consiste em um mero ato, mas em um processo – mesmo depois de tomarmos a decisão de cancelar as contas, somos surpreendidos por sentimentos que voltam a nos assaltar e nos impulsionar à demanda por justiça. Diante deles, precisamos renovar nossa decisão pelo perdão.
Agindo dessa forma, nossos desencontros serão movidos na direção de reencontros. Debaixo dos olhos do Pai Celeste, que tanto nos tem perdoado, somos motivados a fazer o mesmo com o irmão que pecou contra nós ou com o conservo que nos deve. Movidos pela graça que nos alcançou, somos capazes de derramá-la sobre aqueles que nos feriram ou decepcionaram.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Cuidado com a ganância na vida


- Texto para reflexão: Se vires em alguma província opressão de pobres, e a perversão violenta do direito e da justiça, não te maravilhes de semelhante caso. Pois quem está altamente colocado tem superior que o vigia; e há mais altos ainda sobre eles. O proveito da terra é para todos; até o rei se serve do campo. Quem ama o dinheiro jamais se farta dele; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade (Ecles. 5.8-10).

A Palavra de Deus foi escrita no contexto de uma sociedade agrária onde a maioria das pessoas se dedicava, para subsistência, às atividades agrícolas, trabalhando com as famílias, extraindo da terra e dos rebanhos o pão de cada dia. Nesse sentido, a questão mais importante para as necessidades materiais era possuir terra e ter paz social.
Sabemos que com a "revolução industrial" no Século 18 houve o surgimento das empresas e dos grandes centros urbanos. Daí o motivo agora de buscar as opções de sobrevivência na vida.
Quando percebemos a ganância tomando conta do coração humano o resultado é óbvio. Os pobres é que são oprimidos e esquecidos. E com toda certeza os que possuem um pouco mais acabam dando vazão para a cobiça.
Salomão conhece os processos da sua época e vê que os oficiais da ordem social são corruptos que esperam cobrar dos seus inferiores com atos injustos. E quem geralmente sofre é aquele que paga todos os impostos. Salomão é um destes beneficiados porque quando ele cobrava os impostos do povo, ele abusava.
E provavelmente através de duras penas ele aprendeu a lição da falta de temor e bom senso diante da lógica da vontade de Deus. Tanto que a afirmação dele no versículo 10 é: Quem ama o dinheiro jamais se farta dele; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é vaidade.
Este é um cuidado que devemos ter como servos de Deus. Não estou dizendo que não podemos sonhar com uma vida melhor. Estou evidenciando o cuidado com esta idéia de ter e cada mais ter. A tendência de quem ganha muito é querer mais e mais.
Salomão mostra para nós que o grande problema é quando amamos o dinheiro. Aliás, as Escrituras nos advertem severamente dizendo que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Ele mostra que quem ama a abundância nunca se farta da renda. E é uma verdade inquestionável. No final de tudo as riquezas não satisfazem e só trazem dissolução e esgotamento físico na vida.
Salomão afirma em Eclesiastes 5.11: Onde os bens se multiplicam, também se multiplicam os que dele comem. Ele afirma no versículo 12 que doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco, quer muito, mas, a fartura do rico não o deixa dormir.
Eu diria que este tem menos problemas para buscar a ganância na vida. Ele trabalha durante o dia e quando vai para casa à noite pode descansar sem preocupações e sem pesares no coração. Ao contrário, o rico sempre tem que cuidar do bem-estar da sua riqueza. Ele vive num processo enorme de ansiedade sobre o cuidado com o dinheiro que tem e o quanto precisa ganhar ainda.
Salomão diz que viu um grave mal debaixo do sol: as riquezas que seus donos guardam para o próprio dano. Ele diz que se tais riquezas se perdem por qualquer má aventura, ao filho que gerou nada lhe fica na mão. Ele conclui dizendo que assim como o homem saiu do ventre de sua mãe, assim nu voltará, indo-se como veio e do seu trabalho nada poderá levar consigo.
Esta verdade é séria demais para nós. A tradução para grave é grande enfermidade. A luta desenfreada pelo dinheiro e pelas conquistas aqui na terra gera desgastes e enfermidades na vida humana.
Sabemos que esta é uma grande realidade que Salomão mostra para nós. Ele mostra que é vão o desejo de ter aqui na terra. Aqui é que mora de fato a vaidade na vida. Pois, buscar riquezas perecedoras e confiar nelas é algo que ocupa o coração da gente.
Como lembra bem Thomas Kempis no seu livro: A imitação de Cristo “vaidade é também ambicionar honras e desejar posição elevada. Vaidade é seguir os apetites da carne e desejar aquilo pelo que, depois, será gravemente castigado. Vaidade é desejar longa vida e, entretanto, se descuidar de que seja boa. Vaidade é só atender à vida presente sem providenciar para a futura. Vaidade é amar o que passa tão rapidamente e não buscar, pressuroso, a felicidade que sempre dura” (KEMPIS, Thomas A. A imitação de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2000, p.14).
Salomão apresenta o fim de todos os homens inclusive àqueles que acham que com o dinheiro terão vida longa, nunca se apagarão e nunca perecerão na vida. Ele nos lembra que não levaremos nada desta vida. Como chegamos ao mundo, da mesma forma voltaremos.
Esta realidade nos convida a procurar o desapego do nosso coração quanto ao amor às coisas visíveis e afeiçoá-lo às invisíveis. Porque aqueles que satisfazem seus apetites materiais mancham a consciência e perdem os momentos de desfrutar de algo melhor do que as posses terrenas: a graça de Deus. É bom nos lembrar de que o melhor que levamos desta terra é o relacionamento com o Criador e não as conquista materiais.

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Alcindo Almeida

quarta-feira, 28 de abril de 2010

ILUSÕES DA FÉ..

Por que Deus permite o sofrimento?; “Se Ele faz diferença em nossas vidas, por que há tantos cristãos falsos?”; “Se o Senhor sempre perdoa, por que me sinto culpado?” Questionamentos acerca da existência de Deus e de seu poder de transformação são comuns a muitas pessoas. Porém, não imaginamos que também façam parte da vida de inúmeros cristãos.
Ilusões da Fé responderá algumas das perguntas mais frequentes, e conduzirá o leitor a um conhecimento mais profundo do Cristianismo e do modo como ele opera. Através deste livro, você terá respostas reais e diretas, permeadas de esperança, para os questionamentos mais comuns entre os cristãos. Entenderá, ainda, que o Evangelho não apresenta soluções fáceis e imediatas, mas, ao contrário, oferece um caminho árduo, porém, transformador do ser humano.
Leia Ilusões da Fé e descubra que as suas dúvidas podem abrir portas para um encontro real com Deus. Páginas: 182
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SOBRE O AUTOR: Philip Yancey é escritor e jornalista americano. Com mais de 14 milhões de livros comercializados em todo o mundo, é um dos autores cristãos que mais vendem, tendo suas obras traduzidas para 25 idiomas. Yancey colabora com a revista Christianity Today, como editor associado. Tim Stafford é escritor sênior da revista Christianity Today. Entre seus muitos livros, encontram-se Conhecendo a Face de Deus e A Bíblia do Estudante (em autoria com Philip Yancey). Stafford vive com sua esposa em Santa Rosa, Califórnia. Verne Becker é autor e editor de treze livros, incluindo The Real Man Inside e Recovery Devotional Bible. Ele vive em Nyack, Nova York, com sua esposa, Nancy.

Mesmo nas crises, seja referencial de companheirismo


- Texto para reflexão: Depois Davi, retirando-se desse lugar, escapou para a caverna de Adulão. Quando os seus irmãos e toda a casa de seu pai souberam disso, desceram ali para ter com ele. Ajuntaram-se a ele todos os que se achavam em aperto, todos os endividados, e todos os amargurados de espírito; e ele se fez chefe deles; havia com ele cerca de quatrocentos homens. Todavia um dos filhos de Aimeleque, filho de Aitube, que se chamava Abiatar, escapou e fugiu para Davi. E Abiatar anunciou a Davi que Saul tinha matado os sacerdotes do Senhor. Então Davi disse a Abiatar: Bem sabia eu naquele dia que, estando ali Doegue, o edomeu, não deixaria de denunciá-lo a Saul. Eu sou a causa da morte de todos os da casa de teu pai. Fica comigo, não temas; porque quem procura a minha morte também procura a tua; comigo estarás em segurança (I Samuel 22.1 e 2; 20-23).

Há uma história que é narrada no filme: Os miseráveis. É a história de um ladrão que é influenciado por um sacerdote religioso. Ele é acolhido pelo mesmo e tenta roubar o sacerdote leva os seus castiçais de ouro e ainda bate no mesmo. Em seguida, os guardas o pegam e levam-no para o sacerdote reconhecer. E um soldado diz: É este o pilantra que o roubou, não é mesmo!
Ele diz ao ladrão: Faltou você levar os talheres, estes transformarão a sua vida para sempre. E este ladrão nunca mais foi o mesmo. Porque houve alguém que se transformou no seu companheiro leal. Isto que aprendemos neste texto precioso.
Vemos no texto (capítulo 21) que Davi vai a Nobe, ao sacerdote Aimeleque. Davi estava faminto e pediu pães para Aimeleque e o mesmo disse que não tinha pão comum à mão; havia só pão sagrado. E foram dados os pães da proposição santos para Davi. Esta é só uma idéia de que a nossa lógica é diferente da de Deus.
O texto nos informa que ali estava um homem, um dos servos de Saul e o seu nome era Doegue, edomeu, chefe dos pastores de Saul. Então Davi pede alguma arma para ele e Aimeleque diz que só tem a espada de Golias e imediatamente fugiu para Aquis reis de Gate. Só que lá reconheceram Davi e ele teve de se fazer de doido.
O texto diz que Davi foi embora e se refugiou na caverna de Adulão que significa refúgio. Vejam a vida de Davi como está. Ele vem fugindo de um lugar para o outro. O seu corpo está cansado, ele está desanimado de tanta perseguição de Saul sem ele ter feito nada para o rei. E quando ele está numa crise enorme, Deus envia seu pai e seus irmãos para a caverna de Adulão, cujo significado é refúgio e ali estiveram com ele. E o texto diz que todos os que se achavam em aperto, todos os endividados e todos os amargurados de espírito se ajuntaram a Davi e ele se fez chefe deles. O número era cerca de quatrocentos homens.
Agora, imaginem o rei perseguindo Davi, ele estava em total apuro e o texto mostra claramente que no meio da crise de Davi, vem mais pepino para ele. Homens em aperto com problemas, homens e endividados e todos os amargurados de espírito. Todo este grupo está com outro homem em crise total. Mas, o texto diz que Davi se fez chefe deles.
A minha pergunta é: Que tipo de pessoa extraordinária é este Davi? Pois, no meio de um terremoto grande na sua vida, ele ainda tem tempo para ser companheiro de endividados, de amargurados de espírito e de homens em aperto?
Davi é um referencial de companheirismo no meio de uma crise horrível. Ele não se preocupa somente consigo mesmo, mas com os outros também e estende o seu ombro amigo para gente que eu e vocês não gostaríamos de estar perto.
Esta é a proposta do Evangelho do Reino de Deus, é a proposta de gente em crise cuidar de outros em crise. E a proposta de se doar. Henri Nouwen diz algo extraordinário sobre esta realidade:

“Em nossa sociedade voltada para a solução, é mais importante do que nunca compreender que querer aliviar a dor sem compartilhá-la é como querer salvar uma criança de uma casa em chamas sem o risco de se ferir... O envolvimento com os outros é o engajamento mais profundo nas questões cruciais de nosso semelhante” (NOUWEN, Henri. Crescer: os três movimentos da vida espiritual. São Paulo: Paulinas, 2000, p. 59).

É preciso entrar na chuva para se molhar. Precisamos converter o movimento da nossa vida da hostilidade para a hospitalidade, para o companheirismo. Olhem só o princípio deste moço santo de Deus. Ele está em crise profunda, mas no meio dela, quer ser amigo, companheiro, gente que está ao lado de pessoas que ninguém quer estar. Este é Davi, o amado de Deus, aquele que não mede esforços para estar ao lado de endividados, de amargurados de espírito e de homens em aperto.
Você foi chamado para isto. Esta função não é só dos pastores, é sua também. É nossa, é da igreja. Em que lugar? No bairro, no Hospital, na Faculdade lugar onde jovens estão se entregando às drogas e à vida dissoluta.
Davi não é alguém que passa batido na história, é alguém que se preocupa com o seu semelhante e ele é hospitaleiro, companheiro, amigo de endividados, de amargurados de espírito e de homens em aperto. Que loucura SANTA!!!
Cuidemos daqueles que estão ao nosso redor!!! Deus colocou alguns na nossa caminhada e precisamos cuidar deles. Porque são nossos semelhantes e a Palavra de Deus nos ensina a cuidar dos mais fracos e não agradar a nós mesmos.

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Pr. Alcindo Almeida

domingo, 25 de abril de 2010

A VIDA E AS NOSSAS DIFICULDADES


- Texto para reflexão: E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança (Romanos 5. 3-4).

É incrível como as dificuldades surgem como as tempestades que se formam gradualmente e intensamente. Algumas vezes os ventos da adversidade nos assolam tanto que quase perdemos o chão.
Parece bem mais fácil lidar com as dificuldades quando ainda estão se aproximando. Mas, nem sempre isso acontece! São os ataques ameaçadores que estão além do horizonte, àquela dor que não conseguimos controlar que nos deixa de pernas bambas.
A adversidade tem seu modo característico de nos deixar em pedaços. Lembro-me perfeitamente da doença fatal que acometeu o meu pai há 2 anos atrás. Depois do agravamento da sua saúde, eu e minha família, ficamos sem chão, imaginando o que enfrentaríamos depois que o diagnostico do médico foi dado: Câncer terminal.
Saibam de uma verdade profunda: a dificuldade põe à prova o âmago da nossa existência, deixando para trás as suas conseqüências contrastantes. Ou ela fortalece as nossas mais profundas crenças ou destrói a nossa fé. Tudo isso depende da nossa reação. Em algumas ocasiões, somos atingidos de uma forma tão brutal que toda nossa vida muda.
Eu reagi de maneira dependente de Deus, não pela minha própria força e ânimo, mas pela graça eterna. Mas, confesso que foi um tempo de muita dificuldade no coração. Muita dor, muito sofrimento. Olhava para o meu pai e percebia claramente que ele estava morrendo fisicamente.
O que fazer diante das dificuldades e lutas da vida?

- Vençamos a preocupação na dependência do caráter de Deus:

Temos um problema sério diante de nós quando chega à dificuldade. Temos ansiedade. A palavra grega para "ansioso" significa "estar distraído ou dividido". Em latim, a palavra usada é anxius que engloba o sentido de engasgar ou estrangular. A dificuldade da ansiedade ameaça estrangular-nos, tirando-nos a vida, deixando-nos asfixiados pelo medo enquanto tentamos respirar a esperança (SWINDOLL, Charles. Rompendo dificuldades. Belo Horizonte: Editora Motivar, 2005, p. 25).
Algo a considerar é que nos tornamos pessoas negativas quando as preocupações vencem a batalha. O fato é que levamos as nossas preocupações aos outros. Nessas horas difíceis, quando a ansiedade se alastra enchendo a nossa mente de medo, distração e amargura, precisamos buscar aquele que oferece a paz que excede todo o entendimento. E precisamos buscar a dependência do eterno Deus porque não estamos sozinhos nas lutas e dificuldades da vida.

- Aprendamos que o deserto provoca amadurecimento na vida:

Lembro-me de um período na vida de Davi no deserto de En-Gedi. Ele desenvolve a percepção instável da vida. Um sentido de santidade toma forma na sua vida ali naquele tempo de deserto profundo. Algo que percebemos claramente é que o sagrado se evidencia na vida do servo de Deus. Davi não começou nem terminou sua vida no deserto. Mas, passou ali alguns anos muito significativos.
A grande verdade é que todas as pessoas que se relacionam com Deus, passam algum tempo no deserto. Davi não escolheu ir para o deserto, ele foi levado a se refugiar ali. Ele estava ali por causa de uma dificuldade, que era escapar das garras do rei Saul.
O deserto é essencial para o nosso amadurecimento espiritual. Eu tive os maiores crescimentos na vida com Deus através do deserto e da dor. Como eu cresço nos momentos de sequidão e aridez na vida. Isto me faz lembrar de Eugene Peterson que diz algo precioso:

“Quando estamos num lugar deserto, não estamos no controle de coisa alguma, não temos compromissos a cumprir nem reuniões a realizar. Fique atento e mantenha-se vivo, só isso. Num lugar isolado, conseguimos geralmente compreender nossas vidas de forma simplificada e aprofundada. Muitos são aqueles que, após alguns dias num desses lugares (às vezes após somente algumas horas) sentem-se mais eles mesmos, descomplicados, livres, espontâneos. E não é raro que, mesmo que por qualquer motivo não estejam acostumados a fazê-lo, venham a proferir o nome Deus. Existe algo de maravilhosamente atrativo nos lugares ermos (PETERSON, Eugene. Transpondo muralhas: reflexões sobre a vida de Davi. Rio de Janeiro: Habacuc, 2004, p. 104).

Paulo sabe bem o que siginifica o deserto na vida e nos mostra que a tribulação produz perseverança e a perseverança a experiência e a experiência gera nos nossos desertos esperança e fé na presença do eterno Deus.
Que ele nos dê graça neste tempo de aprendizado de lutas e dificuldades!

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Alcindo Almeida

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Vem aí o meu novo livro no encontro UMP SP


ALMEIDA, Alcindo. Alegria verdadeira - Livro de Filipenses. São Paulo: Fôlego 2010.
Alcindo foi muito feliz quando abordou as marcas da verdadeira alegria na elaboração desta obra. Não podia ser o contrário.
Primeiro, porque ele foi beber na cacimba da alegria. Esta carta delicia qualquer peregrino exausto. Quando eu ando meio jururu, então está na hora de saborear água fresca neste manadeiro da excelência gozosa. Assim, freqüentemente, eu preciso retornar à meditação desta Epístola recheada de regozijo para me restaurar.
Segundo, Alcindo é um discípulo desta escola jubilosa, evidenciando no seu estilo os traços de uma pessoa bem-aventurada (Glenio Fonseca Paranaguá Mendigo-padrão da Casa da Aba).
Conto com a sua presença lá!
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Local: Auditório Rui Barbosa – Campus da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Data: 22.05.2010 Horário: 15:00 horas
End: Rua Itambé, 135 – Higienópolis – São Paulo/SP.

Permaneça em contato com o sofrimento

- Texto para reflexão: No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo (Jo 16.33)

Quando olhamos para a realidade deste “evangelho frágil” que tem sido pregado, nos deparamos com a maneira de Jesus lidar com o Evangelho, percebemos que ele é tão diferente. Ele não veio eliminar as dores, mas nos ajudar a enfrentá-las com o realismo e a esperança que a vida nesse mundo requer. E ele faz esta ação em nós na perspectiva da graça e do amor de Deus, que padece junto com o sofrimento da humanidade.
Jesus não promete um Evangelho frágil de dinheiro, de sucesso, de prosperidade. Se ele quiser, até podemos ter estas questões na vida. Mas, o Evangelho é ter contato com a cruz, com a dor. É renunciar a própria vida todos os dias. É morrer para nós mesmos todos os dias. É lutar contra a injustiça, contra o pecado sempre.
No meio da dureza de viver o Evangelho dele, Jesus disse: No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo. E tudo isso, lembrando, aos discípulos para que estes tivessem paz. Porém, será que em nossa compreensão triunfalista da fé e ilusória da alegria, existe lugar para se conceber uma paz que não significa apenas “ausência de conflito”, mas que se faz presente especialmente nos lugares de dor?
Em lugar de toda a proposta deste “evangelho frágil” e espiritualista só de vitória, somos chamados a abandonar o caminho fácil e deixar de lado nossos falsos gritos de “Hosana” ao mesmo tempo em que oprimimos nosso povo fabricando ilusões religiosas e, com elas, cristãos completamente imaturos e doentes, para de fato e de verdade viver nos caminhos de Cristo. E viver o caminho de Jesus não tem outro nome para lidarmos, a não ser a cruz.
Andar no caminho da cruz é passar por perseguição e Jesus sabe o que é a dor da perseguição, porque ele foi perseguido por Herodes desde a sua infância. Ele foi perseguido pelos hipócritas fariseus, pelos escribas, sacerdotes e pela multidão. Ele sabe o que é dor da traição porque ele investiu num discípulo que o traiu com um beijo. O outro ao negá-lo três vezes. Ele sabe o que é dor no mais profundo dos sentidos, porque a Palavra diz que foi enfermado quando tomou sobre ele mesmo as nossas dores.
Saibamos com a cruz de Cristo sofrer as nossas próprias dores, não só as inerentes à vida, mas também aquelas inseparáveis do exercício da fé cristã na vida. Nas palavras de Nouwen “Cristo nos convida a permanecer em contato com os muitos sofrimentos de cada dia e a experimentar o começo da esperança e da nova vida, justamente aí onde vivemos, no meio das feridas, dores, falência. Teremos menor tendência a negar o sofrimento quando aprendermos que Deus o usa para nos moldar e nos atrair para mais perto da graça dele” (NOUWEN. Sofrimento de cura. 2002, p. 9).
Evangelho genuíno tem a ver com sofrimento, com cruz. E Cristo na cruz mergulhou nas mais profundas trevas para trazer paz a nós depois da sua morte. Por isso, ele nos diz: No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.
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Alcindo Almeida - membro da equipe da Lapa.

Encontrão da UPA na Lapa


Tempo de recomeçar..um filme ótimo para ver


O filme conta a história de George Monroe (Kline), um arquiteto antiquado, divorciado e sem muito sucesso na vida, que nunca conseguiu se relacionar bem com o filho (Christensen), um adolescente rebelde, nem mantém relações muito boas com a ex-esposa (Kristin Scott Thomas).
Num dia qualquer, George descobre que tem um câncer terminal, revolta-se com sua situação profissional e perde o emprego. Além de tudo, o filho anda causando sérios problemas na casa da ex-esposa com o atual marido dela.
George então resolve dar uma virada em sua vida, mesmo que no fim dela, e decide melhorar suas relações com o filho, levando-o para passar as férias consigo, tempo em que utilizará para demolir sua atual residência e construir uma nova casa, de acordo com um projeto antigo seu.
Essa reconstrução causa uma verdadeira transformação na vida de todos os envolvidos, ele próprio, o filho, os vizinhos, a nova família da ex-esposa. Tempo de Recomeçar é um belíssimo filme sobre a reconstrução da própria vida, não importando em que circunstâncias nos encontremos. Uma produção que vale a pena assistir e emocionar-se!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O anseio furioso de Deus de Brennan Manning


Brennan Manning. O anseio furioso de Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 2010. O anseio de Deus por você é maior e mais forte que qualquer elemento impulsionador da pior catástrofe que você consiga imaginar. Deus não descansa enquanto não o encontra, esteja onde e como estiver, e o traz para ele de volta, para o seu afável cuidado. Você é o que Deus tem de mais precioso. E nada é capaz de separá-lo do amor “furioso” do Criador. Aprender a viver nesse amor e confiar em Deus é o convite que só Brennan Manning, com seu toque peculiar, poderia fazer.O anseio furioso de Deus fala sobre um relacionamento de profundo amor com Deus, o amor com o qual ele ama o homem e que o fez entregar seu único filho para a morte na cruz.
Deus nos ama e espera que cultivemos uma relação íntima com ele. É para este anseio divino que Manning nos desperta e leva. Cada capítulo encerra-se com algumas perguntas e reflexões nas quais vale a pena meditar. O objetivo não é que você encontre a resposta “certa”, e sim que essas reflexões o façam parar e meditar sobre o tema tratado naquele capítulo, operando grandes mudanças em suas atitudes para com o Deus que tanto te ama.
“Acredito que a expressão anseio furioso é a melhor maneira de descrever o anelo que Deus sente por você e por mim. Se você conseguir levar consigo apenas uma mensagem da leitura deste livro, que seja a aquisição do hábito de orar essa passagem da Escritura (Cantares 7:10)”. Páginas: 112.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Somos um ser social para fora

- Texto para reflexão: Tende o mesmo sentimentos uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde, não sejais sábios aos vossos próprios olhos (Romanos 12.16).
Há um livro de um filósofo católico que esteve em Oxford e também Quebec. O nome dele é Charles Taylor. O livro se chama A História do ser. É a história da identidade do ser através dos últimos dois milênios. Mas é um estudo fundamental, e que nos leva a entender a interpretação da identidade cristã ao longo do tempo. E isso nos ajuda a ter um pano de fundo diante do quadro que vivemos hoje.
Porque a base aristotélica de que eu tenho uma substância que pensa, nós passamos a construir na pós-modernidade a nossa identidade baseada num profundo individulalimso. E isto é causa fundamental do pecado de Adão e Eva. É a proposta do eu sou o meu próprio criador da minha própria identidade, eu faço, eu aconteço. Eu como do fruto e me torno como Deus. Este fator se tornou num grande campo de batalha interna na vida humana. Todos os dias enfrentamos esta batalha extremamente real.
A grande verdade é que o pecado origunal nos empurra sempre para dentro da individualidade e do egoísmo. Tem gente que diz: Como sou bom não é verdade? Eu posso tudo sozinho!! Que tristeza é o egoísmo humano em querer ser melhor, querer ser o principal ator na criação de Aba. É uma pena o que o pecado causou dentro de nós. Mas, pela graça e mais graça, Deus nos toca para sermos mais humildes mesmo como pecadores.
Por isso, Paulo nos convida para este ser social no Reino de Deus. Ele nos convida para termos mesmos sentimentos. Para derrubarmos o orgulho que impede a liberdade do ser com os outros. Ele nos convida para cultivarmos a humildade descendo para baixo. E Jesus é o melhor modelo para este caminho.
Só na perspectiva da humildade vencemos o oruglho e nos tornamos mais sensíveis a nossa verdadeira identidade no Reino de Deus: sermos seres socias que amam e são amados.
Que Deus nos ajude nesta construção!
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Alcindo Almeida



Confiança no Celeiro

Estávamos retornando do aeroporto e conversávamos sobre vários assuntos. Compartilhei algumas experiências do passado e da maneira como o Senhor Jesus misericordiosamente supria as minhas necessidades. Então perguntei: Glênio, por que não temos mais este tipo de experiências tão maravilhosas?
Pastor Glênio é um velho amigo, que se intitula como, mendigo-padrão. Ele respondeu simples e calmamente: construímos nossos próprios celeiros e colocamos neles nossa confiança. Por fim citou o velho apostolo Paulo. “Pois, como já lhes disse repetidas vezes, e agora até com lágrimas, há muitos que vivem como inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o seu deus é o estômago e eles tem orgulho do que é vergonhoso; pois só pensam nas coisas terrenas.”
Creio que se Paulo estivesse entre nós hoje, ele continuaria a chorar. Como bem disse Brennam Manning. Choraria por causa da debilidade, da extrema falta de sinceridade, do adultério espiritual, da indiferença á oração, da ignorância sobre a palavra de Deus, da religiosidade acomodada e pelo amor e confiança que as pessoas tem nos seus celeiros.
Jesus bem declarou: Pois onde estiver o seu coração, ai estará o seu tesouro. Desde está conversa tenho avaliado o meu coração e procurado conferir se o celeiro tem sido minha fonte de confiança. Fico pensando, será que não é por isso que muitos hoje não experimentam mais do Senhor?
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Pr. Aldo Anselmo Gallo - pastor na Comunidade Vida em São Paulo.

“Rodízio” de Membros

A cidade de São Paulo tem o conhecido rodízio de veículos, onde carros, de acordo com final da placa, ficam impedidos de trafegar por um perímetro delimitado em um determinado dia da semana.
Quero falar sobre outro tipo de rodízio que está em vigor nos últimos anos: o “rodízio” de membros. O que é isso? Tenho notado que está ocorrendo uma rotatividade de membros na Igreja, com relação aos trabalhos da mesma. Ou seja, temos membros que só participam dos cultos dominicais e, mesmo assim, optam por um deles. É bem verdade, também, que muitos não podem participar dos cultos nos lares e dos Estudos Bíblicos no meio de semana, por motivos de trabalho e/ou estudo. Vale ressaltar que este comportamento também acontece em outras igrejas.
Será que devemos aceitar esta situação como algo “normal” e desistir da idéia de vermos todos os membros participando ativamente dos trabalhos da Igreja?
Acho estranha a idéia de escolhermos em quais dos cultos devemos estar com a nossa família, quando poderíamos estar em todos. É bem verdade que podem ocorrer circunstâncias que nos impeçam de participar de alguns deles.
Ainda que seja uma idéia utópica, sonho em ver 100% dos membros partici-pando dos cultos. Veja o que a Palavra de Deus nos ensina sobre este assunto:
“Eu amo, Senhor, a habitação de tua casa e o lugar onde tua glória assiste”. Salmo 26:8.
“Uma cousa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo”. Salmo 27:4.
“Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvam-te perpetuamente. Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade”. Salmo 84:4,10.
“Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do SENHOR”. Salmo 122:1.
“Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima”. Hebreus 10:25.


Portanto, meus irmãos, não existe “rodízio” na Igreja, onde um grupo vai e outro não. Devemos priorizar participar de todos os trabalhos e somente em casos “excepcionais” é que devemos nos ausentar. Quem é assíduo, continue sempre assim. E, aqueles que faltam com muita freqüência, revejam este comportamento.
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Rev. Gilberto da Costa Barbosa - pastor da IP Brasilândia.

sábado, 17 de abril de 2010

Os mendigos de espírito

Mendigo não tem emprego, nem carteira assinada. Ele não faz parte das estatísticas do governo, nem é contado como mão de obra produtiva. Sua existência depende da esmola da graça, por isso mesmo ele não paga impostos, mas também não recebe benefícios da previdência social. O mendigo não é ninguém, embora seja um ser livre.
Ainda que tenha o seu ponto na calçada, contudo nunca assina o seu cartão de ponto, uma vez que ninguém aponta, nem mesmo a ponta do seu dedo para tocar na ferida da sua alma rejeitada. Sua agenda, entretanto, encontra-se aberta, ainda que, sem a certeza do seu sustento de cada dia. Aliás, ele só consegue algum trocado, quando sopram os ventos da misericórdia em algum coração liberal, que passa ali por perto.
Por falar em liberalidade, que tal esta festança da generosidade governamental? Enquanto os mendigos vivem a clamar pro vento que sopre uma moeda, os proventos dos políticos só os engordam como porcos na ceva. É uma vergonha esta porcada obesa com o dinheiro público, que financiaria o sustento digno dos mendigos abandonados.
“Ó liberdade, quantos crimes têm sido cometidos em teu nome!” A democracia me parece que é o governo do Demo, que veio para roubar, matar e destruir. Não é a falta de dinheiro que impede os programas sociais, é a falta de vergonha, dos larápios, que não se importa que os indigentes construam os seus barracos num montão de lixo. Depois, São Pedro é que leva a culpa da tragédia. Que horror é a hipocrisia dos governantes!
Sua Alteza, o mendigo é pobre, mas não é podre, nem estúpido. Ele depende da esmola da graça, todavia, não é cego. Ele enxerga e bem e também se indigna. Enquanto ele pede um trocado, lhe dão um truco. Parece que não há escolha. Parece, mas neste regime do Demo, o mendigo ainda vota, e isto pode fazer a diferença. O voto até veta o pilantra e o desagravo é o troco pela falta do trocado na mesa do indigente. Se os mendigos tiverem consciência, o sufrágio será o revide pelo descaso com o ser humano.
Os mendigos de espírito não são revolucionários, tampouco omissos. Eles não fazem um quebra pau, nem quebram o compromisso com a verdade e a justiça. São discretos, sem abdicarem ao direito da contestação. É tempo de repulsa e desprezo aos que desprezam a dignidade da pessoa, criada à imagem e semelhança de Deus. Você não pode excluir a sua participação nesta luta. Você vota e isto conta.

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Glenio Paranaguá – mendigo-padrão.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Regresso do Filho Pródigo: Um Convite à alegria

- Texto para reflexão: O pai disse aos seus servos: Trazei depressa o melhor vestido, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés; trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a regozijar-se (Lucas 15.22-24).

A celebração faz parte do reino de Deus. Deus não só oferece perdão, reconciliação e cura, mas quer dar todas essas iguarias aos que estiverem presentes, como prova da sua alegria. Nas três parábolas em que Jesus explica porque se senta à mesa com os pecadores, Deus se alegra e convida outros a que se alegrem com ele. «Alegrai-vos comigo», diz o pastor, «encontrei a ovelha que se tinha perdido». «Alegrai-vos comigo», diz a mulher, «encontrei a dracma que tinha perdido». «Alegrai-vos», diz o pai, «este meu filho estava perdido e foi encontrado».
Deus se alegra. Não por terem sido resolvidos os problemas do mundo, não por se terem acabado a tristeza e o sofrimento humanos, não porque milhares de pessoas se tenham convertido e estejam agora a dar-lhe graças pela sua bondade. Não. Deus se alegra porque um dos seus filhos se tinha perdido e foi encontrado.
O pai do filho pródigo entrega-se totalmente à alegria que lhe dá o fato de o filho ter voltado. Tenho de aprender a ser assim. Tenho de aprender a «captar» toda a alegria que houver para «captar» e fazê-la ver aos outros. Isto exige disciplina. Exige optar pela luz, mesmo que haja muita escuridão que me faça medo, optar pela vida mesmo que as forças da morte estejam tão à mostra, e optar pela verdade mesmo que esteja rodeado de mentiras.
Tenho tanta tendência para me impressionar com a tristeza inata da condição humana, que já não conto com a alegria que se manifesta em moldes muito pequenos, mas autênticos. A alegria não nega a tristeza, mas transforma-a numa terra fértil para cultivar mais alegria.Tal como o filho de Deus que regressou e que vive agora na casa do Pai, também eu posso fazer minha a alegria de Deus.
Quando creio de verdade que já cheguei e que o meu pai me vestiu uma túnica, me pôs um anel e umas sandálias, então tiro a máscara de tristeza do meu coração e faço desaparecer a mentira que me fala do meu próprio eu; então descubro a verdade, com a liberdade interior de filho de Deus.
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Henri Nouwen - A volta do filho pródigo.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Para ler....


BITUN, Ricardo. Henri Nouwen de A a Z. São Paulo: Vida, 2009. Muitas obras trazem comentários e alusões sobre a vida e os escritos de vários teólogos. No entanto, é ainda mais enriquecedor recorrer à própria fonte que tem inspirado esses registros.
Esse é o objetivo de Henri Nouwen de A a Z, obra cuidadosamente elaborada, que coleta alguns de seus mais importantes pensamentos, para todos os interessados em conhecer melhor o pensamento desse fantástico autor cristão.
A coragem de despir sua alma diante de seus leitores, apresentando o lado mais sombrio e secreto de seus desejos, é que faz de Nouwen um escritor admirado, sincero e agradável de ler. Ao escrever sobre suas áreas de conflito, ele se humaniza, encurtando todo distanciamento que possa vir a existir entre sua vida humana — cheia de falhas e de insucessos — e a vida do leitor, também humana. Contém 479 páginas.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Atentemos para a Palavra de Deus



- Texto para a reflexão: Filho meu, atenta para as minhas palavras; aos meus ensinamentos inclina os ouvidos (Pv. 4.20).
Eugene H. Peterson diz algo bem precioso:

“Ao se juntar aos escritores das Sagradas Escrituras, somos instruídos em uma prática de leitura e escrita infundida de enorme respeito — mais que respeito, profunda reverência — pelo poder revelador e transformador das palavras. A primeira página do texto cristão para a vida, a Bíblia, conta-nos que todo o cosmos e cada ser que nele vive tomaram forma por meio de palavras. São João escolhe o termo “Palavra” para dar conta, em primeiro e último lugar, do que é mais característico sobre Jesus, a pessoa no centro revelado e revelador da história cristã. A linguagem, falada e escrita, é o meio principal para nos apresentar ao que existe, ao que Deus é e ao que está fazendo” (PETERSON, Eugene H. Maravilhosa Bíblia: A arte de ler a Bíblia com o Espírito. São Paulo: Mundo Cristão, 2008, p. 19).
Salomão ensina que atentar e ouvir a sabedoria de Deus é o alvo para o nosso crescimento e amadurecimento na vida espiritual. Como precisamos atentar para a sabedoria. Ela nos ensina como devemos andar e agradar a Deus todo o dia.
O cenário onde vivemos é um meio de secularização. As esferas públicas não são mais da fé, e sim, da secularização sem relevância.
Vivemos hoje um processo de privatização da fé o que leva a um rompimento com a realidade da vida espiritual diante do criador. A fé diz respeito à particularidade da vida e não as questões da vida em si.
Foi realizada uma pesquisa que mostra que entre os americanos apenas 9% dos cristãos adultos têm uma perspectiva bíblica correta. Só que o detalhe importante para a nossa avaliação é que os EUA são um país considerado protestante. Não há mais uma perspectiva correta da paisagem bíblica. Há uma ruptura entre a paisagem interna e a externa. Hoje medimos as pessoas por aquilo que vestem ou falam e não pela paisagem interna: aquilo que elas vivem ou são.
A paisagem interna determina como vemos a externa. Por isso, vivemos uma espiritualidade doentia e sem uma visão correta da revelação de Deus. Vivemos um processo da cultura de massa. Vivemos uma abertura para o Evangelho sem profundidade na fé e no coração. Essa realidade tem sido presente na visão da mega igreja. A espiritualidade cristã tem sido sacrificada.
Neste mundo perverso temos que deixar de absolutizar o relativo. A nossa cultura tem como único valor real aquilo que traz proveito imediato. Hoje vivemos uma realidade pós-moral. Era um dever ser moral e cultivar valores há alguns anos passados. Hoje a moral é indolor. Ela não requer nenhum sacrifício na vida.
Só que quando brilhamos como luz de Deus, voltamos a cultivar a Palavra de Deus no coração e nossa atitude é carregada de uma moral que não é legalista, mas bíblica. Porque o livro da sabedoria ensina que devo ser fiel à minha esposa, por isso eu serei. Ele me ensina a amar o outro com honra e honestidade por isso, não roubarei o meu semelhante. Ele me ensina a trabalhar honestamente, por isso, não farei nenhuma falcatrua no trabalho.
Em nome de Jesus Cristo de Nazaré precisamos viver não um cristianismo de cinismo diante de uma fé comercial e humana. Uma fé sem ligação com um coração sincero e real. Não há um compromisso verdadeiro com a fé bíblica no coração. Não, mil vezes não!
Temos que viver uma fé bíblica que se volta para as instruções da verdade bíblica de Deus. E assim brilharemos como a luz da aurora em todo o tempo.
Uma vida que brilha como a luz da aurora é a que possui uma direção espiritual e que tem o Espírito Santo reabilitando a singularidade da vida humana diante do criador. Isso nos convida para superar as fronteiras que separam o ser humano de Deus, das pessoas e de si mesmo.
O Espírito Santo restaura essas fronteiras na vida humana. É uma presença do Espírito que promove a singularidade de uma pessoa fazendo com que ela brilhe como a luz da aurora.
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Alcindo Almeida - IP Lapa - SP.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

A pureza do coração diante do eterno Deus

- Texto para reflexão: Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito estável (I Salmo 51.10).

Quando falamos em pureza de coração vem um monte de pergunta na nossa mente: O que é ser puro? É viver como um ermitão? É ser separado de todo mundo e viver como um ser alienado do mundo? É ficar numa redoma de vidro tentando não pecar?
Não, não! Pureza de coração não significa estas perguntas feitas. Ela significa o coração que está repleto de Deus. Através da pureza no coração, tocamos naquele que está acima de todo o tempo e de todos. Quando andamos na comunhão com Deus, logo prestamos atenção ao que é puro.
Temos dificuldades para admitir que somos maus, somos pecadores rebeldes na presença do Pai. Somos pessoas, cujo coração é corrupto, rebelde, ingrato e sempre inclinado a pecar.
Davi não é falso, ele assume a sua culpa, assume que errou diante do Pai e roga a sua graça e compaixão na sua vida. Ele pede para que o Pai crie um coração puro nele, pede para que o seu espírito seja reto, honesto diante do Pai porque, do contrário, não haveria paz para andar tranqüilo na vida com Deus. Ele precisava do perdão do seu Deus para poder continuar a vida. Ele precisava sentir na própria alma a liberdade de servir a Deus com um coração limpo, puro e reto.
Precisamos fazer esta oração de confissão todos os dias.
Temos a necessidade de confessar que somos pecadores e carentes da ação poderosa do Pai para andarmos na retidão, na justiça, na pureza de coração. Sem esta oração de confissão a nossa vida fica manchada e sem sentido na presença do eterno Deus. Somos iguais a Davi em pecado, temos a mesma natureza pecaminosa, temos facilidade para nos desviar das verdades profundas da Palavra de Deus.
Os Salmos nos conduzem a uma detalhada consciência de nossa condição como pecadora. A memória de nossa boa criação depende da manutenção de um vivido sentido de Deus em nossa vida, de uma consciência do pecado dentro de nós. Porque a realidade do pecado atrapalha a nossa relação com Deus. Este que barra o nosso crescimento espiritual e plena comunhão com o Deus da nossa alma.
A nossa condição humana real é a de desordem diante da realidade espiritual, esta desordem nos leva a pecar e nos afastar da graça e comunhão com Deus. Um Salmo como este aguça a nossa memória sobre a necessidade de confessar o nosso erro, a nossa rebelião diante do nosso criador. Portanto, a nossa oração de confissão tem de ser: Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto.
Precisamos de um coração puro na caminhada com Deus, para isto, é importante de mais a nossa atitude de confissão dos pecados, dos erros e falhas na presença do Pai. Davi entendeu bem esta verdade e necessitava clamar ao Senhor confessando a sua miséria como pecador.
Lembremo-nos de que somos pecadores, pessoas que erram constantemente e precisamos da confissão para que tenhamos um coração renovado e lapidado pelo Pai.
Recebamos o perdão de Deus através da nossa confissão e tenhamos este coração puro na presença do eterno e maravilhoso Deus!
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Alcindo Almeida

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A ressurreição traz a certeza de que os propósitos de Deus nunca serão frustrados

- Texto para reflexão: Os varões disseram àquelas mulheres Ele não está aqui, mas ressurgiu. Lembrai-vos de como vos falou, estando ainda na Galiléia, dizendo: Importa que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressurja (Lucas 24.6 e 7)

Para alguns discípulos de Jesus, a realidade da cruz era algo fora de cogitação. Por exemplo, para Pedro que repreendeu a Jesus por dizer que padeceria muito e seria morto e depois ressuscitaria ao terceiro dia: Senhor tem compaixão de ti, de modo nenhum acontecerá isto (Mt. 16.22).Esta palavra era diabólica e fora de cogitação quanto ao plano eterno para a redenção do povo de Deus. E Pedro não sendo sensibilizado por isto disse estas palavras improdutivas.
Pedro lá no Getsêmane não entendia ainda o propósito de Deus para o seu Filho. Tanto que Jesus ao ser entregue por Judas aos soldados, Pedro revoltado sem entender a situação pega a espada e fere o servo do sumo-sacerdote arrancando a sua orelha. E Jesus coloca a orelha de Malco no seu lugar e repreende a Pedro dizendo: Mete a tua espada na bainha; não beberei eu o cálice que o Pai me deu? (Jo. 18.9-11). Jesus ensina a Pedro que Deus tem um propósito para o seu Filho e este propósito tem que ser cumprido custe o que custar.
Agora no domingo da ressurreição acontece o desfecho deste propósito eterno e é exatamente isto que os varões explicam para as mulheres: Lembrai-vos de como vos falou, estando ainda na Galiléia, dizendo: Importa que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressurja. A história seria assim, Jesus seria entregue pela sua própria disposição nas mãos dos homens pecadores, e seria crucificado e ressuscitaria ao terceiro dia.
Vejam que Jesus não é um réu das circunstâncias dos homens. Pilatos não é o ditador das grandes regras da condenação de Jesus em hipótese alguma. Ele pensa que o é quando diz a Jesus: Não me falas a mim? Não sabes que tenho autoridade, poder para te crucificar e tenho poder para te soltar (Jo. 19.10).
Jesus no v. 11 deste capítulo dá uma lição de quem tem o controle da história nas mãos, quem de fato é réu na história. Ele responde a Pilatos: Nenhum poder tu terias contra mim, se de cima te não fosse dado. O poder é de Deus, a história é dirigida pelo supremo criador de todas as coisas.
Então a dor de Jesus no jardim do Getsêmane, a humilhação de ser cuspido no rosto, as esbofeteadas que foram dadas no seu rosto, as chicoteadas nas costas, a coroa de espinhos em sua cabeça. Tudo isto na cabeça dos homens não tinha sentido porque a compreensão de tudo isto só se daria no domingo pela manhã. Tudo isto era necessário no propósito eterno de Deus para a redenção consumada do seu povo.
­Às vezes, não entendemos bem os acontecimentos da vida. Parece que nada faz sentido na nossa vida. Parece que Deus nos abandonou na história. O desemprego invade o nosso lar, a morte traz tristeza na nossa casa. O pai do filho que é pastor vive bebendo e enchendo a cara nos bares. A filha do presbítero que é fiel na sua vida cristã sempre acaba de virar uma prostituta. A economia está destruindo a vida do povo. A situação se afrouxa cada vez mais. A mãe do jovem que está firme na causa do Senhor está à beira da loucura e não tem mais consciência de nada que acontece.
As coisas andam de maneira estranha, parece que o mal tem o domínio de tudo. Não, as coisas não perderam o sentido, no cristianismo não acontece o fatalismo, no cristianismo não cai um fio de cabelo da nossa cabeça sem a direção, a permissão do Senhor Deus.
É difícil a gente encarar esta realidade, mas é isto mesmo, Deus tem o controle de tudo e o plano de Deus na vida do seu Filho nos ajuda a compreender os propósitos de dele. Jesus dizia aos seus discípulos: E na verdade o Filho do homem vai segundo está determinado, mas ai daquele homem por quem é traído (Luc. 22.22).
Jesus foi entregue, foi humilhado, deu-se a si mesmo para a morte e morte de cruz, mas ao terceiro dia como diz este texto, ele ressuscitou dentre os mortos e cumpriu os propósitos eternos do Pai Celestial. Hoje Pilatos não é louvado, Herodes que foi comido pelos bichos só tem esta lembrança, Caifás, Anás foram esquecidos na história. Mas, hoje, quem é adorado por milhares e milhares de pessoas é o Senhor Jesus que ressuscitou dentre os mortos.
O escritor aos Hebreus diz no capítulo 12.2: Olhando para Jesus autor e consumador da fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.
Quando olhamos para a ressurreição de Cristo, vemos que o diabo foi derrotado, a vitória foi conquistada e aprendemos a compreender que os propósitos de Deus nunca são frustrados, eles são sempre cumpridos conforme o seu querer, conforme à sua vontade eterna. Isto me faz lembrar de uma frase de C. S. Lewis que diz:

“Cristo suportou a rendição e humilhação perfeitas: perfeitas, por ser Deus; rendição e humilhação, por também ser homem. Ora, a fé cristã é que se participarmos de algum modo da submissão e dos sofrimentos de Cristo, participaremos também da vitória sobre a morte, e encontraremos, depois de nossa morte, uma nova vida que nos fará criaturas perfeitas e completamente felizes. Isso significa muito mais do que procurarmos seguir as suas doutrinas... Em Cristo surgiu uma nova espécie de homem: e o novo tipo de vida que se iniciou com ele é para ser colocado dentro de nós” (LEWIS, C. S. Cristianismo puro e simples. São Paulo: ABU, 1992, p. 34).

As últimas palavras de Jesus: “Consumatun Estin” - “Está consumado” garantiu o inicio da vitória dele na cruz do Calvário e esta vitória foi outorgada pela graça de Deus, a nós o seu povo. Glória ao Pai, glória ao Santo Espírito, glória ao Filho, Jesus Cristo, por este eterno propósito que foi cumprido desde a eternidade.
Eu encerra esta meditação citando as palavras de um homem que nem chegou a ver de forma corpórea o Filho do Deus Altíssimo, mas compreendeu que na história humana, os planos de Deus não poderiam ser frustrados nunca. Este homem é Jó que disse no cap. 42.2: Bem sei eu que tudo podes e nenhum dos teus planos pode ser frustrado.
Que o Senhor nos ajude a enfrentar as lutas e as dores da sexta-feira com a perspectiva de que o domingo da esperança, da vida, da alegria que já chegou em nome do nosso Redentor!

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Alcindo Almeida

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Leituras no mês de março de 2010


1. LUCADO, Max. 365 Bênçãos - Textos bíblicos comentados para inspirar sua vida. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2007. O Estilo despojado, a capacidade de emocionar e os comentários cheios de sensibilidade e fé de Max Lucado têm ajudado milhões de pessoas no mundo. Em 365 Bênçãos, o autor best-seller apresenta 365 reflexões sempre baseadas em textos bíblicos. Trata-se de um livro de leitura agradável e cheio de mensagens positivas assinadas pelo maior escritor de livros de inspiração do mundo. Afinal, ninguém vende mais de 60 milhões de livros por acaso. Contém 368 páginas.

2. LUCADO, Max. Coragem para viver - Descubra a felicidade na presença de Deus. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2009. Os problemas chegam em nossa vida e surge junto com eles o medo. Quando parece que vamos sair do controle devemos pensar na mensagem de Jesus sobre a coragem, a mesma que ele levou aos seus discípulos. Neste livro o autor nos lembra que não é preciso continuar vivendo preso às correntes da ansiedade, da preocupação e do medo. Podemos sentir menos medo do amanhã que sentimos hoje, corajosamente viver nos bastando, com uma garantia da presença de Deus e de nosso futuro em suas mãos. Inspirado best-seller mundial não sem medo de viver, este livro aborda os seis maiores tópicos sobre o medo e como podemos colocar um ponto final em suas conseqüências. Não Permita que o medo tome conta de sua vida. Ainda que o temor destrua nossa confiança, a fé e a esperança irão restaurá-la. Contém 224 páginas.

3. PACKER, J. I. O conhecimento de Deus ao longo do ano. Viçosa, MG: Ultimato, 2008. O Conhecimento de Deus, livro clássico e o mais conhecido do teólogo inglês J. I. Packer é o fio condutor dessa preciosa coletânea que mescla beleza, profundidade teológica e exercício devocional. A cada dia, encontramos um trecho das Escrituras e uma palavra do autor que nos convida a conhecer de perto a natureza de Deus e a alegria de cultivar um relacionamento com ele. Ao final de cada devocional, há uma sugestão para nos ajudar a responder em adoração ao próprio Deus. Contém 336 páginas.

4. MCDONOUGH, Mary. O Plano de Deus para a redenção. São Paulo: Clássicos, 2008. Qual é o propósito de Deus para o homem? Por que Deus permitiu que o homem pecasse? Por que Satanás ainda existe e há tanto engano entre os homens? Como Deus salva o homem e para quê? Qual é o estágio final da obra de Deus com o homem? Em O Plano de Deus para a Redenção Mary McDonough responde essas e outras perguntas usando um método eficaz de expor as verdades fundamentais da Palavra de Deus. Com sabedoria do Espírito Santo e usando um diagrama de três círculos concêntricos, representando a natureza tripartida do homem, ela descortina de forma simples e elementar os estágios da obra de Cristo e o processo de salvação do não regenerado até sua conformação na imagem de Cristo. O aspecto a ser destacado aqui é que a autora descortina com simplicidade todo o desdobramento do plano de Deus para a redenção em uma obra pequena, facilitando, em especial, a leitura para os mais novos na fé e para os que preferem livros pequenos. Esta obra é um clássico da literatura cristã e é indispensável para os que procuram edificar suas vidas nos fundamentos sólidos da Palavra de Deus. Contém 168 páginas.

5. LOPES, Hernandes Dias. A maior tragédia do mundo - Vol. I. São Paulo: Fôlego, 2010. Certamente conhecemos e temos lido sobre muitas tragédias que têm desabado sobre a humanidade ao longo dos séculos. São catástrofes naturais, crises econômicas, guerras encarniçadas, terremotos que abalam as estruturas da terra, enfim, são tragédias que se multiplicam ainda nos dias de hoje. Mas, certamente não há nenhuma tragédia mais grave, mais profunda e de conseqüências tão danosas como a tragédia que o texto de Gênesis relata. É sobre tal momentoso assunto que compartilharemos neste livro. Contém 52 páginas.

6. LUCADO, Max. Gente como a gente. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2009. Em Gente Como a Gente, Max Lucado reconta a história de seus personagens bíblicos favoritos, humanos e imperfeitos, como nós. Ele bate à porta da casa de algumas famílias da Bíblia e nos apresenta Elias, o profeta que reclamava; Salomão, o rei que sabia muito; Jacó, o trapaceiro; entre outros. Pessoas comuns nas mãos de um Deus incomum, que usa o melhor de nós e supera o pior, sem deixar nunca de nos amar mesmo com todas as nossas imperfeições. Contém 264 páginas.

7. GRÜN, Anselm. No ritmo dos monges. Convivência com o tempo, um bem valioso. São Paulo: Paulinas, 2006. Internacionalmente conhecido, Anselm Grün se caracteriza pela arte de exprimir numa linguagem acessível e ao gosto contemporâneo os principais aspectos da tradição monástica cristã, originada no quarto século e que se estende pelos dois milênios de cristianismo, tanto no Oriente como no Ocidente. Dentre esses aspectos, destaca-se a forma como, nessa tradição, se vive o tempo. Não que os monges a tenham inventado. Ela tem suas raízes na cultura grega, mas foi assumida pelos primeiros cristãos, que lhe conferiram uma densidade nova e definitiva, vivenciando no tempo, na transcendência espiritual e cristã de cada momento, o peso da eternidade, graças à vida divina que nos é efetivamente comunicada. Depois de indicar as raízes culturais do tempo cristão e monástico, por assim dizer, o autor insiste no fato de que o tempo cronológico é simples medida do ritmo da vida, que precisa ser acolhido e respeitado, para que o ser humano encontre o caminho de sua plena realização. Em conseqüência estuda, a partir do terceiro capítulo, o ritmo dos monges e o aplica à vida contemporânea, como portador de uma sabedoria portadora de paz e de felicidade. Na verdade, conclui, o tempo é como um véu que encobre o mistério da eternidade, manifestando a precariedade da existência humana aqui na terra, mas contendo uma dimensão de transcendência, que nada mais é do que a vida terrena vivida na perspectiva de Deus. Contém 135 páginas.

Uma palavra de desamparo

- Texto de reflexão: A hora nona, clamou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni; Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Marcos 15.34).

A crucificação do Senhor da glória foi o evento mais extraordinário que já aconteceu na terra, e esse brado do mestre foi a expressão mais terrível de se dizer. Porque era um inocente condenado naquele madeiro. O Mestre divino não tinha culpa para que fosse pendurado naquela cruz e fosse cruelmente sentenciado à morte. Aquele evento na história seria para ladrões e criminosos de alguma espécie. Mas, Jesus não tinha motivos humanos para estar pendurado ali.
O fato é que nos perguntamos: Não é estranho que o Deus manifestado na carne se permitisse ser tratado por seus inimigos naquele madeiro? É extremamente estranho que o Pai que se deleitava nele, devesse entregá-lo a uma morte tão vergonhosa.
Mais estranho ainda, quando olhamos para nós mesmos e percebemos o quanto pecadores somos. Daí que achamos ainda mais estranho o fato de um Deus tão santo, tão puro, tão imaculado poder se dar numa cruz do Calvário em favor de nós.
Ele o fez e na hora mais dura, quando ele agoniza porque recebeu nele mesmo o peso do nosso pecado, quando ele experimentou mais profundamente a marca do nosso pecado, da nossa pena de dívida. Nesta hora dura, ele clama do fundo do ser. O Jesus encarnado, o Deus homem clama: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
Essas são palavras de estarrecedora miséria. A própria palavra “desamparar” é uma das mais trágicas em todas as línguas humanas. Que dureza de tal palavra! — Um homem desamparado de seus amigos, uma esposa desamparada de seu marido, uma criança desamparada por seus pais! Mas uma criatura desamparada por seu Criador, um homem desamparado de Deus — Isso é o mais terrível de tudo! Na nossa relação com o Senhor podemos parar para pensar na possibilidade dele esconder a sua face de nós por um momento que seja! Isto seria algo absolutamente insuportável.
De alguma forma naquele momento o Filho amado do Pai por causa da carga dos nossos pecados, sentiu-se só! O nosso mestre foi desde toda eternidade o objeto do amor do Pai, mas naquele instante, pendurado no maldito madeiro, era tratado como pecado por nós, como nos ensina Paulo em II Corintios 5.21: Aquele que não conheceu pecado. Ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.
Todos nós quando lemos o texto sagrado perguntamos: O que deve ter significado estar “desamparado” por Deus?
Nesta hora de profunda dor e recebimento desta carga da pena dos eleitos podemos sim, concordar com A. W. Pink que diz ser este momento o ocultamento da face divina, o mais amargo ingrediente daquele copo que o Pai tinha dado ao Redentor para beber (PINK, A. W. Os sete brados do Salvador sobre a cruz. São Paulo: Arte Editorial, 2009, p. 75). Daí o mestre dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
Essas são palavras de inigualável sentimento. Elas marcam o clímax de seus sofrimentos. Os soldados cruelmente zombavam dele: enfeitaram-no com a coroa de espinhos, tinham-no açoitado e esbofeteado, tinham até chegado a ponto de cuspir nele e arrancar seus cabelos. Despojaram-no de seus vestidos e o expuseram a uma vergonha explícita.
E o fato é que ele sofreu tudo isso em silêncio. Perfuraram suas mãos e seus pés, porém suportou a cruz, a despeito da ignomínia. A multidão vulgar escarnecia dele, e os ladrões com ele crucificados lhe lançavam em rosto os mesmos insultos. Mas, como profetiozou Isaías ele não abriu sua boca. Em resposta a tudo que sofria das mãos dos homens, nenhum clamor escapou de seus lábios. Mas agora, quando a ira concentrada do trono divino desce sobre si, ele clama: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
Foi um clamor que fez a própria terra estremecer, todo o Universo sentiu, mas em nome da aliança com os eleitos o mestre sofrendo, continuou na cruz pendurado, mesmo depois destas palavras.
Louvado seja o Redentor que padeceu, morreu, e depois de ressuscitar, trouxe pela graça vida e vida em qualidade para nós o seu povo!

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Alcindo Almeida