segunda-feira, 29 de abril de 2013

Teologia do Sofrimento por Mark Driscoll

Há inúmeros exemplos de mau ensinamento. Eu darei dez maneiras nas quais a doutrina do Sofrimento é ensinada erradamente, dessa forma corrompendo seu instinto de usá-lo no testemunho.
 
Primeiro. Você não evita o Sofrimento tendo um monte de fé.
 
Tem algo chamado "ensinamento de fé", que na verdade é ensinamento sem fé. É ensinamento infiel. Que diz: Se você tem fé suficiente, você não vai ficar doente e não vai ficar quebrado. Você vai ser saudável e rico.
A conclusão lógica é a de que, se alguém está sofrendo, como um cristão, nós não devemos confortá-lo. Nós devemos repreendê-lo, por estar em pecado. E que, se ele tivesse fé suficiente, ele seria rico e saudável. Sim, nós vemos isso nas Escrituras. Há pessoas que tiveram grande fé em Deus. Como Jó, Paulo e Jesus Cristo, como o próprio Deus. E eles sofreram. Eles também experimentaram pobreza, dificuldades, solidão. E eles choraram. O exemplo mais doente que eu posso dar da minha própria experiência foi de um pastor que eu conheci, que ensinava que: Se você tem fé suficiente, você não vai ficar doente e vai ser saudável. 
Até que sua esposa foi diagnosticada de câncer terminal. E ele ficou com um dilema: devo mudar minha Teologia, que é errada, e confortar minha esposa; ou eu me agarro à minha Teologia, e a censuro, pelo seu câncer. E tristemente recebi a noticia de que aquele homem publicamente censurou sua própria esposa por não ter fé suficiente para derrotar o câncer enquanto morria. Isso é demoníaco.
 
Segundo. O Sofrimento não te torna automaticamente em uma vítima.
 
Meu medo é que, quando ensino sobre Sofrimento, todos os que têm ou estão em Sofrimento vão simplesmente declarar: Estou sofrendo, portanto sou como Jesus. Não, você não é. Jesus foi sem pecado. Você e eu temos uma tonelada de pecados. E, muitas vezes, nós sofremos por causa de nosso pecado. Se você desrespeitar seu chefe, você sofre desemprego.
Se você é cruel com sua esposa, você sofre divórcio. Se você come e bebe demais, você sofre doença física. E nesses momentos, você não pode dizer: Sou como Jesus.
Não pode. Você deve dizer: Eu pequei e por isso sofro.
 
Terceiro. O Sofrimento não é necessariamente uma punição por um pecado.
 
Deus pode disciplinar seu povo e punir não-cristãos pelo pecado. Mas, nem sempre há uma correlação entre o Sofrimento e um pecado. Há um exemplo na Bíblia, onde um homem é nascido cego e alguns seguidores de Jesus, perguntam: Ele é cego por causa do pecado de seus pais ou dele? Jesus diz: Nenhum dos dois. Ele está cego para que a glória de Deus possa ser revelada nele. Deus está fazendo algo totalmente diferente com aquele homem. E seu Sofrimento é proposital não desproposital. Mas, não é a consequência do pecado de alguém.
 
Quarto. O Sofrimento não é para ser procurado.
 
A igreja primitiva tinha alguns ensinamentos errôneos, ou talvez cristãos bem-intencionados perceberam: O Sofrimento nos purifica e nos identifica com Jesus. Portanto, eles tentavam sofrer! Eles buscavam o Sofrimento, alguns de vocês o fazem. Você se nega prazer divino.
Você se nega qualquer tipo de diversão ou alegria. Quando há conflito ou dificuldade, você se assegura que vai ter algo doloroso, para usar isso na sua santificação. E, enquanto parece santo, é profano. Porque é orgulho, que diz: Eu não confio em Deus para trazer à minha vida seus eventos divinos de Sofrimento. Então, vou ajudá-lo buscando meus próprios.
Nós não encorajamos ninguém a buscar o Sofrimento. O que estamos dizendo é: quando ele vier, seja pela mão de Deus ou através da mão de Deus, quando ele vier, sofra bem. Sofra bem.
 
Quinto. O Sofrimento não deve ser evitado a qualquer custo.
 
Alguns de vocês tomam suas decisões baseados em qual será o caminho da menor resistência. O que causará menos conflito, menos dor, menos fricção, menos dificuldade, menos Sofrimento... E é isso o que todos nós fazemos. E, às vezes, Deus nos chama para a dificuldade, às vezes, Deus nos chama para a dor, às vezes, Deus nos chama para o Sofrimento. E, tivesse Jesus escolhido o caminho sem Sofrimento, nós estaríamos mortos em nossos pecados. E Ele não teria deixado o conforto dos céus para vir ao Sofrimento da terra.
Um autor diz isso muito bem: Eu prefiro uma viagem íngreme para o céu a uma suave viagem para o inferno. E eu acho que ele está certo.
 
Sexto. O Sofrimento não deve ser desculpado porque Deus o usa.
 
E sei de uns cristãos que não se arrependem: eles pecam, e Deus usa isso para algo bom e eles dizem: Bem, eu sei que não foi lá muito bom, mas Deus usou isso, então eu devo estar OK com Deus. Se você quer um exemplo, eu estava tendo um diálogo franco com um pai que literalmente criou seus filhos espancando-os. E ele disse: Bem, eles cresceram como bons rapazes, eles são fortes, masculinos, e têm dignidade, têm coragem e dureza.
Então, sabe, o espancamento não foi uma coisa má. Eu disse: Esse é um testemunho da bondade de Deus, o Pai, não de você como o pai deles. Você é um homem maligno, malvado e pecador que fez uma coisa atroz espancando seus filhos. E se você não se arrepender disso, você vai para o inferno. Porque pessoas não-arrependidas vão para o inferno. E você está vivendo uma vida não-arrependida de todos seus pecados e fica fazendo argumentos teológicos estúpidos como: Deus usou isso, então Ele deve achar que está tudo bem.
Só porque Deus usa algo, isso não justifica o pecado. Isso significa que Deus é bom, mesmo quando somos maus, mas isso não justifica nosso mal.
 
Sétimo. O Sofrimento não é desculpa para passivamente permitir a injustiça e o mal.
 
Eu ouvi algumas pessoas dizer: Eu sei que eles estão fazendo errado, e eu sei que estão fazendo o mal, mas Deus está usando isso para me ensinar coisas boas, então eu louvo a Deus por isso.
Não, você deve também resistir o mal, perseguir a justiça. Tive uma conversa com uma esposa cujo marido estava batendo nela, e eu disse: o que no mundo você está fazendo com um homem que bate em você e nas crianças? Ela disse: Mas Deus está me ensinando tanto através disso e estou desenvolvendo meu relacionamento com Jesus. Eu disse: Louvado seja Deus, e seja santificada, mas chame a polícia pra prender ele, jogar na cadeia. Ele também precisa ser santificado. Não só você. Não podemos permitir as pessoas a continuar pecando em nome da nossa santificação. Nós também precisamos confrontá-los, e repreendê-los e, quando necessário, usar recursos legais.
 
Oitavo. O Sofrimento é para nós, não é ato de expiação, mas ato de santificação.
 
Deus não está nos fazendo pagá-lo de volta pelos nossos pecados. Quando pecamos, Deus não está nos fazendo ficar de bem com nosso Pai. E muitos de você, eu temo que, quando sofrem, vocês pensam: Ok, Deus está me batendo agora porque eu pequei, e está OK. Se Deus me bater o suficiente, talvez então Ele me ame. Não. Jesus morreu pelos seus pecados, Ele foi punido em seu lugar, Deus não está fazendo você pagá-lo de volta.
Nós não cremos em karma, não cremos em penitência, nós não cremos em purgatório.
Nós cremos em Jesus.
 
Nono. O Sofrimento não é para ser totalmente entendido nessa vida.
 
Eu li uma grande quantidade de livros sobre Sofrimento e Mal ao longo dos anos, de natureza filosófica e teológica. O que vou dizer-lhes é o seguinte: há muitos aspectos do Sofrimento e ilustrações particulares de vidas humanas que encontraram muito Sofrimento a que eu simplesmente não responderia porque não tenho resposta. Mas eu digo: Deus é bom, e eu confio nele. E, quando a Bíblia diz que sabemos em parte, e vemos em parte, isso é verdade. E, quando vemos Jesus, tudo isso faz sentido. Isso é verdade.
Quando Paulo faz sua pergunta retórica: Quem conheceu a mente do Senhor? Ele não está esperando que nenhum de nós levante a mão. Mas, simplesmente dizer: Não eu.
Há coisas que você não vai entender no que diz respeito até mesmo ao seu Sofrimento pessoal, até que veja a face de Jesus.
 
Décima. O Sofrimento não ultrapassa a bondade do Deus Soberano.
 
O Sofrimento não ultrapassa a bondade do Deus Soberano! Deus, no fim, usa todas as coisas. Deus, no fim, trabalha através de tudo. Deus toma até aquilo que é horrendo e, eventualmente, por causa da sua bondade e poder soberano, usa isso para a beleza. Nós cremos nisso, e se pararmos de crer nisso, perdemos toda esperança!
Em Romanos 8:28, Paulo diz assim: Nós sabemos que, em todas as coisas, Deus trabalha para o bem daqueles que o amam e que são chamados de acordo com Seu propósito. Em todas as coisas, Deus eventualmente resolve tudo pra o seu bem redentor. Há uma ilustração disso em Gênesis 50.20, onde José, olhando para seus irmãos que buscaram destruí-lo, diz: O que vocês fizeram para mim foi mau, mas Deus usou para o bem, e para a salvação de muitas vidas.
 
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Texto postado por Alcindo Almeida.
 

Um exemplo de fé e maturidade cristã

Palavra do Pr. Luiz Roberto França de Mattos

Meditando em Gn. 39

Precisamos olhar para José como modelo para o coração, ele observou e guardou no coração o que aprendeu dos seus pais. Ele foi para um lugar sem referenciais espirituais e lá ele permaneceu intacto na retidão, na honra, na fidelidade e no caráter. 
Deus quer que sejamos fiéis, retos e honestos como José em todos os tipos de relacionamentos que construímos. Esse jovem é alguém que poderia ter azedado na vida. Poderia ter cometido suicídio. Poderia ter se rebelado contra Deus. Mas não, ele resistiu os ataques lançados pelos que o odiavam. 
Enquanto seus inimigos atacavam com flechas de ódio, José devolvia o ataque tendo um relacionamento com as pessoas através das virtudes da graça de Deus: sabedoria, prudência, integridade, fidelidade, fé, esperança, pureza, honra, honestidade e firmeza. 
Os atos desse homem de Deus ecoam por toda a eternidade e hoje da mesma forma, Deus quer nos fazer pessoas como José que têm honra refletindo honestidade em todas as facetas da vida. (Alcindo Almeida)

domingo, 28 de abril de 2013

Sobre a vontade de Deus

Precisamos entender que a melhor maneira de sabermos a vontade de Deus, o querer de Deus na nossa vida, é através da Palavra dele. Pois, a sabedoria de Deus na sua Palavra é maior do que o intelecto humano, ela é mais sábia do que tudo que há na terra (Alcindo Almeida).

sábado, 27 de abril de 2013

Assista o teaser da nossa nova Série de maio: Santo de casa faz milagre!



Santo de casa faz milagre! Série de cultos no mês da família 2013 da Igreja Presbiteriana em Alphaville.
Venham participar conosco dessa Série preciosa!

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Amigos

“Amigos são tão amigos que voltam. São tão fraternos que se unem. São tão simples que cativam. São tão desprendidos que doam. São tão dignos que amam, compreendem e perdoam” (autor desconhecido).

Aprofundando nossa relação com pessoas


Não podemos viver sozinhos. Precisamos conviver e nos encontrar com as pessoas aprofundando nossa relação com elas. Precisamos nesses encontros levar as pessoas a olharem para dentro de si mesmas. Precisamos levar as pessoas nesses encontros a se perguntarem: quem sou eu? (Livro A amizade da alma: Fidelidade na mentoria da vida).

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Mentoria espiritual


A mentoria espiritual é uma prática que tem perdido o seu significado e lugar entre nós porque optamos pelo individualismo como forma de sobrevivência no mundo moderno. Somos auto-­suficientes e achamos que qualquer interferência em nossa privacidade é sempre um risco que não vale a pena correr. Como precisamos de amigos mentores para ouvirem a nossa história e a nossa confissão quanto a pecados e erros diante de Deus e do próximo. Como precisamos de amigos que tenhamos relacionamentos a fim de expressar uma narrativa de vida. Como precisamos de um amigo para falar da história do nosso coração. Isto me faz lembrar uma palavra que o Dr. Houston falou e que ecoou no meu coração: Não conhecemos as pessoas sem conhecer suas histórias e narrativas (Livro A amizade da alma: Fidelidade na mentoria da vida).
 

A arte de ter amigos

A amizade ilumina o nosso ser para que vivamos na presença de Deus de maneira sadia. A amizade de um amigo nos fortalece e nos ajuda a enfrentar os conflitos mais profundos da nossa alma. A amizade é para o sofrimento, para a alegria, para o tempo de dor e de prazer. A amizade é para nos identificar como seres humanos criados a imagem de Deus. A amizade é para desfrutarmos da alegria de viver. Como disse Agostinho: “Sem amigos nada é agradável na vida” (Livro A amizade da alma: Fidelidade na mentoria da vida).

Vem aí mais uma Série de família da IPALPHA

Lições bíblicas importantíssimas expostas com clareza, profundidade e bom humor.
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 Igreja Presbiteriana em Alphaville
 Largo da Igreja, 01 Santana de Parnaíba – SP.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Honra reflete-se em honestidade

- Texto para reflexão: A honestidade do justo é o seu melhor seguro (Provérbios 11.6).

Nessa semana eu fui surpreendido com o tema da Revista Veja SP Traição à paulistana - Os lugares onde a infidelidade ocorre com mais frequência, as novas armas para flagrar os amantes e as aflições sobre o assunto nos divãs da cidade.
Há uma febre na sociedade hoje no campo da traição e a reportagem diz que alguns artistas relatam divertidas histórias de traição.  A segunda-feira é o dia predileto dos amantes, que costumam se encontrar no horário comercial. As pessoas comprometidas ficam com a família no sábado e no domingo e recomeçam a semana com saudade da outra ou, dependendo do caso, do outro, diz Eduardo Borges, diretor-geral da Ashley Madison. Nos divãs de São Paulo, boa parte dos segredos dos pacientes a respeito de seus desejos e práticas sexuais demora várias sessões para ser revelada. O adultério, porém, passa longe dessa lista. Em geral me contam logo quando levam vida dupla, relata a psicóloga Maly Delitti [1]. Um levantamento de uma revista da Editora Abril realizado em 2011, mostrou que 64% das entrevistadas assumiram ter enganado seus parceiros, contra 73% dos homens.
Olhando para essa realidade na nossa sociedade lembrei do filme com o brilhante ator Russel Crowe: Gladiador. Eu prestei muito a atenção na frase marcante que mexe conosco: O que você faz nesta vida ecoa na eternidade. Claro que essa frase no filme tem a ver com a honra e para o leal oficial do imperador Marco Aurélio (Ano 180 D.C.), o general Máximus Décimus Meridius, a honra tinha a ver com as ações de um soldado que defendia os interesses de Roma e o oposto da honra era a desonra ou opróbrio.
Olhando para as palavras honra e honestidade precisamos avaliar os significados da maneira mais profunda possível.

Honra significa: princípio de conduta pessoal baseado na ética, honestidade, coragem, dignidade e honradez.
Honestidade significa: uma qualidade de ser verdadeiro; não mentir, não fraudar, não enganar. É uma qualidade da honra da pessoa. Significa falar a verdade, não omitir, não dissimular.
 
É profundo analisarmos as duas palavras para a vida. Uma pessoa que tem honra é honesta e uma pessoa honesta é revestida naturalmente de honra. A palavra honra vem do latim honos, que tem sentido de reputação e dignidade. Um homem cheio de honra como ser humano é alguém revestido de uma reputação digna e naturalmente desemboca em ações honestas. Na verdade, quando falamos em honra percebemos claramente que a honestidade é um item que faz parte marcante da essência dele.
Essas duas palavras têm fugido um pouco do contexto da vida relacional e afetiva, sejamos bem francos quando a essa realidade. Os escândalos não são mais raros na sociedade e isso tem chegado no meio protestante. Temos inúmeros casos envolvendo líderes religiosos e lembro-me de um livro bem conhecido de Richard Foster: Dinheiro, sexo e poder. Foster mostra que desde as primeiras civilizações, estes três fatores estiveram envolvidos em quase todos os movimentos sociais, políticos e econômicos. Eles motivaram o início, a ascensão, o auge, o declínio e a derrocada de homens e mulheres, famílias e etnias, nações e ideologias inteiras.
Richard Foster argumenta que as questões do dinheiro, sexo e poder nos atiram para dentro da arena da escolha moral. O dinheiro se manifesta como poder, o sexo é usado para adquirir tanto dinheiro quanto poder. E o poder é geralmente chamado o melhor afrodisíaco[2]. Essas áreas têm levado muitos a um descrédito enorme em nossa sociedade brasileira. Vire e mexe ouvimos que fulano saiu com sua secretária e teve uma aventura rompendo com sua família e filhos. Assim a família fica ferida e machucada com esses fatos que mancham a honra e honestidade. O que fazer para que sejamos homens e mulheres comprometidos com a honra que se reflete em honestidade?

ü  Abracemos na vida as palavras fidelidade e obediência:

Para os puritanos do Século 18 a fidelidade foi uma resposta para a questão do sexo. Dizem que eles eram pessoas que sabiam rir e amar. Eles buscavam na palavra fidelidade um modo de terem um casamento e vida em família de maneira séria e fiel. Outro grupo na história é dos monásticos, para eles, obediência tinha a ver com a forma de confessar a vida de maneira coletiva. Eles tinham de prestar contas e eram responsáveis uns pelos outros. Pela obediência procuravam se submeter ao governo de Deus exercido através dos outros.
Talvez se déssemos contas hoje aos amigos e se tivéssemos mais amigos responsáveis por nós em termos de cuidado com dinheiro, sexo e poder não teríamos tantos escândalos, tantas quedas e tanta desconfiança nos relacionamentos hoje. Nós só inspiramos honra e honestidade quando o nosso caráter não deixa a desejar, quando a nossa forma de viver reflete honestidade, respeito, integridade, justiça.
Precisamos observar as palavras de Salomão em Prov. 10.2: Dinheiro de ganhos desonestos não leva a nada, mas a vida honesta livra da morte certa. A Bíblia mostra alguém assim que mexe demais com nosso coração: José de Deus. O José de Deus vai parar na casa de Potifar e enfrenta o primeiro teste nos relacionamentos com pessoas de fora do habitat normal dele. A mulher de seu senhor tenta-o repetidamente. Ela tenta seduzi-lo e José resistiu às suas investidas por causa de seu caráter bem desenvolvido. O relacionamento que o jovem tem com essa moça é o de fidelidade a Deus.
José teme a quem ele serve e ele tem submissão ao seu patrão. Ele é escravo e não pode fazer nada com a casa de Potifar que dirá com a esposa dele. O relacionamento que José tem com essa mulher é o de ensiná-la quanto à retidão, honestidade, transparência e justiça. É o de mostrar a ela que ele não se dobra aos prazeres carnais ferindo os princípios de santidade que ele aprendeu com seus pais.
Precisamos olhar para José como modelo para o coração, ele observou e guardou no coração o que aprendeu dos seus pais. Ele foi para um lugar sem referenciais espirituais e lá ele permaneceu intacto na retidão, na honra, na fidelidade e no caráter. Deus quer que sejamos fiéis, retos e honestos como José em todos os tipos de relacionamentos que construímos. Esse jovem é alguém que poderia ter azedado na vida. Poderia ter cometido suicídio. Poderia ter se rebelado contra Deus. Mas não, resistiu os ataques lançados contra ele pelos que o odiavam. Enquanto seus inimigos atacavam com flechas de ódio. José devolvia o ataque tendo um relacionamento com as pessoas através das virtudes da graça de Deus: sabedoria, prudência, integridade, fidelidade, fé, esperança, pureza, honra, honestidade e firmeza.
Os atos desse homem de Deus ecoam por toda a eternidade e hoje da mesma forma, Deus quer nos fazer pessoas como José que têm honra refletindo honestidade em todas as facetas da vida.
Que o Eterno Deus nos dê graça de sermos assim!

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Alcindo Almeida é membro da equipe pastoral da Igreja Presbiteriana da Alphaville em São Paulo. 
[1] http://vejasp.abril.com.br/materia/traicao-a-paulistana, 2013.
[2] FOSTER, Richard. Dinheiro, sexo e poder. São Paulo: Mundo Cristão, 2005, p. 18.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Nossa crise de insignificância

Nossa crise de insignificância aparece quando desviamos os olhos da necessidade do Reino e os fixamos em nossa própria. Ou quando achamos que nossa dor é a mais importante do mundo, senão a única. Quando deixamos que nossa vida se transforme no centro do universo, tornamo-nos irrelevantes para o mundo, e nossa existência já não se justifica. Ah, se não fosse a misericórdia de Deus!
Lembro-me do filho pródigo que, ao receber o abraço do pai, suprime parte do discurso que havia planejado, quando estava entre os porcos: “trata-me como um dos teus trabalhadores”. Dizem que foi esperteza. Eu acho que não; creio que ele foi “vencido” pelo amor do pai. Ao se sentir seguro de seu amor, ele abre mão do propósito de “justificar sua filiação”, trabalhando para repor o que dissipara. Agora podia, simplesmente, ser filho. De uma forma que nunca havia experimentado.  
Minha oração é que todos nós cheguemos a uma rendição dessa natureza. E aprendamos a viver como filhos amados. Sem mais nem menos. Simplesmente conscientes do Seu amor (Ponto Final — a vida cristã como ela é - Rubem Amorese).

Sobre silêncio na presença de Deus

Um repórter perguntou – curioso – à Madre Teresa de Calcutá: O que a senhora fala com Deus quando ora diante dele? Ela respondeu: Eu não falo nada, eu só ouço o que ele tem a me dizer. E o que Deus tem a te dizer?, insistiu o repórter. De novo, ela respondeu: Ele não me diz nada, ele só ouve o que eu tenho a lhe dizer.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Sobre o Evangelho da graça

Fiodor Dostoievski capturou o choque e o escândalo do Evangelho da graça quando escreveu: "No último julgamento Cristo nos dirá: Vinde, vós também! Vinde, bêbados! Vinde, vacilantes! Vinde, filhos do opróbrio! E dir-nos-á: Seres vis, vós que sois à imagem da besta e trazem a sua marca, vinde porém da mesma forma, vós também! E os sábios e prudentes dirão: Senhor, por que os acolhes? E ele dirá: Se os acolho, homens sábios, se os acolho, homens prudentes, é porque nenhum deles foi jamais julgado digno. E ele estenderá seus braços e cairemos a seus pés, e choraremos e soluçaremos, e então compreenderemos tudo, compreenderemos o Evangelho da graça! Senhor. Venha o teu reino"!
 
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Extraído do livro: Crime e Castigo - Fiódor Dostoievski.

 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Resenha do Evangelho Maltrapilho

Lembro-me quando li há alguns anos e era tão preciosa a leitura que não queria parar. O livro é recheado de verdades profundas do Evangelho, que já conhecia, mas que me tocaram profundamente o coração. Brennan mostra que o Evangelho é o anúncio de uma grande, absoluta e eterna afeição. O anúncio de que o Deus Altíssimo, criador dos céus e da terra, ama apaixonadamente a humanidade perdida e confusa. Uma parte joia demais do livro é: O Evangelho maltrapilho foi escrito para os dilapidados, os derrotados e os exauridos.  Ele é para os sobrecarregados que vivem ainda mudando o peso da mala pesada de uma mão para a outra.  É para os vacilantes e de joelhos fracos, que sabem que não se bastam de forma alguma e são orgulhosos demais para aceitar a esmola da graça admirável.  É para os discípulos inconsistentes e instáveis cuja azeitona vive caindo para fora da empada.  É para homens e mulheres pobres, fracos e pecaminosos com falhas hereditárias e talentos limitados. Vale a pena viajar nesse livro joia para o coração.
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Alcindo Almeida

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Zelando pela vida humana

- Texto para reflexão: Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo (Gênesis 2.15).
Algum tempo atrás fui extremamente impactado pela história de um jovem chamado Adam, contada por Henri Nouwen em seu livro Adam, o Amado de Deus. Nesse livro Nouwen conta como deixou sua posição de professor em uma das maiores universidades dos EUA para dedicar-se integralmente à obra de tomar conta de pessoas com deficiências em Toronto, no Canadá.
Dentre todas as pessoas de quem cuidou estava Adam, um jovem que devido a um complicado quadro de epilepsia, permanecia num estado quase catatônico, sendo que exigia um cuidado extremo por parte dos que tomavam conta dele, pois, nem mesmo suas atividades básicas ele poderia fazer sozinho. Adam não falava uma palavra sequer, nem conseguia se expressar muito bem, pois, não coordenava seus movimentos. Era necessário que Nouwen gastasse cerca de três horas diárias para prepará-lo com banho, troca de roupa e alimentação para que Adam pudesse ir para as aulas de fisioterapia, natação e etc.
Esse é o tipo de quadro que nos leva a pensar no texto de Genesis 2.15, quando Deus colocou o homem no Jardim do Éden e ele desfrutou de prazeres que nunca a criação poderia imaginar. Deus o colocou num espaço para ele se dedicar em cuidar e guardar aquilo que Deus havia criado. E um cuidado precioso é com a vida humana. O cuidado do jardim de Deus passa pelo respeito pela vida humana. E na semana passada vimos algo que nos deixou sem chão em relação ao pouco caso que o ser humano tem dado a própria vida. Foi uma tristeza essa morte do moço com 19 anos por causa de um celular. O jovem Victor Hugo Deppman cursava Rádio e TV na Faculdade Cásper Líbero e estagiava na Rede TV! Foi constatado que o assassino é um dependente químico que completou 18 anos.
Onde pararemos com tanta violência para com a vida humana? A grande verdade é Como nós desfiguramos a imagem do Criador quando passamos por cima dos outros. Quando humilhamos nosso próximo, quando o ofendemos com palavras, gestos e ações e o pior tiramos a vida dele.
Quando olhamos para Adam que nem falava e nem andava e leio o cuidado que Nouwen tinha com ele, percebemos que isso é cuidado do jardim de Deus na criação. Essa é a uma lição do amor de Deus em nossa vida quando olhamos para o outro com graça.
Vejamos algumas dicas para aprendermos mais sobre cuidar e zelar do jardim de Deus com amor e graça:
Cuidemos do nosso próximo com atenção e respeito:
Temos uma responsabilidade séria para com a criação que é cumprir um aspecto que na teologia chamamos de mandato social. Este mandato foi dado por Deus para a humanidade refleti-lo. Este mandato provê a base divinamente ordenada para o casamento, para a família, para as nações e todas as comunidades em todo o mundo.
O mandato social diz respeito ao amor para com o próximo. No livro de Dt. 22.1-4 aprendemos que o amor fraternal deve ser demonstrado com respeito e honestidade para com o próximo. Deve ser demonstrado com desprendimento. Cuidado e preservação tem a ver com o respeito pelo próximo.  Voltando ao Adam, o cuidado que Nouwen tinha para com ele era algo tão marcante que todas as pessoas que tinham contato com Adam sentiam esse amor de maneira profunda e pessoal.
Aprendamos a cuidar das pessoas no coração. Aprendamos a ser atenciosos com elas. Aprendamos a dar um lugar melhor para o próximo. Aprendamos a amar com respeito e atenção.
Cuidemos do nosso próximo do jeito que Deus cuida de nós:
Quando li o livro vi o quanto Henri Nouwen aprendeu com Deus o significado da compaixão. Ele experimentou a própria compaixão de Deus na sua vida que ele aprendeu a ser compassivo com Adam. Como necessitamos de compaixão para olhar nosso próximo com graça. Assim o perdoamos mais, o amamos mais. Assim aprendemos a ver suas necessidades e limites. Vale a pena considerar o texto de Col. 3.12-25: Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição.
Compaixão é a virtude que nos permite entrar e participar da dor e da necessidade dos outros. É também a capacidade de preservar nossa humanidade – quando entramos e participamos da vida do outro, com suas limitações, lutas e sofrimentos, percebemos que não somos diferentes.
Penso que vivemos um tempo de muita violência porque há uma competição que quer anular a compaixão, aumentando o abismo entre os seres humanos. E isso nos afasta do outro e não temos espaço para benignidade, humildade, mansidão, longanimidade. Assim, precisamos pedir que Deus nos dê compaixão e graça assim como recebemos dele, para que tratemos nosso próximo da mesma forma que somos tratados pelo Eterno Deus. Termino citando o texto de Ricardo Barbosa de Souza sobre Os caminhos da compaixão:
“Fomos criados e salvos para amar e nos doar, e o chamado para a compaixão é a forma como o amor e a doação são encarnados. A compaixão é uma expressão forte, pessoal, evangélica. Requer envolvimento, participação, solidariedade”.
Que a graça do Eterno Deus seja sobre todos nós!
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Pr. Alcindo Almeida – Igreja Presbiteriana de Alphaville - São Paulo.

sábado, 13 de abril de 2013

Autor de “O Evangelho Maltrapilho” Brennan Manning faleceu ontem aos 78 anos

Eu li vários títulos de Brennan Manning e fui muito enriquecido com a vida e pensamentos desse escritor cristão. Fico pensando sobre nossa responsabilidade em abençoar os corações das pessoas com nossos escritos. Para que deixemos marcas e um legado. Penso que Brennan Manning deixa um legado profundo para nós: Deus ama profundamente os maltrapilhos através da graça da cruz de Jesus de Nazaré (Alcindo Almeida).

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Palestra 8: Pr. Ricardo Agreste

 Resgatando a centralidade do Evangelho no pastorado
 
As prioridades de uma pessoa se refletem no ministério dela. Uma pessoa ansiosa parar, sentar e ouvir será incapaz. Uma pessoa que não tem um coração ensinável ouvir  palavras, derramar lágrimas que vem das Escrituras não haverá possibilidade. O que somos nos bastidores demonstraremos no púlpito.
• HISTÓRIAS:
Eugene Peterson diz que pastores trabalham com histórias caóticas.
 
 Alguns encontros são pontuais e nunca serão sequer lembrados.
• Outros encontros se transformam no ponto de partida de uma jornada espiritual.
 
O encontro de hoje é exatamente fruto de encontros no passado. Ricardo pensava que eram encontros ordinários, na verdade eram encontros intencionais. Prestemos mais atenção no que está acontecendo. Olhemos mais para as pessoas, menos para o celular. Concentremos mais nossa atenção nos movimentos que estão ao nosso redor para perceber o que Deus está fazendo.
O que diferencia ministérios pastorais?
Muitas vezes é a capacidade do pastor prestar atenção no que está acontecendo no meio do povo, nas histórias e a arte de prestar atenção naquilo que Deus está fazendo na igreja e na nossa vida.
• O que distingue? Quem os promove? Encontros pontuais dos encontros extraordinários. O que distingue é que o promove, quem montou o cenário. O que era ordinário foi montado de modo intencional e extraordinário montado por Deus.
• Precisamos estar atentos às histórias. Elas são o cenário no qual o Evangelho se manifesta. Quanto mais complexas são as histórias, maiores são as necessidades de ter o Evangelho. Nós não temos o poder de consertar ninguém. O que temos de fazer é anunciar o Evangelho, o poder de Deus para o contexto caótico em que a pessoa se encontra.
Toda vida tem uma história basta lê-la.
Um grande desafio na atualidade: Outros Evangelhos?
Gl 1.6-7: Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo.
Paulo levanta a preocupação de outras pessoas apresentando o Evangelho que não é o Evangelho. Principais disfunções (outros evangelhos):
• O “Evangelho” Consumista/utilitarista. Venha e o seu problema financeiro será resolvido.
• O “Evangelho” Legalista/moralista. Santificação é pelo que faz. Sem a santificação ninguém verá a Deus, logo ninguém verá a Deus.
• O “Evangelho” reducionista/simplista. É o Evangelho a, b, c. Ela precisa aceitar Jesus, se fizer uma oração estará salva do Inferno. Como resgatar essa pessoa do Inferno que a sua vida é. Como resgatar essa pessoa do Inferno que ela é em seu trabalho.
• O “Evangelho” da auto-ajuda/bem estar. No anseio de ser aceito e relevantes onde estão, perderam a identidade.
• O “Evangelho” Ideológico/humanista. Vidas transformadas que estabelecem uma nova relação política que passa assumir postura pró-reino num mundo decaído. No entanto, pessoas passaram a se envolver isso, que deixaram a pregar o Evangelho. Pregue o Evangelho e se necessário use palavras. Não é bíblica. Rm 10 diz que se não ouvirem como crerão. É preciso um discurso claro a respeito do Evangelho.
 
Em Cl 1.3-6 há o destaque de 3 coisas básicas de palavras que Paulo usa em suas cartas:
Tem ouvido falar da fé que aquela comunidade tem em Cristo Jesus.
Há perigo em ter coisas óbvias que se perdem.
 
• O amor que tem por todos os santos
 
O Evangelho compreendido, um dos sinais do que o Evangelho está fazendo numa comunidade é o amor. Ela se transforma numa comunidade de amor. O que fazemos com as pessoas problemáticas, divórcio, pessoas atraídas por outras do mesmo sexo: elas devem estar inseridas numa comunidade de amor. Ela funciona como hermenêutica da mensagem ouvida.
 
• Esperança que lhe está reservada nos céus.
 
Antigamente se falava demasiadamente da volta de Jesus. Levando até elaborar matemática para a volta de Jesus. Esse era um extremo. Mas, caímos num outro extremo. Hoje não se fala mais. É impressionante a obstinação de pastores em ter o diploma reconhecido pelo MEC, lançar seu livro, ter aquela foto mais curtida no facebook.
Ficamos preocupados por não ter uma casa para aposentadoria. Isso acontece porque perdemos a noção da coroa de glória. Estamos tão envolvidos em nossos projetos históricos, que temos até receio de Jesus voltar logo.
Todas as coisas são legítimas (diploma reconhecido pelo MEC, lançamento do livro, mas elas deixam de ser legítimas quando passam a nos controlar. E quando isso acontece é um sinalizador que perdemos a conexão com a esperança).
O que aconteceu com os Colossos?
 
• Ouviram por meio da palavra da verdade
• O Evangelho que chegou até vocês
• Pastores podem pregar a Bíblia, mas não necessariamente o Evangelho.
• Paulo está dizendo que no ensino estava o Evangelho.
Versículo 6 – Por todo mundo este Evangelho vai frutificando e crescendo
Esses 2 verbos estão ligados diretamente ao Evangelho. É a dinâmica do Evangelho de Deus. Olhar para o ministério e ver que o Evangelho não tem frutificado e crescido. Temos 2 opções:
 
a) Paulo está errado
b) Eu estou fazendo alguma coisa errada (preciso resgatar o Evangelho na minha vida e no meu discurso)
 
É o Evangelho que gera frutificação e multiplicação
 
FRUTIFICANDO: é o fator Zaqueu. O Evangelho gera transformação de vida. Faz com que pessoas repensem, faz com que gerem metanóia.
 
MULTIPLICANDO: é o fator André. O discípulo que quando João Batista diz que Jesus é o Cordeiro. Ele vai e pergunta se Jesus é o Messias, Jesus diz: vem e vê. Ele vai e chama seu irmão: Vem e vê o que eu descobri.
Quando as pessoas compreendem as boas novas, quando as pessoas compreendem que as novas são boas, são incontidos. O que a gente ouviu, e viu gera um efeito incontido, faz levar outros.
Versículo 6b – Ouviram e entenderam.
 
A COMUNICAÇÃO DO EVANGELHO
 
Zé Ronaldo disse ao Ricardo Agreste: A responsabilidade de nos fazer ouvir é nossa e não dos outros. Há pastores que vivem num mundo medieval. Onde o pastor falar e as pessoas tem que prestar atenção. Paulo usa 2 verbos cerca de 20 séculos atrás.
Não há comunicação, se não há recepção no receptor.
A nossa missão não é somente falar, mas falar de modo compreensivo. Isso demanda esforço, estudo, busca de metodologia para comunicar o velho antigo, o mesmo inegociável Evangelho de uma forma que faça sentido aos que nos ouvem hoje.
Raul Hein – enquanto jovem, 20 ou 30 anos. Foi da seleção. Por volta dos 40 anos de idade, fez uma curva na vida. Percebeu que estava perdendo seus filhos. Fez karatê para ter tempo para seus filhos. Se tornou faixa preta, mestre em karatê. Filhos, netos são faixa preta. O bonito desta história: um dia casualmente estava pescando com uma pessoa da Chácara. O vazio compartilha o vazio, a falta de sentido em sua vida. Viveu um momento de depressão, até alguns insights suicidas. O amigo ouviu e compartilhou seu testemunho. Fez algumas perguntas.
Raul fez perguntas, o amigo disse: Eu sei contar minha história, mas essas perguntas são com meu pastor. Investiram uma tarde conversando. No final ele disse: Pastor é isso, eu creio, eu quero! O que faço para ter isso?Não precisa fazer nada para ter isso, precisa pedir para isso ter você. Nós nos rendemos ao Evangelho. Foi para igreja e está lá há 7 anos. A filha dele estava com o casamento se destruindo. Conversaram e compreenderam o Evangelho, se renderam ao Evangelho. Num retiro ele levou 18 pessoas (familiares) e insistiu levar sua ex-esposa, pois ele dizia que ela precisava do Evangelho.
Convidemos as pessoas para sonharem com uma comunidade centrada no Evangelho segundo o Evangelho.
Vivem e anunciam ==> o Evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens.
 
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Anotações por Alcindo e Eleazar

Palestra 7 - Pr. Ricardo Barbosa



Uma espiritualidade no Evangelho do Senhor Jesus
(Hotel Paladium – Serra Negra – 10.04.2013)
(João 13.33-14.3)
O que significa para nós seguir Jesus na sua ausência?
O contexto desse texto tem a ver com um momento tenso. Jesus está no cenáculo. As emoções se encontram a flor da pele. Ele desejava muito aquela ceia. Os discípulos comeriam com ele somente na Eternidade. Ele os deixaria não poderiam segui-lo. Pedro disse que daria sua vida por ele, mas não o fez. Jesus disse que iria preparar um lugar.
Alguns estudiosos consideram que esse contexto tem a ver com o casamento judaico. Essa ideia nos ajuda entender a natureza do texto. O casamento começa bem antes do casamento propriamente dito, ou como nós conhecemos hoje. Havia um noivado que envolvia uma aliança. O noivo saia da casa em companhia de seu amigo mais íntimo. Ele ia à casa da noiva. A noiva não aparecia e vinha o pai da noiva. Eles conversavam e faziam os acertos para o casamento, para o dote.
Assim que o acerto era feito, a noiva era literalmente comprada através do dote (para nós é difícil lidar com esse modelo). Assim que confirmava o dote a noiva seria comprada. O casamento estava estabelecido como marido e mulher, mas não consumado.
Ela era consagrada, dedicada, separada para ele. Eles celebram esse momento com uma taça de vinho. O pai da noiva e noivo tomam um vinho juntos. E a partir daquele momento, se um deles morresse, seriam considerados viúvos ou viúvas. No caso de José e Maria, quando o noivo voltava para sua casa e a noiva para casa de seus pais.
Ele voltava para casa de seus pais para preparar um apartamento, um puxadinho, na propriedade de seus pais. Isso durava em torno de 12 meses ou um pouco mais. De um lado a noiva se preparava e o noivo também. Eles não tinham nenhum contato físico, embora estivessem legalmente casados. Numa noite, o noivo e todos seus amigos com tochas nas mãos iam na casa da noiva. E quando se aproximavam as pessoas vizinhas começavam a dizer que o noivo chegara. E isso fazia a noiva se preparar com as suas damas.
O noivo chega e fica na porta aguardando. Assim que a cerimônia começava tinha a seguinte palavra: tomar. Eles voltavam para casa do noivo com as amigas da noiva e todos voltavam cantando para casa do noivo. Ele dava uma rápida saudação aos presentes, entravam na casa e o casamento se consumava. Depois de consumado o casamento a festa durava cerca de 6 dias. Somente no 4º dia que a noiva saía e participava da festa.
Imagine Jesus nesse contexto: com as emoções a flor da pele e com grandes tensões. Jesus toma o cálice e diz: Esse cálice é o cálice da nova aliança no meu sangue. Depois ele disse que estava indo embora e não poderiam acompanhá-los. Ele diz aos seus discípulos: Não fiquem confusos, conturbados. Confiem no Pai, confiem em mim. Estou indo preparar os aposentos, preparar um lugar. Depois voltarei para que onde eu estou e assim você estarão também.
Compreendemos o que Jesus está dizendo com essa imagem?
Havia na mente dele traduzir o que estava acontecendo na emoção dos discípulos. Jesus entrou nesse mundo. Jesus fez uma aliança e pagou o dote. O preço pago foi o de sangue na cruz do Calvário e o casamento já começou. Essa aliança não pode ser desfeita. Ele foi para casa do Pai para preparar lugar para nós e um dia virá nos buscar. Ele é o noivo, nós somos a noiva, ele é o grande amante de seu povo. Encontramos essa referência no Velho Testamento em Is. 54.4-5.
No cenáculo Jesus revela quem ele é e quem nós somos. Ele é o noivo, nós somos a noiva. Ele é o Senhor, nós somos os servos. Ele é o cabeça, nós somos o corpo. Somos essa noiva que é adornada para encontrar com o noivo. Ele fez isso porque nos amava e nos ama. Ele celebrou essa aliança com o cálice do seu sangue. Agora somos dele para sempre.
Como entender esse contexto com a ausência de Jesus?
Vivemos com o reino já inaugurado, mas, não consumado, vivemos com o noivado e casamento. A revelação de Jesus é a manifestação gloriosa de sua volta. Vivemos entre a sua partida e sua volta. Há uma série de elementos que nos ajuda a construir e refletir uma espiritualidade, um tipo de vida que é coerente com aquilo que somos diante de Jesus Cristo.
 
• Intimidade
 
Talvez muito mal usado em muitos títulos e literaturas. Subtende uma linguagem sensual. De forma alguma a proposta dos Evangelhos é essa. Se entendemos essa imagem, perceberemos o grande amor que Jesus tem por nós. Entenderemos a natureza do afeto, do compromisso, do amor zeloso que Deus tem por nós. Isso é que produz em nós uma relação de intimidade.
Pertencemos a ele, já somos sua noiva, já existe a aliança entre nós e ele. O problema é que temos o conceito de que o amor é platônico. Essa é uma forte influência, é o que vemos hoje em nossas igrejas: eu preciso sentir. Sendo que trata-se de viver apenas o amor divino como João ensina na sua Epístola: Vede com que grande amor ele vos amou.
Para João amor não era abstrato ou vago, ele era concreto, era fato! É uma ação concreta em que ele nos compra por amor a nós. Ele caminha até onde estamos, ele entra em nossa casa. Tendo a consciência desse amor, responderemos a ele em amor! Isso que cria uma profunda relação de intimidade espiritual.
 
• Segurança
 
Esse relacionamento proporciona segurança. Estamos numa aliança que não pode ser rompida e nem quebrada. Ele sela o compromisso de que estará conosco para sempre. Ele nos conhece nossos defeitos, nossas limitações e nossas feiuras.
Quando ele nos escolheu, sabia de todas essas coisas, e fez de nós sua noiva, ele fez uma aliança e não há nada que pode surpreendê-lo, leva-lo a quebra-la. Se entendêssemos o que isso significa não viveríamos com tanta insegurança afetiva.
 
• Resistência e perseverança
 
Quando compreendemos o que isso significa encontramos perseverança para os dias mais difíceis e confusos. O tempo que temos até o casamento é tempo de preparação. O amor, a expectativa do encontro estão presentes. As dificuldades que surgem são enfrentadas com coragem e grande expectativa porque aguardamos aquele dia. Paulo diz que o Espírito está preparando sua noiva sem mancha e nem ruga.
 
• A fidelidade
 
Quando passamos a entender melhor a aliança, capturamos essa imagem. Vivemos entre noivado e casamento, entre o realizado e não consumado. Fomos chamados, vocacionados para sermos dele. Aceitamos essa realidade com enorme alegria. Por que haveríamos de nos encantar com outras amantes que surgem oferecendo pequenos presentes?
Por isso que a idolatria, a mentira, a traição na Bíblia são tão enfáticas. E ela também é contra o adultério. Adultério é para descrever idolatrias, ideologias e seduções que tentam nos afastar desse grande verdade. É a grande tarefa da prostitua Babilônia, que são os lugares onde vivemos, onde se levantam tantas situações, possibilidades para seduzir nosso coração, nossa atenção e tirar de nós o foco na aliança.
 
• Esse tempo produz em nós uma profunda transformação
 
Se essa imagem for clara para nós, entendemos por que somos transformados. A expectativa transforma as pessoas. Quanto mais seguros estamos que somos amados, quanto maior a expectativa para encontrar com a pessoa. Mais nos empenhamos para nos parecermos com a pessoa amada, para agradá-la mais e mais.
O autor de Hebreus diz que fé é o meio para agradar a Deus. Sem fé é impossível fazer milagres, mas impossível agradar a Deus. Quanto mais próximos nos encontramos da pessoa amada, mais ansiaremos por ela. Esse era o anseio do contexto do VT quanto ao Messias. Quando o noivo sela este pacto com a noiva ela é transformada. Perdemos essa imagem. Não somos mais capazes de capturá-la por causa da nossa fragilidade na visão espiritual.
 
• Há uma esperança que brota de experiência
 
Uma vez que essa imagem nos envolve, somos tomados pelo cenário do noivo e da noiva. Somos envolvidos com um desejo intenso para nos encontrarmos com ele. Deveríamos orar com mais intensidade: Maranata, vem Senhor Jesus. Essa imagem parece que é muito ausente no meio da cristandade.
A igreja no Primeiro Século vivia com essa consciência e com esse desejo. Ela orava: Vem senhor Jesus. Essa oração sustenta a esperança da noiva. Esta oração descreve esse tempo e preparo, o desejo que a noiva tem de se encontrar com seu noivo, e consumar o casamento com ele para o resto do tempo.
 
 Simplicidade
 
Como um elemento que envolve, talvez com nos casamentos de hoje não ajuda muito (hoje dá muito mais dor de cabeça que prazer). Com Jesus e seu estilo de vida, aprendemos a simplificar a agenda. Na verdade quem ama simplifica, diminui, renuncia.
Quando nós vemos algumas expressões no Evangelho que parecem tão dura: tomar a cruz, renunciar, abrir mão – são expressões para nós cristãos não materialistas, auto-centradas  e soam com tom muito negativo. Mas, quando temos o cenário diante de nós, estas expressões ganham outro significado: a renúncia, o sacrifício não são pesos, não significam nenhum peso e nenhum obstáculo. Fazemos isso com extrema leveza, com extrema facilidade.
Jesus descreve isso na parábola da pérola de grande valor. Vende o campo e compra a pérola. Faz isso porque captura uma grande realidade. O que ele capturara é muito maior do que aquilo que perde. Quem ama não tem dificuldade. Sabe da facilidade de abrir mão para atender e satisfazer a pessoa amada. Isso simplifica nossa vida. Simplifica porque outros valores, outras agendas se tornam mais importante.
Geralmente as pessoas envolvidas com muitas coisas – realizam isso porque querem fugir. O amor facilita a renuncia o sacrifício. Jesus faz esse caminho, esse percurso e vem até nós. Vem até a porta da nossa casa por graça e amor. Ele celebra uma aliança conosco e ela é celebrada com cálice que tomamos.
Vivemos esse tempo entre o noivado e casamento. Aliança que já foi selada e feita pelo sangue de Jesus e do dia em que Ele virá para estar para sempre conosco. Vivemos uma experiência de fé de alguém, de uma comunidade que já pertence e já foi consagrada.
Esse dia em que o noivo virá e ouviremos as vozes dizendo que o noivo chegou. Cultivaremos os dias com a realidade de que o amor foi selado e nada vai quebrar essa aliança.
Essa realidade nos traz uma espiritualidade que emerge do coração do Evangelho. (Anotações de Alcindo e Eleazar)

Palestra 6 - Pr. Ricardo Agreste

O problema da idolatria
(Hotel Paladium – Serra Negra – 09.04.2013)
 
Timothy Keller diz: O pecado que constantemente busca sabotar coração para que o Evangelho não seja compreendido é o pecado da idolatria.Pecado é colocar nossa confiança, em outra coisa que não no amor de Deus. É o pecado que faz a gente não depender de Deus. A idolatria é o pecado que faz com que nós coloquemos nossa força no dinheiro, no sexo e no poder. Um ídolo é qualquer coisa mais fundamental do que Deus para sua felicidade, sentido na vida ou identidade.
A única coisa que pode dar sentido a nossa existência é saber que Deus nos ama e quer se relacionar conosco. Só o Evangelho pode resgatar a nossa identidade em Deus. O que Jesus fez na cruz do Calvário pode nos trazer para o verdadeiro significado como ser humano.
Um ídolo pode ser:
 
• Sua carreira profissional;
• Sua segurança financeira;
• Sua aparência física;
• Sua reputação ou imagem;
• Seu poder político;
• Sua família.
 
Êxodo 20.2-5a afirma: Eu sou o SENHOR, o teu Deus, que te tirou do Egito, da terra da escravidão. Não terás outros deuses além de mim. Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o SENHOR, o teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me desprezam. Êxodo 20 é uma sombra do que aconteceria com a vinda do mestre Jesus.
Agostinho diz que pecado não é uma atitude ou comportamento. O pecado é o amor em desordem (o amor fora da ordem apropriada).
 Tim Keller faz uma pergunta: Qual o elemento em sua vida que, caso você viesse perder, possivelmente perderia também a própria vontade de vier ou a razão de existir?Mulher, filho, ministério, fama e poder.
Deus constantemente alertou seu povo para que não se curvasse diante de outros deuses. A única adoração que não nos torna reféns, mas livres, plenos é a adoração ao Deus Criador dos céus e da terra. Quando nos curvamos diante de outros ídolos eles tem o poder de drenar nossa energia, eles nos escravizam, vão deturpando nosso jeito natural de ser. Os ídolos matam. Porque por detrás deles existem principados e potestades. O desejo do nosso inimigo é que sejamos sugados, deteriorados pelo ídolo até que nos leve a morte.
Rebbeca Pippert diz: Seja o que for, o que nos controla é o nosso Senhor. A pessoa que busca o poder é controlada pelo poder. A pessoa que busca aceitação é controlada pelas pessoas que ele ou ela quer agradar. Nós não controlamos a nós mesmos. Nós somos controlados pelo Senhor da nossa vida. Nosso Senhor nos conquista por amor e não pelo poder. Ele nos conquista pelo Seu amor naquela cruz do Calvário.
David Foster Wallace disse: Pois aqui está outra coisa que é verdadeira. Nas “trincheiras” do dia a dia da vida adulta, não existe tal coisa como o ateísmo. Não existe tal coisa como a não adoração. Todo mundo adora algo. A única alternativa que temos é o que vamos adorar.Uma verdade: adore o seu próprio corpo e beleza, se curve ao poder de sedução e você sempre se sentirá feio e quando o tempo e a idade começam a aparecer, você experimentará a morte milhares de vezes, antes que você seja enterrado em termos de corpo. Adore o poder e você se sentirá fraco e temeroso e precisará de mais sobre os outros para manter o medo à distância
Esse é o depoimento de um ateu assumido:
 

• Ele reconhece a impossibilidade de um ser humano viver sem adorar.
• A única opção que temos é o que vamos adorar.
• Sua assustadora percepção: os ídolos comem vivos seus adoradores.
• Último texto em 12/09/2008 – David Foster Wallace cometeu suicídio.
 
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Anotações por Alcindo e Eleazar.