Nessa
semana eu fui surpreendido com o tema da Revista Veja SP Traição à paulistana - Os lugares onde a infidelidade ocorre com mais
frequência, as novas armas para flagrar os amantes e as aflições sobre o
assunto nos divãs da cidade.
Há
uma febre na sociedade hoje no campo da traição e a reportagem diz que alguns
artistas relatam divertidas histórias de traição. A segunda-feira é o dia predileto dos amantes,
que costumam se encontrar no horário comercial. As pessoas comprometidas ficam
com a família no sábado e no domingo e recomeçam a semana com saudade da outra
ou, dependendo do caso, do outro, diz Eduardo Borges, diretor-geral da Ashley
Madison. Nos divãs de São Paulo, boa parte dos segredos dos pacientes a
respeito de seus desejos e práticas sexuais demora várias sessões para ser
revelada. O adultério, porém, passa longe dessa lista. Em geral me contam logo
quando levam vida dupla, relata a psicóloga Maly Delitti [1]. Um levantamento de uma revista da Editora
Abril realizado em 2011, mostrou que 64% das entrevistadas assumiram ter
enganado seus parceiros, contra 73% dos homens.
Olhando
para essa realidade na nossa sociedade lembrei do filme com o brilhante ator Russel
Crowe: Gladiador. Eu prestei muito a
atenção na frase marcante que mexe conosco: O
que você faz nesta vida ecoa na eternidade. Claro que essa frase no filme tem
a ver com a honra e para o leal oficial do imperador Marco Aurélio (Ano 180 D.C.),
o general Máximus Décimus Meridius, a honra tinha a ver com as ações de um soldado
que defendia os interesses de Roma e o oposto da honra era a desonra ou
opróbrio.
Olhando
para as palavras honra e honestidade
precisamos avaliar os significados da maneira mais profunda possível.
Honra significa: princípio de conduta pessoal baseado na ética, honestidade, coragem, dignidade
e honradez.
Honestidade
significa: uma qualidade de ser
verdadeiro; não mentir, não fraudar, não enganar. É uma qualidade da honra da
pessoa. Significa falar a verdade, não omitir, não dissimular.
É
profundo analisarmos as duas palavras para a vida. Uma pessoa que tem honra é
honesta e uma pessoa honesta é revestida naturalmente de honra. A palavra honra
vem do latim honos, que tem sentido
de reputação e dignidade. Um homem cheio de honra como ser humano é alguém
revestido de uma reputação digna e naturalmente desemboca em ações honestas. Na
verdade, quando falamos em honra percebemos claramente que a honestidade é um
item que faz parte marcante da essência dele.
Essas
duas palavras têm fugido um pouco do contexto da vida relacional e afetiva,
sejamos bem francos quando a essa realidade. Os escândalos não são mais raros na
sociedade e isso tem chegado no meio protestante. Temos inúmeros casos
envolvendo líderes religiosos e lembro-me de um livro bem conhecido de Richard
Foster: Dinheiro, sexo e poder. Foster
mostra que desde as primeiras civilizações, estes três fatores estiveram
envolvidos em quase todos os movimentos sociais, políticos e econômicos. Eles
motivaram o início, a ascensão, o auge, o declínio e a derrocada de homens e
mulheres, famílias e etnias, nações e ideologias inteiras.
Richard
Foster argumenta que as questões do dinheiro, sexo e poder nos atiram para
dentro da arena da escolha moral. O dinheiro se manifesta como poder, o sexo é
usado para adquirir tanto dinheiro quanto poder. E o poder é geralmente chamado
o melhor afrodisíaco[2].
Essas áreas têm levado muitos a um descrédito enorme em nossa sociedade brasileira.
Vire e mexe ouvimos que fulano saiu com sua secretária e teve uma aventura
rompendo com sua família e filhos. Assim a família fica ferida e machucada com
esses fatos que mancham a honra e honestidade. O que fazer para que sejamos
homens e mulheres comprometidos com a honra que se reflete em honestidade?
ü Abracemos
na vida as palavras fidelidade e
obediência:
Para
os puritanos do Século 18 a fidelidade foi uma resposta para a questão do sexo.
Dizem que eles eram pessoas que sabiam rir e amar. Eles buscavam na palavra
fidelidade um modo de terem um casamento e vida em família de maneira séria e
fiel. Outro grupo na história é dos monásticos, para eles, obediência tinha a
ver com a forma de confessar a vida de maneira coletiva. Eles tinham de prestar
contas e eram responsáveis uns pelos outros. Pela obediência procuravam se
submeter ao governo de Deus exercido através dos outros.
Talvez
se déssemos contas hoje aos amigos e se tivéssemos mais amigos responsáveis por
nós em termos de cuidado com dinheiro, sexo e poder não teríamos tantos
escândalos, tantas quedas e tanta desconfiança nos relacionamentos hoje. Nós só
inspiramos honra e honestidade quando o nosso caráter não deixa a desejar,
quando a nossa forma de viver reflete honestidade, respeito, integridade,
justiça.
Precisamos
observar as palavras de Salomão em Prov. 10.2: Dinheiro de ganhos desonestos não leva a nada, mas a vida honesta livra
da morte certa. A Bíblia mostra alguém assim que mexe demais com nosso coração:
José de Deus. O José de Deus vai parar na casa de Potifar e enfrenta o primeiro
teste nos relacionamentos com pessoas de fora do habitat normal dele. A mulher
de seu senhor tenta-o repetidamente. Ela tenta seduzi-lo e José resistiu às
suas investidas por causa de seu caráter bem desenvolvido. O relacionamento que
o jovem tem com essa moça é o de fidelidade a Deus.
José
teme a quem ele serve e ele tem submissão ao seu patrão. Ele é escravo e não
pode fazer nada com a casa de Potifar que dirá com a esposa dele. O
relacionamento que José tem com essa mulher é o de ensiná-la quanto à retidão,
honestidade, transparência e justiça. É o de mostrar a ela que ele não se dobra
aos prazeres carnais ferindo os princípios de santidade que ele aprendeu com
seus pais.
Precisamos
olhar para José como modelo para o coração, ele observou e guardou no coração o
que aprendeu dos seus pais. Ele foi para um lugar sem referenciais espirituais
e lá ele permaneceu intacto na retidão, na honra, na fidelidade e no caráter.
Deus quer que sejamos fiéis, retos e honestos como José em todos os tipos de
relacionamentos que construímos. Esse jovem é alguém que poderia ter azedado na
vida. Poderia ter cometido suicídio. Poderia ter se rebelado contra Deus. Mas
não, resistiu os ataques lançados contra ele pelos que o odiavam. Enquanto seus
inimigos atacavam com flechas de ódio. José devolvia o ataque tendo um
relacionamento com as pessoas através das virtudes da graça de Deus: sabedoria,
prudência, integridade, fidelidade, fé, esperança, pureza, honra, honestidade e
firmeza.
Os
atos desse homem de Deus ecoam por toda a eternidade e hoje da mesma forma,
Deus quer nos fazer pessoas como José que têm honra refletindo honestidade em
todas as facetas da vida.
Que
o Eterno Deus nos dê graça de sermos assim!
_____________
Alcindo Almeida é membro da equipe
pastoral da Igreja Presbiteriana da Alphaville em São Paulo. [1] http://vejasp.abril.com.br/materia/traicao-a-paulistana, 2013.
[2] FOSTER, Richard. Dinheiro,
sexo e poder. São Paulo: Mundo Cristão,
2005, p. 18.
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