terça-feira, 27 de julho de 2010

Só temos perdão quando confessamos os pecados


-Texto para reflexão: Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui a iniqüidade, e em cujo espírito não há dolo. Confessei-te o meu pecado, e a minha iniqüidade não encobri. Disse eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado (Salmo 32.1, 2 e 5).

A nossa postura tem que ser a de Davi que confessa o seu pecado e não oculta mais a sua iniqüidade. Ele confessa ao Senhor as suas transgressões e recebe o perdão da culpa do seu pecado.
O texto é bem claro para nós afirmando que bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado é o homem a quem o Senhor não atribui a iniqüidade, e em cujo espírito não há dolo. É uma idéia de alcançar uma justificação pela fé quando se arrepende dos pecados com sinceridade.
A palavra pecado no hebraico tem a idéia de errar o alvo, uma espécie de fracasso em cumprir o próprio dever. Um lapso na vida de comunhão com Deus. Por isso, precisamos confessar os nossos pecados diante do eterno, para que não sejamos impedidos de desfrutar da comunhão eterna na vida.
O nosso pecado precisa ser coberto por meio do sangue de Cristo, do contrário não somos aceitos diante do Deus Pai. É preciso haver confissão verdadeira para uma limpeza diante da santidade de Deus. Não é por acaso que Davi diz: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado.
A pressão de Davi era algo insuportável, ele não dormia, ele não respirava direito porque tinha adulterado com Bate-Seba e depois tinha assassinado o seu servo leal Urias. E quando Natã o confronta, ele tem que confessar suas transgressões, sua culpa pelos pecados diante de Deus. Ele maquinou a morte de uma pessoa absolutamente fiel no seu palácio. Davi cai em si e se prostra diante de Deus confessando o seu pecado e assim, se livra da sua culpa.
Quais foram as conseqüências da sua confissão?

Retorno da piedade e oração:

O versículo 6 afirma que Davi volta a cultivar a piedade e a oração. Ele volta a ser o Davi da intimidade e do coração sensível a voz do eterno Deus. Ele volta a celebrar Deus em comunhão. Ele volta a ser o Davi da piedade, do temor e da reverência para com Deus.

Davi vê Deus de novo:

O versículo 7 afirma que Davi vê Deus de novo como o seu esconderijo e aquele que o preserva da angústia e lhe traz alegres cânticos de livramento. A sensibilidade volta ao coração deste homem que é chamado de homem segundo o coração de Deus.
Que Deus tenha compaixão de nós para que vejamos a realidade do pecado e o confessemos de coração diante dele!

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Alcindo Almeida

sábado, 24 de julho de 2010

Mais um de Eugene....Espiritualidade subversiva

Espiritualidade subversiva é uma coletânea de escritos de Eugene Peterson sobre teologia espiritual, desenvolvidos ao longo de vinte e cinco anos. O livro está dividido em cinco grandes partes, todas subdivididas em capítulos.
Espiritualidade: Peterson inicia afirmando que o livro de Marcos é fundamental para a espiritualidade cristã; trata da importância de se escutar a voz de Deus; ensina a trilha da verdadeira espiritualidade; fala sobre anjos e a função do seminário para a formação espiritual.
Estudos bíblicos: Isaías, Jeremias, Apocalipse e a ressurreição são alguns dos temas trabalhados nesta parte do livro.
Poesia: As bem-aventuranças interpretadas em forma poética.Leituras pastorais: Aqui, Peterson analisa o ministério pastoral: fala sobre a função do pastor, os perigos que ele corre por estar sob os holofotes, os falsos mestres que estão por aí como lobos em pele de cordeiro, e cita grandes nomes da teologia, a começar pelo apóstolo João.
Conversas: Esta última parte reúne uma série de entrevistas, conversas, que diversas pessoas tiveram com o autor. É um mosaico composto de artigos, estudos, leituras e entrevistas que revelam quão indispensável é a teologia espiritual como fonte de renovação da cristandade.

Leia este livro: O caminho de Jesus e os atalhos da igreja

Definitivamente O caminho de Jesus e os atalhos da igreja não é uma obra para ser consumida com avidez despretensiosa. O texto de Eugene Peterson tem de ser saboreado pouco a pouco de modo a ganhar significado e relevância. Há contudo um senso de urgência que não pode ser negligenciado: estamos muito distantes do padrão bíblico de santidade até mesmo porque ser santo não está na moda.
Como que numa conversa tête-à-têtePeterson explica o significado da metáfora caminho (muito mais que uma “estrada para Céu”)e suas diferentes implicações na construção de um estilo de vida cristocêntrico ao revelar como AbraãoMoisésDaviElias e Isaías ajudaram a preparar o caminho de Jesus. A amplitude de significados se descortina à medida que Peterson nos auxilia na interação com o texto bíblico traduzindo em sua totalidade o real significado de "caminho". Neste ponto seguir a Jesus é muito mais que adotar um manual de boas maneiras com direito a passaporte para a vida eterna. Transformou-se na construção de um estilo de vida fundamentado nos valores do Reino e livre da influência conceitual de certo e errado imposta pela sociedade contemporânea. Eugene Peterson é daqueles mestres da escrita que precisa ser saboreado paulatinamente. Biblista renomado especialista em hebraico e grego nosso artesão esculpiu para você esta obra essencial. Nela revela por que ainda temos um importante caminho a trilhar se consideramos Jesus a máxima referência em santidade.

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Editora Mundo Cristão

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Deus nos leva para o seu santuário


- Texto para reflexão: Faze-me justiça, ó Deus, e pleiteia a minha causa contra uma nação ímpia; livra-me do homem fraudulento e iníquo. Pois tu és o Deus da minha fortaleza; por que me rejeitaste? Por que ando em pranto por causa da opressão do inimigo? Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem; levem-me elas ao teu santo monte, e à tua habitação. Então irei ao altar de Deus, a Deus, que é a minha grande alegria; e ao som da harpa te louvarei, ó Deus, Deus meu. Por que estás abatida, ó minha alma? E por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele que é o meu socorro, e o meu Deus (Salmo 43.1-5).

Havendo a possibilidade de atribuirmos o Salmo a Davi e não aos filhos de Coré, poderemos afirmar que Davi foi expulso do seu país por causa da perseguição dos seus inimigos. E diante da crise que ele vive neste processo, pede para que Deus faça justiça e defenda a sua causa contra aqueles que são iníquos.
E a base para o coração de Davi é que Deus é sua fortaleza. Ele está triste e em opressão diante de tanta perseguição, mas ele pede para que Deus defenda a sua causa. Davi pede para que Deus envie a sua luz e a sua verdade para ele ser guiado até a casa do Senhor. Ele descansa nesta verdade para o seu coração.
A verdade é que ninguém pode enganar ao Senhor e ele sempre assiste aos seus servos. Por isso, o desejo de Davi é pela casa de Deus, é pela presença de Deus em comunhão. Porque mesmo diante das crises que ele sofre, na presença de Deus ele tinha alegria e poderia louvá-lo com sua harpa.
Lá na casa de Deus ele teria o alívio da dor na sua alma. Lá na casa de Deus ele teria a tranqüilidade no meio de toda a aflição do seu coração. Lá na casa de Deus, no santuário de Deus, ele poderia esperar sempre em Deus que era o seu socorro e o seu Deus sempre.
Quando pedimos a justiça de Deus diante das causas complicadas temos a certeza de que ele é que luta a nossa causa, ele que nos defende como defendeu Davi diante de Saul, de Simei e do seu próprio filho Absalão.
Esta é uma promessa para que não desfaleçamos na caminhada cristã. Deus é a nossa luz no meio dos obstáculos da vida. Ele é a verdade que nos guarda e nos leva para os seus braços a fim de acharmos descanso para a nossa alma.
Quando a nossa alma se abate dentro de nós é o momento de irmos para o altar de Deus. É o momento de voltar o nosso coração para o santuário de Deus. Porque nele temos consolo, refrigério, esperança e nele encontramos um cântico de louvor ao Deus da nossa vida.
Que ele nos leve para este lugar de adoração!

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Alcindo Almeida

terça-feira, 20 de julho de 2010

O VALOR DE UMA AMIZADE


- Texto para a reflexão: O homem que tem amigos pode congratular-se; mas há amigo mais chegado do que irmão (Provérbios 18.24).

A amizade é um dos mais belos itens da nossa vida. Vivemos num mundo onde várias facetas da vida são questionadas, mas a amizade não é. Já dizia Anselm Grün “que a amizade não é uma instituição, ela é uma relação voluntária, em que cada um escolhe ao seu gosto e bel prazer” (GRÜN, Eu lhe desejo um amigo. 2006, p.8).
Sabemos claramente que a amizade necessita de tempo, calma e muita sensibilidade para se desenvolver. Ninguém constrói uma amizade sem investir tempo na outra pessoa. Ninguém começa a ter confiança numa pessoa sem conhecimento e convivência mútua.
Precisamos entender que não podemos fabricar os amigos, eles são os grandes presentes de Deus para o nosso coração a fim de termos direção e foco na vida. Os amigos colocados em nossa vida são os instrumentos para que voltemos para o foco que é Deus.
A amizade é para o sofrimento, para a alegria, para o tempo de dor e de prazer. A amizade é para nos identificar como seres humanos criados a imagem de Deus. A amizade é para desfrutarmos da alegria de viver. Como disse Agostinho: “Sem amigos nada é agradável na vida”.
Através das amizades descobrimos mais sobre o significado do amor de Deus por nós, por meio do seu próprio Filho, Jesus Cristo. Através da amizade tocamos o amor trinitário que flui de maneira profunda entre o Pai, Filho e o Espírito Santo. Os amigos nos fazem voltar para casa e nos sentir tranqüilos e em profunda paz. Os amigos nos fazem sentir a vontade. Os amigos nos ajudam a confessar melhor o que somos e o que desejamos na presença de Deus.
Amigos são assim, por isso, creio que é extremamente importante refletir sobre a amizade e valorizá-la cada dia mais na vida!
No dia 20 de julho comemoramos o dia do amigo, então dediquemos um tempo com os nossos amigos mais chegados do que irmão.

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Alcindo Almeida

sábado, 17 de julho de 2010

Davi - Heróis da fé de Charles R. Swindoll


Um homem segundo o coração de Deus. Vulnerável... mas um homem de Deus. Muitos são os exemplos de grandes homens de Deus na Bíblia, mas apenas um foi considerado "um homem segundo o coração de Deus". Porém...- Será que este homem foi perfeito?- Será que ele foi imune ao pecado?- Em todos os momentos de sua vida, ele teria andado nos caminhos do Senhor, obedecendo-o e agindo segundo a vontade de Deus?
Questões como estas, que interessam profundamente a homens e mulheres de Deus, são discutidas e analisadas por Charles Swindoll nesta obra que explora as muitas facetas desta personalidade rica, envolvente e extraordinária que se chamou Davi. Pastor, salmista e rei, a vida deste grande homem é contada a partir de sua adolescência - quando ele surgiu como um simples e ingênuo apascentador de ovelhas - e segue pela atribulada, espiritual, humana e gloriosa trajetória de seus dias aqui na terra.
É assim que Deus trabalha na vida daqueles que lhe pertencem: Um ninguém que ninguém notou foi transformado no exemplo de maior rei de todos os tempos. Davi foi, verdadeiramente, um homem segundo o coração de Deus.
"As verdades não mudaram, mas é preciso que a poeira seja removida delas, para que possam ser vistas à luz de onde vivemos hoje". É assim que Charles Swindoll, autor desta obra e de vários best-sellers em todo o mundo, defende a contemporaneidade da herança espiritual que nos foi deixada por Davi.
Aprenderemos que Deus nem sempre escolhe indivíduos brilhantes, de aparência elegante e bem-sucedidos para levar adiante seus projetos e realizar sua obra. Não. Muitas vezes ele escolhe o mais humilde ou o mais anônimo entre os homens, como faz com Davi. Deus olhou para um pastorzinho, espiritual e obediente, que lá nas colinas de Belém guardava as ovelhas do pai, e disse: "Este é o homem".
O Senhor está buscando homens e mulheres em cujos corações haja o sincero desejo de segui-lo e fazer sua vontade acima de qualquer outra coisa no mundo.Davi foi em muitos aspectos um homem extraordinário. Mas isso não quer dizer que nunca tenha desagradado a Deus ou não tenha sido injusto em algum momento de sua vida. Ocorreu com ele tudo o que geralmente acontece na vida das pessoas comuns.
Ele foi arrastado por paixões destrutivas, abalado por problemas familiares e pela tragédia pessoal, e motivado por conveniências políticas. Como, então, um indivíduo tão humano poderia ser descrito como "um homem segundo o coração de Deus"?
O segredo de Davi está na maneira como ele consagrou sua vida totalmente ao Senhor e em sua capacidade de descer ao pó do arrependimento e da humilhação, e pedir perdão a Deus. Dedicação não significa perfeição: apesar de todas as dificuldades e erros cometidos, Davi viveu uma vida extraordinária de fé, contada em detalhes nesta obra.

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Dr. Charles R. Swindoll é pastor, professor e presidente do Seminário Teológico de Dallas, Texas, EUA. É autor de mais de 40 livros, que já venderam mais de 5,5 milhões de exemplares.

Carson diz ...


“Que a nossa vida deve ser ativa vigorosa e prática porque a morte é fim de todas as oportunidades” .

(CARSON, D. A. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2009, p. 931).

Leia este livro de Eugene: Maravilhosa Bíblia


Sinopse

A leitura do texto bíblico ganha contornos surpreendentes à medida que aprendemos a ler a Bíblia deixando-a falar por si mesma. Além de conhecer a história do povo de Deus, a leitura feita com os olhos do espírito oferece um inesperado caminho de volta, pois se abre uma oportunidade para que a Palavra leia para nós nossa história.
No entanto, segundo Eugene Peterson, poucos aproveitam da riqueza da Palavra de Deus, pois cada vez mais ela se transforma em mero acessório do povo cristão, cuja leitura se dá apenas racionalmente, desperdiçando a vitalidade que o texto encerra, capaz de costurar um relacionamento autêntico entre Deus e nós.
Maravilhosa Bíblia propõe o resgate da antiga tradição de ler as Escrituras com o faro apurado do espírito. Se o texto bíblico foi escrito mediante a inspiração de Deus, a leitura de sua Palavra não pode ser um exercício mecânico e desinteressado.
Ler exige meditação e oração, em busca da fertilização e do renovo que apenas a Palavra pode proporcionar. Um “tour de force” na teologia espiritual, mesclando análise cultural e exposição bíblica com envolvente e encantadora visão da vida cristã.
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Ficha técnica
Páginas: 192.
Categoria: Espiritualidade.
Ano: 2008.

Uma ótima oportunidade para pastores e líderes


sexta-feira, 16 de julho de 2010

A oração como fonte de cura do nosso coração


- Texto para reflexão: Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. A oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E se houver cometido pecados, ele será perdoado. Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz (Tiago 5.14-16).
As nossas orações só podem brotar do nosso coração. Lá que acontece a nossa conversão a Deus. Temos agora o desejo de agradar e servir a Deus mesmo tendo a resistência das velhas personalidades.
Aprendemos na oração que podemos nos voltar a Deus buscando aprofundar nosso relacionamento com ele. A oração amplia nossos horizontes para ver que a vontade de Deus é muito mais importante do que a nossa. Como diz James M. Houston: Ela nos afasta do mundo trivial e pequeno para ver as coisas de seu ponto de vista. Para início de conversa, começamos a nos ver da perspectiva de Deus (HOUTON, James M. Oraçao. Brasília, DF: Palavra, 2009, 280 p).
A grande verdade é que a oração refaz nossa vida, dando um novo modelo e foco ao nosso amor. Quanto mais progredirmos no amor de Deus, mais evidências das radicais mudanças em nosso interior serão vistas por nós e pelos outros! Eis por que é de vital importância buscar a restauração do coração na perspectiva santa da oração.
Há um hino que mexe demais com o meu coração e que retrata a importância profunda da oração em nossa vida espiritual. A letra diz:

“Finda-se este dia que meu Pai me deu, Sombras vespertinas cobrem já o céu. Ó Jesus bendito, se comigo estás. Eu não temo a noite, vou dormir em paz. Com pecados, hoje, eu te entristeci. Mas perdão te peço por amor de ti. Sou pequeno e frágil, livra-me do mal! Que em ti eu tenha proteção final. Guarda o marinheiro no violento mar. E ao que sofre dores queiras confortar. Ao tentado estende tua mão, Senhor! Manda ao triste, aflito, o Consolador. Pelos pais e amigos, pela santa Lei. Pelo amor divino, graças Te darei! Ó Jesus, aceita minha petição. E, seguro, durmo sem perturbação. Amém” (S.B. Gould - J.G. Rocha).
Precisamos experimentar a restauração e a cura do Deus eterno no âmago do que somos. E fazemos isto quando nos entregamos ao nosso Deus com a certeza desta canção: Que em ti eu tenha proteção final.
A carta de Tiago nos conta como a oração deveria ser feita por aqueles que sofrem: Esta passagem não deveria ser vista apenas em termos de cura física. É interessante notar que Tiago não fala unicamente sobre a cura, mas também sobre confissão de pecados, recebimento de perdão e o poder da oração do justo. A passagem faz eco às ocasiões em que Jesus, ao mesmo tempo, curou pessoas fisicamente enfermas e perdoou seus pecados.
Tiago dá um conselho precioso para nós. Quando estivermos aflitos busquemos o momento da oração. Quando estivermos alegres cantemos louvores. Quando alguém está doente, chame os presbíteros e orem para que o Senhor o levante. Claro que dentro da própria vontade e querer do Pai.
Ele diz que se houver alguém que cometeu pecados, eles serão perdoados. No versículo 16 ele propõe algo que temos feito muito pouco. Que é confessar pecados uns para os outros. E diante desta confissão devemos orar uns pelos outros. Para que?
A resposta é séria e profunda: para que sejamos curados. Pois, Tiago mostra que a súplica de um justo, de uma pessoa temente diante do Pai pode muito na sua atuação. E como exemplo ele usa a vida do profeta Elias que era homem sujeito às mesmas paixões que nós. Ele orou com fervor para que não chovesse e por três anos e seis meses não choveu sobre a terra.
Vejam que só a oração nos permite ouvir outra voz, a voz do nosso Pai Celestial. Só a oração nos faz ser sensíveis a maiores possibilidades e encontrar um caminho para fora de nossa necessidade de ordem e de controle (NOUWEN, Henri. Transforma meu pranto em dança. São Paulo: Editora Textus, 2002, p. 39). Por isso, Tiago usa as palavras: Em nome do Senhor, os pecados serão perdoados.
Vejam que a oração nos convida para o amor do Pai que nos permite amar aos outros. Daí a facilidade para orarmos pelo perdão dos pecados do próximo e, assim, o Senhor o levantará. A oração também nos traz a graça de abrir o nosso coração para o outro. Para aquele que é nosso amigo da alma, aquele que por amor nos ouvirá sem censura, sem reprovação. Sabendo que a renovação vem do Senhor.
Confissão é uma disciplina que funciona dentro da comunhão. Nela, permitimos que pessoas confiáveis conheçam nossas fraquezas mais pro­fundas e nossas falhas. Isso nutre nossa fé na provisão de Deus para nossas necessidades por meio do seu povo, nosso senso de ser amado e nossa humildade diante de nossos irmãos.
Assim permitimos que alguns amigos em Cristo saibam quem somos na verdade, não retendo nada importante, mas procurando manter a máxima transparência. Deixamos de carregar o peso de esconder e fingir, que normalmente absorve uma quantidade es­pantosa de energia, e nos engajamos mutuamente nas profundezas da alma.
Como diz Dallas Willard:

“A igreja do Novo Testamento parece ter admitido que, se um irmão tivesse alguma enfermidade ou estivesse passando por qualquer aflição, a situação poderia ser motivada por um pecado, que separava a pessoa do pleno fluir da vida redentora. Assim, a Epístola de Tiago (5.16) diz: Con­fessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz. Temos de aceitar o fato de que um pecado inconfesso é um tipo especial de jugo ou obstrução na realidade psicológica e física do cristão. A disciplina da confissão e do perdão remove este jugo. A confissão também ajuda a evitar o pecado. O texto de Provérbios 28.13 diz que quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia. Obviamente, "confessar" ajuda a "aban­donar", pois, persistir num pecado dentro de um círculo íntimo de rela­cionamentos (sem mencionar a comunhão no corpo transparente de Cris­to) é insuportável. Dizem que a confissão é boa para a alma, mas ruim para a reputação. E que uma má reputação torna a vida mais difícil em relação às pessoas mais próximas, isso todos nós sabemos. No entanto, proximi­dade e confissão nos forçam a manter uma distância do mal. Nada oferece melhor suporte para o comportamento correto do que a verdade aberta” (WILLARD, Dallas. O Espírito das disciplinas. Rio de Janeiro: Danprewan, 2003, pp. 211 e 212).
A oração do justo que traz restauração de coração diante de Deus pode acontecer ainda hoje. A oração não é poderosa em si mesma, mas ele pelo poder de Deus em nós atua em nós, nos cura, nos orienta e produz um coração totalmente dependente da vontade eterna de Deus.
Que o eterno Deus nos ajude a orar sempre!
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Alcindo Almeida

Fotos do nosso almoço comemorando meus 39 anos....









quarta-feira, 14 de julho de 2010

Livro interessante para ler e refletir..

Uma sucessão de fatos sem sentido ou um conjunto de sentidos sem nenhum fato? Seria essa a vida que você deseja? Qual o tipo de vida que você tem vivido? Muitas pessoas passam anos de sua vida, senão toda ela, buscando um sentido para vivê-la. Alguns o encontram, outros não.No mundo de hoje é fundamental que o ser humano reflita sobre o tipo de pessoa que é e o que está construindo.
Eclesiastes é fruto das reflexões de Salomão, o qual – após viver de tudo e desfrutar de tudo, depois de alcançar o trono de Israel, poder e riquezas – conclui que a vida não passa de “vaidade”. Ed René Kivitz investiga a mensagem deixada por Salomão em busca das respostas que a humanidade persegue desde os primórdios e com rara habilidade desvenda o nó da existência humana.
Em sua releitura de Eclesiastes, Kivitz nos mostra que é possível vencer os amargos obstáculos da vida e ultrapassar as barreiras do tédio, do utilitarismo, da morte, da injustiça, da religião, do dinheiro, da pretensão, do crime, da fatalidade, da insensatez, da luta pela sobrevivência, do tempo e da ausência de sentido.
Eclesiastes retrata a vida como ela é, suas facetas mais obscuras, sem floreios e amenizações. Ed René mostra que existe um sentido para nossa existência e permanência na Terra e revela como encontrar esse sentido tomando as decisões certas, atendo-se ao que realmente importa. Ele enfoca que, mesmo com tantas adversidades, a vida vale a pena ser vivida!
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Comentário de Calvino aos Gálatas, Efésios, Filipenses e Colossenses

O leitor tem em mãos o comentário de João Calvino a quatro das epístolas canônicas escritas pelo apóstolo Paulo.1 Estes quatro comentários foram preparados durante o tempo em que o reformador francês trabalhou, em meio à grande luta e oposição, para organizar estruturalmente a igreja reformada da cidade de Genebra, na Suíça.
Ele casou-se com Idelette de Bure em março em 1540, em Strasbourg, de onde, em 13 de setembro do mesmo ano, retornou à Genebra, iniciando os vinte e cinco anos finais de seu ministério, e que marcariam seu nome indelevelmente na história daquela cidade suíça e da cristandade.
Ainda naquele ano, seu amigo Philipp Melanchthon (1497-1560), para tentar sanar a divisão entre luteranos e reformados, preparou a Confessio Augustana Variata, que foi prontamente subscrita por João Calvino. Esta Variata incluía uma importante revisão no ensino da Santa Ceia e acerca da presença de Cristo nos elementos da eucaristia, onde se lê: “Da Ceia do Senhor, se ensina que com o pão e o vinho são verdadeiramente testemunhados o corpo e o sangue de Cristo para os que se alimentam da Ceia do Senhor”.2
No ano seguinte, em novembro de 1541, os conselhos da cidade adotaram as Ordenações Eclesiásticas (Ordonnances Ecclesiastiques) propostas por Calvino, e que estruturavam o governo eclesial por meio de pastores, mestres, presbíteros e diáconos. Também nesta época o consistório foi estabelecido, para zelar pela disciplina na igreja, manter a unidade na fé e a pureza doutrinal, além de não permitir a interferência do poder civil na igreja – intenção esta que originaria vários e amargos conflitos com os conselhos da cidade.
Também dessa época são a Carta ao Cardeal Sadoleto, de 1540, a edição francesa das Institutas da Religião Cristã (Institution de la Religion Chrestienne) de 1541, traduzida da edição latina ampliada de 1539, o Breve Tratado da Santa Ceia (Petit Traité de La Sainte Cène), o Traité des Reliques em 1543, e a primeira edição da Bíblia de Genebra de 1546, contendo prefácio preparado pelo reformador francês.
Ao final deste período a primeira seção do Concílio de Trento foi convocada, recrudesceram os conflitos dos calvinistas franceses com a coroa francesa e, em março de 1549, a esposa de Calvino faleceu, depois de uma longa e dolorosa luta com várias doenças. Durante este tempo tão conturbado e inseguro, quase insustentável, Calvino, “um estrangeiro destituído do direito de voto” como o descreveu Alister McGrath, preparou estes quatro comentários, tendo-os começado no fim de 1546 e terminado no começo de 1548, quando foram publicados em latim e em francês.3 “Ele sempre tratou estes quatro [livros] como um conjunto, e eles nunca foram publicados separadamente”.4
Ao mesmo tempo em que João Calvino batalhava pela reforma estrutural da igreja reformada em Genebra, com suas implicações sociais e políticas, ele tinha diante de si estas quatro epístolas. Ajudará ter uma idéia geral dos temas destas quatro epístolas, tendo em mente as lutas travadas no período que começou em 1541 e que se encerrou em 1555, quando finalmente toda a oposição política a Calvino foi derrotada em Genebra. Nesta época crítica de seu ministério, foram os temas destas epístolas que forneceram a direção para as reformas eclesiais e políticas que ocorreram naquela cidade da Suíça.(…)
Estes quatro comentários foram dedicados a Christoph von Württemberg (1515-1568), filho de Ulrich von Württemberg e Sabina von Bayern-München – que pouco depois de seu nascimento fugiu para a corte de seus pais em Munich. Christoph permaneceu em Stuttgart com seu pai e sua irmã mais velha, mas em 1519 o estado (Land) de Württemberg caiu sob o domínio austríaco, e sua família foi banida dali.
Ele cresceu na corte de Maximilian I, em Innsbruck, onde ganhou experiência política sob a tutela da casa de Habsburg, uma das mais importantes casas reais européias. Carlos V, que sucedeu Maximilian I, levou-o em suas viagens pela Europa. No inverno de 1530 ele esteve na coroação de Carlos V em Köln. Em 1531 ele viajou para a Holanda, em 1532 ele lutou com Carlos V contra os turcos em Viena, na Áustria, seguindo depois para a Itália e para a Espanha, e em meados de 1534 passou algum tempo na França.
Em 1534 Württemberg foi reconquistado aos austríacos, e a reforma evangélica foi introduzida naquele estado. No final da década de 1530 Christoph se converteu à fé evangélica. Em 1542, por meio do Tratado de Reichenweier, Christoph foi instalado como o governador da região de Montbéliard, no Alto Reno (Haut-Rhin), que havia se tornado um enclave evangélico, por influência do grande amigo de Calvino, Gillaume Farel (1489-1565), e que na época estava sob o controle de Württemberg. Em 1544 ele se casou com Anna Maria de Brandenburg-Ansbach (1526-1589), filha de Georg, Margrave de Brandenburg-Ansbach, e teve doze filhos deste casamento. O Margrave era luterano, e o casamento serviu para solidificar ainda mais sua adesão à causa evangélica. Este comentário que o leitor tem em mãos foi dedicado a Christoph nesta época, em fevereiro de 1548.
Em 1550 sucedeu seu pai Ulrich como duque de Württemberg e conde de Montbéliard. Seu conselheiro teológico mais importante foi o reformador luterano Johannes Brenz (1499-1570), amigo fiel de Lutero, reitor da catedral de Stuttgart e responsável por todas as igrejas de Württemberg. Tão logo assumiu o trono, Christoph pediu a Brenz para preparar a Confissão de Württemberg (Confessio Virtembergica), para apresentá-la, juntamente com Jakob Beurlin (1520-1561), na segunda seção do Concílio de Trento, em março de 1552.
Embora este concílio não tenha nem mesmo permitido a leitura desta confissão, ela foi adotada pela igreja evangélica de Württemberg (Evangelische Landeskirch in Württemberg) em 1559, no Sínodo de Stuttgart. Christoph, com a ajuda de Brenz, reorganizou toda a administração eclesiástica e estatal em Württemberg.
Estas reformas foram codificadas numa “Grande Regra Eclesial” (Großen Kirchenordnung) em 1559, preparadas por Brenz com a ajuda de Christoph, e que oferecia as bases jurídicas para as mudanças objetivadas na igreja e no estado, a partir da ligação indissociável entre o fundamento teológico e atividade prática da igreja e da sociedade.5
O que se tornou a posição oficial sob o Duque de Württemberg é que o governo secular deve trazer paz e ordem para toda a sociedade por causa da glória de Deus. Neste sentido, de forma menos ambígua que Lutero, o que Brenz e seu Duque defenderam foi o conceito do estado cristão, onde este também deve zelar pela pureza doutrinária da comunidade cristã.6
Christoph trabalhou arduamente para que a fé evangélica exercesse profunda influência em Württemberg, falecendo em 28 de dezembro de 1568, em Stuttgart. Foi a este homem que Calvino dedicou este comentário às quatro epístolas de Paulo. E ao dedicar seu comentário a um Duque que representava uma igreja luterana territorial na Alemanha, notamos outra faceta de Calvino.
Ele escreveu ao arcebispo da Igreja da Inglaterra, Thomas Cranmer (1489-1556), em abril de 1552: “Assim é que, dilacerados os membros da igreja, o corpo sangra. Isso me aflige de tal maneira que, se eu fosse de algum préstimo, cruzaria voluntariamente até mesmo dez mares, se necessário, por causa disso”.7
O que se vê no fato de dedicar este comentário ao Duque de Württemberg é a grande preocupação do reformador francês de estabelecer uma verdadeira unidade doutrinal e espiritual, atuando para sanar as divisões que afligiam a cristandade, trabalhando construtivamente para unir naqueles pontos verdadeiramente essenciais aqueles que professam a mesma fé, anglicanos, luteranos e reformados, no verdadeiro sentido ecumênico.
Aqui temos o melhor de Calvino: o impulso para a reforma e organização visível da igreja é dirigido, incitado e corrigido pelas Escrituras Sagradas. Mas tal reforma não é um esforço isolado ou cismático, em que uma expressão local ou regional da grande igreja se percebe como a única correta.
Muito ao contrário: o que se vê em Calvino, e especialmente ao situarmos este comentário em seu contexto histórico e intelectual, é que a reforma da igreja de Genebra foi caracterizada por diálogo com igrejas cristãs de outras regiões, a partir daqueles pontos que são essenciais à fé evangélica.
Ainda que convicto da verdade de sua causa, também no tocante à eclesiologia, o reformador francês estava pronto para estender a destra da comunhão para outros evangélicos, como os episcopais e os luteranos. Como ele escreveu a Melanchthon, em junho de 1545: “Não cesso, porém, de render maiores graças a Deus, que nos concedeu tal concordância de opinião quanto a toda aquela questão acerca da qual fomos ambos examinados. Conquanto haja leve diferença sobre alguns particulares, concordamos muito bem acerca da questão geral em si mesma”.8
Neste comentário somos apresentados ao brilhante exegeta para o qual “a instrução teológica significava exposição da Escritura Sagrada”,9 interpretando o texto bíblico com fidelidade e modéstia, aplicando-o à vida dos cristãos, obedecendo-o ao almejar a reforma da igreja visível, mas sem perder de vista que a expressão local ou regional de uma igreja que luta para ser bíblica é parte da grande igreja, espalhada por toda a terra, e que a luta por unidade é incitada pelo grande evento que ocorrerá no grande dia da vinda de Cristo, quando esta numerosa igreja será ajuntada dos quatro cantos da terra, para celebrar o Deus trino por toda a eternidade, nos novos céus e terra – “Eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação.
Todos os anjos estavam de pé rodeando o trono, os anciãos e os quatro seres viventes, e ante o trono se prostraram sobre o seu rosto, e adoraram a Deus, dizendo: Amém! O louvor, e a glória, e a sabedoria, e as ações de graças, e a honra, e o poder, e a força sejam ao nosso Deus, pelos séculos dos séculos. Amém!” (Ap 7.9-12)
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Pr. Franklin FerreiraMembro da equipe pastoral da Igreja Batista Nações Unidas – São Paulo-SP. Editor das Obras de João Calvino

terça-feira, 13 de julho de 2010

Encontro dos nossos adolescentes...


Você é Guiado pelo Espírito?


Texto para reflexão: Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus (Romanos 8.14).
Primeiro, se eu sou guiado pelo Espírito, Ele determina a minha perspectiva geral, toda a minha perspectiva da vida. Isso certamente dispensa demonstração. O apóstolo diz em 1 Coríntios 2:12: "Nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus". Se, pois, somos guiados pelo Espírito de Deus, temos uma perspectiva essencialmente espiritual da vida.
A primeira coisa que diferencia o cristão do não cristão é esta perspectiva espiritual. O outro homem tem o que Paulo já tinha chamado "mente carnal", ou "inclinação da carne", a respeito da qual ele dissera: "A inclinação da carne é inimizade contra Deus" (Romanos 8:7). O cristão não tem uma perspectiva carnal; sua perspectiva é espiritual. Devemos compreender o que isso significa em detalhe.
O cristão tem gosto pelas coisas espirituais. Entre outras coisas, significa que ele gosta das reuniões nas quais os cristãos se reúnem para o estudo das Escrituras. O típico homem do mundo acha essas reuniões extremamente insípidas, desinteressantes e enfadonhas. Ele não entende e não sabe de coisa alguma do que se passa ali. Isso porque o Espírito de Deus não está nele, e ele não tem proveito nenhum nessas coisas. Não adianta pedir a um cego que aprecie um cenário; ele não pode vê-lo.
De igual modo, o homem não espiritual não tem nenhuma faculdade espiritual e, portanto, não pode gostar de uma reunião de caráter espiritual. Não se interessa pela exposição das Escrituras, não deseja entender nada das Escrituras, porque isso nada significa para ele. Mas se, por outro lado, temos interesse por essas coisas, e realmente gostamos dessa espécie de reunião, isso é prova de que a nossa inclinação, a nossa mente é espiritual.
Sei que há o perigo, talvez não tão grande como há um século - de se ter um interesse puramente intelectual por essas coisas. Isso de forma alguma é comum hoje em dia; tais pessoas desapareceram quase completamente, e agora elas aplicam aquele tipo de interesse a outros assuntos. No entanto, sempre devemos ter em mente esse tipo de perigo; por isso não nos restringimos unicamente a este teste.
Acrescento outro teste - o amor dos irmãos. Significa que você tem prazer na companhia de pessoas cuja mente é governada espiritualmente, significa que você gosta da companhia e do companheirismo dos cristãos, de modo que você acha agradável conversar com eles sobre estes assuntos especiais. O homem que tem o Espírito de Deus em seu ser, e que é guiado pelo Espírito, interessa-se pelas coisas do Espírito. Ele se interessa por sua alma e seu destino. Noutras palavras, Ele compreende que as coisas mais importantes desta vida não são as que vemos, e sim as que não vemos.
O apóstolo expõe esta verdade em 2 Coríntios 4:18: "As (coisas) que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas". O homem que tem o Espírito em seu ser, o que é filho de Deus, pode dizer sinceramente que essa parte oculta e invisível da sua vida neste mundo é a mais importante para ele.
Houve tempo em que as outras coisas é que lhe interessavam, as coisas que ele podia ver e apalpar. Elas eram as coisas importantes, e ele não passava uma noite sequer a sós consigo e com sua alma e espírito, examinando-se e examinando as suas condições espirituais. Isso era terrível! Mas agora houve uma grande mudança; é o homem "interior" que conta, não o exterior. Por isso ele pode dizer: "O (nosso homem) interior se renova de dia em dia", embora "o nosso homem exterior se corrompa", perecendo de dia em dia.
Noutras palavras, se você puder dizer que quanto mais vive mais você vê a sua vida neste mundo apenas como uma peregrinação, uma viagem, algo temporário que você está experimentando, e que tem crescente consciência de que pertence a outra esfera, à esfera real, então você não deverá ter nenhuma dúvida de que é filho de Deus. Como Paulo diz em Filipenses, capítulo 3, versículos 20 e 21: "A nossa cidade está nos céus" (ou, VA: "A nossa cidadania está no céu". Ou também em 2 Coríntios 5:1: "Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus". O cristão verdadeiro pensa dessa maneira.
Não estou perguntando se você passa o tempo todo pensando nisso, mas simplesmente perguntando se se pode dizer verdadeiramente a seu respeito que você se vê de maneira cada vez mais espiritual, que você está ficando cada vez mais desligado deste mundo e que a esfera para a qual está caminhando torna-se cada vez mais importante para você?
Se você puder dizer isso, não terá necessidade de duvidar; você é "filho de Deus". Ninguém que não seja cristão nestes termos pode falar dessa maneira. Essa é uma das marcas distintivas do verdadeiro cristão.
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M. Lloyd-Jones.

PREFÁCIO DO LIVRO: A BASE DA UNIDADE CRISTÃ (D. MARTYN LLOYD-JONES)

Recentemente me pediram para apresentar uma lista dos 10 livros cristãos que mais influenciaram a minha vida. Mencionei os nomes de Jonathan Edwards, João Calvino, Agostinho, Lutero, John Stott, John Gerstner, Pascal, Thomas Brooks e D. Martyn Lloyd-Jones.
Mais uma vez fui levado a me lembrar do fato de que a minha dívida para com o último nome desta lista é incalculável. Eu tive que incluir na relação de obras clássicas, que determinaram todo o curso da minha vida e ministério, as exposições completas tanto de Efésios quanto de Romanos (considerando os 8 livros de Efésios e os 14 de Romanos como se fossem apenas duas obras distintas), feitas pelo maior expositor bíblico do século XX.
Essas mensagens foram entregues durante o tempo do seu ministério no púlpito da Westminster Chapel, em Londres. Posteriormente, transformaram-se, por meio de todo um trabalho de transcrição, em livros. Obras que hoje se encontram nas bibliotecas de pastores do mundo inteiro.
O que falar, no entanto, de Pregação e Pregadores, O Sermão da Montanha, Discernindo os Tempos, Os Puritanos, Avivamento, fora as lições extraídas da sua própria vida, encontradas nos 2 volumes da sua biografia autorizada escrita por Iain Murray? E me lembrei, ao redigir o meu “cânone” da literatura cristã, o quanto os livros de D. Martyn Lloyd-Jones que tive o privilégio de ler e reler várias vezes, em tantas ocasiões, me levaram às lágrimas da mais profunda percepção da realidade espiritual.
Qual a razão desse amor pelo grande pregador galês? Por que quando prego penso sempre na forma como ele pregava, lidava com o texto inspirado e se relacionava com o auditório? Por que deliberadamente tenciono imitá-lo? O que tem me levado a recomendar para os estudantes de teologia e candidatos ao ministério sagrado que dêem prioridade à leitura das suas obras?
Muito poderia falar. Penso, contudo, que uma resposta basta: o fato de ele ser bíblico. Eu creio que a Bíblia é a Palavra de Deus. Toda a minha filosofia de história, meu conceito do homem, minha forma de ver a Deus e a minha mais profunda esperança nesse vale de lágrimas que nos encontramos estão estribados nas Escrituras Sagradas.
Quando penso no meu trabalho como pregador, no ato de me colocar de pé para pregar para seres humanos - homens e mulheres que humildemente tomaram a decisão de se dirigir a uma igreja, sentar e ouvir um mortal que ousa falar em nome do Criador dos céus e da terra - lembro-me invariavelmente de que a autoridade do arauto de Deus é derivada da autoridade das Sagradas Escrituras. Esse homem só deve ousar falar porque tem uma mensagem que lhe foi entregue para proclamar.
Pessoas só devem ouvi-lo por ele se ater ao exercício de tão somente passar adiante a mensagem que lhe confiada e que consta nessa Palavra bendita revelada e registrada de modo inerrante. Logo, haverei de amar a pregação de um homem que não ousava falar sem ter um texto bíblico perante os seus olhos, o qual expunha com absoluta fidelidade, tanto ao seu contexto imediato (teologia bíblica) quanto ao seu contexto mais amplo (teologia sistemática).
A partir daí tudo fluía, associado a uma raríssima sabedoria, temor de Deus, encanto pelo evangelho e graça para pregar. Homens como J. I. Packer e John Stott já tiveram oportunidade de confirmar algo análogo ao que declaro.
Com ele aprendi a equilibrar doutrina, experiência e prática. Um cristianismo que seja ao mesmo tempo doutrinário, permeado por experiências com Deus e capaz de se manifestar de modo concreto na vida. Uma fé que atinge a mente, o coração e a vontade. Ilumina o intelecto, desperta as afeições santas e dirige o desejo.
Sua ênfase em doutrina merece destaque. Vivemos dias em que o aspecto doutrinário do cristianismo tem sido frequentemente negligenciado. As verdades pelas quais homens e mulheres deram suas vidas no passado são hoje banalizadas por uma geração que não conhece sua própria fé.
Se houve uma época em que a preocupação com a pureza doutrinária levou a igreja a negligenciar o amor capaz de ver realidade onde não há perfeição intelectual, hoje vivemos um tempo em que a igreja supostamente preocupada com o amor negligencia a verdade, tencionando ver realidade onde a imperfeição intelectual representa a negação da própria fé no que ela tem de fundamental.
Pessoas se dirigem para o local de culto não para pensar, mas para ter uma experiência mística desconectada daquilo que é capaz de ao mesmo tempo avaliá-la e lhe dar conteúdo. Nunca houve tanta preguiça intelectual na igreja.
Numa sociedade profundamente pluralista o caráter absoluto da doutrina também tem sido negligenciado. Teólogos e pastores adaptam seu discurso aos caprichos de uma audiência avessa a uma pregação direta, franca, objetiva e que chama a virtude de virtude, o pecado de pecado e a heresia de heresia. Por isso cristãos se parecem tanto com não cristãos. A igreja não passa do púlpito. Pregação difusa gera crentes sem fibra – massa mole nas mãos de uma cultura pronta para lhes dar o formato que lhe aprouver.
Em A Base da Unidade Cristã, Martyn Lloyd-Jones ressalta o lugar da doutrina na busca da unidade da igreja. Este é um dos assuntos nos quais a verdade bíblica tem sido mais negligenciada. Alguns parecem tão marcados pelo divisões injustificadas do passado (que alijaram da igreja crentes verdadeiros), que na busca da unidade esquecem-se dos erros doutrinários injustificados do passado (que atraíram para a igreja falsos crentes). Em nome do amor descaracterizam por completo a fé que encontra-se sob a custódia de quem é chamada na Bíblia de “coluna e baluarte da verdade”. Igreja que desde os seus primórdios foi ensinada a considerar maldito aquele que, ainda que com aspecto angelical, prega outro evangelho, ou evangelho que vai além daquele que foi pregado pelos apóstolos.
Martyn Lloyd-Jones chama a atenção da igreja para esse erro fundamental: a unidade artificial, que não resulta da presença do Espírito da verdade, no poder da verdade, no coração de homens e mulheres. Estimulo de coração a leitura desse livro. Se compreendermos a sua mensagem, vamos aprender a diferenciar divisão de cisma. O cisma é sempre pecaminoso, pois representa cristãos se dividindo sem que haja uma justificativa para a quebra da comunhão. Já a divisão nem sempre é pecaminosa, pois pode representar a integridade intelectual e espiritual de homens e mulheres que, devido ao compromisso com o evangelho, tem que se afastar de uma igreja que apostatou da fé. A leitura de mais essa obra do “doutor” nos conduzirá a tratar o que nos separa uns dos outros com doçura, mas sem jamais cedermos um milímetro no que tange a verdades sobres as quais a igreja está fundamentada.
Não deve haver espaço na igreja para divisões que resultam de contenda entre personalidades vaidosas e meticulosidade doutrinária. Nos dividirmos por causa da fome e sede de poder de líderes que querem ocupar o lugar de Cristo na igreja é obsceno. Nos esquecermos de que “até agora não surgiu nenhuma forma de pensamento tão perfeita a ponto de ser subscrita por todos os homens cultos” é tolice e desconhecimento do desenvolvimento gradual da reflexão teológica da igreja.
O que não podemos permitir, contudo, é que o exato oposto dos erros acima expostos ocorram no seio da igreja. Em vez de homens vaidosos, homens que em nome da humildade não afirmam o que crêem e toleram quem destrua uma fé que, precisa ser preservada em todas as suas partes essenciais a fim de que sua beleza possa ser apreciada por aqueles que receberam olhos para ver. No lugar da meticulosidade teológica, o acanhamento teológico que permite que verdades essenciais sejam negociadas em nome de uma unidade que insulta os céus, afasta os Espírito Santo das nossas assembléias, enfraquece o nosso testemunho e empobrece a nossa vida.
Martyn Lloyd-Jones teve que pregar num período de forte pressão ecumênica. Como poucos sonhou com uma unidade cujo alicerce fosse a verdade. Uma união de cristãos que fosse o resultado natural do amor de homens e mulheres pelas mesmas coisas – certas verdades – que quando cridas e amadas inevitavelmente nos une uns aos outros, pois quem é levado a crer nessas mesmas verdades e amá-las, é habitação de um mesmo Espírito, que a estes regenerou e batizou no corpo de Cristo.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Orando de todo o coração

A oração não será real a não ser que venha do coração. “O coração” é uma expressão fortemente enfatizada no texto bíblico. É um retrato do centro da personalidade humana, o lugar de onde derivam todas as nossas atitudes, impulsos e motivações. O coração é o âmago de nosso ser.
A oração principia com o coração, porque Deus deseja relacionar-se conosco em todos os níveis de nosso ser. Isto inclui sentimentos, mente, imaginação, amor,memória e nossa vontade.
Deus busca nos conhecer por completo na intimidade. Eis por que a oração foca o verdadeiro cerne de nosso ser, dentro do coração.
João Crisóstomo, o expoente pregador do século IV, afirmou: “Encontre a porta do seu coração, e você descobrirá que esta é a porta do Reino de Deus.” Aqui está uma forma de retratar isso. Cada um de nós já esteve dentro do ventre materno. O batimento cardíaco do coração da mãe penetra todo o ambiente em que a criança está envolvida. Durante a gravidez, o bebê em desenvolvimento registra as emoções da mãe, seja ira, medo, paz, amor, desejo ou alegria.
Todas estas influências profundas nos moldam desde os mais tenros dias. Da mesma forma, somos intensamente influenciados pelos desejos de Deus para a nossa vida. A oração é como o batimento cardíaco da mãe grávida. Por meio da influência divina, este pulsar do coração, somos moldados e crescemos à imagem divina.
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HOUTON, James M. Oraçao. Brasília, DF: Palavra, 2009, 31p.

Precisamos de pureza e santidade na vida

- Texto para reflexão: Sejam sempre alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça (Eclesiastes 9.8).

Há alguns anos atrás li o livro Praticando a presença de Deus e ele fala sobre a vida de Frank Laubach. Há uma frase de Frank Laubach que me chamou muito a atenção, ele diz: “Após uma hora de amizade íntima com Deus, minha alma se sente limpa, como a neve que acabou de cair” (LAWRENCE, Irmão & Frank Laubach. Praticando a presença de Deus, Rio de Janeiro: Danprewan, 2004, p. 33).
Salomão aplica uma realidade da época para a vida moral e santa na caminhada cristã. Os homens e as mulheres iam para as festas com vestes brancas porque era um sinal de excelência. O óleo era um aspecto importante nas festas. Os convidados numa festa recebiam o ungüento nos pés e na cabeça. Era um ato que para o povo de Israel era feito na unção de um sacerdote representando a pureza.
Talvez para alguns, esta fala de Salomão só tenha o sentido de relacionar o contexto da festa. Mas, creio que ele quer nos falar sobre a conduta diante de Deus. Porque em seguida ele fala do tempo que devemos desfrutar da vida e que devemos fazer todos os projetos conforme as nossas forças. Porque um dia partiremos desta terra. Então a prática da vida deve ser com excelência e santidade.
Para termos vestes brancas na presença de Deus precisamos de obediência. Esta era uma palavra muito comum em Israel. E não é por acaso que no capítulo 1 da I Epístola de Pedro ele usa a expressão hebraística “filhos da obediência”. Porque ser filho da obediência significa assumir ou ter obediência por característica pessoal.
Ser filho da obediência é se caracterizar por levar uma vida que expressa obediência a Deus. Ser filho da obediência no contexto judaico é andar em conformidade com a Lei de Deus, é andar em conformidade com a vontade de Deus. A Bíblia diz em I Samuel 15.22: Porém, Samuel disse: Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à Palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor do que a gordura de carneiros.
Será que as nossas vestes estão alvas, brancas diante de Deus? Será que levamos a palavra obediência em conta na caminhada diária? Será que valorizamos a vontade de Deus refletindo o seu caráter aqui na terra? Será que as pessoas nos vêem como pessoas cujas vestes são brancas?
É relevante demais falarmos sobre vestes brancas. Porque a conotação é sempre com santidade. Em Isaías capítulo 1 vem a advertência para o povo no versículo 10: Ouvi a palavra do Senhor, governadores de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de Gomorra.
Deus rejeita a multidão dos sacrifícios. Deus diz que, quando o povo estende as mãos, Deus esconde os seus olhos e que não ouviria as orações. Porque as mãos de todos estavam cheias de sangue. E a palavra através do profeta Isaías era: Lavai-vos, purificai-vos; tirai de diante dos meus olhos a maldade dos vossos atos; cessai de fazer o mal; aprendei a fazer o bem; buscai a justiça, acabai com a opressão, fazei justiça ao órfão, defendei a causa da viúva. Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a lã (versículos 16-18).
Isaías nos apresenta o modelo da santidade que torna as nossas vestes alvas como a neve. Assim, ter vestes alvas como a neve é viver não de maneira suja, ao contrário, é ter uma vida santa, pura, reta diante de Deus que é o grande modelo para a santidade.
E esta diferença só acontece quando o Espírito Santo realiza ou concretiza a nossa chamada, ou seja, a regeneração. Pois, sem a regeneração no coração seria impossível sermos santos, ou tornados santos em Cristo Jesus. Claro que não somos iguais a Deus em santidade, pois, ela em Deus é incomparável. Deus não pode ser o que é sem ser santo.
A nossa santidade tem a ver com a maneira como vivemos na nossa vida moral, no procedimento, na conduta e no caráter geral da vida diária. A Bíblia diz em Mateus 5.48: Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial. Esta citação é do Velho Testamento - Levítico 19.2, em que Deus exigia do seu povo santidade total.
O mínimo que Deus espera de nós é a santidade. A santidade é uma característica singular para seguirmos a carreira cristã. A santidade é um processo do nosso dia-a-dia. À medida que nos desenvolvemos diante da vontade de Deus, tornamo-nos pessoas mais próximas do Pai e distantes das coisas terrenas.
O ser santo não quer dizer que seremos pessoas sem nenhum pecado como foi o nosso mestre. Ser santo aqui é estar completamente dotado, totalmente desenvolvido para os aspectos espirituais. Ser santo é estar inteiramente relacionado com o Senhor Deus; é amá-lo profundamente com toda a nossa vida.
Interessante avaliarmos a questão de santidade na vida do sumo-sacerdote de Israel. Ele tinha que dar grande ênfase à santidade diante de Deus. Havia uma coroa de ouro que se chamava “A coroa da santidade”, numa lâmina de ouro; na coroa tinha gravado a seguinte frase: Santidade ao Senhor. Portanto, quando Aarão entrava no lugar chamado “Santo dos Santos”, ele ia com esta idéia na sua própria mente, de que Deus exigia santidade total do sumo sacerdote.
Em I Pedro 3.5 ele diz: Antes santificai a Cristo em vossos corações. Há uma frase dita pelo Dr. J. I. Packer no seu Livro Na Dinâmica do Espírito que deve nos levar a uma grande reflexão: “A maior necessidade do mundo é a santidade pessoal do povo que se diz cristão” (PACKER, 1991, p. 100).
Como estamos diante destas questões sobre a vida de santidade que Deus requer de nós? Temos andado com obediência aos padrões da Palavra de Deus? Temos sido diferentes no nosso estilo de viver? Temos praticado a justiça, a paz, o amor e a fé? As pessoas nos vêem como vasos de honra? As pessoas percebem pureza de vida em nós? Temos tido a consciência do Deus santo que exige o mínimo de nós que é a santidade?
Frank Laubach afirma:

“Não precisamos de arte nem de ciência para ir até Deus. Tudo o que precisamos é de um coração firmemente determinado a não se dedicar a outra coisa que não seja a ele, por amor a ele e tão somente amá-lo”... “Nossa santificação não está na mudança de nossas obras, mas em fazer, por amor a Deus todas aquelas coisas que normalmente fazemos por nós mesmos” (LAWRENCE, 2004, pp. 77 e 80).

Que reflitamos sobre isto e peçamos ao Senhor para que derrame a graça de vivermos na presença dele de maneira santa e irrepreensível!
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Alcindo Almeida

Meus 39 anos....













Um remédio para a exaustão interior


Ao longo de minha vida, algumas vezes me deparei com um estranho sentimento de exaustão interior. Nestes momentos, fui tomado pela consciência de minha completa incapacidade em corresponder às expectativas das pessoas em relação a mim.
Sinto-me sem condições de atender às necessidades dos que freqüentam minha igreja; às demandas daqueles que esperam que eu possa falar numa conferência ou escrever um artigo; às cobranças dos amigos que me ligam chateados porque esqueci a data de um aniversário – sem falar, claro, das pressões geradas numa família com dois filhos adolescentes e uma pré-adolescente. Então, sou tomado pelo desânimo em relação aos desafios que me cercam e pelo desejo de não ter tantos compromissos diante de outros.
Quando esta exaustão interior me assalta, minha vontade é de jogar tudo para cima. Fico sonhando com a possibilidade de abrir mão de todas as responsabilidades, procurar um chalé numa região bem distante e viver ali por algum tempo. Minha única vontade é a de voltar-me para o cuidado do meu próprio coração, lidando com as minhas próprias demandas interiores – coisa singelas, como o silêncio, a solitude, a leitura e a oração.
Sei que muitos pensam que um cristão não deveria sentir-se assim e um pastor não poderia falar assim. No entanto, tenho que decepcionar os crentes-ETs de plantão lembrando que, se Papai Noel realmente não existe, também não é menos verdade que pastores honestos e cristãos sinceros enfrentam, sim, seus dias de exaustão. E esses sintomas em muito se assemelham à própria depressão.
Diante desta tal exaustão interior e da impossibilidade de jogar tudo para cima, acabo caminhando alguns dias em reflexão e oração, os quais me levam a uma conclusão. O problema, antes de residir nas expectativas daqueles que me cercam ou nas pressões delas decorrentes, são, geralmente, fruto ou de meu descuido em viver, dia após dia, dependendo da minha própria potencialidade, ou de um equívoco – o de colocar minha confiança de realização em projetos e relacionamentos que jamais poderão me oferecer o que somente Deus tem para me dar.
Bernardo de Claraval, monge francês que viveu entre os séculos XI e XII, disse que tudo o que somos e fazemos deve ser fruto não de nossas próprias reservas, mas do transbordar da água viva que Jesus derrama em nossas vidas.
Podemos, assim, dedicar-nos a algo sem nos exaurirmos; dar-nos sem nos esgotarmos; cuidarmos de outros sem cometer o equívoco de não cuidarmos de nós mesmos. Se, contudo, abandonamos esta relação constante com a pessoa de Cristo, fechamo-nos para a fonte que abastace o nosso reservatório interior e deixamos de receber a água viva que emana do Pai. No entanto, a falta de conexão com a fonte primária da água viva nos conduzirá, mais cedo ou mais tarde, à sequidão.
Essa dimensão de vazio interior foi comparada por Jesus, quando do memorável diálogo com a mulher de Samaria, com a sensação humana da sede. Ela não sabia, mas tinha diante de seus olhos aquele capaz de saciar a sede existencial que existe dentro dos corações de homens e mulheres. Sede de sentido para vida, sede de sentir-se valorizado ou amado por alguém.
Um de nossos grandes erros, humanos que somos, é o de tentar lidar com o sentimento de vazio interior que insiste em nos acompanhar ao longo da vida através de conquistas. Queremos acumular coisas, ser amados pelos outros, atingir grandes realizações; enfim, queremos ser felizes com a vida.
O profeta Jeremias registrou a contenda de Deus contra seu povo Israel apontando os mesmos equívocos nos quais hoje ainda incorremos: “O meu povo cometeu dois crimes: eles me abandonaram a mim, a fonte de água viva; e cavaram as suas próprias cisternas, cisternas rachadas que não retêm água” (Jeremias 2.3). Logo, quando colocamos nossa esperança ou buscamos a realização em qualquer outra fonte que não seja o próprio Pai, corremos o risco de buscar a água onde ela simplesmente não existe.
Conhecedor do coração humano, Jesus nos convida, de forma simples e prática, a uma solução: “Quem tem sede, venha a mim e beba”. Ele próprio se apresenta como a única fonte capaz de saciar nossa sede existencial. Neste caso, estamos falando da importância de estarmos constantemente na presença do Senhor, bebendo da água viva que somente Cristo pode nos oferecer. Somente assim, seremos reservatórios que, repletos de água, transbordam a ponto de irrigar a vida daqueles que nos cercam.
Assim, termino com uma confissão. Muitas vezes, a exaustão interior que me assalta é decorrente do meu descuido de viver a partir de mim mesmo, ou do equívoco de buscar nos projetos e nos relacionamentos o que somente em Jesus posso ter. Por isso, quando tomado pelo sentimento de cansaço, me aquieto na sua presença e volto a escutar o convite amoroso e paciente para beber da água que somente Ele pode me oferecer.
É esta água viva que nos capacita a renovar nossas forças físicas e emocionais, bem como a nos libertar das buscas infindáveis que drenam nossas energias e nos fazem reféns de nossos próprios anseios. Somente assim, como diz a Escritura, fluirão rios de nosso interior. Rios da mais pura água – a água da vida.
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Ricardo Agreste da Silva é pastor na Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera, em Campinas (SP), coordenador da área de Teologia Pastoral no Seminário Presbiteriano do Sul e membro do Projeto Timóteo e do Centro de Treinamento para Plantadores de Igreja). É casado com Sônia e tem três filhos.