sexta-feira, 3 de março de 2023

Filme: Verdade e honra


Em determinado momento de Verdade e Honra, o filho do protagonista pergunta a seu pai: “papai, você quer que eu seja soldado?” 
A escolha do filme por fazer o personagem não responder a pergunta e nem retomar esse assunto posteriormente dá a deixa de como os Estados Unidos da América ainda tem uma relação ambígua com a guerra e os sacrifícios feitos em nome da mesma.
A qualquer ser humano é apavorante a possibilidade de perder um ente querido em conflitos nos quais muitas vezes não são chamados; culturalmente, nos EUA ainda há uma base que glorifica o conflito armado e as perdas são encaradas como fatalidades esperadas, infelizmente.
Baseado em fatos, Verdade e Honra se propõe a embutir uma jornada de transformação pessoal dentro de uma missão de reparação histórica.
O protagonista é Scott (Sebastian Stan), burocrata do departamento de Defesa dos Estados Unidos incumbido de revisar a condecoração dada a um soldado morto na Guerra do Vietnã, ou seja, há cerca de 40 anos. Preocupado com os rumos da carreira, ele reluta, mas não tem escapatória. Algo gradativamente evidente, porém perceptível desde o início, é que esse sujeito deriva do arquétipo do inescrupuloso carreirista modificando-se em contato com elementos que fogem à sua desmedida ambição.
Contudo, até para que o filme fosse digno de valer-se bem de um modelo tão conhecido, seria preciso o cineasta Todd Robinson se dedicar ao processo prévio de delineamento sólido da personalidade a ser subvertida. Não é o que acontece. 
Assim como as demais pessoas, ele acaba reiterando as mesmas coisas a respeito de si e do entorno, não indo muito além de servir como núcleo de um discurso piegas e patriótico.

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