quinta-feira, 26 de abril de 2018

O eu perante Deus

Estou lendo um livro de Soren Kierkegaard, chama O conceito de angústia. Bem, nele Kierkegaard fala do eu em ser ele mesmo que consiste, ao mesmo tempo, em uma recusa de sua fundação – o orgulho e a desobediência ao Criador. Kierkegaard deixa claro que a dependência do eu de Deus é ontológica. Deus não é apenas o criador do eu, mas também seu critério e fim. O eu não se mede a partir de um critério imanente a ele mesmo, mas por Deus e só assim ele obtém realidade infinita pela consciência de estar perante Deus. 
O que isso tem de sentido? Quanto mais transparente se tornar o eu em sua relação com Deus, isto é, quanto maior sua percepção ou consciência de Deus, mais veremos realmente quem somos. Eu gostei demais desse conceito de Kierkegaard porque ele mostra que somos pecadores e precisamos da graça agindo em nós para que vejamos cada vez mais o quanto somos miseráveis, indignos e incapazes de andar sozinhos. 
O eu perante Deus desnudo nos impede de sermos legalistas na religião. Acredito que vivemos esse quadro terrível de religiosidade de um falso eu. Muitos pintam uma vida disfarçada de religiosidade, mas por dentro, como o texto sagrado afirma, só tem casca, é vazio de si mesmo. 
Kierkegaard trabalha a realidade do eu ainda mais “intensificada” em Cristo. Através do seu perdão e salvação o nosso eu é aceito por graça. Podemos ser nós mesmos. Podemos abrir a nossa alma como Davi diz nos Salmos: Não escondo de ti os meus desejos. Eles não te são ocultos, o Deus. 
Não precisamos usar um estereótipo de cristãos com um falso eu. Isso é péssimo, isso entristece o Deus de relacionamento. Sejamos verdadeiros no eu, abrindo a alma, dizendo quem nós somos mesmo! A Bíblia Sagrada nos convida para uma vida aberta, sem disfarces e sem teatralizarmos um cristianismo de superficialidade. Sejamos verdadeiros no eu na presença de Cristo! (Alcindo Almeida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário