sexta-feira, 31 de julho de 2020

Não sabemos de nada

O monge Anselm Grun no seu livro Estabelecer limites, respeitar limites diz algo sério: "Algo que é complicado de fazer é dirigir o nosso anseio a Deus”. 
Lidamos com as demandas da vida por nós mesmos. Queremos construir, resolver e planejar conforme pensamos e acreditamos. Só quando entregamos mesmo os anseios para o Deus soberano é que aprendemos a lidar com a vida da maneira correta. E penamos menos, nos desgastamos muito menos na caminhada terrena e espiritual. Uma verdade absoluta que precisamos entender é que o ser humano pertence a Deus e não a ele mesmo. É exatamente isto que Salomão nos ensina no texto de Provérbios 16.1-4: É da natureza humana fazer planos, mas a resposta certa vem do Senhor. Ainda que as pessoas se considerem puras, o Senhor examina as intenções de cada um. Confie ao Senhor tudo que você faz, e seus planos serão bem-sucedidos. O Senhor fez tudo com propósito, até mesmo o perverso para o dia da calamidade. 
Salomão mostra que a palavra do coração do homem é uma, os seus planos são uma coisa, mas em contraste, quem dá a resposta final da boca é o Senhor Deus. O homem quer colocar tudo em ordem, mas, ele faz somente aquilo que está nos propósitos eternos do Pai. Salomão mostra para todos nós que Deus sabe de tudo, Ele que prova os corações e sonda-os. Ele sabe o que vai lá dentro de cada um de nós, antes mesmo de pensarmos. E Salomão nos convida para um exercício de confiança em Deus para tudo que realizamos. E sempre com a perspectiva no coração de que Deus tem propósitos firmes para nós. Ele já tem traçado cada detalhe da nossa página interna. Deus já sabe quanto ao presente e futuro do nosso ser. Porque Ele é soberano, tão soberano que já traçou na eternidade até o fim do perverso, do ímpio. Deus é soberano na nossa vida. Ele decide tudo a nosso respeito. Aqui está uma visão reformada que precisamos aplicar para nossa vida, Deus tem o controle absoluto do ontem, do hoje e do amanhã.
Não sabemos de nada, não decidimos nada sozinhos. Muitos acham que podem tudo, batem até no peito dizendo: eu resolvo tudo! Pobres coitados desses seres humanos, não conseguimos controlar um vírus, que dirá dirigir a nossa vida em todos os processos dela*. Gosto também de outra tradução do versículo 1: O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor. Resumindo, Deus está no controle e por mais que desenvolvamos projetos e metas, a vontade soberana do Eterno Deus prevalecerá para sempre. Louvado seja o nome do Deus soberano, perfeito e majestoso! (Alcindo Almeida).

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Peso de glória

Nossos livros sagrados dão-nos algum relato desse objeto. Trata-se, evidentemente, de uma descrição simbólica. O céu está, por definição, inteiramente fora de nossa experiência, mas toda descrição inteligível precisa utilizar elementos de nossa experiência. A descrição que as Escrituras dão-nos do céu é, por conseguinte, tão simbólica como a que o nosso desejo pode criar por si só: o céu não é de fato coberto de jóias, da mesma forma como não é de fato a beleza da natureza ou uma boa peça musical. 
A diferença é que as imagens bíblicas possuem autoridade. Elas vêm-nos de escritores que viveram mais perto de Deus do que nós e resistiram à prova da experiência cristã através dos séculos. O atrativo natural dessas imagens autorizadas é, para mim, a princípio, muito pequeno. À primeira vista, ele arrefece meu entusiasmo em vez de estimulá-lo. E é isso que eu deveria esperar. Um cristianismo incapaz de sugerir novos aspectos desse país distante, além dos que minha própria sensibilidade não me tivesse levado a imaginar, não seria superior a mim. (Livro Peso de glória de C. S. Lewis)

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Mentira não mais

Há um livro de Mario de Andrade chamado Macunaíma. O objetivo do autor é resgatar a história e as características do povo brasileiro. Macunaíma, o protagonista é a personificação da sociedade brasileira. Ele é tido como o herói que é mau caráter. Ele é herói, mas não tem coerência e nem honestidade. Ele até tem uma história sofrida, mas tudo que consegue é através da malandragem e das suas falcatruas. Ele é astuto, falho no caráter, esperto em levar vantagem, mentiroso até a morte e sem escrúpulos nenhum na vida. Engana todos que estão ao redor dele e parece ingênuo, mas na verdade é uma baita malandro.
Que história complicada né? Realmente reflete a realidade de muitos de nós. Vemos isso na politica. Pessoas que têm um discurso maravilhoso antes da eleição. Elas prometem benefícios para a sociedade e quando chegam em Brasília, viram uns malandros sem tamanho. 
Vemos a realidade da mentira em alguns comércios, vendem os seus produtos vencidos e estragados, como se o consumidor fosse bobo. Vemos a realidade da mentira em alguns hospitais, porque não dão o tratamento correto e mentem descaradamente para os seus pacientes.
Vemos a realidade da mentira em alguns meios ditos evangélicos. Pastores malandros e picaretas extorquindo os membros e arrancando o dinheiro deles na maior cara de pau e depois desfilam nos seus carros importados e nos seus jatinhos da vida.
Vemos a realidade da mentira em alguns casamentos, alguns maridos e esposas estão com os casos fora do cônjuge e vivem uma verdadeira falsidade nos sentimentos. Onde pararemos com tanta mentira?
A mentira é uma grande fraqueza do ser humano, não nos tornamos mentirosos, somos na essência. Isso é resultado de todos os filhos de Adão e independe da idade. Todos nós mentimos em alguma hora da vida. O que fazer?
A Bíblia responde claramente, o texto sagrado afirma: Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos.
Nós já fomos tocados pela graça de Cristo e a verdade habita em nós. O que precisamos é lutar contra a velha natureza que quer reinar em nós para que mintamos e sejamos malandros nessa vida. A nossa palavra precisa ser sim ou não. Não há meio termo e nem meia verdade. Precisamos dizer a verdade custe o que custar!
Somos revestidos do novo ser, somos transformados pela graça divina. Agora a nossa forma de agir e seguir na vida é diferente. Cristo é o centro do nosso ser. A nossa mente é dele, o nosso coração é dele. Falemos e respiremos a verdade a cada instante da nossa vida. (Alcindo Almeida)


segunda-feira, 27 de julho de 2020

Um divã divino

No Salmo 4:4 Davi disse: Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e sossegai.
Davi nos aconselha quando deitarmos, refletir e aquietar o nosso coração. O texto diz que devemos fazer uma terapia. E o nosso travesseiro se transforma no divã divino para o coração. Acredito que todos nós deveríamos fazer esse exercício antes de dormir.
Davi diz para não pecarmos quando ira vier sobre nós. Porque toda vez que não agimos com sabedoria, toda vez que perdemos a cabeça, seja nas atitudes ou nas palavras, geralmente nos iramos além da conta. Essa ideia de consultar o nosso travesseiro tem haver com uma avaliação das atitudes, do comportamento e de todo nosso procedimento na vida. Quando consultamos o nosso travesseiro, acredito que aprendemos agir com calma, relaxamos o coração e evitamos as explosões da nossa ira em excesso. Também evitamos a ansiedade que mexe bastante com o nosso coração.
Quando um casal está brigando podemos perceber que quando falta o equilíbrio de uma das partes, a ira toma conta por completo e gera desgaste, desentendimento e magoas profundas. Está aqui um belo exercício para o coração, o travesseiro do divã divino, o lugar onde deitamos e refletimos sobre tudo que fizemos. Lá falamos com Deus e pedimos para que Ele molde-nos, nos ajude a viver em paz com os outros. Pedimos para que Ele nos ensine o modo como falar, pensar e agir.
Quantas crises podemos evitar, se antes formos para o travesseiro do divã divino e ali perguntarmos o que devemos fazer para Deus. Quantos desgastes podemos evitar se antes formos para o travesseiro do divã divino e ali pedirmos para Deus transformar a nossa atitude, procedimento e mexer lá dentro do nosso ser. 
Que Deus prepare momentos profundos nesse divã divino. (Alcindo Almeida)

quinta-feira, 23 de julho de 2020

A base da nossa fé

Toda verdade aponta para Cristo e sabemos que toda verdade é poderosa e possui um potencial muito grande quanto a libertação. A verdade é mais forte do que qualquer outra coisa, por isso, todos devemos recorrer a ela em nossa guerra contra o mal e contra a hostilidade.
Os gregos acertaram ao notar a hostilidade do mundo, mas eles erraram ao achar que poderiam vencer o mundo sendo mais espertos do que ele. Eles não perceberam que o mundo contra o qual lidavam não eram seres humanos, mas os poderes e autoridades, eles não entenderam que a batalha espiritual. Quando Paulo fala em Efésios 6 sobre essa batalha, ele menciona as peças da armadura de Deus, que equivalem ao processo de um soldado que deveria estar bem preparado com suas vestimentas, para a guerra.
O primeiro item de uma armadura era o cinto. Paulo diz: Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. É evidente que não era o cinto para segurar as calças como usamos hoje, mas era a função de segurar tudo no lugar. Tratava-se de uma peça que dava volta no tronco do soldado, subindo da lombar até o peitoral. O papel era de manter no lugar as peças sobrepostas da armadura, além de dar ao soldado uma precisão e liberdade para ele ter os movimentos necessários numa luta. Assim, era impossível um soldado bem equipado para o combate não estar trajado com o cinto.
Da mesma forma hoje, na batalha no meio desse mundo hostil e cheio de lutas enormes, a primeira peça que vestimos é a verdade. A verdade nos dará sempre a liberdade de movimento e estaremos preparados para todas as batalhas. É impossível batalharmos contra a maldade e contra a hostilidade se estivermos envolvidos com a mentira. Não é por acaso que Jesus disse em João 8: E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. 
A verdade nos libertou para vivermos em todos os processos desse mundo com a certeza, a convicção e a leveza de andar com Deus. Então, se a verdade não for a base da nossa fé e de todas as atitudes, não temos como nos sustentar. Podemos até ser religiosos e até envolvidos com alguma coisa na igreja, mas se a verdade não está em nós, nada adiantará. Temos que conhecer a verdade na pessoa de Cristo. 
Cristo é a verdade que liberta, e quando estamos envolvidos com essa verdade, temos a Palavra da verdade dentro de nós. Assim, estaremos preparados para todas as batalhas porque a verdade está em nós e nada vence a verdade que é Cristo dentro de nós. (Alcindo Almeida)

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Amigos são assim

Através da amizade descobrimos mais sobre o significado do amor de Deus por nós, por meio do seu próprio Filho, Jesus Cristo. Através da amizade tocamos o amor trinitário que flui de maneira profunda entre o Pai, Filho e o Espírito Santo. 
Os amigos nos fazem voltar para casa e nos sentir tranquilos e em profunda paz. Os amigos nos fazem sentir a vontade. Os amigos nos ajudam a confessar melhor o que somos e o que desejamos na presença de Deus. Os amigos nos ajudam a enfrentar as realidades difíceis e árduas da nossa vida. Quando passei pelos momentos sombrios e terríveis da vida, foram os amigos que Deus colocou no meu caminho, que me ajudaram e me apoiaram. 
Os amigos nos ajudam a perceber o quanto a graça de Cristo nos sustenta, eles nos ajudam a ver Cristo no centro da vida e nos mostram que vale a pena a caminhada de fé.
Os amigos são assim, por isso, creio que é extremamente importante refletir sobre a amizade e valorizá-la cada dia mais na vida! Feliz dia do amigo! (Alcindo Almeida)

domingo, 19 de julho de 2020

Atenção centralizada

Em todos os atos, é em Deus que nossa atenção é centralizada. Ou, pelo menos, é isso que pretendemos que aconteça. Os contextos, porém, são variados: na oração, o contexto sou eu; na Bíblia, é a comunidade da fé dentro da história, e, na orientação espiritual, é a pessoa que se encontra diante de mim. Em todos os contextos, nossa atenção principal está voltada para Deus, mas nunca por causa dEle mesmo. Pelo contrário, estamos atentos a Deus por causa de Seus relacionamentos: comigo, com Seu povo, com uma pessoa específica. (Eugene Peterson. O pastor segundo Deus, Cultura Cristã)

sábado, 18 de julho de 2020

Somos tolerantes

No livro Proibida a entrada de pessoas perfeitas, John Burke afirma: Precisamos aprender como comunicar que Deus é tolerante, amoroso, o que deixamos de representar adequadamente, sem, contudo comprometer a sua retidão e santidade. Porque a tolerância é tão importante?
Ele diz que falamos de uma geração sugada pelos meios de comunicação. Essa geração tem sido inundada com várias notícias não somente de escândalos religiosos e abuso sexual de pastores, mas também com uma infinidade de reportagens que tratam os cristãos como juízes extremistas que proíbem livros diversos, dizem que nós incendiamos clínicas de aborto e carregamos faixas com dizeres de que Deus odeia os homossexuais e os que optam por uma sexualidade diferente. O ensino sobre tolerância se tornou o alicerce de sustentação de muitos programas. 
Bem, tolerância é o ato ou efeito de tolerar; indulgência, condescendência, qualidade ou condição de tolerante. Evidente que Deus é extremamente tolerante, porque se Ele nos tratasse como o tratamos, seríamos consumidos por causa da nossa pecaminosidade terrível. Há uma grande confusão no entendimento sobre a igreja ser intolerante hoje. Não obrigamos ninguém a viver com regras e paradigmas humanos. Apresentamos o que a Bíblia diz sobre a vida com Deus. Entendemos perfeitamente que o projeto de andar com Deus passa pela liberdade na vida. Somos livres para amar e sermos amados. Somos livres para viver só que um jeito diferente. Valorizamos os princípios das Sagradas Escrituras. A nossa tolerância passa pelo crivo das Escrituras, mas nem por isso ignoramos as pessoas e queimamos algo. Só temos uma intolerância na dinâmica da vida, quanto ao pecado. Somos intolerantes para o mal, somos pecadores e devemos fugir dele sendo intolerantes. Esse é o entendimento errôneo que as pessoas têm ao nosso respeito. Amamos as pessoas, mas detestamos o pecado, com ele, seremos sempre intolerantes.
A igreja é um lugar de liberdade, só que uma liberdade que tem a ver com a dedicação para Jesus Cristo de Nazaré, que morreu e ressuscitou para nos trazer liberdade, graça e saúde no ser. Não somos intolerantes, não somos indiferentes para com a vida humana, ao contrário, seguimos os mandamentos das Escrituras que nos exortam a amar, servir, cuidar e acolher os que passam por alguma crise na vida. 
Sobre Deus ser tolerante? Claro que é, afinal, estamos vivos e respirando! Ele nos ama sem merecimento algum da nossa parte. (Alcindo Almeida)

O verdadeiro clamor com louvor no coração | Rev. Alcindo Almeida

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Cancelando a dívida

Perdoar significa cancelar a dívida, ou seja, a pessoa que nos ofendeu não deve absolutamente mais nada para nós. Não tem mais grosserias, culpa ou acusações e não nos lembramos mais daquilo no sentido de jogar no rosto do outro o que foi feito contra nós. E nem assumimos atitudes que atrapalham o nosso futuro, quanto ao problema que tivemos com alguém. Se alguma coisa ficou sem solução ou a confiança não foi recuperada é outra história. O fato é que a pessoa não nos incomoda mais. 
Quando perdoamos as pessoas que nos feriram, está tudo resolvido, não há mais nenhuma dificuldade quanto à ofensa que nos foi feita pela pessoa. Agora, a ausência de perdão é quando carregamos dentro de nós um sentimento de ódio e repulsa e queremos castigar aquele que nos feriu. A ausência de perdão faz a pessoa viver eternamente na nossa mente de tal maneira, que sofremos diariamente. Sempre digo que quem não perdoa é adoece o coração e a alma. Sofremos quando não conseguimos perdoar os que nos causaram algum mal na vida.
As pessoas que vencem o ódio, a indiferença e o desprezo, têm a possibilidade de dormir em paz, sem dor, sem tristeza e sem rancor no coração. As pessoas que ficam leves assim são as que experimentaram o perdão de Cristo no coração. As Escrituras dizem: Pois, se perdoardes aos homens as suas ofensas, assim também vosso Pai celeste vos perdoará. Entretanto, se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas. 
Quanto a fala de Jesus não tem discussão, ou perdoamos do mesmo modo que o Pai nos perdoa, ou então não temos o perdão divino. A nossa atitude é de imitar o Pai Celestial, devemos perdoar como Ele nos perdoou em Cristo Jesus. Ofendemos a Trindade através dos nossos pais lá no Éden, precisamos de perdão para termos paz e vida sadia espiritualmente falando, sem esse perdão estamos perdidos. Assim, também aqueles que nos feriram devem ser perdoados para o nosso próprio bem. 
Conheci uma amiga nesse jornada que viveu com um ódio infernal da sua mãe, ela veio a falecer e ela não teve a coragem de perdoa-la. Ela não consegue viver com a consciência tranquila até hoje. Vive sofrendo por isso! Não deixemos passar oportunidade de perdoar aqueles que nos feriram. Isso fará bem para nós, para eles e glorificaremos a Trindade em nosso ser! (Alcindo Almeida)

terça-feira, 14 de julho de 2020

As marcas de Cristo

Gregório Magno foi convocado a Roma e com a morte do Papa Pelágio II, no ano 590, foi eleito seu Sucessor. Gregório teve que enfrentar um período difícil: corrupção dos Lombardos; abundantes chuvas e inundações, que provocaram numerosas vítimas e grandes prejuízos; a escassez atingiu diversas regiões da Itália; a epidemia da peste, que continuava a causar vítimas.
Gregório reorganizou a administração religiosa, onde tantos eclesiásticos e leigos tinham interesses bem diferentes daqueles espirituais e caritativos. Assim, confiou a sua direção aos monges Beneditinos. Reviu ainda as atividades eclesiásticas, nas várias sedes episcopais, estabelecendo que os bens da Igreja fossem utilizados para a própria subsistência e em prol da obra evangelizadora no mundo. Tais bens deviam ser administrados com absoluta retidão, justiça e misericórdia.
Por ser alguém bem sério na igreja, ele escreveu um livro chamado de Regra pastoral. Ele disse: O pastor de almas tem sentido, quando a sua vida é doada para os outros como Jesus Cristo fez pela salvação dos seus eleitos. Há sentido de ser pastor, não pela vanglória, pelos interesses pessoais ou a busca do poder; tudo isso passa, o que importa é que o pastor tenha um grande amor a Jesus Cristo, ao seu Reino e ao rebanho confiado. O mundo necessita de pastores atentos aos sinais de Deus que se mostram nas pessoas, nos acontecimentos eclesiais e sociais. O pastoreio deve ser guardado por pastores que o amam, o anunciam para os outros e dão a vida como Jesus Cristo fez por seus eleitos.
Essas regras precisam servir para nós hoje. Realmente precisamos nos preocupar em encarnar o Evangelho no dia a dia. Creio que os valores estão bem invertidos. A cruz não é a última fala dos movimentos atuais. O culto da performance do ser humano é algo péssimo e tem ofuscado o ser parecido com Cristo Jesus nas palavras e nas ações.
Acredito que precisamos rechear o nosso púlpito da mensagem da cruz. Precisamos falar mais que Deus não se preocupa com o superficial, a sua vontade é que seus eleitos reflitam a glória de Cristo em cada parte do ser. Precisamos dizer como Paulo: Ninguém me inquiete porque trago no meu corpo as marcas de Cristo Jesus.
Precisamos cuidar de verdade das pessoas e não visar a nossa gloria, precisamos amar aqueles que nos cercam e não despreza-las. Gregório Magno dá a dica de darmos a vida como Cristo fez por nós. Essa é uma luta para que vivamos de fato do Evangelho do Reino de Deus.

domingo, 12 de julho de 2020

Crer é depender

Ter fé é crer que Deus agirá na nossa vida não do jeito que achamos que Ele deve agir, mas do jeito e da forma dele. Tem gente que ora exigindo que Deus faça algo, impossível exercitar a fé dessa maneira. Fé é crer na soberania e direção do Eterno Deus e ocupar um lugar de servo que se rende diante do Senhor sempre. (Alcindo Almeida)

quarta-feira, 8 de julho de 2020

O orgulho é um caos

O orgulho é um negócio que não entra em nós, ele sai de nós. Claro que falo do orgulho no sentido de vaidade, ufania, soberba e ostentação. Falo do orgulho no sentido de nos inflamar achando que somos os grandes em tudo que falamos e fazemos. O nosso carro é o melhor, a nossa casa e o nosso valor é mais do que os outros sempre. 
Timothy Keller no seu livro Ego transformado afirma: O orgulho que tem por peculiar característica, algo vazio, dolorido, atarefado e frágil, produz uma busca insaciável de sobrepor o ego; e, por falta de conhecimento da verdadeira identidade, resulta em insatisfação. 
Há um texto muito precioso em Lucas 18 que trata sobre isso: Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.
Que coisa louca a história de seres humanos caídos. O fariseu agradece a Deus porque ele não é igual aos roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como aquele publicano simples. E depois de agradecer fala do que fazia. Ele dava o dízimo e jejuava. Esse é o ser humano que se ufana, que é cheio de orgulho e soberba no coração. Esse despreza os outros, humilha, trata de maneira desumana e se acha o bom de tudo. 
Ao contrário, o publicano, estando em pé, longe, não tinha a coragem de levantar os olhos ao céu, mas batia no peito pedindo para que Deus tivesse compaixão dele que era um pecador. Essa é atitude correta de qualquer pessoa que caminha com Deus, ela vence o ego com a humilhação e o reconhecimento do estado de pecado na presença de Deus. 
O orgulho é sempre defensivo, ele defende um lugar vazio. O orgulho nos impede de ver o quanto somos fracos e nada do que fazemos vale alguma coisa. Somos apenas pó e cinza diante de Deus e se Ele não olhar para nós, estamos perdidos. Quem se exalta, quem se orgulha, quem se acha o bom de tudo, será humilhado. Quem reconhece sua miséria e necessidade de Deus será assistido e amado. Essa é a tónica no Reino de Deus. Os orgulhosos são humilhados e os reconhecedores da miséria serão justificados pela graça de Cristo. (Alcindo Almeida)

terça-feira, 7 de julho de 2020

A morte não é o fim de tudo

Henri Nouwen, no seu livro A via sacra do mundo diz algo precioso demais: Todos temos que morrer, e todos nós morremos sós. Ninguém pode nos acompanhar nessa viagem. Temos de largar o que temos de melhor e crer que não vivemos em vão, enquanto estivemos aqui. A morte é o mais importante de todos os momentos da vida humana, porque é o momento em que somos convidados a dar tudo. A maneira como morremos não só tem muito haver com a maneira como nós vivemos, mas também como a maneira como os que vêm depois de nós, viveram.
Quando falamos em morte, morremos de medo de tratar do assunto. Porque ela nos assusta e mostra que aparentemente é o fim de tudo. Só que a morte de Jesus, nos revela que não temos que viver fingindo que a morte não é algo que acontece a todos nós. Quando Ele foi pendurado entre o céu e a terra, Jesus nos convidou a olhar de frente para a nossa mortalidade e crer que a morte não tem a última palavra. Na morte, toda humanidade está unida. E nessa humanidade agonizante foi que Deus entrou para nos dar esperança.
Na morte de Jesus na cruz do Calvário, o acesso ao Eterno Deus foi garantido. Quando morremos então vivemos. A morte que é natural a todo ser humano não é o fim de tudo. A morte é o encontro com a vida de Deus. Quando morremos não cessamos na existência, ao contrário, passamos para a vida em Cristo Jesus, o contemplamos e o adoramos. Quando falarmos em morte e a experimentarmos, seja com um membro da família ou amigos, entendamos que ela não é o fim, para os eleitos de Deus, ela é o início da jornada na eternidade com Cristo.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

A nossa alma suspira

Ontem foi um dia marcante e cheio de emoções no coração de todos nós da equipe pastoral. Durante 4 meses olhamos para as câmeras e quando passávamos na frente do templo, batia aquela dor por não ver gente ali. 
Ontem em nosso retorno, não vimos as câmeras, vimos pessoas e fizemos questão de olhar para cada uma. Vimos pessoas chorando, rindo e algumas como se fosse a primeira vez na igreja. Quando cantamos com todos não deu para segurar o choro ao ver as pessoas louvando ao Eterno Deus: Aleluia, aleluia, santo, santo é Senhor, poderoso é o Senhor nosso Deus. Digno de louvor.
No final demos abraços nos olhares e num toque simples nas mãos, alguns choraram, alguns riram. Alguns não aguentaram e quiseram chegar mais perto. O fato é, estamos de volta e mesmo com número reduzido, ficamos absolutamente felizes e gratos a Deus pela oportunidade de ver gente na casa do Senhor. 
Como foi pregado pelo Pr. Hilder o Salmo 84: Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo! O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus filhotes; eu, os teus altares, Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu! Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvam-te perpetuamente. 
Se Deus permitir, no próximo domingo estaremos juntos novamente, pela graça, amor e bondade do nosso Deus! (Alcindo Almeida)

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Vida de discípulo

No momento histórico atual da igreja evangélica brasileira, temos visto diversos ensinamentos tortuosos. Ensinamentos que não passam de apelos humanos. Uma pregação humanista que joga fora a dependência do caráter de Deus, isso visando um ministério humano. Há muita gente que tem pregado o ensinamento diferente daquele que Paulo propôs para o jovem pastor Timóteo.
Muita gente tem pregado uma “teologia mundana”, termo que uso para mostrar o quanto ela é concentrada no esforço humano. Há muitos que fizeram da pregação um movimento para apenas ganhar dinheiro. E os tais, não têm vergonha alguma de usar o púlpito para, literalmente, extorquir o pouco que muita gente assalariada ganha com muito suor. E por acreditar numa promessa falsa de barganha com a fé, infelizmente essa gente dá o que não tem para os “mercenários da fé”.
Temos que observar com seriedade o que Paulo exortou ao jovem Timóteo, que não ensinasse jamais uma doutrina diferente daquela que é a de Jesus Cristo de Nazaré. A nossa doutrina é sempre essa: Cristo veio ao mundo salvar pecadores miseráveis, indignos e que não merecem absolutamente nada do Eterno Deus. E para isso, Deus enviou seu único Filho para a cruz em nosso lugar. Naquela cruz, ele morreu e no terceiro dia ressuscitou para trazer vida e vida com significado para o nosso coração.
A nossa pregação é: vivamos para o Senhor que viveu e morreu por nós.

Redenção graciosa - Romanos pela Editora Fôlego

A confissão cristã não consiste no conhecimento conceitual ou simplesmente numa visão intelectual; ela implica algo que é complicado, difícil e absolutamente nobre: obediência. Somente os chamados eficazmente por Jesus Cristo são levados à obediência da fé.
Somos chamados pela graça de Jesus Cristo, somos escolhidos pelo seu amor para carregar a sua paz no coração porque o Eterno Deus nos ama com um amor eterno. Somos amados d’Ele, chamados para o projeto da santidade, da vida de comunhão com o Eterno todos os dias da nossa vida. É disso que Paulo trabalha na Epístola como toda seriedade, profundidade e compromisso.
Esse é um texto da mais profunda sabedoria de Paulo e nele Alcindo preserva sua característica pastoral ao comentar e caminhar nele refletindo o que Paulo disse e ensinou de maneira bem prática, profunda e relevante. Entre nas páginas de Redenção graciosa e seja edificado no seu coração! Boa leitura! Contém 220 páginas.

Vivendo na presença do Pai

Esse é um livro que nos faz refletir e exercitar a nossa intimidade com Deus. Quando temos consciência de que precisamos viver na presença de Deus, sentimos de maneira impressionante o seu toque no nosso coração. E este toque é precioso demais porque é íntimo e tão pessoal que revoluciona a nossa maneira de amá-lo e servi-lo.
Quando andamos na presença de Deus somos tocados nos mais profundo do nosso coração e somente Deus é capaz de chegar lá e discernir todas as nossas emoções. Na presença de Deus somos conhecidos por ele em todas as facetas do nosso coração. E neste processo acontece uma conexão tão verdadeira que a cada detalhe da vida percebemos e sentimos a presença de Deus em nós. Somos também influenciados por um toque divino que vivemos com a realidade e sentido da santidade dentro de nós. Daí a mentira não é a nossa prática de vida.
Quando andamos na presença de Deus somos encharcados com a graça de Cristo e passamos a refletir minimamente o caráter e a vida de Jesus. Assim, as pessoas olharão para nós e perceberão algo diferente porque a nossa atitude é a de Jesus, o nosso amor é o de Jesus, a nossa palavra é a de Jesus e a nossa postura é a de Jesus. Ao ler este livro busquemos andar a cada dia sentindo o toque da presença de Deus em nosso viver!

Coleção nos Salmos: Poesia e Oração. Intimidade com a Palavra Livros 1, 2, 3, 4 e 5

Nos Salmos fica claro que Deus nos ouve e deseja ser ouvido por nós. Geralmente oração é definida como falar com Deus. Os Salmos mostram uma realidade diferente; oração é um ato interativo: falar converge com ouvir. Acredito que esse é o convite que o autor faz a mim e a vocês. O seu coração pastoral escreveu devoções para que ouçamos a voz de Deus através dos seus escritos. Mas, o autor deseja também que a nossa reação produza “salmos” que registrem o que está gravado na nossa alma. Estes livros chegam numa boa hora! A nossa cultura performática, funcional, construída no desempenho narcotizante cria personas que simulam vidas. O autor com os seus “salmos” nos desafia a ouvir a Deus, expressar a ele os nossos sentimentos e nos submeter aos seus valores e princípios.

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Vivenciando Deus

Observando os escritos dos monges antigos, encontramos inúmeras vezes a palavra humildade como uma espécie de sinônimo da expressão experiência de Deus. No monacato antigo, todos os autores cantavam louvores à humildade, como a vitória sobre as paixões e os vícios. Hoje quase não se fala da humildade e muito se fala da experiência com Deus. Mas, na verdade, os dois conceitos são inseparáveis. Assim, só entendemos corretamente o conceito de experiência de Deus se o pronunciamos no mesmo sentido de humildade.
Esse assunto da humildade mexe conosco mesmo, porque vivemos na era do culto ao ser, na era do egoísmo onde devemos aparecer sempre. Vivemos numa época que precisamos demonstrar a nossa performance na sociedade, ser ninguém hoje é para os fracos. Os vitoriosos estão sempre na mídia e na ascensão. Humildade sempre nos puxa para baixo, a humildade sempre faz o outro ser visto e não nós. Humildade sempre tem a ver com o que Cristo faz em nós e não o que fazemos para Ele. Por isso, o texto sagrado afirma: Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. 
Na fala do Paulo em Filipenses 2 percebemos que os valores do Reino de Deus são diferentes dos valores deste mundo. Para o mundo, ser grande é exercer poder sobre os outros. No Reino de Deus, ser grande é servir aos outros, como Cristo serviu a pecadores e aos indignos diante dele. No Reino de Deus, o serviço e a humildade são os verdadeiros poderes. Humildade é um caminho que nos ajuda a encontrar a nós mesmos e vivenciar Deus da maneira mais profunda que podemos. Porque quando praticamos a humildade, honramos o Criador e vemos que crescemos em graça e sabedoria. Quando praticamos a humildade não somos nós que aparecemos, é Cristo em nós em todo tempo.
Experiência com Deus tem a ver com o caminho da humildade de Cristo em nós hoje e sempre! (Alcindo Almeida)