sábado, 22 de setembro de 2018

Meu legado espiritual

No livro Meu legado espiritual, James Houston, lança um olhar crítico sobre a cultura cristã e secular que nos cerca. Com isso, ele questiona tanto os princípios do humanismo secular quanto do cristianismo profissional. No centro da visão de Houston sobre a vida cristã está o relacionamento com Deus. Hoje - quando tecnologia frequentemente excede ou distorce relacionamentos humanos e deixa muitos de nós com um sentimento profundo de solidão, temos dificuldade de lembrar o que significa ser íntimo do próximo. Houston usa a noção de ética - "ética é viver na presença do outro" - do filósofo Emmanuel Levinas para delinear suas ideias. Houston diz o que o cristão diz a Deus não é "aqui está tudo o que penso e sinto sobre você", mas "aqui estou,  nos relacionemos".
Houston gosta de trabalhar a ideia de cultivar a vida interior na presença do Eterno Deus. Há uma amigo precioso, Ricardo Barbosa, que tem o Houston como seu mentor e amigo do coração. Barbosa sempre diz que Houston é uma dessas pessoas que nos faz ir lá dentro da nossa alma e questionar as motivações dela. 
Ricardo Barbosa cita no livro uma experiencia preciosa: "Num retiro com um pequeno grupo de pastores, aqui perto de Brasília, um jovem pastor o chamou para uma conversa pessoal e me pediu que os acompanhasse. Depois de alguns minutos em que o pastor expôs as lutas e as crises por que passava, o dr. Houston, com poucas palavras, mas com muita sabedoria e discernimento, descortinou tudo o que aquele jovem pastor gostaria de ter dito, mas não disse. Enquanto caminhávamos para o almoço, aquele pastor lhe perguntou: como é que o senhor, que nunca me viu antes e com tão pouco que lhe falei, conseguiu penetrar tão profundamente em minha alma?. Sua resposta foi simples e surpreendente: “eu não conheço você e não sei nada a seu respeito, apenas conheço as minhas dores e as minhas feridas; são elas que me ajudam a compreender as suas”.
James Houston diz que a nossa vida não tem aspectos apenas pessoais, mas também públicos. O aspecto público da vida cristã deveria alimentar nosso crescimento em Cristo, mas, ao invés disso, parece mais criar confusão. 
Houston diz que a nossa singularidade pessoal é apreendida na realidade do amor de Deus por nós, e somente então a vida cristã se torna comunitária. Quanto maior nossa segurança em Cristo, mais decididos estaremos a fazer o que a verdade nos chama a fazer. Nossa singularidade e nosso crescimento em santidade andam juntos. Todavia, quanto menos percepção tivermos de nossa identidade singular em Cristo, mais indecisos, transigentes e vazios seremos, e mais aceitaremos o consenso popular. Ficaremos satisfeitos na multidão, fazendo o que os outros fazem e nos comportando dentro das normas da moralidade convencional.
Gosto demais da veia de espiritualidade proposta por Houston nesse livro profundo e desafiador para o nosso coração. 

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