Henri Nouwen trabalha no seu livro Caminho do coração os temas: solidão, silêncio e oração. Esses temas são apresentados como características próprias do retirar-se do mundo, a exemplo dos primeiros monges. Mas, com pessoas vivem no meio do mundo, com suas preocupações, atividades e rotinas bem diferentes dos pais do deserto, não é algo tão fácil assim.
Em certa medida podemos ter essa disciplina, na qual a solidão nos conduz ao silêncio e ambos à oração. Segundo Nouwen a solidão é uma fornalha de transformação, que modifica o olhar da pessoa sobre os outros e sobre o mundo, dissipando as ilusões que a cerca.
Nouwen diz que a solidão não é um lugar terapêutico, mas um lugar de conversão, onde morre o velho eu e nasce um novo eu em Cristo Jesus. O silêncio é complemento e aquilo que intensifica a solidão, tornando-a uma realidade. Da experiência da solidão e do silêncio brota a experiência da oração incessante. Os pais do deserto não pensavam a solidão como um estar só, mas um estar com Deus; não pensavam o silêncio como um não falar, mas um estar atento para escutar o Senhor no coração. Assim, a oração exige uma disciplina.
O aristocrata romano Arsênio disse: "Retira-te do mundo, fica em silêncio e ora sempre." Solidão, silêncio e oração têm o conceito central da espiritualidade do coração. diante das das situações que vivemos e dos desafios como cristãos, necessitamos de solidão, silêncio e oração.
Toda vez que tenho demandas enormes no ministério pastoral, tento praticar isso. Tento ir para o silêncio do quarto e ali me coloco pronto para ouvir Deus falando. Lembro sempre das palavras de Davi no Salmo 5.3: De manhã, Senhor, ouves a minha voz; de manhã te apresento a minha oração e fico esperando. Ele quer falar com o Senhor, mas depois de apresentar a oração para Deus, Davi espera. Na minha leitura, essa espera tem a ver com solidão e silêncio. Praticamos a solidão e o silêncio para perceber o mover divino em nosso ser. São poucas as vezes que respiramos Deus, sentimos o momento a sós com Ele.
Esses momentos são preciosos para o coração, neles ouvimos, nele meditamos, nele esperamos em Deus e não em nós mesmos. Aprendamos a praticar a disciplina da solidão, do silêncio e da oração. (Alcindo Almeida)
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