quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O ensino de Jesus sobre o perdão em Mateus 18:15-35


 Perdão: remissão de pena, desculpa, indulto
 Perdoar: desculpar, absolver, poupar, conceder perdão
 Culpa: conduta negligente ou imprudente, sem propósito de lesar, mas da qual proveio dano a outrem.

“Se teu irmão pecar contra você, vai argüi-lo entre você e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. (...) Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus. Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus.” Então Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?”

Este texto, que descreve o ensino de Jesus sobre o perdão, nos alerta sobre a necessidade individual de cada um em manter a comunhão com o próximo e com Deus, nosso pai celestial.
A perplexidade do apóstolo Pedro, que levou a perguntar a Jesus quantas vezes deveria perdoar, teve origem a afirmativa de Jesus feita anteriormente, ou seja, nosso relacionamento com Deus é função do nosso relacionamento com o nosso próximo (irmão, marido, mulher, filho, amigo, etc.).
Deus nos criou para o relacionamento com Ele e com os outros (relacionamentos interpessoais e principalmente relacionamentos familiares). Na carta de Tiago, ele diz que as guerras e contendas procedem do pecado que habita em nós através da cobiça, inveja, soberba e de todo o mal procedente da natureza humana pecaminosa.
E, devido a essa natureza humana, temos dificuldade em perdoar aquele ou aquela que nos ofende ou nos causa qualquer tipo de prejuízo financeiro, físico, moral ou ético.
O conceito de perdão no ensino de Jesus no Novo Testamento e, particularmente neste texto de Mateus 18, está relacionado com o amor de Deus que deve ser considerado como exemplo para nosso comportamento e atitude para com aqueles que, eventualmente, tenham cometido algum erro ou pecado contra nós.
O perdão em qualquer sentido que queiramos atribuir à palavra, pressupõe o senso de culpa, que nada mais é do que uma consciência de dívida que nos prende ao credor e, em conseqüência, nos faz aprisionados devido ao nosso orgulho e arrogância quando não perdoamos ao nosso ofensor.
O natural da reação humana com relação a uma ofensa é retribuir de igual modo ou com maior violência a falta recebida. Entretanto, se quisermos ter saúde física e espiritual, teremos que obedecer ao ensino de Jesus dado através deste texto neste diálogo com o apóstolo Pedro.

“Até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?”

Pedro pensou que a sua sugestão seria aceita por Cristo Jesus, pois sem dúvida representava um grande avanço em relação ao ensino profético dado pelos escribas e fariseus. Porém, a resposta de Jesus o deixa perplexo e confuso e, até certo ponto, decepcionado. Jesus estava querendo demonstrar que para usarmos de perdão para com aqueles que nos ofendem, é preciso ter o amor de Deus no coração. E só pode desfrutar deste amor aquele que já tem recebido de Deus esse amor manifesto através do seu Filho, o Senhor Jesus Cristo.
A história bíblica da vida de José do Egito é um exemplo de perdão por maus tratos recebidos de seus irmãos. Por duas vezes ele declara que pela providência divina ele veio para o Egito e pôde cuidar de toda a sua família. Mesmo após a morte de seu pai Jacó, os irmãos estavam temerosos de uma represália de José, mas ele repete a expressão: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém, Deus o tornou em bem, para fazer como vedes agora, que se conserve muita gente em vida. Não temais, pois eu vos sustentarei a vós e a vossos filhos.”

O perdão é, pois, um privilégio para aquele que tem aprendido e repetido a oração ensinada por Jesus do Pai Nosso, pois quando não sabemos perdoar tão pouco receberemos o perdão do nosso pai celestial, o Deus Eterno.

Termino esta meditação citando uma poesia do Pr. Caio Fábio de Araujo Filho:

Falar de perdão é falar de Deus,
É falar da graça
É falar da capacidade de oferecer aos outros
Uma memória apagada,
Sem registros, sem mágoas,
E sem as tatuagens do ressentimento.

Perdoar e deixar o outro nascer de novo na nossa própria história,
Sem as memórias que fizeram dele uma desagradável lembrança.

Falar de perdão é falar de um alto padrão
É falar de algo que o mundo não ensina,
É falar daquilo que a natureza caída do cosmos não criou
Nem por seleção natural,
Nem por geração espontânea,
Porque não se aprende o perdão nas leis da natureza.

Falar de perdão é falar de vida,
De saúde, de paz e da verdadeira humanidade individual
Que se transforma na semelhança de Deus,
Pois quem não perdoa,
Adoece e se deforma como gente.

Falar de perdão é falar do sentimento essencial
Para se viver com o coração descoberto
Neste mundo de pressões e de facas afiadas.
Falar de perdão é falar de Jesus e dos homens que com Ele almejam ficar parecidos.
Falar de perdão é falar da nossa pobre, frágil e caída humanidade individual.
Falar de perdão é falar de Deus na minha e na sua vida.

“E, indignando-se o seu Senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida. Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoares cada um a seu irmão.”

Deus o abençoe!
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Pr. Carlos Alberto

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