
-Texto para reflexão do coração: Tê-lo-eis nas franjas, para que o vejais, e vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor, e os observeis; e para que não vos deixeis arrastar à infidelidade pelo vosso coração ou pela vossa vista, como antes o fazíeis; para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os observeis, e sejais santos para com o vosso Deus. Eu sou o senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito para ser o vosso Deus. Eu sou o Senhor vosso Deus (Num. 15.39-41).
Apesar de tudo o que tem a ver com a nossa natureza humana caída e corrompida, agora com a presença da graça de Deus no coração continuamos a sentir uma sede insaciável pela integridade, uma fome interminável pela justiça. Mas, a verdade nua e crua é que há uma luta para praticarmos o que é justo, limpo e verdadeiro na presença de Deus.Alguns de nós voltam sua atenção para as Escrituras a fim de satisfazer a necessidade de encontrar o significado diário de ser um homem ou uma mulher real na presença de Deus. E quando a humanidade autêntica e madura assume em uma vida distante da infidelidade no coração?Quando nos voltamos para as Escrituras em busca de auxílio nesse assunto porque elas nos ensinam à maneira correta para termos um coração fiel na presença de Deus.
A verdade é que nas Escrituras não encontramos modelos impecáveis de virtude. Isso sempre choca os iniciantes na Palavra de Deus. Abraão mentiu; Jacó enganou; Moisés assassinou e murmurou; Davi cometeu adultério e Pedro blasfemou. Prosseguimos na leitura do texto bíblico e começamos a perceber a verdadeira intenção: é uma estratégia consistente para demonstrar que as maiores e mais significativas figuras da fé foram moldadas no mesmo barro que nós. Descobrimos que a Escritura economiza na informação que fornece sobre as pessoas, porém, é pródiga nas informações a respeito de Deus. A Bíblia se recusa a alimentar a nossa ânsia por cultuar heróis.
A Palavra de Deus, no entanto, não participa deste processo, somos alertados sobre o chamado de Deus para nós, mesmo no meio da nossa fraqueza, para termos um coração fiel diante dele.Como podemos fazer isto?
1. Lembrando-nos e observando todos os mandamentos do Senhor:
Os termos "teologia" e "espiritual" formam um ótimo par. "Teologia" é a atenção que dedicamos a Deus, nossa tentativa de conhecê-lo conforme é revelado nas Sagradas Escrituras e em Jesus Cristo. O adjetivo "espiritual" se refere à insistência de que toda revelação de Deus sobre si mesmo e suas obras pode ser vivida por homens e mulheres comuns em seus lares e locais de trabalho. O "espiritual" impede que a "teologia" se deteriore num simples e distante exercício de pensar, falar e escrever sobre Deus. A "teologia" evita que o "espiritual" se torne apenas a atividade emocional de pensar, falar e escrever sobre sentimentos e idéias individuais de Deus. Uma palavra necessita da outra, pois sabemos como é fácil desassociar o estudo sobre Deus (teologia) da maneira como vivemos; também sabemos como é fácil desvincular nosso desejo de viver com plenitude e satisfação (vida espiritual) daquilo que Deus é, de fato, e das maneiras como ele opera entre nós. A teologia espiritual é a atenção que dedicamos à teologia prática que vivemos e sobre a qual oramos, pois se não orarmos, mais cedo ou mais tarde ela deixará de ser vivida de dentro para fora e em harmonia com o Senhor da vida. É nossa tentativa de viver aquilo que sabemos e cremos (PETERSON, Eugene. A maldição do Cristo genérico, p. 22).
Creio que necessitamos orar e fazer uma teologia espiritual na visão das Escrituras dentro de nós. Temos que ler, ler e ler e fazer um exame para a nossa própria vida daquilo que Deus nos mostra na Palavra. Ela diz que devemos buscar a pureza sempre. E quando buscamos nos lembramos de Deus e dos seus mandamentos em nosso ser. Quando não ofendemos o nosso próximo e quando amamos a nossa esposa, guardamos e observamos os mandamentos das Escrituras. Não percamos tempo nesta vida. Façamos uma teologia prática que vivemos e sobre a qual oramos com a nossa própria vida de Deus na terra.
2. Não permitindo que a infidelidade entre no nosso coração:
Eugene Peterson diz que vivemos num tempo em que há enorme interesse no que é conhecido popularmente como "espiritualidade". No que diz respeito a dar orientação sobre como viver a vida, a igreja não tem monopólio nessa área. O campo da espiritualidade está repleto de escombros de regras e tentativas improvisadas de viver esta vida (PETERSON, Eugene. A maldição do Cristo genérico, p. 24).
Acredito que precisamos remover esse entulho e determinar uma base comum para o nosso viver diário que nos preparará para entender a vida cristã em termos bíblicos e pessoais. Deus nos convida a remover os entulhos que promovem a infidelidade no nosso coração.Qual será o entulho?
Será o mundo com as suas ilusões que nos fazem esquecer da graça marcante de Deus em nossa vida?Será o envolvimento louco com o amor ao dinheiro que rouba a nossa felicidade em Deus e nos faz escravos de uma vida absolutamente materialista e egoísta?
Será a mentira, será a falta de humildade, será a indiferença para com as pessoas que estão ao nosso redor querendo nos mostrar os preceitos de Deus e não as aceitamos? Será a falsidade que tomou conta da vida nos últimos anos?
Será aquele pecado de estimação que guardamos há anos sem ninguém descobrir? Será a falta da verdade em áreas ocultas da nossa vida?
O texto nos diz: E para que não vos deixeis arrastar à infidelidade pelo vosso coração ou pela vossa vista, como antes o fazíeis. Havia pecado cometido no passado pelos nossos irmãos de Israel e isso era algo que gerava infidelidade no coração deles. Deus não quer isso na nossa relação de espiritualidade com ele. Precisamos urgentemente remover esses entulhos que atrapalham a nossa caminhada com a graça de Deus em nossa vida!
3. Buscando a santidade todos os dias diante do nosso Deus:
A grande verdade é que praticamente, todos os pecados estão relacionados à nossa vontade de ser deus de nós mesmos. Queremos assumir o controle de nossa própria vida e por isso, temos dificuldades na prática da santidade da vida. Porque buscar a santidade é abrir mão de assumir o controle da vida e entregá-lo a Deus todos os dias. Assim mentimos menos, somos menos soberbos, tememos mais a verdade de Deus na Palavra e celebramos de maneira mais profunda a verdadeira espiritualidade.Agostinho quando fala da culpa, coloca a esperança numa inusitada exclamação: Ó feliz pecado! Somente quando reconhecemos e confessamos o pecado, temos condições de reconhecer e responder ao Deus que nos salva do pecado. Se formos ignorantes ou indiferentes diante dos nossos pecados, seremos ignorantes ou indiferentes à grande e central mensagem de Deus: Jesus nos salva!
Nossa tarefa prioritária na vida cristã não é evitar o pecado, o que é impossível, mas reconhecê-lo. Sim, somos pecadores. E quando fazemos isto, observamos mais a necessidade de deixar todo o embaraço e o pecado que de tão perto nos rodeia e como diz o escritor aos Hebreus, olharmos para o autor e consumador da nossa fé.
Encerro este reflexão citando uma frase de Eugene quando ele fala sobre a questão do pecado na vida de Davi:
“A condição fundamental, básica, de nossa humanidade é Deus. Somos criados por Deus. Somos redimidos por Deus. Somos abençoados por Deus. Somos supridos por Deus. Somos amados por Deus. Pecado é a negação, ou ignorância, ou fuga dessa condição básica. Pecado é a palavra que usamos para explicar a perversão da vontade, que é a tentativa de sermos nossos próprios deuses ou fazer para nós outros deuses. Pecado não é essencialmente um termo moral, designando atitudes erradas; é um termo espiritual, designando nossa fuga de Deus e nossas pretensões divinas (PETERSON, Eugene. Transpondo Muralhas, p. 196).
Que ele nos ajude a andar com um coração fiel na presença dele!
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Pr. Alcindo Almeida - IP Pirituba
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