
O primeiro foi MERTON, Thomas. O pão no deserto. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.
O segundo de STEVENS, Paul. Espiritualidade bíblica. Brasília: Palavra, 2008.
Thomas Merton me chama a atenção quando ele diz que a meditação das Escrituras em silêncio nos leva a contemplação (MERTON, Thomas. O pão no deserto. Rio de Janeiro: Vozes, 2008, p. 32).
Paul Stevens afirma que oração em silêncio é difícil. Alguns gigantes da fé diziam que orar para eles era algo tão normal quanto respirar. Mas, para a maioria de nós, orar é como qualquer outra forma de comunhão relacional que requer um esforço enorme. Ele diz que a oração em silêncio não é apenas difícil, mas é pouquíssima praticada nos dias de hoje (STEVENS, Paul. Espiritualidade bíblica. Brasília: Palavra, 2008, p.157).
Há uma frase num dos livros de Ricardo Barbosa que nos leva a parar e refletir. A frase diz assim:
"Quando o homem ouve, Deus fala. Quando o homem obedece, Deus age. Não somos nós que falamos a Deus, é Deus quem fala a nós. A lição mais importante que o mundo necessita é a arte de ouvir Deus. O silêncio é uma das virtudes cristãs que perdeu seu significado na cultura evangélica contemporânea” (BARBOSA, Ricardo. Janelas para a vida. Curitiba: Encontro, 1999, p. 65).
Falar sobre silêncio e contemplação para nossa sociedade moderna parece um contra-senso. Hoje o que define a espiritualidade de um cristão moderno é sua agenda repleta de compromissos que venham a ocupá-lo o dia todo com reuniões, trabalhos evangelísticos, pregações, visitas, etc.
As igrejas não desejam como líder, um pastor que passe algumas horas do dia recolhido em silêncio e oração; quase sempre procuram alguém que seja "dinâmico", cheio de novas idéias, que esteja sempre pronto a mobilizar a igreja para grandes empreendimentos, um pastor ativo e que não desperdice seu tempo com atividades não produtivas.
Nossos cultos e nossa vida religiosa precisam ser preenchidos de forma a não deixar espaços vazios, pois o silêncio, para o homem moderno, atua como a presença de uma pessoa inoportuna que insiste em denunciar nossos fracassos. Não há nada mais constrangedor num culto ou reunião de oração do que os espaços vazios entre uma oração e outra. Se estes espaços não forem preenchidos rapidamente por orações ou cânticos, eles o serão por gritos de aleluia.
Um dos testemunhos mais antigos sobre o lugar e importância do silêncio na vida cristã vem dos escritos de Inácio de Antioquia, um contemporâneo do Novo Testamento. Ele dizia que é melhor permanecer quieto e ser, do que ter influência e não ser. Para ele, os três maiores eventos na história da salvação - o nascimento virginal, a encarnação e a morte de Cristo - deram-se num profundo silêncio de Deus (BARBOSA, 1999, p. 66).
Os escritos dos Pais do Deserto do quarto e quinto Séculos estão repletos de admoestações sobre o valor do silêncio.
"Deus é silêncio", dizia João, o Solitário, monge sírio do século quinto. Durante toda a história da igreja, o silêncio sempre ocupou um lugar fundamental na espiritualidade cristã.
Tomás a Kempis escreveu: "No silêncio e na quietude, a alma devota faz progressos e aprende os mistérios escondidos nas Escrituras".
Precisamos de uma postura de ouvir Deus, depois podemos falar.
- Para pensar e vivenciar:
· Silêncio no coração gera uma contemplação profunda para conhecermos melhor ao nosso Deus;
· Silêncio no coração gera uma disciplina de comunhão diária com a Trindade;
· Aprendemos a orar através do silêncio no coração;
· Lembremo-nos desta frase de Thomas Merton:
“A Palavra eterna da verdade é proferia em silêncio. Se a Palavra eterna é proferia em silêncio, só poderá ser ouvida no mais profundo silêncio” (MERTON, Thomas. O pão no deserto. Rio de Janeiro: Vozes, 2008, p. 32).
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MERTON, Thomas. O pão no deserto. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.
BARBOSA, Ricardo. Janelas para a vida. Curitiba: Encontro, 1999.
STEVENS, Paul. Espiritualidade bíblica. Brasília: Palavra, 2008.
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