quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Estabeleça a prioridade do ouvir


Salomão afirma em Eclesiastes 5.1b: Chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal.
Ouvir [obedecer] é melhor do que a participação formal na oferenda de sacrifícios. O ensino é que a obediência sincera, de coração, a Deus, é superior à participação religiosa meramente cerimonial. O formalismo produz autojustiça e resulta não em bem, mas em mal para o praticante. Dá a impressão de que tudo está bem perante Deus, mas não está.
O ensino de Salomão é que Deus quer obediência da nossa parte (Deuteronômio 10.12) em sinceridade. No meio de todo o formalismo e cerimonial do Antigo Testamento, esse é um ensinamento repetido (Salmo 51.16,17; Provérbios 21.3; Jeremias 6.20; 7.21-23; Amós 5.21-24).
Cremos num Deus pessoal que nos criou como seres pessoais para se relacionar pessoalmente conosco. O distintivo da pessoa é a palavra. Deus, assim como nós, é um ser que fala e quer ser ouvido. É na Bíblia que fundamentalmente encontramos a Palavra de Deus, cujo ápice é Jesus Cristo (Hebreus 1.1) e que precisamos sempre ouvir, antes de dizer e fazer qualquer palavra para não nos precipitarmos e passarmos por tolos. A espiritualidade bíblica é uma espiritualidade da audição. Este é o sentido privilegiado nas Escrituras. A oração mais conhecida do Antigo Testamento é o shemá: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor (Deuteronômio 6.4-9). Deus constantemente exorta seu povo a ouvi-lo através dos seus profetas. O Salmo 95.7 afirma: Quem dera ouvísseis hoje a Sua voz!
Devemos, pois, ter a mesma atitude de Samuel quando chamado por Deus: Fala, porque o teu servo ouve (I Samuel 3.9). Ouvir é mais do que meramente escutar. Escutamos muitos barulhos, muitas vozes, muitos sons, que entram por um ouvido e saem pelo outro. Precisamos ouvir Deus com atenção, com interesse, com tempo, com envolvimento de todo o nosso ser, como Maria, irmã de Marta, que se quedava assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos (Lucas 10.39) e Maria, mãe de Jesus, que guardava todas estas palavras, meditando-as no coração (Lucas 2.19).
Ouvir a Deus só faz sentido se desemboca na obediência à sua Palavra. Ouvimos a voz do Senhor para obedecer e praticar a sua vontade. Não devemos ser ouvintes negligentes, mas operosos praticantes da Palavra de Deus (Tiago 1.25). O homem prudente é o que ouve e pratica as palavras de Jesus (Mateus 7.24-27). A Bíblia afirma: Bem-aventurados são, sobre todos, os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam! (Lucas 11.28).
Aprendamos o princípio de que é melhor ouvir do que falar. Vejam que o sacrifício tolo é para os que falam demais sem saber discernir as razões do coração e da vida diante de Deus. Ouçamos mais e falemos menos. O silêncio e a contemplação na tradição cristã traduzem a postura que assumimos diante de Deus para ouvir a sua voz (NOUWEN, Henri 2000, p. 27).
Tenhamos essa prioridade na vida. Sejamos pessoas que carregam a sabedoria na alma e no coração para ouvir a voz do eterno Pai.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

490 anos de Reforma: um retorno ao temor diante de Deus


- Texto para reflexão: Ouçam a conclusão da matéria inteira: Temer a Deus e manter seus mandamentos: para este fim é o dever inteiro do homem King James (Eclesiastes 12.13).

- Texto para reflexão: Ouçam a conclusão da matéria inteira: Temer a Deus e manter seus mandamentos: para este fim é o dever inteiro do homem King James (Eclesiastes 12.13).A época em que os reformadores viveram foi de grande inquietação. Foi o tempo do descobrimento das Américas; imperadores, reis, generais e papas lutavam entre si, para tentar moldar a Europa moderna; a Igreja Católica detinha a supremacia espiritual, cultural e política, e as tentativas de reforma, como as de John Wycliffe (1328-1384) e John Huss (1373-1415) foram esmagadas. Surgiram gênios como Erasmo, Miguelângelo, Da Vinci, Rafael, Colombo, Copérnico. Mas o fim da Idade Média foi marcado por uma inquietação profunda com a morte, culpa e perda de sentido. A teologia de Lutero, Zuínglio, Calvino e dos demais reformadores foi uma resposta específica às ansiedades desta época.Na época da Reforma Protestante do Século 16, estes homens trabalhavam objetiva e construtivamente, procurando apresentar a doutrina pura e completa de Deus, do homem e do mundo. Estes teólogos não eram leigos em teologia, ignorantes sobre o que queriam dizer acerca dos conceitos que empregavam na interpretação bíblica. Sabiam muito bem o seu significado ao longo de quinze séculos de história da igreja.Hoje vivemos no Século 21 e percebemos claramente que o envolvimento dos cristãos não tem causado o mesmo impacto na vida das pessoas como foi na época da Reforma. As pregações não têm buscado as verdades essenciais do Reino de Deus, e sim, uma volta para os sentimentos e emoções. As pregações são voltadas para uma satisfação pessoal e não para uma entrega radical e profunda às verdades da Palavra de Deus. A pregação é para as pessoas se sentirem bem, viverem com muita prosperidade e saúde. É uma pena que hoje não se fala em cruz, não se fala em morte para o ego, não se fala em busca primordial da visão do porvir, mas se fala sobre a vida terrena que deve ser conquistada a cada dia.Quando olhamos para a época da Reforma percebemos que aqueles homens levaram a sério a questão da verdade, do temor e do compromisso com o Reino de Deus. Deus estava acima de tudo na vida e a pureza era algo inegociável.No seu livro A sabedoria dos monges na arte de liderar pessoas - Anselm Grun trabalha a idéia do temor a Deus. Para ele o temor a Deus significa perplexidade diante dele em todo o momento da vida. Temor a Deus é se deixar afetar por ele e pelo seu Reino. Temor a Deus é ser tocado pelas verdades que ele nos presenteou (GRUN, 2006, p. 34).Saibamos de uma verdade inquestionável: o temente a Deus intui que ele e toda a sua existência vêm de Deus e é orientada por ele. No latim temos a palavra “Timens Deum” que significa obediência aos preceitos de Deus. Significa ter a Lei como guia absoluto para a vida e coração. Temor significa atenção à realidade espiritual. A grande verdade é que perdemos essa realidade espiritual no coração. Perdemos a noção correta do temor a Deus que significa cuidado com as questões divinas. Temor tem essa conotação de respeito para com a santidade e para com o Reino de Deus. O temor nos conduz a uma reverência diante de Deus e da sua criação. Talvez por essa falta de temor é que a sociedade se encontra no caos terrível e também muitas igrejas. As pessoas não respeitam a criação e são poucos que ainda querem ver o ser humano como jóia da criação. São poucos os que ainda levam Deus a sério.
Quando lemos O livro dos mártires sobre a vida de Lutero ficamos fascinados com a seriedade dele em querer observar de todo o coração a Lei de Deus. Sua vida correspondia as suas convicções do coração. A sua vida era pautada pela Palavra de Deus. A sua vida era tão marcante com Deus que a sua santidade de vida seduzia o coração dos seus ouvintes (FOXE, 2005, p. 141). Ele não queria saber dos ensinos dos bispos de Roma, queria aprender e respeitar no seu coração a Lei de Deus. Ele não abria mão de princípios para a sua vida-todos tirados da Palavra de Deus. Diante desta avaliação precisamos voltar o coração para a Palavra, para a autoridade da Escritura Sagrada. Devemos crer nela e obedecê-la porque é a Palavra de Deus. Devemos buscar um retorno profundo ao temor de Deus, ao compromisso absoluto e radical com o Reino de Deus e com a sua justiça.Que Deus seja sobre nós no sentido de cultivarmos esse temor diante dele!
Alcindo Almeida
GRUN, Anselm. A sabedoria dos monges na arte de liderar pessoas. Rio de Janeiro: Vozes, 2006.
FOXE, John. O livro dos mártires. São Paulo: Mundo Cristão, 2005.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Precisamos da audácia e compromisso de Sadraque, Mesaque e Abede- Nego


- Texto para reflexão: Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias e cheguem os anos em que dirás: Não tenho prazer neles (Ecls.12.1)

Quando olho para a vida destes jovens percebo a coragem e disciplina deles em se lembrar do criador. Eles não estavam preocupados com o decreto do rei de quem não adorasse a estátua seria lançado na fornalha ardente. Eles estavam preocupados na adoração sincera e verdadeira ao Deus de Israel. Eles se lembravam do criador em todos os aspectos da vida deles. Há muitos jovens cristãos que estão vendendo a alma para os movimentos do mundo por aí. Alguns perderam a ética por causa de uma promoção. Alguns jovens se dobraram à mentira para galgarem espaços e status na vida. Estão com carros de primeira linha e a consciência está no buraco da vida. Alguns jovens afundaram o seu compromisso com Deus por causa das drogas e do sexo fora do casamento.
Quando olhamos para a vida de Sadraque, Mesaque e Abede- Nego percebemos que em nenhum momento eles perdem o foco. Eles não perdem o temor e o compromisso com o Deus deles.
A Palavra de Deus é absolutamente clara quanto a dizermos não para as ondas da cultura mundana. O Conselho de Paulo em Romanos 12 é apresentarmos nosso corpo como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional. E de maneira forte é para não nos conformarmos com este mundo, mas nos transformar pela renovação da nossa mente. Paulo chama esta compreensão de culto racional e inteligente. Jesus convida o jovem rico para se sacrificar deixando tudo para trás e o seguir nesta vida de culto de vida. Mas, ele se recusa a tomar o verdadeiro sentido da vida humana que é adorar e cultuar o Senhor da vida para sempre (NOUWEN, O caminho para o Amanhecer, 1999, p.26). Só pertencemos a Deus quando o adoramos de verdade e com todo o coração. Ele não nos aceita se não for com o culto da vida, do coração, com santidade e sinceridade. Paulo diz que devemos nos apresentar com um corpo e o modo é: como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus que é o nosso culto racional.
A vida de pecado não é mais um realidade em nós, a realidade é que a velha vida foi sacrificada e possuímos uma nova vida em Cristo. Então o nosso sacrifício é inteiramente vivo. Ele é também santo porque aponta para a nossa natureza redimida. Ele é santo porque Cristo nos representa diante do Pai nos tornando aceitos diante dele (CALVINO, Comentário aos Romanos, 1997, p. 423). E ele é agradável porque é feito pela mediação de Cristo como o nosso sumo sacerdote que cumpre a vontade do Pai. E ele só se torna racional porque é divino. Ele é inteligente, ele é com ordem, com razão da fé. Ele tem um significado: gratidão ao Pai pela obra da redenção. Ele é realizado quando despertamos e passamos o nosso dia na presença marcante do criador. Calvino diz que o culto racional é aquele que obedece todos os padrões da Palavra de Deus e que tem a ver com a obra de Cristo e o seu reconhecimento (CALVINO, 1997, p. 425).
Culto racional é o coração voltado para a espiritualidade na presença do eterno Deus.
Paulo disse: E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus (grifos meus).
A verdade é que muitos que estão envolvidos com uma vida de pecado e totalmente suja diante de Deus. Mas, são extremamente envolvidos pela emoção do culto, do louvor e da meditação.
Quando lemos este texto percebemos que vida suja não combina com culto racional que Paulo trata aqui, pois, o mesmo é revestido de santidade, sinceridade e renúncia da própria vida para que se torne em oferta aceitável diante de Deus. Então se não houver uma conversão das emoções e isto no coração, ouviremos sempre vozes estranhas. Produzindo um cristianismo oco, sem vida, sem razão, sem emoção verdadeira.
Que Deus nos ajude a lembrar dele e vivermos um tempo de audácia e compromisso com o Reino dele.

Pr. Alcindo Almeida

domingo, 21 de outubro de 2007

Buscando o prêmio da soberana vocação em Cristo


Texto para reflexão: “Prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus. Pelo que todos quantos somos perfeitos tenhamos este sentimento e se sentis alguma coisa de modo diverso, Deus também vo-lo revelará. Mas, andemos de acordo com o que já alcançamos” (Filip. 3.14-16).


Quando lemos este texto de maneira bem atenciosa percebemos que o apóstolo Paulo termina o vers. 16 dizendo: Mas, andemos de acordo com o que já alcançamos. Nós alcançamos a bênção da salvação, da vida eterna que começa aqui na terra. Alcançamos a graça de sermos redimidos pelo sangue de Cristo Jesus. É exatamente este alvo do Reino de Deus que Paulo quer prosseguir e ganhar o prêmio como corredor celestial de Deus. Pergunta-se: qual o alvo da nossa vida? As pessoas falam da seguinte maneira: Bem, eu preciso agradar a minha esposa com um carro novo. Eu quero comprar uma casa nova. Eu quero concluir a minha Faculdade. Eu quero entrar no MBA. Eu quero terminar meu curso de inglês. Eu quero finalmente comprar a casa de campo nova que minha esposa quer a dois anos. Ah! Eu quero viajar para Paris e deste ano não passa. Daí vem o questionamento: o que sobrou como alvo no Reino de Deus? Nada! Primeiro observamos e desejamos as coisas aqui da terra. Porque somos absolutamente materiais, terrenos e voltados para o terreno. Paulo não deseja as coisas da terra. Ele deseja Deus, deseja o Reino de Deus. A sua vocação é Cristo Jesus. O desejo de Paulo é desenvolver a sua salvação com temor e tremor (Filip. 2.12). Ele quer combater o bom combate com bom soldado de Jesus completando a sua carreira e guardando a fé (II Tm. 4.7). Ele quer receber a coroa da justiça. Ele quer o caráter de Cristo. Ele quer a salvação em Cristo Jesus. Ele quer o conhecimento de Deus. Ele quer viver no amor de Cristo. Ele quer a vocação celestial em Cristo Jesus. Não sua situação melhorada para o I Século. Não seus projetos humanos para o I Século da era cristã. Paulo quer Cristo Jesus, a sua vocação é o Reino de Deus. Paulo tem um chamado: Jesus Cristo de Nazaré. Paulo quer o rumo, o alvo da vocação celestial que no grego significa: chamada para o alto. Ele quer ir morar na eternidade logo. E para isto ele não olha mais para trás. Ele olha para o que está diante dele. Só que o segredo é: em Cristo Jesus. Expressão que Paulo usa por 164 vezes em seus escritos (CHAMPLIN, 1995, Vol. 5, p. 53). Isto é tão forte em Paulo que no vers. 15 ele pede para os cristãos terem este sentimento, esta consagração na presença do Senhor. Qual é o nosso alvo diante desta palavra de Paulo? E o envolvimento total com o Reino de Deus? E a busca pelo eterno? E a oração? E o compromisso com a evangelização através da própria vida? Os desafios são enormes e complicados, mas a graça de Deus nos sustentará para firmados e sustentados nele buscarmos o prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus.


Pr. Alcindo Almeida

sábado, 20 de outubro de 2007

Guardando o nosso coração para Deus


- Texto da reflexão: Tão-somente guarda-te a ti mesmo, e guarda bem a tua alma, para que não te esqueças das coisas que os teus olhos viram, e que elas não se apaguem do teu coração todos os dias da tua vida; porém as contarás a teus filhos, e aos filhos de teus filhos; o dia em que estiveste perante o Senhor teu Deus em Horebe, quando o Senhor me disse: Ajunta-me este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, e aprendê-las-ão, para me temerem todos os dias que na terra viverem, e as ensinarão a seus filhos (Dt. 4.9-10).

Não somos feitos para amar coisas terrenas. Só o que é insubstituível, único e imortal pode tocar nossa mais profunda sensibilidade humana e ser uma fonte de esperança e consolação
[1]. Só podemos amar ao Senhor quando guardamos a nós mesmos das corrupções terríveis deste mundo. Só podemos amar ao Senhor quando a nossa alma está limpa e pura diante do criador.
Só podemos amar ao Senhor quando os nossos olhos estão voltados para as grandezas dele. Só podemos amar ao Senhor quando o nosso coração jamais se esquece de quem Deus é e do que ele faz todos os dias na vida. Só podemos amar ao Senhor quando ensinamos às gerações todas as obras e ações que Deus faz na vida. Só podemos amar ao Senhor quando os nossos ouvidos ouvem toda a Palavra de Deus. Só podemos amar ao Senhor quando aprendemos todos os mandamentos do Pai. Só podemos amar ao Senhor quando tememos de fato a estes mandamentos do Pai.
Quem não obedece, quem não se guarda, quem não leva a sério a vida cristã na presença do eterno Deus, não pode dizer que é cristão em nenhum momento. Não pode dizer que segue a Cristo, não pode dizer que teme ao Senhor. A Palavra diz em Mateus 7 que pelos frutos seremos conhecidos. Diz que toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo. E Jesus continua dizendo que pelos frutos seríamos conhecidos. E diz que nem todo o que lhe diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus. E afirma para aqueles que o ouvem que somente aquele que faz a vontade do seu Pai, que está nos céus é que verá a Deus.
Muitos farão obras para o Senhor: profetizarão no seu nome. Expulsarão demônios e farão muitos milagres. Mas, na hora do julgamento Jesus dirá: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.
E ele trabalha a idéia da casa firmada sobre a rocha no final do sermão e diz: Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha. E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha (Mt. 7.24-25).
O convite do Senhor é para que nos guardemos diante dele para sermos esta casa firmada sobre a rocha porque assim, testemunharemos, ensinaremos, viveremos e serviremos sempre ao Deus que nos amou e a si mesmo se entregou por nós para termos uma vida de serviço e dedicação a ele.
Que a graça dele caia sobre nós para que a nossa alma e coração sejam totalmente dele!


[1] NOUWEN, Henri. Transforma meu pranto em dança. São Paulo: Textus, 2002, p.106.

O Pai cuida sempre da nossa vida


- Texto da reflexão: O Senhor vosso Deus, que vai adiante de vós, ele pelejará por vós, conforme tudo o que tem feito por vós diante dos vossos olhos, no Egito, como também no deserto, onde vistes como o Senhor vosso Deus vos levou, como um homem leva seu filho, por todo o caminho que andastes, até chegardes a este lugar. Mas nem ainda assim confiastes no Senhor vosso Deus, que ia adiante de vós no caminho, de noite no fogo e de dia na nuvem, para vos achar o lugar onde devíeis acampar, e para vos mostrar o caminho por onde havíeis de andar (Dt. 1.30-33).

O sofrimento que todos nós suportamos requer, certamente, mais do que simples palavras, mesmo palavras espirituais. Frases eloqüentes não podem aliviar nossa dor profunda, mas sempre encontramos algo especial que nos conduz através dos sofrimentos.
Ouvimos um convite para deixar que nosso lamento se transforme numa fonte de cura, que nossa tristeza se torne uma passagem da dor à dança. Quem Jesus declarou que seria bem-aventurado? Aqueles que choram (Mateus 5.4). Aprendemos a olhar nossas perdas de frente, e não a fugir delas. Ao aceitar sem repulsa as dores da vida, poderemos encontrar o inesperado.
[1] Ao convidar Deus para participar de nossas dificuldades, fundamentaremos nossa vida – até mesmo seus momentos tristes – em alegria e esperança. Ao parar de querer nos apossar da vida, receberemos mais até do que conseguimos agarrar por nós mesmos.
É exatamente no meio do sofrimento que percebemos que existe um Pai eterno que cuida de nós e nos orienta em todo o nosso caminhar. O texto de Dt. afirma que o Senhor nosso Deus, vai adiante de nós, ele peleja por nós. Ele fez isto com o povo no Egito, no deserto onde o povo viu como ele o levou. E o exemplo citado é de um homem que leva o seu filho por todo o caminho que anda, até chegar no lugar prometido.
Deus fez isto num processo em que o povo passou com, alegrias e tristezas. Mas, apesar de todo o cuidado de Deus na vida deste povo, o texto diz que mesmo assim ele não confiou no Senhor Deus. Mesmo ele indo adiante do povo no caminho, de noite no fogo e de dia na nuvem. Mesmo ele providenciando o lugar onde deveria acampar e mesmo mostrando o caminho por onde haveria de andar. O povo ainda assim foi rebelde diante do Senhor.
Saibamos desta verdade no coração, Deus não nos abandona nunca, ele dirige, ele controla, ele cuida, ele ampara, ele mostra o caminho a nós, ele nos ampara no meio das angústias e tribulações da vida. Ele nos sustenta no meio do sofrimento nos dando do seu consolo e conforto para enfrentarmos tudo.
Deus vai adiante de nós nas jornadas da vida. Isto traz uma tranquilidade sem medida para o nosso coração. Moisés transmite esta certeza no coração do povo, embora fosse um povo rebelde, Deus é tão gracioso que usa o seu servo para consolá-lo de maneira extraordinária.
Não nos preocupemos diante da luta diária da nossa vida porque o Senhor cuida de cada detalhe da nossa vida!


Pr. Alcindo Almeida


[1] NOUWEN, Henri. Transforma meu pranto em dança. São Paulo: Textus, 2002, p. xv.

A igreja é um lar para o coração humano


A igreja tem que ser o lar, o lugar onde não precisamos ter medo de sermos felizes.
A igreja tem que ser o lugar onde não precisamos ter medo de rir, chorar, nos abraçar, sonhar (NOUWEN, Henri. Fontes de vida. São Paulo: Vozes, 1996, p. 21).
A igreja tem que ser o lugar onde podemos descansar o nosso coração aflito e pesaroso. A igreja tem que ser o lugar do afago, do acolhimento e do amor. A igreja tem que ser o lugar da simplicidade e do caminho para a cruz de Jesus de Nazaré.
Nouwen foi a primeira pessoa que usou a expressão "mobilidade descendente". Em um artigo de 1981, publicado na Sojouners, ele escreveu contra a incontrolável busca pelo prestígio, pelo poder e pela ambição - em outras palavras, a mobilidade ascendente - tão carac­terística da cultura americana em que ele vivia antes de partir para o Canadá.
O grande paradoxo que as Escriturasnos revelam é que liberdade real e total só pode ser alcançada por meio da mobilidade descendente, ou seja, pelo caminho da humildade diante das pessoas.
A Palavra de Deus (Jesus Cristo) veio a nós e viveu entre nós como um escravo. O jeito divino é realmente o caminho para baixo (YANCEY, Alma Sobrevivente. 2004, p. 327). E através deste caminho da descendente que aprendemos melhor o que significa acolher as pessoas e trazê-las para um lar, um abrigo, um espaço onde elas podem crescer e se sentir gente.
Pensemos sobre isto e não deixemos de entender que a igreja deve ser um lar para o coração humano!

Pr. Alcindo Ameida
IGREJA PRESBITERIANA DE PIRITUBAR.


Site: www.ippirituba.org.br

sábado, 13 de outubro de 2007

Oração sacerdotal e dependente do Senhor Jesus Cristo


- Texto para reflexão: João 17.1-26.

Em João 17.1-26 temos a oração sacerdotal do Senhor Jesus Cristo. Esta oração traduz aquilo que foi tratado sobre a expressão da relação do ser de Deus. A relação que há na Trindade é uma relação em que cada pessoa vive por e para com o outro. O que o Pai tem pertence ao Filho e ao Espírito Santo. Esta relação nos convida a participar deste momento de comunhão na trindade (vers. 21).Deve haver a nossa participação no gozo da comunhão do ser de Deus. Fora da comunhão não existe nada verdadeiro. Fora da comunhão com a Trindade não há sentido da nossa existência humana.
A Trindade determina o ser da comunhão, da relação com a oração. Oração é a participação em comunhão com Cristo. Nós não somos mais estranhos diante de Deus Pai somos agora co-herdeiros com Cristo (Rom. 8.15-17). Oração é participação da gloriosa comunhão que tem no Pai, no Filho e no E.S. Não somos coadjuvantes da relação, somos participantes e beneficiados da mesma graça que Cristo desfruta diante do Pai. A oração do Pai Nosso é uma evidência de que não sabemos orar, por isso, o Senhor Jesus nos ensina como discípulos seus orar ao Pai. George MacDonald disse: "As minhas orações nascem das minhas dores, mas as respostas de Deus Pai me fazem esperar e aprender cada vez mais nele". Não podemos separar a oração da nossa vida emocional. Não é buscar novos métodos, mas, é reconstruir as coisas que têm a ver com a imagem de Deus em nós. Não podemos nos esquecer de que antes de orarmos é Cristo que orar por nós.
Alcindo Almeida

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Saindo desse mundo totalmente tecnológico


- Texto para reflexão: "Andou Enoque com Deus" (Gn. 5.22).

Um sociólogo escreveu – A multidão solitária. E nesse livro ele fala que com o crescimento da cidade e da tecnologia houve uma mudança na consciência humana. Antigamente havia direção para dentro, hoje é para fora no sentido de dar vazão para a tecnologia.
A tecnologia nos leva a criar a idéia de usá-la como extensão para um ambiente técnico. Então vivemos um mundo tecnológico. Vivemos num mundo dirigido pela visão tecnológica. Não somos apenas órfãos, mas somos uma ferramenta no mundo técnico.
Olhamos para a nossa vida e pedimos ferramentas para trabalhar. A igreja sem perceber ficou secularizada porque todo o ambiente é técnico. O problema das pessoas hoje é que não conseguem consertar os relacionamentos porque é uma questão técnica. Daqui a pouco precisaremos de chave de fenda para consertar os relacionamentos.
O ambiente técnico influencia a alienação e que desemboca na solidão humana (James Houston, Encontro no Servo de Cristo, 2006). Quando saímos da zona rural ficamos mais secos e menos sensíveis a realidade dos que sofrem. A solidão é algo que nem o contato social resolve.
O que é essencial para rompermos com esse mundo tecnológico?
Precisamos compartilhar a consciência de "nós" – Deus e nós – nós e Deus. Isso através da experiência de Enoque: caminhando com Deus.
Quando convivemos com a consciência de Deus vivemos uma amizade interna e olhamos mais para o nosso mundo interior. Algo que precisamos reconhecer é a necessidade de uma consciência salmica. Todos os cristãos sérios decoravam os Salmos. No Século XII, o vestibular era decorar os 150 Salmos. As pessoas não tinham uma consciência de solidão porque tinham o tesouro das palavras de Deus. Quando surgia a dor e o sofrimento havia Salmos. Quando havia choro, tinha um Salmo de consolo humana (James Houston, Encontro no Servo de Cristo, 2006).
Esse livro da Bíblia tinha acesso para todos lerem. Não estava em latim, mas na língua de todos os povos. As crianças aprendiam a escrever com os Salmos. As emoções eram redimidas através dos Salmos. Perdemos a reflexão dos Salmos e substituímos uma consciência salmica pela tecnológica.
Agostinho nas suas confissões explora a consciência dos seus pecados. Ele reconhece que a necessidade é conhecer a consciência interna na presença de Deus. Ele nos ensina a conhecer os caminhos internos na presença de Deus. E o propósito é se conhecer à medida que conhecemos a Deus. Não dá para conhecer a Deus sem se conhecer. Quando conhecemos a Deus, conhecemos a nós mesmos: não o eu.
A vida com Deus de maneira interna nos leva para o nós. A idéia de se tornar um com o outro. É a idéia de andarmos com Deus todo tempo, toda hora, cada minuto da nossa existência. Assim como foi na vida de Enoque, ele andou com Deus.
O Ocidente sempre teve mais consciência do que o Oriente. A herança da autoconsciência de Agostinho tem sido secularizada. Quanto mais tivermos uma consciência aguçada, teremos uma visão tecnológica.
Descartes ensina o homem a entrar para si mesmo. Agostinho ensina a entrar para o nós. A comunhão requer compreensão mútua. O problema é que estamos sozinhos dentro de nós mesmos e envolvidos pela tecnologia que nas arrasta para distâncias do caminhar com Deus.
Urgentemente necessitamos de uma reforma relacional com Deus e com o próximo para que não sejamos mais dominados pela tecnologia e sim pela graça de Deus. Urgentemente precisamos de uma reforma relacional que nos faça andar com Deus e desfrutar de uma comunhão aboslutamente profunda e marcante como foi na vida desse homem chamado de Enoque. Ele teve tanta comunhão com Deus que ele o tomou para si.
Que tenhamos essa graça de andar com Deus sempre e não sermos dominados pela tecnologia secular!

Alcindo Almeida
Pastor na Igreja Presbiteriana de Pirituba - São Paulo.
SENHOR, Cura a Minha Alma! Nossos ferimentos emocionais podem virar apenas marcas do amor e do poder de Deus. Esse livro vai mudar sua vida e sua maneira de louvar ao Senhor!
Adquira o mesmo com Walkíria: (011) 3904-0183.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O sofrimento nos aproxima mais de Deus e da sua graça


-Texto para reflexão: "Foi-me bom ter sido afligido pora que aprendesse os teus decretos" (Salmo 119.71).

A vida, não raro, se nos apresenta como um grande palco de sofrimento e dores. O sofrimento se apresenta como uma espécie de enigma que ultrapassa a nossa capacidade de entender. Mas, um entendimento que tenho é que ele nos aproxima cada vez mais de Deus. As Escrituras nos mostram em suas primeiras páginas, como a dor e o sofrimento entraram no mundo e, indica, também como uma conseqüência do pecado original dos nossos primeiros pais. A grande realidade é que sofremos. Na vida não podemos descartar nunca a realidade do sofrimento em ser o pedagogo de Deus em nossa vida. Há um pastor que escreve sobre as aflições como sendo bênçãos da dependência do Pai. E no seu livro As bênçãos na Aflição – ele diz algo extremamente profundo e relevante: O vale da sombra da morte se constitui num campo de tratamento de Deus para o nosso aperfeiçoamento espiritual (PARANAGUÁ, 2002, p. 31). Esta afirmação é uma verdade profunda e importante para nós. Pois, nas horas escuras, sombrias da nossa vida, é que percebemos o tratamento de Deus e o quanto precisamos descansar inteiramente nele. Interessante que as almas mais nobres e as vidas mais sublimes são exatamente as mais tentadas (PARANAGUÁ, 2002, p. 37).
É só quando percebemos que somos fracos, realmente podemos recorrer à aquele que é forte (PARANAGUÁ, 2002, p. 39). Saibam que as provas, os espinhos na carne e tentações da vida, não nos enfraquecem, mas apontam os nossos pontos fracos, de sorte que apelemos para a suficiência da graça e, deste modo, sejamos fortalecidos pelo Pai e aprendamos a descansar sempre nele.
Acredito que a fraqueza é o único meio de sermos conscientizados da real dependência do Senhor, da real e marcante necessidade de irmos descansar nos braços eternos do Pai. As fraquezas sempre abrem portas para a nossa dependência de Deus e nos mantém submissos à sua vontade e graça. Quando olhamos para os espinhos na carne, como aqueles do nosso querido apóstolo Paulo, aprendemos que eles não manifestações de tortura divina, mas bênçãos especiais enviadas para o desenvolvimento da experiência cristã autêntica. Os espinhos na carne nos levam a aprender o que significa descansar na graça do Pai e assim nos tornarmos fortes no meio das fraquezas ao ponto de dizermos as mesmas palavras de Paulo: "Porque quando estou fraco, então é que sou forte".
J. MacArthur diz algo muito precioso para o nosso coração: "Problemas, tentações e dor são inevitáveis na vida. Mas lembre-se que Deus usa essas coisas para produzir os preciosos frutos da humildade, comunhão e glória. Ele poderá não removê-los da nossa vida, mas promete graça suficiente para capacitarmo-nos a suportá-los com alegria por causa da submissão que temos da vontade dele para nós" (MACARTHUR, 1998, p. 208).
Nas lacunas da fraqueza, encontramos forças para viver na graça de Deus Pai. O salmista diz: "Foi-me bom ter sido afligido pora que aprendesse os teus decretos".
C. S. Lewis experimentou o sofrimento quando perdeu Joy sua amada esposa que foi acometida de um câncer do fêmur. Ele disse: "Porque Deus nos ama, ele nos dá o sofrimento. A dor é o momento de Deus para nos lapidar para que nos tornemos pessoas mais perfeitas" (LEWIS, 1983, p. 67).
Basicamente, lamentar significa enfrentar o que nos fere na presença daquele que pode curar. Isso não é fácil! Esse processo não incluirá passos que não exijam esforços. Teremos que praticar, com certeza. A cura das nossas feridas começa quando tiramos a nossa dor do isolamento diabólico e passamos a ver que, por mais que soframos, sofremos em comunhão com toda a humanidade, bem como com toda a criação (NOUWEN, 2002, p. 5).
Os esforços que fazemos por desconectarmos de nossos sofrimentos terminam por desconectar nosso sofrimento do sofrimento de Deus por nós. Gostamos de vitórias sem esforços, crescimento sem crise, cura sem dores e ressurreição sem cruz. Não é de admirar-se que nossas comunidades pareçam organizadas para manter à distância o sofrimento.
Jesus nos ensina ao entrar em Jerusalém num jumento que enlouquecemos quando somos insistentes em vitórias fáceis e quando passamos o tempo em futilidades tentando esconder aquilo que nos aflige (NOUWEN, 2002, p. 8). Jesus nos convida a permanecer em contato com os muitos sofrimentos de cada dia e a experimentar o começo da esperança e da nova vida, justamente aí onde vivemos, no meio das feridas, dores e falência humana. O caminho da paciência, que nos conduza vagarosamente para o triunfo é o da cruz de Cristo.
Que o Senhor derrame graça sobre nós para aprendermos que o sofrimento na vida é um instrumento para Deus nos lapidar sempre e como ele quer. E nos lembrar que no meio do sofrimento ele nos leva para aprender na sua presença!

Pr. Alcindo Almeida
- KIDNER, Derek. Comentário nos Salmos. São Paulo: Vida Nova, Vol. II, 1992.
- NOUWEN, Henri. Sofrimento que Cura. São Paulo: Paulinas, 2001.
- Transforma meu Pranto em Dança. São Paulo: Textus, 2002.
- MACARTHUR John. Nossa suficiência em Cristo. São Paulo: Fiel, 1998.
- LEWIS, C. S. O problema do sofrimento.São Paulo: Mundo Cristão, 1983.
- PARANAGUÁ, Glênio Fonseca. As bênçãos na Aflição. Londrina – PR: Editora IDE, 2002

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Três atitudes que Deus espera de nós


Humildade no coração: é exatamente isso que Jesus desejou de seus discípulos: humildade e espírito de servo. Tem uma palavra em latim que se chama “elatus” é aquele que se eleva acima das pessoas, que se coloca em primeiro lugar. Esse é aquele que abusa do poder, humilha as pessoas. Ao contrário o que teme a Deus, anda contemplando a sua própria humanidade e se lembra sempre que é pó. Então a humildade dos que andam com Deus em temor e reverência diante dele é da fragilidade. Os que andam com Deus reconhecem que são seres humanos que descem a própria humanidade (GRUN, 2006, p. 24). No Reino de Deus não há espaço para os arrogantes. Deus resiste esses tais e dá graça para aqueles que cultivam o temor através da humildade. Deus quer que nos esforcemos para formar uma igreja onde os seus membros se caracterizam por seu anonimato, por seu amor aos perdidos, por sua mansidão e domínio próprio. Pela formação de discípulos de Jesus que se caracterizem por sua integridade, fidelidade, intimidade e amor para com Deus e para com o próximo. Isso com a prática dessa palavra humildade. Precisamos ser pessoas que almejam a semelhança com Jesus e ele é a própria personificação da humildade no coração.
Serenidade para com todos: cremos que o discipulado, sob a influência do Espírito Santo nos ajudará a chegar à medida da estatura da plenitude de Cristo. Em termos práticos, isso significa uma igreja integrada por famílias que vivem em paz, harmonia e serenidade. Serenidade significa não ser belicoso. É exatamente o contrário de turbulento. O turbulento é irrequieto, provocador de intranqüilidade. A Palavra de Deus mostra que quando temos temor dele não somos pessoas confusas, perturbadas e em desordem. Uma pessoa que cultiva temor de Deus tem fruto do Espírito Santo e, portanto, possui serenidade para com os outros. Nunca perde a postura, nunca perde o equilíbrio. Daí temos maridos ternos, sábios e amáveis. Temos esposas submissas de caráter afável e aprazível. Temos filhos respeitosos e obedientes. Temos jovens que andam em santificação e retidão diante de Deus e dos homens. Temos adultos honrados e venerados pelos mais jovens. Temos crianças felizes, criadas no amor e no temor do Senhor. Termos homens trabalhadores, honestos, responsáveis, diligentes e fiéis. Temos mulheres virtuosas, alegres e cheias de boas obras.
Senso de justiça: a Palavra de Deus mostra que devemos ser um povo diferente, formado por discípulos que buscam sempre conhecer a vontade de Deus para a vida. Um povo que lê, estuda e medita na Palavra de Deus. Discípulos que aprendem a ser humildes, pacientes, mansos, justos, generosos, sinceros, bons, felizes, honrados, íntegros e que vivem acima da mediocridade. Discípulos cujo estilo de vida é amar, perdoar, servir, confessar suas faltas, obedecer, cumprir, sujeitar-se às autoridades, pagar seus impostos, falar sempre a verdade, viver de maneira íntegra, buscar a paz com todos, confiar em Deus, amar seu próximo, ajudar, compartilhar com os necessitados, chorar com os que choram, alegrar-se com os que se alegram, ser um com os irmãos, devolver o mal com o bem, sofrer as injustiças, dar graças sempre por tudo e vencer a tentação. A Palavra nos ensina que devemos orar sem cessar pela justiça que o profeta Isaías clama no capítulo 58 do seu livro:
“Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne? Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda. Então clamarás, e o SENHOR te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente; E se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. E o SENHOR te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca faltam. E os que de ti procederem edificaräo as antigas ruínas; e levantarás os fundamentos de geraçäo em geraçäo; e chamar-te-äo reparador das roturas, e restaurador de veredas para morar. Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares näo seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras”.

Alcindo Almeida

A ORAÇÃO TRANSFORMA A NOSSA VIDA


Quando John Knox, o pai do Presbiterianismo mundial, encontrava-se em seu leito de morte em Edimburgo em 1572, disse a um dos presbíteros que estava ao lado de sua cama: "Tenho meditado durante as duas últimas noites sobre a tão atribulada Igreja de Deus, desprezada pelo mundo, mas preciosa aos olhos de Deus. Tenho chamado a Deus em seu favor e a tenho recomendado aso cuidados do nosso Senhor Jesus Cristo, o cabeça da igreja. Tenho lutado contra Satanás que está sempre pronto ao ataque. Tenho lutado contra a maldade espiritual e tenho vencido. Tenho estado nos céus, onde estou ainda agora, e tenho provado das alegrias celestiais". Aqui está um grande exemplo de uma pessoa que alcançou o ápice de uma vida de oração, uma vida transformada por causa da oração, uma vida de doação ao serviço no Reino de Deus. J. Knox era um homem de oração, tanto que chegou a dizer estas palavras que podem ser pronunciadas por alguém que é transformado pelo dia a dia de oração, de volta para as coisas do Pai Celestial. Este homem começou a influência maravilhosa em seu país como servo de Deus orando e a terminou orando também. Irmãos, a oração transforma a nossa vida espiritual diante de todas as lutas da vida, pois, na oração aprendemos a depender de Deus, esperando dele a solução delas. A oração transforma o nosso caráter porque reconhecemos que há uma grande limitação e fragilidade em nossa vida que nos tornamos pessoas mais humildes e humanas. A oração transforma a comunhão da igreja em algo relevante e precioso. Porque percebemos que necessitamos da oração do nosso próximo como membro do corpo de Cristo, e isto produza relacionamento, amizade e amor entre a igreja. Enfim, irmãos, a oração que é feita com sinceridade, com um desejo de temor verdadeiro diante do Pai, com certeza trará em alguma medida transformação para o nosso caráter cristão. Portanto, peçamos graça da parte de Deus Pai para que aprendamos com o Santo Espírito a orar, orar e orar alcançando assim, uma transformação diária em nossa vida!

Pr. Alcindo Almeida

Não deixemos de seguir os princípios na vida


“A palavra que da parte do Senhor veio a Jeremias, nos dias de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, dizendo: Vai à casa dos recabitas e fala com eles introduzindo-os na casa do Senhor numa das câmaras e lhes oferece vinho a beber. E pus diante dos filhos da casa dos recabitas taças cheias de vinho e copos, e disse-lhes: Bebei vinho. Eles, porém, disseram: Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos ordenou, dizendo: Nunca jamais bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos. Obedecemos, pois à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, em tudo quanto nos ordenou, de não bebermos vinho em todos os nossos dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas. Então veio a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Vai, e dize aos homens de Judá e aos moradores de Jerusalém: Acaso não aceitareis instrução, para ouvirdes as minhas palavras? Diz o Senhor. As palavras de Jonadabe, filho de Recabe, pelas quais ordenou a seus filhos que não bebessem vinho, foram guardadas; pois não o têm bebido até o dia de hoje, porque obedecem ao mandamento de seu pai; a mim, porém, que vos tenho falado a vós, com insistência, vós não me ouvistes.” (Jr. 35.1, 2, 5, 6,12-14)

Soren Kierkegaard afirma que a multidão geralmente é mentirosa. Parece que quanto maior o número de pessoa num grupo maior a facilidade para a mentira e para a superficialidade. Quanto maior a multidão, mais difícil é viver em função de princípios. Porque a massa atrai e influencia de maneira muito fácil à falsidade e à vida sem compromisso com valores eternos. Mas, no texto de Jeremias é apresentado um grupo de uma minoria que não se deixa levar por nada a não ser o princípio de vida por longos anos.
Os da casa de Recabe não evitam as multidões que os cercam, mas eles evitam ser condicionados por elas. Todo mundo ao redor deste grupo tem uma vivência, mas eles não se deixam levar por nada a não ser pelo exemplo que seu pai deixou.
Jeremias como profeta de Deus é convidado para oferecer um banquete, um almoço para os recabitas. E quando lemos o texto percebemos claramente a intenção de Deus em ensinar Jeremias sobre a próxima exortação que ele daria através da experiência na casa dos recabitas.
Deus fala a ele para convidar estes homens para um banquete e nele oferecer vinho. Jeremias atende como sempre a determinação de Deus para a sua vida como profeta e anunciador dos recados de Deus para uma nação volúvel e sem princípios no coração.
O texto diz que ele os levou para um local (câmaras do Templo). E ele colocou diante dos filhos da casa dos recabitas taças cheias de vinho e copos. 
E Jeremias disse-lhes: Bebei vinho. O extraordinário é que eles respondem: Não beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos ordenou, dizendo: Nunca jamais bebereis vinho, nem vós nem vossos filhos. Obedecemos, pois à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, em tudo quanto nos ordenou, de não bebermos vinho em todos os nossos dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas filhas.
Eles dizem não para Jeremias porque seguiam a tradição do voto de Jonadabe há 250 anos. Eles tinham uma singularidade na vida, eles cumpriam um voto e mantinham-se fiéis a vida inteira. E mesmo diante de um homem extremamente respeitado, mesmo diante do homem de Deus, eles dizem não em respeito aos seus votos. Eles não seguem a massa que diz sim para tudo e para todos. Eles tinham uma vida distinta e singular. Eles criam nos princípios.
Quantas vezes precisamos inclinar o nosso coração para a experiência destes homens, e entender o quanto precisamos de princípios para não sermos influenciados pela massa. Os da casa de Recabe nos ensinam a dizer não para a massa e sim para os princípios da Palavra de Deus. 
Eles nos ensinam a ter disciplina e seriedade diante dos mandamentos de Deus. Eles respeitam a um voto de um homem e o texto nos mostra que o povo de Israel não respeitou a Palavra de Deus no coração dele.
O texto afirma que os homens de Judá e os moradores de Jerusalém não aceitavam a instrução de Deus e nem ouviam as suas palavras. Enquanto as palavras de Jonadabe, filho de Recabe foram guardadas. Porque eles não bebiam até aquele dia. 
O que estava em jogo não era propriamente o vinho, o morar em tendas, mas a obediência aos princípios de vida, o estilo de disciplina que eles tinham quanto aos votos feitos. Deus nos convida hoje para imitarmos a vida destes homens fiéis aos princípios e a uma vida que mantém o caráter fiel a Ele.

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Alcindo Almeida é pastor presbiteriano em Pirituba, São Paulo, SP e um dos diretores do CEAP - Centro de Estudos e Apoio Pastoral / Projeto Timóteo

O Espírito Santo nos traduz diante do Pai


- Texto para reflexão: Do mesmo modo, o Espírito nos auxilia em nossa fraqueza; porque não sabemos como orar, no entanto, o próprio Espírito intercede por nós com gemidos impossíveis de serem expressos por meio de palavras. E aquele que sonda os corações conhece perfeitamente qual é a intenção do Espírito; porquanto, o Espírito suplica pelos santos em conformidade com a vontade de Deus (Romanos 8.26-27 - Uso da Bílbia King James - editada pela Editora Abba Press).

Como é importante percebermos que não temos forças por nós mesmos. Depois da queda nos transformamos em pessoas herméticas. Não conseguimos nos comunicar mais de maneira sadia e bíblica.
Não percebemos a tragédia em que vivemos por causa da realidade do pecado dentro de nós. Ele infectou o nosso coração e nos separou por completo de Deus. Esta foi a maior perda que os nossos primeiros pais tiveram. A ausência da comunhão com Deus. Os nossos sentidos foram todos afetados. O pecado nos deixou cegos e perdidos. Por isso, precisamos urgentemente da intervenção de Deus no nosso interior. E ele usa para esta ação o Espírito Santo que é também chamado de consolador (paracletos).
Hoje os pais e filhos precisam de um tradutor na relação entre eles. E este tradutor é o Espírito Santo de Deus.O Espírito Santo está traduzindo o Pai diante da nossa fraqueza.
Como Paulo afirma: Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis
O Espírito Santo é este Deus que nos traduz diante de Deus, diante das pessoas e diante de nós mesmos.
Há pessoas que estão indo e outras voltando. Há pessoas que querem falar e outros silenciar. As pessoas vivem em tempos existenciais e não cronológicos. O tempo cronológico é só para nos manter. Mas, vivemos em tempos existenciais.
Cada um tem um tempo diferente do outro e só o Espírito é capaz de discernir o tempo em que vivemos. Não sabemos ao certo se o nosso tempo é de ida ou de volta. É só o Espírito que sabe o tempo no qual vivemos. E só ele pode nos ajudar na nossa fraqueza a distinguir o que é espiritual e o que não é. Só ele pode nos fazer entender Deus e nos relacionar com ele. Como afirma Henri Nouwen:

“Deus não pode ser compreendido e nem percebido pela mente humana. A verdade plena sobre Deus escapa às nossas faculdades humanas. A única maneira de se aproximar dela é pela ênfase constante sobre os limites humanos para ter ou reter toda a verdade. Não podemos explicar Deus e nem a presença de Deus na história..Nós não achamos Deus, mas Deus nos acha” (NOUWEN, 2007, p. 108).

E este papel de sermos achados e conhecermos a Deus é o Espírito Santo que realiza em nós e por nós. Porque somos absolutamente fracos e dependentes da ação do criador em nós. O problema das ajudas terapêuticas é que as pessoas querem adequar à agenda cronológica. É bom entendermos e reconhecermos que é o Espírito traduz Deus para o homem e o homem para aqueles que estão ao seu redor.
Às vezes, não vemos a cruz porque não nos perguntamos: o que foi que aconteceu para uma das pessoas de Deus ter de vir e morrer?
O que é tão grave que uma pessoa divina tem de morrer?
Não temos a menor idéia do que aconteceu. E a cruz no mostra que algo mais sério do que pensamos aconteceu para Deus enviar o seu Filho para morrer.
A verdade é que não sabemos de fato ver a cruz. Por isso, a Bíblia mostra que precisamos do Espírito Santo. E temos de pedir para que ele nos traduza diante de Deus, para nós e nós para o outros.
É profunda a ação do Espírito Santo em nós. Paulo nos mostra que ele nos assiste na nossa fraqueza e nos ensina como devemos orar. Ele intercede por nós gemendo.
Paulo nos lembra neste texto que precisamos do Espírito porque só ele traduz o Evangelho para nós e nos usa para transmitir aos outros. Então não nos esqueçamos destes detalhes:

Ø Só o Espírito Santo pode nos socorrer nas demandas da nossa vida;
Ø Só o Espírito Santo é o administrador da graça de Deus em nossa vida;
Ø Sem o Espírito Santo não dá nem para orar. Porque o Pai não nos entende se não for traduzido pelo Espírito Santo;
Ø O Espírito Santo é a pessoa extraordinária que nos traduz diante de Deus, diante da sua a criação, diante dos homens e cada um consigo mesmo.

Que a graça do Espírito Santo seja sobre cada um de nós!

Alcindo Almeida
Ele é pastor na Igreja Presbiteriana de Pirituba-SP
NOUWEN, Henri. Direção espiritual. Rio de Janeiro: Vozes, 2007.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Betel nos faz ver a presença e o amparo de Deus

- Texto para reflexão: Levantemo-nos, e subamos a Betel; ali farei um altar ao Deus que me respondeu no dia da minha angústia, e que foi comigo no caminho por onde andei (Gn. 35.3).

Previamente Deus garantiu a Abraão que ele era seu Deus e seria Deus para ele e para sua semente sempre. A Jacó em fuga para uma terra estrangeira, a Moisés que deveria retornar ao Egito e a Josué que deveria entrar na terra prometida e vencer os habitantes hostis, a garantia era de que o Deus que será Deus para seu povo é um Deus que permanece com seu povo. As frases "Eu cuidarei de você por onde quer que você vá", "Eu o trarei de volta", e "Eu não o deixarei", certamente deram informações definidas da maneira em que Deus seria um Deus ativo sempre presente. E esta atividade resultaria no cumprimento de todas as promessas que haviam sido feitas (Gn 28.15).
Jacó reconheceu a presença de Deus em sua vida e isto fez toda a diferença para ele edificar um altar ao Deus de Betel. E quando se fala em Betel é lembrado de ações milagrosas e poderosas na vida deste patriarca. Nos dias de aflição em Betel ele teve a visão da escada cujo topo chegava ao céu., por onde desciam e subiam os anjos de Deus. Em Siquém ele passou por angústias profundas e quando volta a Betel, entende que Deus foi o seu amparo sempre. Ele o ajudou a suportar todas as lutas. Na casa de Deus ele percebe quem o fez vencedor. Quando fugiu de Esaú ele estava sem paz e tranqüilidade. Agora, ele reconhece que mesmo errando, Deus foi o seu amparo no meio da angústia. O Deus de Betel respondeu aos clamores e dificuldades dele. E o guiou por todo o caminho. Diante da face de Deus é que Jacó tem este reconhecimento.
Temos o privilégio de andar na face de Deus e ver o quanto ele nos responde, o quanto ele nos socorre e nos ampara sempre. Não estamos sozinhos, moramos no Deus de Betel. Ele carrega o nosso fardo e nos ajuda a romper com todos os medos e desilusões na caminhada. No meio da nossa impotência humana, ele nos livra das angústias e tristezas da alma e nos faz descansar em sua presença. Esta é a nossa vida na casa de Deus, ele está conosco, ele nos leva para um lugar seguro. Está no centro de nossa fé que Deus é fiel na promessa de guardar o nosso caminho e que nunca nos deixará sozinhos mesmo que sejamos pecadores e falhos.
A sua aliança traz alento, segurança, refrigério e esperança. A vida espiritual requer esta consciência da reverência diante do Deus de Betel e isto gera aprofundamento e um avivamento constante na presença de Deus em nosso coração
[1].

Alcindo Almeida
[1] NOUWEN, Henri – Estrada para paz. São Paulo: Loyola, 2001, p. 230.