terça-feira, 16 de junho de 2009

Lectio Divina a nossa escola de oração

Quando lemos a história dos padres do deserto, percebemos que eles desejavam viver fielmente todos os preceitos da Escritura. E nelas o primeiro preceito concreto que encontraram sobre a freqüência de oração não era o de que deveriam orar nesta ou naquela hora do dia ou da noite, mas que deveriam orar sem cessar.
Creio que esta é uma das propostas da Lectio Divina.
O que significa isto?
Lectio divina vem da palavra latina lectio em sua primeira acepção significa ensinamento, uma lição. Num segundo sentido, derivado, lectio também pode significar um texto ou um grupo de textos que transmitem tal ensinamento. Assim falamos de lições (lectiones) da Escritura lidas na liturgia.

Finalmente, num sentido posterior e mais ainda derivado, lectio pode também significar leitura. Este último sentido é obviamente aquele no qual esta expressão é entendida hoje. Em nossos dias, de fato, lectio divina é mencionada como uma observância específica; e nos dizem que é uma forma de leitura diferente de todas as outras.
Trata-se de uma forma de ler a Bíblia nascida em meio à tradição dos Pais do Deserto e chamada Lectio Divina (Leitura Divina) que poderia também se chamar Leitura Espiritual. A Lectio Divina é uma maneira de ler o texto bíblico na qual o silêncio e a meditação da palavra lida, mastigada, comida exige de nós uma ressonância, uma resposta pessoal, um compromisso na primeira pessoa.
Lectio Divina se constitui de 4 pontos importantes demais para o nosso coração:

· Leitura:

Consiste em ler devagar a Palavra da Escritura não para ampliar o conhecimento, mas para nos encontrar com Deus na Palavra Santa. Como diz Gregório Magno: Lemos a Palavra para descobrir o coração de Deus (GRUN, Anselm. Bíblia – Reflexões e meditações. Rio de Janeiro: Vozes, 2009, p. 12). Neste primeiro momento experimentamos a presença do Pai que nos serve na sua palavra um eterno banquete; de Jesus, o Filho, a palavra que se fez carne, pão e vinho; e do Espírito Santo, o Deus que habitando em nós é capaz de saciar nossa fome mais primitiva de amor e significado.

· Meditação:

Entendendo que a Bíblia existe primordialmente para revelar a Trindade. O escritor e pastor Eugene Peterson nos fala de uma leitura formativa da Bíblia, aquela na qual a presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo vai nos formando espiritualmente em sua imagem. Na verdade, nesta leitura formativa, nós é que somos lidos e formados pelo texto e não ao contrário, sendo a Lectio Divina o meio por excelência através do qual podemos exercitá-la. Sendo assim, nossa vida é formada por um texto além e acima de nós e não por nós mesmos.
A meditação faz com que caiamos na Palavra e ela caia em nosso ser mais íntimo. Esta é a arte de ruminar o livro santo.

· Oração:

É a resposta ao Pai daquilo que recebemos na Palavra e na meditação dela. É o meu coração falando ao coração do Pai.

· Contemplação:

Este ponto é o estar quieto diante do Pai. A Palavra e a oração nos levam a quietude e silêncio. É o tempo de ver a ação da palavra dentro de mim.
A Lectio Divina pode ser então resgatada das areias quentes do deserto e atualizada no nosso cotidiano, como um dos mais vivos e poderosos meios pelos quais a Trindade pode ir nos formando espiritualmente (PEDREIRA, Eduardo Rosa. A Lectio divina e a nova Trindade). Ela tem como base nos ajudar no encontro com o Deus da Palavra Santa.
Daí tudo ficará mais claro e mais amplo na nossa caminhada com Deus na Palavra!
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Pr. Alcindo Almeida

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