quarta-feira, 11 de julho de 2007

Em Cristo Deus nos torna seres relacionais e não seres isolados na vida

Salomão afirma em Eclesiastes 4.9: É melhor haver dois do que um, porque duas pessoas trabalhando juntas podem ganhar muito mais.
Surge uma pergunta para o nosso coração: o que significa a encarnação de Jesus?
É o caminho da descendente em que Deus vem aqui para se tornar humano como nós. E uma vez entre nós desceu ao desamparo total dos condenados à morte. Cada fibra do nosso ser é resgatada com a encarnação de Jesus aqui na terra (NOUWEN, Henri. Cartas para Marc. São Paulo: Loyola, 1999, p. 39). Antes o homem era um indivíduo egoísta e fechado em si mesmo. O homem não tinha referencial de pessoalidade integral. Ele era movido por uma essência de puro individualismo. Daí Deus envia o seu próprio Filho para nos ensinar o que significa ser pessoa. Ser pessoa significa ter o outro ao nosso lado, significa construir como reflexo da própria Trindade um caminho do companheirismo, no qual os seres humanos podem alcançar uma vida de comunhão e celebrá-la na presença do criador com alegria e regozijo no coração.
A proposta de Salomão é a da cruz de Jesus. Ele não viu a cruz, mas ele já entendia o significado dela. A proposta da cruz é: É melhor haver dois do que um.
A solidão é estancada quando vem a cruz de Jesus porque nela ele reúne um povo para ser pessoal e amoroso. Um povo para não andar só e sim ao lado do outro. A cruz nos convida para a relação a dois, a três. A cruz nos conduz para esse caminho que nos faz somar juntos, nos faz andar na conquista do outro. Esse é o ideal de Deus para nós quando nos casamos. Sermos um na unidade e no relacionamento. Esse é o ideal de Deus na vida da igreja porque essa prática destrói a inveja, a disputa. Porque a luta é para dois e não para um só. Na vida relacional o lucro é para dois e não para o individualismo carrasco que traz tristeza. Na vida relacional é necessária a idéia de ajuda mútua porque sozinho o homem pode falhar, mas com o outro a possibilidade de vitória é maior, a possibilidade do sucesso é muito mais marcante do que só.
O individualismo traz um sucesso solitário enquanto que o relacionamento na comunidade traz alegria e ações de graças diante do criador. A cruz de Cristo é o grande elo para percebermos que é melhor sermos dois do que um. Cristo nos mantém unidos e nos faz voltar para a centralidade para a qual fomos criados: seres pessoais, seres relacionais. É melhor serem dois na vida da IPP do que um. Os irmãos não trabalham para uma causa chamada de individualismo. Trabalham por uma causa chamada de Reino e Reino é sempre relacional.
Temos na nossa comunidade uma Associação Beneficente chamada de: Betsaida. Entendemos que a existência dela é para dois e não para um. O trabalho missionário da nossa comunidade (Grupo de Apoio Missionário - GAM) é para dois e não para um. Saibamos dessa realidade para pensarmos nos projetos de Deus para a vida comunitária. Não vivamos sozinhos na vida, mas na perspectiva da cruz que abraça, que ajunta e que faz ter mais de um. É vida de companheirismo que o Deus da relação nos chama a viver.

Alcindo Almeida
Pastor na Igreja Presbiteriana de Pirituba

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