quinta-feira, 19 de julho de 2007

Uma grande amizade

Somente o calor de uma grande amizade é capaz de quebrar o gelo da indiferença e do egoísmo. A amizade é um dos mais belos itens da nossa vida. Vivemos num mundo onde várias questões da vida são questionadas, mas a amizade não. Já dizia Anselm Grün que a amizade não é uma instituição, ela é uma relação voluntária, em que cada um escolhe a seu gosto e bel prazer (GRÜN, Eu lhe desejo um amigo. 2006, p.8).
Sabemos claramente que a amizade necessita de tempo, calma e muita sensibilidade para se desenvolver. Ninguém constrói uma amizade sem investir tempo. Ninguém começa a ter confiança numa pessoa sem conhecimento e convivência mútua. Não é por acaso que Platão afirmou de maneira profunda: “Deus faz os amigos; Deus traz os amigos para os amigos. Na amizade cintila um pouco do mistério de Deus” (GRÜN, Eu lhe desejo um amigo. 2006, p. 14).
Precisamos entender que não podemos fabricar os amigos, eles são um grande presente de Deus para o nosso coração a fim de termos direção e foco na vida. Os amigos que Deus coloca em nossa vida são os instrumentos para que voltemos para o foco que é Deus.
Anselm Grün citando Túlio Cícero diz que a amizade é como o sol que ilumina a vida dos seres humanos. A amizade ilumina o nosso ser para que vivamos na presença de Deus de maneira sadia. A amizade de um amigo nos fortalece e nos ajuda enfrentar os conflitos mais profundos da nossa alma.
A amizade é para o sofrimento, para a alegria, para o tempo de dor e de prazer. A amizade é para nos identificar como seres humanos criados a imagem de Deus. A amizade é para desfrutarmos da alegria de viver. Como disse Agostinho: “Sem amigos nada é agradável na vida”.
Nesta semana celebramos o dia da amizade, então, que através das amizades descubramos mais sobre o significado do amor de Deus por nós por meio do seu próprio Filho: Jesus Cristo.
Alcindo Almeida
Pastor na Igreja Presbiteriana de Pirituba

quarta-feira, 18 de julho de 2007

O Pai cuida sempre da nossa vida


- Texto da reflexão: O Senhor vosso Deus, que vai adiante de vós, ele pelejará por vós, conforme tudo o que tem feito por vós diante dos vossos olhos, no Egito, como também no deserto, onde vistes como o Senhor vosso Deus vos levou, como um homem leva seu filho, por todo o caminho que andastes, até chegardes a este lugar. Mas nem ainda assim confiastes no Senhor vosso Deus, que ia adiante de vós no caminho, de noite no fogo e de dia na nuvem, para vos achar o lugar onde devíeis acampar, e para vos mostrar o caminho por onde havíeis de andar (Dt. 1.30-33).

O sofrimento que todos nós suportamos requer, certamente, mais do que simples palavras, mesmo palavras espirituais. Frases eloqüentes não podem aliviar nossa dor profunda, mas sempre encontramos algo especial que nos conduz através dos sofrimentos.
Ouvimos um convite para deixar que nosso lamento se transforme numa fonte de cura, que nossa tristeza se torne uma passagem da dor à dança. Quem Jesus declarou que seria bem-aventurado? Aqueles que choram (Mateus 5.4). Aprendemos a olhar nossas perdas de frente, e não a fugir delas. Ao aceitar sem repulsa as dores da vida, poderemos encontrar o inesperado.
[1] Ao convidar Deus para participar de nossas dificuldades, fundamentaremos nossa vida – até mesmo seus momentos tristes – em alegria e esperança. Ao parar de querer nos apossar da vida, receberemos mais até do que conseguimos agarrar por nós mesmos.
É exatamente no meio do sofrimento que percebemos que existe um Pai eterno que cuida de nós e nos orienta em todo o nosso caminhar. O texto de Dt. afirma que o Senhor nosso Deus, vai adiante de nós, ele peleja por nós. Ele fez isto com o povo no Egito, no deserto onde o povo viu como ele o levou. E o exemplo citado é de um homem que leva o seu filho por todo o caminho que anda, até chegar no lugar prometido.
Deus fez isto num processo em que o povo passou com, alegrias e tristezas. Mas, apesar de todo o cuidado de Deus na vida deste povo, o texto diz que mesmo assim ele não confiou no Senhor Deus. Mesmo ele indo adiante do povo no caminho, de noite no fogo e de dia na nuvem. Mesmo ele providenciando o lugar onde deveria acampar e mesmo mostrando o caminho por onde haveria de andar. O povo ainda assim foi rebelde diante do Senhor.
Saibamos desta verdade no coração, Deus não nos abandona nunca, ele dirige, ele controla, ele cuida, ele ampara, ele mostra o caminho a nós, ele nos ampara no meio das angústias e tribulações da vida. Ele nos sustenta no meio do sofrimento nos dando do seu consolo e conforto para enfrentarmos tudo.
Deus vai adiante de nós nas jornadas da vida. Isto traz uma tranquilidade sem medida para o nosso coração. Moisés transmite esta certeza no coração do povo, embora fosse um povo rebelde, Deus é tão gracioso que usa o seu servo para consolá-lo de maneira extraordinária.
Não nos preocupemos diante da luta diária da nossa vida porque o Senhor cuida de cada detalhe da nossa vida!

[1] NOUWEN, Henri. Transforma meu pranto em dança. São Paulo: Textus, 2002, p. xv.

domingo, 15 de julho de 2007

Dedicando a vida a Jesus Cristo

- Texto para reflexão: Assim, meus caríssimos, vós que sempre fostes obedientes, trabalhai na vossa salvação com temor e tremor, não só como quando eu estava entre vós, mas muito mais agora na minha ausência - Bíblia de Jerusalém - (Filipenses 2.13).

Este é um passo fundamental para quem quer ter uma vida de fé e obediência diante de Deus. Quando nos tornamos cristãos o Espírito Santo entra em nós e nos capacita para viver de uma maneira que Cristo reflita em nós. O Espírito nos ajuda a fazer a vontade de Deus em nosso coração. Viver é muito perigoso, já dizia Guimarães Rosa. Viver é na presença de Jesus imitando o seu caráter é um grande desa­fio e um pergio enorme porque é viver na contra mão. É encontrar os olhos de Deus no mais profundo de nossa consciência e ter a certeza de que não desperdiçamos o maravilhoso presente chamado vida na presença dele. Uma pergunta que fica para nós é: quantos almeijam deixar no solo da história as pegadas do Evangelho de Jesus Cristo na vida? Se queremos deixar marcas como Paulo deixou é imprescindível dedicar a vida diante de Jesus Cristo. Você me pergunta de novo? Como dedicar a vida a Jesus?

1. Fugindo do pecado: sabemos que pecado é qualquer pensamento ou palavra que contraria a vontade e querer de Deus em nossa vida. O pecado sempre inibirá o nosso crescimento diante de Deus. A nossa vida espiritual será sempre um verdadeiro fracasso se o pecado dominar a nossa caminhada na vida. A salvação se desenvolve com temor, fé obediência e tremor diante do Deus santo e reto. Quando pecamos negamos a nossa fé, somos desobedientes e demonstramos que não temos reverência e temor de Deus. Logo não há nenhuma dedicação da vida a Jesus Cristo. Quando eu minto para minha família estou em pecado. Quando odeio alguém estou pecando e não reflito no temor de Deus. Quando tenho relações sexuais com minha namorada antes do casamento estou defraudando a sua moral e sendo um hipócrita diante daquele que me ensina a ser santo em todos os detalhes.

2. Honrando o nome de cristão: honrar a Cristo é ser como Paulo que dedicava tanto sua vida a Cristo que dizia que ele trazia no seu corpo as marcas de Cristo. Honramos a Cristo quando o nosso caráter reflete minimamente a pessoa dele. Seremos capazes de realizar o sentido de cada momento da vida, quando cada momento de nossa vida for vivido em harmonia com Deus, o fundamento pessoal de todas as coisas. Precisamos saber que Jesus Cristo é o modelo de vivência integrada em Deus, e por isso a imitação de Cristo é o caminho para a harmonia com Deus. Harmonia com Deus é honrá-lo em tudo que somos e fazemos.

Alcindo Almeida
É pastor na Igreja Presbiteriana de Pirituba em São Paulo desde 1999.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Em Cristo Deus nos torna seres relacionais e não seres isolados na vida

Salomão afirma em Eclesiastes 4.9: É melhor haver dois do que um, porque duas pessoas trabalhando juntas podem ganhar muito mais.
Surge uma pergunta para o nosso coração: o que significa a encarnação de Jesus?
É o caminho da descendente em que Deus vem aqui para se tornar humano como nós. E uma vez entre nós desceu ao desamparo total dos condenados à morte. Cada fibra do nosso ser é resgatada com a encarnação de Jesus aqui na terra (NOUWEN, Henri. Cartas para Marc. São Paulo: Loyola, 1999, p. 39). Antes o homem era um indivíduo egoísta e fechado em si mesmo. O homem não tinha referencial de pessoalidade integral. Ele era movido por uma essência de puro individualismo. Daí Deus envia o seu próprio Filho para nos ensinar o que significa ser pessoa. Ser pessoa significa ter o outro ao nosso lado, significa construir como reflexo da própria Trindade um caminho do companheirismo, no qual os seres humanos podem alcançar uma vida de comunhão e celebrá-la na presença do criador com alegria e regozijo no coração.
A proposta de Salomão é a da cruz de Jesus. Ele não viu a cruz, mas ele já entendia o significado dela. A proposta da cruz é: É melhor haver dois do que um.
A solidão é estancada quando vem a cruz de Jesus porque nela ele reúne um povo para ser pessoal e amoroso. Um povo para não andar só e sim ao lado do outro. A cruz nos convida para a relação a dois, a três. A cruz nos conduz para esse caminho que nos faz somar juntos, nos faz andar na conquista do outro. Esse é o ideal de Deus para nós quando nos casamos. Sermos um na unidade e no relacionamento. Esse é o ideal de Deus na vida da igreja porque essa prática destrói a inveja, a disputa. Porque a luta é para dois e não para um só. Na vida relacional o lucro é para dois e não para o individualismo carrasco que traz tristeza. Na vida relacional é necessária a idéia de ajuda mútua porque sozinho o homem pode falhar, mas com o outro a possibilidade de vitória é maior, a possibilidade do sucesso é muito mais marcante do que só.
O individualismo traz um sucesso solitário enquanto que o relacionamento na comunidade traz alegria e ações de graças diante do criador. A cruz de Cristo é o grande elo para percebermos que é melhor sermos dois do que um. Cristo nos mantém unidos e nos faz voltar para a centralidade para a qual fomos criados: seres pessoais, seres relacionais. É melhor serem dois na vida da IPP do que um. Os irmãos não trabalham para uma causa chamada de individualismo. Trabalham por uma causa chamada de Reino e Reino é sempre relacional.
Temos na nossa comunidade uma Associação Beneficente chamada de: Betsaida. Entendemos que a existência dela é para dois e não para um. O trabalho missionário da nossa comunidade (Grupo de Apoio Missionário - GAM) é para dois e não para um. Saibamos dessa realidade para pensarmos nos projetos de Deus para a vida comunitária. Não vivamos sozinhos na vida, mas na perspectiva da cruz que abraça, que ajunta e que faz ter mais de um. É vida de companheirismo que o Deus da relação nos chama a viver.

Alcindo Almeida
Pastor na Igreja Presbiteriana de Pirituba