sábado, 29 de dezembro de 2007

Tenhamos uma espiritualidade viva





Espiritualidade viva é mais que viver física, intelectual ou emocionalmente. Espiritualidade viva envolve todo o processo de depender exclusivamente de Deus (NOUWEN, Cartas a Marc sobre Jesus. São Paulo: Loyola, 1999, p. 11).
É esta espiritualidade viva que tem faltado em nossa vida para entendermos o centro da nossa humanidade diante do criador. Esta espiritualidade viva tem todo o propósito e direção para a vida. Essa espiritualidade viva tem a ver com o coração da existência. É um coração que entende os sentimentos com a direção de Deus. Um coração que anda em função do tempo de Deus. E a verdade é que não temos vivido essa espiritualidade como centro em nossa vida e, por isso, não entendemos as vezes, a realidade do Reino de Deus.
Vivemos no tempo chamado “agora”. O tempo do controle remoto que quer as coisas para já e nunca para amanhã. Vivemos no tempo em que criamos instituições cristãs absolutamente tecnológicas e não vivas pela fé.
O tempo humano nos torna sul real. Então precisamos voltar para a nossa humanidade e ver que corre sangue em nossa veia e que o Deus a quem servimos é o doador desse sangue. Quanto mais frenéticos e agitados pelo tempo agora, mais nos distanciamos da realidade da espiritualidade do coração. Quanto mais tecnológicos, menos espirituais somos.
É preciso ter uma espiritualidade viva que contempla Deus e suas obras. Quando olhamos para a vida de Moisés vemos que a marca fundamental da vida dele era sua intimidade com Deus. O texto o descreve como alguém que falava com Deus face a face (Ex 33.11). Foi exatamente esta marca que fez de Moisés um profeta singular e alguém cuja espiritualidade era absolutamente viva e profunda.
Que Deus nos ajude a entender essa realidade espiritual em nome de Jesus.

Alcindo Almeida

Lançamento do Livro: "Conselhos para uma vida sábia"

Quero convidá-los juntamente com suas famílias para o lançamento do novo livro que escrevi.
Será na IP Pirituba nos dias 14 e 15 de março de 2008.
Na sexta-feira dia 14.03 será às 20:00 horas e teremos a pregação pelo Pr. Hernandes Dias Lopes e a participação de Ane e Josias (Banda Ágape).
No sábado dia 15.03 será às 19:00 horas e teremos a pregação pelo Pr. Nelson Taibo e a participação de Ane e Josias (Banda Ágape).
Não deixe de participar deste tempo precioso e agende estas datas agora.
Um abraço e até lá se o Pai permitir...

IGREJA PRESBITERIANA DE PIRITUBAR.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Diga não para a imoralidade


- Texto da reflexão: Porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se estultos, e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si; pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém. Pelo que Deus os entregou a paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza; semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro (Rom. 1.21-27).

Aprendemos na Bíblia que o servo de Deus apóstolo Paulo não se envergonhava do Evangelho, pois o Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê. Só que o problema hoje é se o Evangelho não se envergonha da decadência moral que vivemos. E a Bíblia é clara quando fala que os homens tendo conhecido a Deus não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Como Paulo afirma, mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível. Então, Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si. O homem começa adorar e servir à criatura antes que ao Criador. E o texto diz que Deus o entregou a paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza e semelhantemente, os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros. Homem com homem cometendo erros.
Paulo chama isto de pecado, de rebelião contra Deus. É exatamente o que temos visto nas novelas globais, a podridão da sociedade, o homem deixando o uso natural para o qual foi criado e se entregando à forma errada. E a mulher do mesmo modo. Se não voltarmos para os ensinamentos da Bíblia, teremos uma sociedade perdendo a sua vocação. Que é homem ser homem e mulher ser mulher. Como será a formação dos nossos filhos vendo homem beijando homem e mulher ficando com mulher?
Não podemos nos conformar com esta forma de pecaminosidade. Temos que falar abertamente que isto é pecado e fere os princípios morais e espirituais de uma sociedade. A Bíblia ensina que o homem foi criado para exercer as suas funções de homem e não de homossexualismo como a Globo estimula. A mulher foi criada para exercer a sua forma feminina e não para viver com outra mulher.
Em nome da coerência, da moral e dos princípios éticos para a vida humana, digamos não para estes ensinos deturpados da televisão brasileira e nos voltemos para os ensinos da Palavra de Deus. Nós fomos criados para exercer o papel de homens e mulheres que refletem a imagem do criador dos céus e da terra.

Pr. Alcindo Almeida

Descendo as próprias profundezas da alma



- Texto reflexão: Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor! De modo que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado (Rom. 7.24-25).

Jesus coloca a unidade com o Pai como modelo para nossa experiência de unidade. E para isto ele tem que descer para experimentar todas as limitações humanas. Ele tem que abrir mão da sua própria glória, ele tem que se esvaziar completamente.
A primeira condição para termos esta unidade como membros do corpo de Cristo é descermos as nossas próprias profundezas, as nossas raízes terrenas
[1]. Devemos descer a nossa própria escuridão, ao reino das sombras da nossa alma. E lá veremos tudo o que não queremos aceitar em nós. Veremos que há uma luta entre a carne e o Espírito. Veremos que há maldade no nosso interior, veremos o quanto carecemos de uma graça celestial para nos moldar a fim de praticarmos mais o bem.
Agostinho dizia que Jesus é a escada que interliga o céu e a terra em nosso coração. Esta escada é que nos conduz para descermos à nossa própria realidade da alma, do coração.
Jesus com a sua graça nos mostra claramente a nossa fraqueza, a nossa fragmentação enquanto ser humano. Jesus nos mostra com sua graça que só subiremos até o Pai quando tivermos descido à própria realidade da nossa alma. Só poderemos subir ao Pai quando na relação com Jesus percebermos todos os abismos da nossa alma. Quando percebermos que a graça e misericórdia divinas precisam atuar dentro de nós, quebrando, restaurando, limpando e moldando o nosso caráter para que o relacionamento com o Pai seja verdadeiro.
Através de Jesus de Nazaré, temos a possibilidade de descer a nossa própria profundeza da alma e ver que não há nada de bom em nós. Não há nada de extraordinário em nós para o Pai nos amar. Só a graça dele é que nos torna amados dele. Daí, ele nos tira dos nossos próprios abismos da alma e nos leva até o Pai para que o nosso pecado, a nossa falha, o nosso erro, todos os dilemas e conflitos sejam resolvidos para a glória dele.
O convite da Palavra de Deus é que desçamos as nossas próprias profundezas e percebamos o quanto necessitamos da graça do eterno Deus.

[1] GRUN, Anselm. O ser fragmentado. Rio de Janeiro: Vozes, 2004, p. 76.

Só vasos de barro são usados pelo tesouro que é Cristo


- Texto para reflexão: Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós (II Cor. 4.7).

O que é um vaso de barro? É um instrumento vazio de barro, frágil. Ele não é como ferro, metal ou bronze. O barro se espatifa á toa. Basta cair da mão do oleiro e pronto. O barro ainda cru é inconsistente a pressões. Ele não tem história que o sustente como objeto. O barro não tem valor e não é objeto de desejo nem de disputas. Não há guerras entre nações do mundo por causa do barro. Por causa do ouro sim, petróleo sim, mas barro não é raridade. Só o oleiro pode agregar valor ao barro. Fazendo do barro um vaso, algo de valor. O barro não tem vontade própria. O barro precisa de um acontecimento (chuva, deslizamento), para sair do anonimato (barranco). Se alguém não tira do barranco o barro continuará sendo barro pra sempre. Precisamos aprender que na nossa vida espiritual Deus valoriza mais o tesouro da sua graça do que os meros barros que somos, do que aquilo que queremos fazer para ele.
E a verdade é que o Evangelho da graça de Deus tem se tornado antipático por causa da inversão de valores. Temos perdido a real visão de quem somos no Reino de Deus, apenas vasos frágeis de barro. Só que o problema é que temos tentado ser vasos de porcelana e não vasos de barro. A grande verdade é que nos preocupamos com os vasos de porcelana e não com o tesouro do Reino de Deus. Temos nos tornado narcisistas em potencial (estamos envolvidos com a burocracia e com eloqüência da nossa existência) e isso tem comprometido a beleza da Evangelização do nosso povo brasileiro. O que é um narcisista?
É aquele que valoriza somente a si mesmo, é alguém se louva a si mesmo. Alguém que se endeusa e faz uma veneração de si mesmo. Narcisismo descreve a característica de personalidade de paixão por si mesmo. A palavra é derivada da Mitologia Grega. Narciso era um jovem e belo rapaz que rejeitou a ninfa Eco, que desesperadamente o desejava. Como punição foi amaldiçoado de forma a se apaixonar incontrolavelmente por sua própria imagem refletida na água. Incapaz de levar a termos sua paixão, Narciso se suicidou por afogamento[1][1]. Freud acreditava que algum nível de narcisismo constitui uma parte de todos desde o nascimento. Andrew Morrison afirma que, em adultos, um nível razoável de narcisismo saudável permite que um indivíduo equilibre a percepção de suas necessidades em relação às de outrem. Pois bem, aqueles que são vasos de porcelana são verdadeiros narcisistas. E os tais não têm espaço no Reino de Deus, pois, no Reino de Deus só há espaço para vasos de barros e vasos de barros jamais visam à glória própria. Porque o texto afirma que o tesouro é mais importante do que os vasos de barro. Portanto, as nossas falhas nascem da preocupação com os vasos de porcelana e não com o tesouro do Reino. Por isso, o que Glenio Fonseca afirma é algo para pensarmos de maneira séria:

“Está se tornando cada vez mais óbvio que o maior perigo para a humanidade não é a fome, nem o câncer, mas o próprio homem. Se Deus não salvar o homem do seu egoísmo teomaníaco, ele destruirá a terra e a humanidade” (PARANAGUÁ, 2001, p. 29).

O tesouro, as boas novas, a graça, a cura, a libertação, o coração, o perdão, tudo isso era a preocupação maior do apóstolo Paulo. Igualmente a Cristo Paulo se importava com a verdade, com a vida, com o encontro com o Deus majestoso que operava na vida dele apenas como vaso de barro, vasos de barro que era de Cristo. A grande verdade é que igreja está constituída de vasos de porcelana, por isso, é mais fácil dizer que é um alcoólatra lá fora, do que dentro daquilo que chamam de igreja. É mais fácil assumir a falha na fidelidade à esposa lá fora, do que lá dentro da igreja que tem vários vasos inquebráveis e verdadeiros santos de pedestal. Pessoas que se acham as mais santas do mundo.
Para Paulo a importância era a visibilidade da glória de Cristo e ele ser um vaso de barro. Paulo sempre reconheceu a sua vida como um vaso de barro para a glória de Cristo. Portanto, a mensagem que anunciamos não pode ser jamais sobre nós, e sim, sempre sobre Deus. Devemos anunciar aquilo que Deus faz, não nós. Devemos anunciar que somos os vasos de barro como foi pregado e ensinado pelo profeta Jeremias.
Precisamos aprender que no Reino de Deus somos apenas vasos de barro que devem servir no Reino para a glória do Pai, do Filho e do Espírito Santo! Ao barro não tem opção a não ser se render à vontade soberana do oleiro. Se não reconhecermos nossa fragilidade e nos quebrarmos na presença do Senhor, passamos a buscar uma glória tão somente humana e jamais a divina.

Alcindo Almeida
IGREJA PRESBITERIANA DE PIRITUBA
[2][1] Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Narcisismo”.
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia e Teologia e Filosofia. São Paulo: CANDEIA, Vol. II, 1995.
SCHAEFFER,Francis. A Morte da Razão. São Paulo: ABU, 1993.
PARANAGUÁ, Glenio Fonseca. Vaso nas mãos do oleiro. Paraná: Ide, 2001.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Sejamos pessoas simples e que reconhecem as limitações



- Texto para reflexão: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar" (II Cron. 7.14).

Há uma pessoa que marca a história humana. Esse homem é real e não é mentira. O nome dele é Frank Laubach. Ele viveu 85 anos e morreu no dia 11 de junho de 1970. Ele viveu um cristianismo como jamais vimos. Foi um dos cristãos que mais viajou e ficou conhecido em quase todos os lugares da terra. Inúmeras honras foram concedidas a ele. Escreveu mais de 50 livros que tiveram influência de escola mundial. Mas, quando ele recebeu o prêmio de homem do ano, as suas humildes palavras foram: O Senhor não quer contar os meus troféus, mas minhas cicatrizes no Reino dele” (LAUBACH, 2004, p. 18).
Quando Deus convida o povo de Israel ele espera essa humildade, esse reconhecimento das limitações e impotência do seu povo em seguir a jornada sozinho. Deus nos convida hoje para cuidarmos do seu jardim reconhecendo a nossa limitação e impotência. Como precisamos nos humilhar na presença dele como fazia Davi. Davi dizia: Ainda que o Senhor é excelso, contudo atenta para o humilde; mas ao soberbo, conhece-o de longe (Salmo 138.6). Salomão dizia: Ele escarnece dos escarnecedores, mas dá graça aos humildes (Pv. 3. 34). A soberba do homem o abaterá; mas o humilde de espírito obterá honra humildes (Pv. 29. 23).
Como precisamos de humildade no cuidado do jardim de Deus. Somos limitados e não conseguimos cuidar do imenso jardim de Deus. Sejamos francos diante da nossa prepotência. Como presbiterianos nos achamos os mais sábios na Palavra, os mais preparados para a pregação. Só que os pentecostais mesmo com pouco preparo fazem muito no jardim de Deus. Os Batistas e assembleianos fazem muito no cuidado do jardim de Deus.
Queremos cuidar do jardim de Deus? Sejamos simples e reconheçamos que não conseguimos sozinhos. É a idéia de um ajudando ao outro. É como a experiência de um amigo que recebeu a notícia na primeira quinta-feira de julho que não podia ter filhos. Ele disse para mim que ficou meio chocado com a notícia. Mas, foi para a presença de Deus e disse para sua esposa: "Quem dá a última palavra é Deus". No dia seguinte, sexta-feira de manhã, indo para o trabalho ouvia o cântico: Deus de promessas mais de 10 vezes e ia falando com o Pai e dando graças e dizendo que queria estar no centro da vontade dele. E ele disse que o cântico lhe dava uma esperança no coração. Quando foi na sexta-feira à tarde a Adriana foi fazer um exame e para a surpresa dele e do médico ela estava grávida. Ela ligou de tarde chorando e ele já estava saindo para pegá-la no hospital. Quando ela lhe falou o que estava grávida ele disparou a rir e sozinho no carro ouvindo sem parar o cântico agradeceu a Deus e se prostrou diante dele e reconheceu que Deus está no controle da vida!
Precisamos produzir, ganhar dinheiro, correr com a vida, mas nada adianta se não termos a consciência de que sem Deus, sem sua ajuda, sem sua ação nada seremos, nada produziremos no jardim dele. Trabalhamos no jardim, mas na verdade Deus trabalha em nós para que demos frutos. Corremos, mas na verdade ele que cuida de todos os detalhes da nossa vida. O jardim não é nosso. Espiritualmente só precisamos reconhece a nossa limitação e necessidade de Deus. As palavras de Davi reconhecendo sua limitação diante de Deus no Salmo 69.14 foram: “Tira-me do lamaçal, e não me deixes afundar; seja eu salvo dos meus inimigos, e das profundezas das águas”.

Pr. Alcindo Almeida
Pastor da Igreja Presbiteriana de Pirituba
- MULDER, Chester, Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, Vol. 2, 2005.
- LAUBACH, Frank. Praticando a presença de Deus. Rio de Janeiro, 2004.

Esperemos somente no Pai Celestial


-Texto para reflexão: “Somente em Deus espera silenciosa a minha alma; dele vem a minha salvação. Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é ele a minha fortaleza; não serei grandemente abalado. Até quando acometereis um homem, todos vós, para o derrubardes, como a um muro pendido, uma cerca prestes a cair? Eles somente consultam como derrubá-lo da sua alta posição; deleitam-se em mentiras; com a boca bendizem, mas no íntimo maldizem. Ó minha alma, espera silenciosa somente em Deus, porque dele vem a minha esperança. Só ele é a minha rocha e a minha salvação; é a minha fortaleza; não serei abalado. Em Deus está a minha salvação e a minha glória; Deus é o meu forte rochedo e o meu refúgio. Confiai nele, ó povo, em todo o tempo; derramai perante ele o vosso coração; Deus é o nosso refúgio. Certamente que os filhos de Adão são vaidade, e os filhos dos homens são desilusão; postos na balança subiriam; todos juntos são mais leves do que um sopro. Não confieis na opressão, nem vos vanglorieis na rapina; se as vossas riquezas aumentarem, não ponhais nelas o coração. Uma vez falou Deus, duas vezes tenho ouvido isto: que o poder pertence a Deus. A ti também, Senhor, pertence à benignidade; pois retribuis a cada um segundo a sua obra” (Salmo 62.1-12).

Este Salmo trata da afirmação não nossa e sim de Deus. Ele apresenta a transição entre a afirmação do ego e a participação na afirmação de Deus. A oração de Davi ele percebe que apesar de tudo, apesar dos homens, apesar das decepções da vida, ele tem a sua alma esperando em silêncio diante de Deus.
Davi sabe que Deus está agindo em seu favor por isso ele afirma que somente em Deus espera silenciosa a sua alma. Ele sabe que é dele que vem a sua salvação. Ele sabe muito bem que só ele é a sua rocha e a sua salvação. Ele sabe que só Deus é a sua fortaleza e não será grandemente abalado.
Davi nos ensina neste Salmo que a oração é exclusiva e centralizadora. Não dá para orarmos com um olho em Deus e outro nas oportunidades terrenas. A oração proposta por Davi é de ter um único foco: somente Deus (PETERSON, Onde o seu tesouro está. Rio de Janeiro: Textus, 2004. p. 103).
Davi espera somente em Deus. Alguém que é maior que ele. Alguém em quem ele confia, espera e é essencial para ele.
Davi espera silenciosamente no Deus da sua vida porque ele sabe que de Deus vem a sua salvação, sua rocha e sua fortaleza. Ele tem também a plena convicção que não será grandemente abalado.
O silêncio de Davi é uma evidência de que não há mais nada a dizer diante de Deus, é só esperar pela ação divina. Significa que Davi espera pela palavra de Deus no seu coração. Ele espera em silêncio o guiar de Deus na Lei dele. Ele sabe muito bem que o silêncio é o pré-requisito para ouvir Deus. Ele sabe que a sua linguagem se renovará no silêncio diante de Deus. Ele sabe que no silêncio a Palavra de Deus trará sentido a sua existência humana.
O silêncio de Davi o faz crer na soberania de Deus e nas suas promessas de consolo e alívio diante das angústias da alma (CALVINO, 570).
Davi trata de um triângulo em que nos estabelecemos na vida: estabilidade, integridade e vigor. Ele diz que Deus é nossa rocha, torre forte e salvação. E por isso, nunca seremos abalados. Percebemos o significado do nosso ser quando identificamos essa segurança total em Deus.
E Davi continua o Salmo perguntando para os homens até quando acometerão um homem, todos que intentam para o derrubar como a um muro pendido, uma cerca preste a cair. Os homens maus consultam como derrubá-lo da sua alta posição. Estes maldosos se deleitam em mentiras, com a boca bendizem, mas no íntimo maldizem.
Davi mostra o quanto o ego procura excitação, divertimento e recompensa. Os homens querem ser egoístas e destruir os outros. O malefício toma conta do coração humano e Davi questiona isso mostrando a ilusão do mundo que sempre está tentando nos encaixar na sua visão. Ele mostra que tudo é mentira e volta a dizer em quem está o seu verdadeiro sentido.
Ele afirma novamente que a sua alma espera silenciosa somente em Deus porque dele vem a sua esperança. Só ele é a sua rocha, salvação e fortaleza. Ele insiste em dizer pela segunda vez que não será abalado.
E Davi pede para o seu povo: Confiai nele, ó povo, em todo o tempo e derramai perante ele o vosso coração, Deus é o nosso refúgio.
Ele mostra no texto que só somos autênticos quando nos entregamos ao relacionamento de confiança em Deus. E ele traz a verdadeira realidade sobre os homens. Ele diz que certamente que os filhos de Adão são vaidade e os filhos dos homens são desilusão. Ele diz que os mesmos postos na balança subiriam. E afirma que todos juntos são mais leves do que um sopro. Todos são herdeiros da corrupção de nosso primeiro pai. Eles sem Deus só agem de maneira corrupta e com interesses maldosos.
Davi pede ao seu povo para que não confie na opressão e nem se vanglorie na rapina. Ele diz que se as riquezas aumentarem é para o seu povo não colocar o coração nelas. E ele dá a dica: Uma vez falou Deus, duas vezes tenho ouvido isto: que o poder pertence a Deus. A ti também, Senhor, pertence à benignidade; pois retribuis a cada um segundo a sua obra.
Isto confundi e frustra aos competidores. Davi nos conclama para tomar cuidado com o que temos. As riquezas, os carros, as posses não são maiores do que o nosso Deus. É a oração do vers. 1 que nos manterá engrenados em Deus e nos privará da loucura de acharmos que sem Deus podemos caminhar. Davi é claro e profundo na sua argumentação: Uma vez falou Deus, duas vezes tenho ouvido isto: que o poder pertence a Deus.
De fato, este Salmo é um ataque profundo à necessidade de auto-afirmação e da necessidade de nos vangloriar achando que somos capazes de tudo sozinhos. A frase sempre ecoa no nosso coração: o poder pertence a Deus.
É com o coração silencioso diante do criador que percebemos a sua grandeza e o quanto ele é o grande Deus da nossa vida!

Alcindo Almeida
Pastor na Igreja Presbiteriana de Pirituba

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Você está motivado para 2008?


Neste ano de 2007 houve muitas crises e lutas. Muitos de nós tivemos medo quando fomos expostos a várias situações. Alguns foram alvos de cobranças por resultados, levaram broncas por não ter atingido as metas. No trabalho alguns tiveram a exigência de trabalhar mais horas. Pois bem, o grande desafio é ver essa pressão nossa de cada dia como um incentivo positivo à criatividade, não deixando que ela nos roube a qualidade de vida espiritual em 2008. Às vezes, isso parece impossível, mas não podemos deixar que as pressões funcionem como constantes ameaças que paralisam e geram medo e um sentimento de inutilidade e impotência em nós.
A Bíblia tem uma porção profunda de motivação para o nosso coração mesmo no meio das nossas lutas e crises. Aliás, o nosso tema para 2008 é bem por aí: “Buscando refrigério e renovação na presença de Deus”. Ele é baseado em Neemias 6.9b. O texto nos fala da motivação que vem de Deus. Neemias pede isto para Deus. Ele pede o fortalecimento para a obra e desta maneira, ele não desanima, ele vai em frente diante da batalha pela conquista dos ideais de reconstruir os muros de Jerusalém.
Algo precioso para nos motivar em 2008 é que Deus está ao nosso lado como esteve com o povo na luta para reconstruir os muros de Jerusalém. Agora, como podemos nos motivar?

· Dando ênfase para as prioridades na vida: Uma prioridade na vida deve ser as pessoas, o Reino de Deus e a sua Palavra que nos fala ao coração e nos traz anelo e segurança para a vida;
· Fazendo uma lista, uma agenda de oração diária na vida: algo que necessitamos é de oração. Oramos pouco e por isso, temos menos comunhão com Deus. A oração produz motivação e renovação no coração. Lembrem-se que a oração é um dos itens mais importantes para uma vida de coragem e firmeza na presença de Deus.

Quando somos homens e mulheres motivados diante de Deus temos forças para continuar e sonhar com um ano cheio de sonhos e metas mediante a graça de Deus.
Quando estamos motivados encontramos a melhor solução que pode até mesmo nos surpreender na vida. Quando estamos motivados olhamos consistentemente o medo e enfrentamos as demandas dele não por nós, mas pela graça de Deus.
Estas duas palavras: Motivação e Renovação são algo que precisamos almejar para 2008.
Que o eterno Deus nos ajude a ter motivação e renovação!

Pr. Alcindo Almeida

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O Natal de uma mulher piedosa

Texto para reflexão: Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era já avançada em idade, tendo vivido com o marido sete anos desde a sua virgindade e era viúva, de quase oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações. Chegando ela na mesma hora, deu graças a Deus, e falou a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém (Lucas 2.36-38).


Os meios de comunicação tornaram a comemoração do nascimento de Cristo num mercado que privilegia os ricos, oprime os da classe média e exclui os pobres. A festa de Natal tem o seu ápice nas festas e no exagero das compras. Na hora da “Ceia Natalina”, Jesus não é nem citado, mas perto da meia noite, o “Papai Noel” é esperado com ansiedade. As crianças ficam na expectativa e os adultos ficam emocionados por verem a alegria das crianças. Alegria essa colocada no materialismo dos produtos comprados.
Só que quando olhamos para esta senhora chamada Ana, percebemos que, mesmo vivendo numa época de caos espiritual, como profetisa, ainda que, avançada na idade (84 anos) e viúva. Ela não deixava o templo, ela adorava noite e dia em jejuns e oração. Deus falava através dela. Ana, cujo significado do nome é graça, vivia exclusivamente na comunhão com Deus. E o versículo 38 afirma que ela deu graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
Interessante que o texto afirma no início: Chegando naquela hora... Qual seria esta hora? A que Simeão cantava e segurava o menino! Ana viu aquela ação profunda de fé no servo de Deus Simeão e o seu coração naquele primeiro Natal foi movido a dar graças a Deus! É como se ela recebesse naquele momento tão pequeno, numa atitude pequena, a recompensa de toda uma vida e poderia dizer: Valeu a pena ter investido a vida desta forma na presença de Deus!
Esta mulher teve um Natal singelo e com o verdadeiro papel dele, que é ver o Jesus de Nazaré, que é perceber quem de fato é o nosso Salvador, Redentor e Senhor absoluto.
Com ela aprendemos que seguir a Jesus vale a pena. Que crer nas promessas de Deus vale a pena. Que ter uma vida de dedicação total a ele, vale a pena.
Tenhamos todos um Natal como Ana teve na presença de Jesus de Nazaré!

Pr. Alcindo Almeida

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

O cuidado de Deus na nossa vida



- Texto para reflexão: O Senhor, Deus do céu, que me tirou da casa de meu pai e de minha terra natal, e que me falou, e jurou, dizendo: À tua descendência darei esta terra, ele enviará o seu anjo, que há de preceder, e tomarás de lá esposa para o meu filho (Gênesis 24.7).

O patriarca Abraão estava idoso e avançado nos anos e o Deus da aliança já havia abençoado demais a ele. Ele tinha visto os milagres extraordinários da parte do Deus de Israel. Ele tinha experimentado de perto a grande graça de Deus na vida. Ele quer continuar sua dependência de Deus e deseja ver a bênção do eterno sobre a vida de seu filho Isaque. Está chegando o tempo de chegar a sua partida da terra, e ele se preocupa com o futuro de Isaque no cumprimento do pacto diante de Deus. Então ele chama o servo da sua casa e num ato de juramento ele pede para Eliézer ir a parentela dele buscar uma esposa para Isaque. E Abraão diz algumas palavras que demonstram o cuidado de Deus na sua vida:

· O Senhor Deus do céu o tirou da casa de seu pai e de sua terra natal: Deus chamou o seu servo para um plano, para uma meta que era mostrar a sua aliança com esse patriarca. E em todos os momentos Deus sustentou Abraão com graça e amor. Deus mesmo tirou e o levou a uma peregrinação rumo à terra prometida – Canaã. Ele não chegou lá, mas experimentou a alegria e graça de caminhar com o eterno nesse plano de Canaã e nisso ele foi abençoado e alcançou bênçãos inefáveis. Deus o tirou da sua terra para mostrar cada dia da vida como é bom depender do cuidado do eterno.

· O Senhor Deus do céu falou e jurou por causa da sua aliança: Abraão aprendeu a caminhar experimentando as palavras de Deus em sua vida. Deus falou para ele sair da sua terra e ele saiu. Deus disse que ele seria pai com 100 anos e ele foi. Deus disse que o protegeria de todos os perigos e o protegeu. Deus disse que ele se tornaria uma nação e ele se tornou. Deus disse que estaria sempre com ele e esteve mesmo. O Deus que falou a Abraão cumpriu tudo por causa da sua aliança profunda com seu servo.

· O Senhor Deus do céu deu a descendência através de Isaque: Isaque foi pai de Jacó e Esaú. Quando continuamos a leitura de Gênesis vemos o grande povo em que se tornou a descendência de Abraão. Vieram Judá, Ruben, Diná, Benjamim, José, Levi, Simeão, Dã e outros. Isso tudo por causa da palavra de promessa do eterno.
O que aprendemos com essas palavras que demonstram o cuidado de Deus?

1. Deus tem um plano a cumprir em nossa vida: Deus usa a vida de Eliézer para cumprir o seu plano na vida da família de Abraão. Deus mostra através do relato de Abraão que ele tem um plano na sua vida, o plano é de cuidar do coração e das emoções de Isaque preparando uma esposa. Ele tem um plano e para isso usa a vida de Eliézer. Assim é na nossa vida. Deus tem um plano a cumprir em nossa vida e para isso ele usa pessoas e fatos. Deus tem um plano precioso na nossa vida e ele cumprirá de maneira extraordinária mesmo que desconfiemos e não acreditemos que ele pode fazer o extraordinário em nós.

2. Deus jamais nos abandona na caminhada: vemos na história de Abraão que Deus jamais o abandonou, jamais o deixou de lado. Sempre Deus falou com Abraão com graça, sempre mostrou o seu cuidado nas promessas para a vida desse homem. Ele vem e fala ao coração de Abraão com respeito ao futuro de Isaque e Deus mostra o cuidado preparando o servo da casa – Eliézer para ir atrás de uma esposa para Isaque. Aprendemos que amigos podem segurar na nossa mão no leito de dor de um familiar, mas precisamos do cuidado de Deus que venceu a sepultura. Conselheiros podem nos consolar na tempestade, mas precisamos de um Deus todo poderoso para acalmar as tempestades da vida
[1]. Deus não nos abandona nunca em nossa caminhada. Essa é a promessa para a vida de Abraão e nessa certeza ele fala com o seu servo sobre a busca da esposa de Isaque. Uma canção que nos ajuda a ver o quanto Deus cuida de nós e jamais nos abandona é:
“Não tenhas sobre ti um só cuidado, qualquer que seja. Pois um, somente um, seria muito para ti. É meu somente meu todo trabalho. E o teu trabalho é descansar em mim. Não temas quando, enfim, tiveres que tomar decisão. Entrega tudo a mim, confia de todo coração”.
Que ele nos dê graça para confiarmos na sua eterna aliança e percebermos o seu cuidado sempre!
[1] LUCADO, Max. Aliviando a bagagem. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.19.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Um coração voltado para a oração e para a Escritura


- Texto para reflexão: Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Jesus Cristo (II Timóteo 2.1).

Quando lemos diversos textos das Sagradas Escrituras, percebemos que o convite de Jesus é para nos envolver com a oração, com um coração voltado para as Escrituras.
O apóstolo Paulo mostra o quanto ele é fraco na presença de Deus. E diz que o que mais se orgulhava era nas suas fraquezas e nas suas limitações. A sua consciência era de que o seu papel deveria ser o de ministro de Cristo. A visibilidade da sua vida era Cristo. O espinho na carne foi para que ele não vivesse em função dele mesmo, e sim, da graça de Cristo. Ele entendeu que era o poder de Deus que atuava, era a graça que atuava, Paulo era apenas servo de Deus. Então passa a se orgulhar na sua própria fraqueza e não no status do seu ministério.
Através da sua fraqueza a glória de Deus se manifestava em Paulo. Exatamente por isso, ele teve a autoridade de exortar o jovem pastor Timóteo com essas palavras verdadeiras e profundas. Ele disse para Timóteo se fortificar nessa graça que vinha da parte de Jesus. A graça que o fortaleceria para que não dependesse dele mesmo. Para que não achasse que as conquistas eram dele e não vindas do Senhor Deus. A graça era a marca para Timóteo perceber quem realiza a obra no seu coração. A graça revelaria a necessidade de oração e da Palavra no coração.
Hoje, ao contrário, nos orgulhamos da nossa competência, dos nossos templos, da nossa organização. Orgulhamos-nos por estar numa plataforma do sucesso e do poder. Temos estruturas bem preparadas e muitas vezes nem precisamos de oração e da Palavra. Os pregadores falam bem, os músicos explodem na adoração, tudo corre bem sem a graça.
As nossas habilidades são para cumprirmos o nosso mandato cultural. Corremos o risco de usar essa capacidade para construir uma Babel, a qual revela a nossa rebeldia em viver no serviço para Deus
[1].
Há caminhos para o glamour, basta olharmos para nós mesmos e para a nossa capacidade. Mas, se queremos o caminho do serviço, da glória de Deus, precisamos nos humilhar como servos da cruz de Jesus de Nazaré. Precisamos voltar o nosso coração para a oração e para a Palavra. Deus nos chama para sermos amantes da oração e da profundidade na Palavra e não para andarmos orgulhosos em busca de status. O chamado de amor é para sofrer por uma causa nobre, o Reino de Deus. E só podemos cultivar de maneira profunda o Reino de Deus através da oração e da Palavra.
Que a graça do eterno caia sobre o nosso coração para orarmos e nos voltar para a Palavra!




[1] I Encontro no Seminário Servo de Cristo-Trabalho pastoral na espiritualidade. Ricardo Barbosa, 02/02/05.

Tenhamos Jesus como ícone da nossa vida


- Texto para reflexão: Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração. E é por Cristo que temos tal confiança em Deus (II Coríntios 3.2-4).

A Palavra mostra que somos guiados pela nossa experiência comum. Como é que pensamos a respeito de Deus vivendo em São Paulo em pleno Século XXI? Essa é uma pergunta muito importante quando pensamos em Deus fazendo sentido no mundo em que vivemos. Porque estamos interessados, é lógico, na coerência e na inteligibilidade da nossa fé no mundo de hoje. E por isso, precisamos de um Deus a quem sirvamos no hospital, no escritório, na escola e em qualquer lugar da nossa vida. Queremos perceber que Deus está vivo em todas essas circunstâncias da nossa vida.
O que precisamos entender é que há uma necessidade da nossa fidelidade ao testemunho bíblico de tal maneira, que não permitimos que as metáforas novas do mundo ocupem no nosso coração. Não podemos dar lugar aos ídolos, ao invés de Deus no centro do nosso coração. Assim, o propósito da linguagem simbólica não é focar no símbolo em si, mas ver que esse símbolo está apontando ou descortinando a pessoa de Deus. Em outras palavras, isso quer dizer que esse símbolo não deveria ser uma imagem. Deveria ser um ícone. Podemos perceber qual é a diferença entre uma imagem e um ícone? Uma imagem absorve e o ícone serve de referencial a aponta para uma realidade que motiva o ser do coração.
No Japão há o maior Buda que existe no mundo. A estatua possui cerca de quarenta e cinco metros de altura. Mas, o interessante é que quando se olha para aquele Buda, ele está tão voltado para si mesmo, que está totalmente ocupado consigo mesmo. E podemos ir por trás do Buda onde existe uma porta e literalmente entrar no ventre do Buda. É como se ele nos sugasse, como se fosse “mãe de todo o mundo”. Essa é a natureza do ídolo. O ídolo é totalmente consumido consigo mesmo e ele só se ocupa de si mesmo. O ídolo entra nas pessoas e as consome, ele entra e faz a pessoa cultuá-lo.
Ao contrário, o ícone aponta para uma realidade que vai além dele mesmo. Paulo diz em Colossenses 3.15 que a paz de Cristo deve ser o ícone em nosso coração. É o “ícone de Deus” porque o caráter de Jesus Cristo como mediador é o que nos guia para o Pai. E a missão do Pai é a de apontar para o Filho. Deus nos aponta o Filho. O texto bíblico do Evangelho de Mateus afirma: “Eis o meu Filho amado, a ele ouvi”. Em outras palavras, a natureza icônica de Deus é uma natureza pela qual um está sempre apontando para o outro. É como se entrássemos numa dança divina na qual um está sempre se referindo ao outro.
Essa é a diferença fundamental entre a natureza icônica de Deus e a natureza idolátrica do ídolo. Por isso, Paulo afirma nesse texto de Colossenses três que somos a carta desse ícone que é Cristo. Esse ícone escreve não em tábuas de pedra, e sim, no nosso coração. É por meio desse ícone que temos total confiança em Deus. Então quando falamos das metáforas de Deus, elas são sempre metáforas icônicas, nunca idolátricas. Elas nunca tomam o lugar de Deus.
A natureza de Deus deve ser icônica sempre. A idéia das Escrituras é sempre um apontando para o outro. O Pai aponta para o Filho e o Filho para o Pai e assim também com o Espírito Santo que sempre aponta para a obra do Filho de Deus.
No Antigo Testamento (A.T.) Moisés fica sabendo que não pode ver Deus, isto é, ele não pode ver Deus de maneira idolátrica, mas, pode ver Deus quando percebe que o próprio Deus é uma manifestação de graça e verdade. Ele vê o Deus que escreve em tábuas de coração e não de pedra.
Essa é uma excelente maneira para começarmos a entender o relacionamento com o nosso Deus. Lembrando que somos cartas do ícone Jesus Cristo. Nele vemos Deus, ou seja, ele é a própria manifestação de graça e verdade. Ele é o ícone da nossa adoração diária porque ele é o primogênito de toda a criação, ele é o cabeça e referencial para toda a nossa vida!
Viver com Jesus como ícone na vida fará toda a diferença para a vida. Tendo-o como ícone nunca daremos vazão aos ídolos da vida que nos atrapalham ver a graça e a verdade de Deus no ícone que é Cristo Jesus!

sábado, 15 de dezembro de 2007

Cuidado com a subjetividade na espiritualidade

- Texto para reflexão: Dispõe-te, resplandece, porque vem a luz, e a glória do Senhor nasce sobre ti (Isaías 60.1).

No começo do século passado houve grandes conceitos que marcaram a história cristã: conversão, vida santa, princípios morais e espirituais, e honestidade. Tudo isso foi incorporado pela cultura subjetiva. Hoje cada indivíduo pode encontrar o seu próprio jeito de expressar a sua fé. Temos aquilo que alguns pensadores têm chamado de: espírito individualista sem nenhum juiz. A verdade é que em nossa igreja brasileira temos verdadeiras crianças espirituais que vivem em função de uma subjetividade enorme.
A realidade nua e crua em nossa história protestante é que as pessoas não buscam mais uma vida santa, e sim, um corpo sarado, elas não buscam o mandamento do amor e sim, fazer sexo. Não buscam uma vida honesta, e sim a relatividade de tudo. É relativo burlar o imposto de renda, é relativo jogar, bater o cartão mesmo sem estar trabalhando, e etc.
A preocupação na vida da igreja não é mais com uma vida na presença do Pai e sim, com o colesterol, com o corpo sarado, com o controle do peso e a busca pelo prazer. Esse é o movimento de massa que temos no meio evangélico. Todo esse subjetivismo forte na vida cristã resultou numa apatia quanto às verdades essenciais da Palavra de Deus. Diante dessa realidade, perdeu-se o consenso espiritual-social. Casar virgem era algo que gerava segurança para todos. Esse consenso envolvia valores morais e espirituais. Temos a ausência destes parâmetros na sociedade cristã. Hoje, cada um carrega a sua própria convicção. Mas, ela não é mais sustentada pelo consenso social.
O conceito de pecado sofreu um profundo abalo. Para as novas gerações isso é um problema sério. Porque a nossa cultura secularizada influenciou a igreja do século XXI. A nossa moral passada não teve um fundamento teológico, o que gerou esse problema profundo na vida cristã.
Vivemos num tempo em que as pessoas não se envolvem mais com os aspectos morais e espirituais. Resultando numa superficialidade enorme. Qual o remédio diante dessa subjetividade prejudicial à saúde espiritual da igreja?
Precisamos seguir as palavras de Isaías em nos dispor e resplandecer a glória do Senhor que nasceu dentro de nós. A glória do Senhor deve refletir em nossa vida, através de atos que glorificam o próprio nome do Senhor. Devemos dizer não para essa forma subjetiva de viver em que tudo pode e que os valores da Palavra de Deus são jogados fora.
Precisamos voltar a derramar lágrimas na alma, a fim de que o Evangelho seja uma marca do nosso próprio coração e assim digamos não para a libertinagem, não para a falsidade, para a desonestidade, para a lascívia, para a prostituição, para o desrespeito pelo próximo, e pela vida de santidade.
Precisamos nos dispor como toda a alma e coração para que a glória do Senhor renasça de novo em nosso viver quando colocamos o nosso coração na presença e no altar do Pai.



sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

O princípio da autonegação no Reino de Deus


- Texto para reflexão: Aquele que quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me (Marcos 8.34).

O pensador e propagador da espiritualidade Ricardo Barbosa diz: “A afirmação só vem com a negação de nós mesmos” (Encontro de espiritualidade no Projeto Timóteo).
Vivemos um paradigma da sociedade secular, que é o ser livre. Para o evangelista Marcos ser livre é um marco da vida cristã. Só que é uma liberdade com o Reino de Deus no coração. Só que vemos cristãos cheios de amarras de uma cultura imposta, uma cultura que quer nos fazer olhar para nós mesmos, para o nosso individualismo.
A liberdade de Cristo era a de se doar, de ser eucarístico, de se entregar para os outros.
Quanto mais eu me dou, quanto mais eu amo, mais sou livre, mais tenho identidade. Mais eu me sinto pessoa. Quanto mais Jesus se entregou, mais ele se sentiu Filho de Deus. A liberdade da Trindade se repousava no outro.
Ele derrama o sangue em favor de nós. Quanto mais nos abandonamos nas mãos do Pai, mais sabemos que somos dele e vivemos para ele. Cristo morre para que tenhamos liberdade de amor. A cruz nos traz à liberdade para amar. Tudo na vida de Jesus convergiu para a cruz. Ele serviu e amou com liberdade.
Amar é um ato livre, eu só amo porque sou livre. O perdão é um ato livre. A alegria e o domínio próprio são expressões da liberdade.
Jesus insiste na necessidade de renúncia, de negação. Nesse processo abandonamos aquilo que é temporário, para ganhar aquilo que é eterno. Precisamos reconhecer aquilo que Deus está fazendo em nós. Às vezes, perdemos de vista a ação de Deus na nossa vida. Algumas coisas ele permite, para que aprendamos a ver a sua graça em nossa vida.
A vontade de Deus não é fazer de nós pessoas perfeitas, mas cumprir o significado da redenção na aliança. Se for preciso o caos para isto acontecer, então acontecerá. Deus nos chama para olharmos para aquilo que muitos não estão vendo, a obra da redenção, a obra da cruz. Deus está fazendo redenção nas pessoas. E quer que andemos em direção da cruz.
O caminho da cruz é o da renúncia de nós mesmos por amor ao Reino de Deus. O caminho no Reino é o da renúncia de nós mesmos, do nosso individualismo, egoísmo. Por isso, Jesus disse: “Aquele que quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.

Alcindo Almeida

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Diante da crise e dor, devemos buscar ao Senhor de todo o coração - I Samuel 1.10-15)


O texto diz no versículo 10: “Levantou-se Ana, e, com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou muito”, (abundantemente).

Que coisa linda, que atitude nobre! Pois, Ana tem um problema que era sério demais na época, ela não podia conceber. Uma mulher na cultura judaica, já tinha sérios problemas. Pois, era marginalizada, o papel de uma mulher na família em Israel, era mais servil no sentido de escrava do que fazer parte da família como um membro de valor precioso. No contexto judaico uma mulher deveria servir aos homens na sala e em seguida voltar para a cozinha que era o seu posto. E lá deveria permanecer até que fosse solicitada (Hoje ainda ocorre isso no Irã e no Iraque).
A mulher era criada para obedecer ao seu pai e depois ao seu marido, isso sem questionar nada. Não tinha o direito de se divorciar, mas o homem tinha toda liberdade para isso. E a mulher poderia ser vendida como escrava também. Ela deveria servir e procriar. Agora, imaginem para Ana, carregar este estigma de não poder ser mãe. E além desta dor, tinha a sua rival Penina que e infernizava todos os dias. Você é estéril, você não pode ser mãe! E de quebra, Elcana dizia: não sou eu melhor do que 10 filhos?
Mesmo diante destas dores, destas tribulações terríveis, Ana levanta-se e vai para o Templo e lá, diz o texto que ela com amargura de alma ora ao Senhor, chora diante do Pai.
É exatamente neste momento de deserto na alma, no momento da dor do nosso coração, que vemos a ação de Deus. Que queremos ir para o altar de Deus. É neste momento de dor, de tribulação que nasce à vontade pela oração e pelo derramar da nossa alma na presença do Pai. Ana tem desejo por Deus, desejo de solução do seu problema no Senhor, por isso, ela vai para a fonte certa, para o lugar certo, ela corre para a presença do Senhor e lá chora, lá abre o seu coração para ele. Ela trabalha a amargura da sua alma.
Vá para a presença do Pai e em oração derrame a sua alma perante ele. Porque lá neste momento de oração você percebe que ele é o único fôlego da sua existência humana.
[1]
Olhe para Ana, veja o que ela faz diante da sua realidade crucial de não poder ser mãe. Diante da terrível ameaça que é Penina. Ela vai criar um espaço no seu coração para o Senhor, que é maior do que qualquer problema, que tem olhos que vêem mais do que os seus e cujas mãos podem curar mais do que as suas.
[2] Ela vê isso e por isso, derrama a sua alma perante o Deus da sua vida.
Faça isto na hora que não há dinheiro para a manutenção da casa, quando a enfermidade bate a nossa porta, quando a filha não entende o pai, quando o garoto está revoltado com sua mãe e vira um rebelde. Vá para os braços do Pai e ali derrame a sua alma perante o Senhor. O texto diz no versículo 15: “Mas Ana respondeu: Não, Senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de espírito; não bebi vinho nem bebida forte, porém derramei a minha alma perante o Senhor”.
[1] Henri Nouwen – O Sofrimento que Cura. São Paulo: Paulinas, 2001, 37.
[2] Henri Nouwen, p. 63.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Um coração voltado para a oração e para a Escritura


- Texto para reflexão: Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Jesus Cristo (II Timóteo 2.1).

Quando lemos diversos textos das Sagradas Escrituras, percebemos que o convite de Jesus é para nos envolver com a oração, com um coração voltado para as Escrituras.
O apóstolo Paulo mostra o quanto ele é fraco na presença de Deus. E diz que o que mais se orgulhava era nas suas fraquezas e nas suas limitações. A sua consciência era de que o seu papel deveria ser o de ministro de Cristo. A visibilidade da sua vida era Cristo. O espinho na carne foi para que ele não vivesse em função dele mesmo, e sim, da graça de Cristo. Ele entendeu que era o poder de Deus que atuava, era a graça que atuava, Paulo era apenas servo de Deus. Então passa a se orgulhar na sua própria fraqueza e não no status do seu ministério.
Através da sua fraqueza a glória de Deus se manifestava em Paulo. Exatamente por isso, ele teve a autoridade de exortar o jovem pastor Timóteo com essas palavras verdadeiras e profundas. Ele disse para Timóteo se fortificar nessa graça que vinha da parte de Jesus. A graça que o fortaleceria para que não dependesse dele mesmo. Para que não achasse que as conquistas eram dele e não vindas do Senhor Deus. A graça era a marca para Timóteo perceber quem realiza a obra no seu coração. A graça revelaria a necessidade de oração e da Palavra no coração.
Hoje, ao contrário, nos orgulhamos da nossa competência, dos nossos templos, da nossa organização. Orgulhamos-nos por estar numa plataforma do sucesso e do poder. Temos estruturas bem preparadas e muitas vezes nem precisamos de oração e da Palavra. Os pregadores falam bem, os músicos explodem na adoração, tudo corre bem sem a graça.
As nossas habilidades são para cumprirmos o nosso mandato cultural. Corremos o risco de usar essa capacidade para construir uma Babel, a qual revela a nossa rebeldia em viver no serviço para Deus
[1].
Há caminhos para o glamour, basta olharmos para nós mesmos e para a nossa capacidade. Mas, se queremos o caminho do serviço, da glória de Deus, precisamos nos humilhar como servos da cruz de Jesus de Nazaré. Precisamos voltar o nosso coração para a oração e para a Palavra. Deus nos chama para sermos amantes da oração e da profundidade na Palavra e não para andarmos orgulhosos em busca de status. O chamado de amor é para sofrer por uma causa nobre, o Reino de Deus. E só podemos cultivar de maneira profunda o Reino de Deus através da oração e da Palavra.
Que a graça do eterno caia sobre o nosso coração para orarmos e nos voltar para a Palavra!

[1] I Encontro no Seminário Servo de Cristo-Trabalho pastoral na espiritualidade. Ricardo Barbosa, 02/02/05.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Ouvindo o nosso Pai diante das agitações da nossa vida


Texto para reflexão: Guarda silêncio e ouve, ó Israel (Deuteronômio 27.9).

James Houston[1] disse as seguintes palavras:

“Em uma sociedade movida pelo sucesso e pela produção onde as credenciais são simplesmente estéticas, é difícil perceber que em vez de nos esconder, elas nos denunciam. Orar tem a ver com silêncio, com aceitação, com esperança, com compaixão” (Encontro da Sepal em 2003).

Na cultura de hoje somos definidos de acordo com as nossas funções na vida – por aquilo que fazemos e pela nossa posição social. E por causa dessa influência má vivemos correndo atrás de posições que façam-nos valer um pouco mais. Porque afinal de contas, se eu for um Universitário, serei bem mais aceito, se eu for um executivo terei espaço em qualquer grupo da sociedade. Daí em busca de todo esse “status” até nós os cristãos em Cristo Jesus somos envolvidos sempre.
Passamos a correr tanto em função dessas coisas, que não criamos mais espaço para ouvir a voz de Deus Pai no nosso coração. E um Salmo como o 130.6 quando o salmista diz que a sua alma anseia pelo Senhor, para a nossa realidade passa a ser um item desfigurado na caminhada espiritual com Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Portanto, a palavra de Moisés para o povo de Israel tem que fazer parte do nosso vocabulário espiritual. Precisamos deixar um pouco de lado as agitações e correrias da vida cotidiana e silenciar o coração para ouvir a voz do Pai.
Somos viciados em trabalho, atividades e mais atividades. Definitivamente chegou a hora de nos tornar viciados em silenciar o nosso coração para ouvir a voz do Pai. E fazemos isso através do momento da oração quando paramos para ouvir Deus. E esse momento permite que nos lancemos nos braços do nosso criador, o qual é o único que compreende as nossas dores, as nossas crises e ilumina o nosso caminhar. O dinheiro não pode fazer isso, as pessoas e os cargos também não podem fazer isso.
Em nome de Jesus Cristo, peçamos a graça do Pai, para que tenhamos um espaço reservado em nosso coração para o silêncio para ouvir a voz de Deus que restaura o nosso coração e alma à imagem de Deus Pai.



[1] James Houston é um dos homens mais profundos na área de espiritualidade hoje. Ele é um dos professores do Regency College no Canadá. Autor de vários livros: Orar com Deus, Mentoria cristã, A busca da felicidade e fome da alma.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Guardando os mandamentos do Pai no coração


- Texto para reflexão: Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda este é o que me ama (João 14.21).

Jesus disse aos seus discípulos que não era somente para ter os mandamentos na mente, mas, sobretudo no coração para haver a possibilidade de guardá-los. Se Jesus tivesse dito que era somente para ter os mandamentos na nossa mente, isso seria algo absolutamente fácil de fazer. Mas, ele complicou extremamente a vida do rapaz quando disse que era necessário ter os mandamentos e guardá-los no coração.
Hoje o nosso grande problema está nisso. Pois, vemos muitas pessoas que conhecem a Palavra de cor e salteado. Conhecem tanto o Novo Testamento como o Velho Testamento. Porém, são apenas pessoas religiosas. São semelhantes àquele jovem rico que conhecia todos os mandamentos, os tinha na sua mente, mas não no seu coração. E quando ele foi confrontado pelo Senhor Jesus na prática, ele mostrou uma superficialidade enorme, mostrou que era tão somente religioso e não praticante da Palavra de Deus.
Aprendemos na Palavra que não basta termos os mandamentos na nossa mente, é preciso tê-los no nosso coração, no nosso dia a dia. É muito fácil citarmos esses dez mandamentos e o resumo dado pelo Senhor Jesus Cristo. O duro é vivenciá-los no coração.
Vejam que Deus requer exclusividade da nossa parte, tanto o obedecer, quanto o guardar no coração esses mandamentos e disso Deus não abre mão. Mas, na prática muitas vezes isso não funciona. Porque a grande verdade é que na vida secular, as coisas vêm em primeiro lugar e depois vêm as coisas de Deus. Deus nos exorta a tê-lo como o nosso único propósito na adoração, como o único Deus da nossa vida. Mas, às vezes, outras coisas são os nossos deuses. Como casa, carro, dinheiro, amigos, namorada, esposa, filhos, netos, clubes, Faculdade, Mestrado, Pós-graduação, emprego, etc.
Deus nos manda ter reverência diante da sua santidade. Mas na prática isso não acontece. Pois, fazemos piadinhas evangélicas que brincam com a santidade do nosso Deus. E para nossa tristeza, algumas delas saem da boca dos pastores.
Deus nos manda honrar os nossos pais. Tem é muito cristão que está desonrando os pais, que não dá a mínima para os pais. O jovem diz: “Meu pai é uma besta, não está com nada”. A menina quando ouve sua mãe falar para ela tomar cuidado com vida, ela diz: “Minha mãe é quadrada”.
Deus nos manda não adulterarmos, não furtarmos e não dizermos falso testemunho contra o nosso próximo e nem cobiçarmos o que é dele. Na prática isso não acontece. Temos inúmeros casos de adultério no meio protestante. Pastor que trai a esposa com a mulher do presbítero, jovem que traí a esposa com as mulheres da vida. Temos pastores que estão roubando igrejas por aí e somem para que ninguém os descubra. Temos pessoas que estão destruindo as outras com fofocas infundadas. Temos pessoas que estão tristes por causa do sucesso do irmão, que foi bem sucedido nos negócios. E essas pessoas estão tristes por causa da inveja do outro que foi abençoado.
Vejam que o ser um religioso, um conhecedor dos mandamentos, é muito fácil. Agora, o difícil é fazer o que Jesus disse: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda”.
O apóstolo João disse: “Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo seu Filho nos purifica de todo o pecado” (Jo. 1.6-7). “E nisto sabemos que o conhecemos: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade” (I Jo. 2.3-4).
Que Deus nos ajude a guardar os seus mandamentos em nosso coração todos os dias!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Jesus é o nosso Maravilhoso Conselheiro

- Texto para a reflexão: Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz (Isaías 9.6).

Para alguns o sentido do Natal é para se ter muito lucro sobre o material que o povo brasileiro vai comprar. Para outros o significado do Natal é muito importante porque eles vão tirar uma folguinha de final de ano. Para outros, o significado do Natal é importante porque eles estarão reunidos pelo menos uma vez no ano com toda a família. E para nós povo de Deus, qual é o verdadeiro significado do Natal? Será que é dar presentes, será que é descansar e estar junto da família?
Neste texto, o profeta Isaías nos ensina qual é o verdadeiro significado do Natal. O verdadeiro significado do Natal é Jesus de Nazaré. É o menino que nasceu em Belém da Judéia para cumprir o propósito de salvar o seu povo. Sendo
O nascimento de Jesus de Nazaré deu sentido à história, deu nova perspectiva na vida humana, colocou um significado na nossa maneira de viver. Este é Jesus, o que tirou a nossa vida da podridão do pecado e a levou para a luz de Deus Pai. Ele tirou o escrito de dívida, a cédula de dívida que era contra nós e a cravou na cruz, dando-nos o privilégio de ver a luz de Deus Pai.
Jesus tirou o jugo que era contra nós e o depositou sobre ele mesmo na cruz do Calvário. Este é Jesus que veio habitar no meio de nós. Louvado seja o nome do nosso redentor que, como o Filho de Deus foi dado a nós!
Isaías afirma as qualidades deste menino que é o Senhor Jesus Cristo. Ele mostra o seu poder, a sua majestade, a sua grandeza como o Salvador do seu povo. Isaías afirma que o que é falado sobre ele, ultrapassa os limites humanos, porque ele é o que tem o governo de todas as coisas em seus ombros.
Jesus é o Filho do Deus Altíssimo vestido de poder para governar todas as coisas, por isso, ele é o Senhor dos senhores e Rei dos reis.
O primeiro título dado ao Senhor Jesus é: Maravilhoso. Ele transcende de muito os limites da compreensão e existência humanas comuns. Ele é maravilhoso porque está acima de todas as coisas, ele é maravilhoso porque ele é o Deus de toda a existência.
O segundo título é título é: Deus forte. Porque a palavra forte tem a ver com poder, é o poder do Rei da glória que vem ao mundo para salvar uma geração perdida e carente de graça. Jesus é o Deus forte que deixa por amor a sua própria glória e vem demonstrar na terra o seu grande poder, a sua grande fortaleza em ser o salvador do seu povo.
O terceiro título é: Pai da eternidade. Este título evidencia que Jesus é sempiterno, ele possui em suas próprias mãos a eternidade. Porque Jesus, o menino nascido da virgem Maria não é uma força como alguns ensinam, não é um mártir, não é um mito, não é uma reencarnação, não é um conto. Ele é o Pai da própria eternidade, aquele que juntamente com o Pai tem o controle de todos os seres humanos em suas mãos.
O quarto título é: Príncipe da Paz. Este título é o desfecho de tudo aquilo que o Filho é para o seu povo como salvador. Ele é o grande príncipe da paz. Jesus é o Senhor da paz, aquele que traz tranqüilidade ao coração que andava em trevas, mas agora anda na luz. Jesus é o Príncipe da paz porque ele aconselha de forma maravilhosa ao seu povo. Jesus é o Príncipe da Paz porque ele traz vida eterna para o seu povo que vivia na sombra da morte, da separação de Deus Pai. Jesus é o Príncipe da paz porque ele traz tempos de refrigério e paz no meio das lutas e tribulações do seu povo. Jesus é o Príncipe da paz porque ele traz felicidade em meio às tempestades da vida.
Sabem por que o natal tem sentido para nós?
Porque Jesus é o maravilhoso conselheiro nosso, o Deus Forte, o Pai da Eternidade e o Príncipe da Paz.
Que o Senhor nos ajude a valorizar isto no nosso coração!
Pr. Alcindo Almeida

domingo, 2 de dezembro de 2007

A humildade e fraqueza de Davi como servo de Deus

- Texto da reflexão: E quanto a mim, hoje estou fraco, embora ungido rei; estes homens, filhos de Zeruia, são duros demais para mim. Retribua o Senhor ao malfeitor conforme a sua maldade (II Samuel 3.39).

O texto de II Samuel no capítulo 3 retrata a história de Davi e Abner quando se encontraram para fazerem aliança de paz. Joabe sabendo disto ficou irado e questionou a atitude do rei deixando Abner ir embora livremente. Joabe não se conformava e retirando-se de Davi, enviou mensageiros atrás de Abner, que o fizeram voltar do poço de Sira, sem que Davi o soubesse.
E o texto diz que quando Abner voltou a Hebrom Joabe o tomou à parte, à entrada da porta para lhe falar em segredo e ali, por causa do sangue de Asael, seu irmão, o feriu no ventre, de modo que ele morreu.
Davi quando o soube este caso rasgou as vestes, cingiu-se de sacos e pranteou diante de Abner. Davi chorou junto da sepultura de Abner. Davi fala do príncipe que caiu e demonstra a sua humildade e simplicidade como rei de Israel. Ele demonstra a sua fraqueza como homem mesmo sendo o mais poderoso da nação de Israel.
Davi não é soberbo, ele não é orgulhoso como rei, ele se humilha, ele reconhece que se Deus não o dirigir na vida, ele cometerá loucuras como esta feita por Joabe.
Davi diz que é fraco mesmo sendo o grande guerreiro de Israel. Mesmo sendo o grande vitorioso ele reconhece que sua sabedoria, sua preparação como guerreiro de Deus não são suficientes para lidar com a fragilidade humana. Ele entende que o homem comete deslizes terríveis e demonstra assim, a sua fraqueza, a sua limitação. Ele percebe que foi traição o que Joabe fez. Matou alguém por vingança. Joabe encheu o coração de ódio e se vingou com as próprias mãos. Nisso Davi vê a fragilidade humana e se comporta com humildade diante de Deus e de todos os homens dizendo: hoje estou fraco, embora ungido rei.
Davi é rei da nação, mas se considera fraco por causa da compreensão da natureza humana corrompida. Ele sabe do que o homem é capaz de fazer. Por isso, ele entrega a causa para Deus, ele entrega esta questão terrível para o seu Senhor.
Como precisamos compreender a nossa fragilidade humana, o quanto somos vulneráveis, o quanto falhamos diante de Deus. Mesmo que tenhamos força humana, sabedoria humana e todos os recursos que podemos ver na terra, somos fracos e limitados. Somos inclinados a fazer coisas que entristecem ao nosso Deus.
Davi tem consciência disto e demonstra a sua humildade diante de Deus quando afirma que é fraco, frágil e limitado.
Deus exalta os que se colocam nesta posição de fraqueza, mas a Bíblia diz que ele humilha os que não são humildes.
Cuidado com a nossa vida, não achemos que somos fortes e independentes de Deus. Sem Deus agindo na nossa vida, somos os mais vulneráveis e os mais limitados neste vida. Só com a ação de Deus é que nossa humildade vem e reconhecemos que somos fracos e dependentes dele para tudo!
Pr. Alcindo Almeida
IGREJA PRESBITERIANA DE PIRITUBA

terça-feira, 27 de novembro de 2007

A graça de Deus é a marca da nossa vida


- Texto para reflexão: E por derradeiro de todos apareceu também a mim, como a um abortivo. Pois eu sou o menor dos apóstolos, que nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo (I Cor. 15.8-11).

Fenelon foi um conselheiro do padre Tronson. E ele também tenta ensinar o neto de Luís XIV, o Duque de Edimburgo, um garoto cheio de orgulho e arrogante como o seu avô. Então Fenelon diz: Vê se lembra que você é o presente da graça de Deus. Diga para você mesmo eu sou, eu mesmo o presente da graça de Deus para mim. Ele me deu a mim mesmo (HOUSTON, 2003, 144).
Paulo afirma que Deus ordenou a sua vida muito antes dos seus pais o formarem. Temos de reconhecer que apesar de às vezes, nos desesperamos por causa das influências negativas que desgastaram, marcaram e aleijaram a nossa identidade, este não é o nosso último destino. Paulo afirma neste texto que embora seja convertido depois de ter feito coisas terríveis, como perseguir a igreja de Deus. Ele é um filho da graça de Deus, ele é um predestinado, eleito de Deus pela graça.
Paulo nos diz que fomos predestinados em amor (Ef. 1.4). Nós fomos adotados para sermos um dos seus filhos através de Jesus Cristo de acordo com a sua boa vontade. Lemos a história de Paulo para que nós entremos na história nós mesmos. Falar de uma história é falar de evento. E o evento de Deus na nossa vida é a sua redenção pela graça. E o propósito da história de Paulo é ser contada para ser repetida. Nós entramos dentro dela e a experimentamos em nós mesmos. Olhem que evento histórico profundo da redenção em Paulo:

1. Deus apareceu a ele como a um abortivo: a idéia aqui é nascido fora do tempo. É mais ou menos a mesma palavra que vemos no Velho Testamento: que do Egito eu chamei o meu Filho. Paulo é escolhido para ser um filho de Deus já depois de longa data e nem imaginaria que depois de perseguidor da igreja de Deus, seria considerado perseguido por causa do Evangelho da graça de Deus. Ele quer contar e repetir esta história da graça de Deus em sua vida. Ele não pode se calar porque isto é o poder de Deus em transformar um homem duro e insensível quanto ao Evangelho. Ele mostra que Deus não apareceu somente aos doze apóstolos no seu estado glorioso, mas também a ele na estrada de Damasco e isto lhe daria a graça de ter autoridade como apóstolo de Jesus Cristo. Paulo considera isto como graça de Deus marcante em sua vida. A sua transformação foi tão marcante e tão radical e gerou tanta transformação que parece ter sido fora do tempo (CALVINO, 1996, 452).


2. Ele se considerava o menor dos apóstolos: Paulo dizia que nem era digno de ser chamado apóstolo, porque perseguiu a igreja de Deus. Ele achava que não merecia esta condição de autoridade como servo de Deus porque foi o grande perseguidor da igreja. Ele presenciou a morte de Estevão, concordou com a morte de outros cristãos. E isto fazia com que Paulo se considerasse o menor diante de todos. Ele via tão somente a graça de Deus de maneira marcante em sua vida para fazê-lo apóstolo do Evangelho.


3. Pela graça de Deus ele foi escolhido: pela graça de Deus Paulo diz que era um novo homem. Pela graça de Deus ele foi vaso de honra e a esta graça para com ele não foi vã. Antes trabalhou muito mais do que todos. Mas, ele volta a afirmar que não foi ele, mas a graça de Deus que estava sempre com ele. É a graça que opera em Paulo, não é ele que trabalha sozinho, é a graça que faz tudo em Paulo, o capacita e traz os resultados do Evangelho usando-o como instrumento. A graça é a operação profunda de Deus para Paulo ser quem é.
A história da graça de Deus na vida é tão marcante que Paulo quer contar, contar e contar. Assim como Fenelon ensinou o neto de Luís XIV, o Duque de Edimburgo que ele era o presente da graça de Deus, nós devemos nos lembrar também que somos o presente da graça de Deus. Nada nos torna melhores ou significativos a não ser a graça de Deus. Somos o que somos pela graça. Somos escolhidos pela graça, temos saúde pela graça, temos fé pela graça, temos esperança na eternidade pela graça. Temos uma família pela graça de Deus que é marcante em nossa vida. Ainda respiramos, andamos, comemos pela graça de Deus. Somos do Evangelho pela graça, somos servos mesmo pecadores, tudo pela graça de Deus em nós!

Pr. Alcindo Almeida

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Buscando o essencial, não aquilo que é corriqueiro.


(Ler o texto de João 6.38)

Na nossa vida no envolvemos com diversas coisas. Gastamos mais ou menos 3 horas em estudos na Faculdade, no Mestrado ou no doutorado. Damos 8 horas diárias para o serviço. Alguns gastam uma média de 1 hora no Computador. Outros pelo menos 2 horas no futebol, vôlei, natação e ginástica, isto pelo menos duas vezes por semana. Nós gastamos uma média de 1 hora 1/2 diariamente na frente da TV. Nós investimos uma média de 2 horas semanais para algum hobby. O total destas horas é de 17 horas e 30 minutos.
A verdade é que nos deparamos com esta realidade e percebemos que não prestamos atenção na diferença entre o essencial e o urgente. Permitindo que as coisas urgentes e corriqueiras governem o nosso tempo, nunca faremos aquilo que é essencial e estaremos sempre descontentes. O problema básico é como estabelecemos a nossa prioridade. Jesus afirma em João 6.38 o que era essencial para a sua vida. Ele diz: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”.
O essencial para Jesus era mais precioso do que o corriqueiro.
A vontade de Deus na sua vida era a coisa mais preciosa e essencial no ministério aqui na terra. Ele não se deixava levar pelas atividades diárias no seu caminho e atrapalhar o que ele desejava, a vontade do Pai no seu coração. Não deixemos o ministério vacilar em função das coisas corriqueiras, pratique esportes, vá ao cinema, curta a esposa, os filhos. Mas, não deixemos de estar no centro da vontade de Deus que é o essencial em toda a nossa caminhada.
Não deixemos de buscar o querer e o propósito do Pai para o nosso coração, pois experimentaremos a graça de viver em função do melhor que é Cristo no centro de tudo.

Alcindo Almeida

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A realidade da estrutura humana


- Texto para reflexão: O homem, nascido de mulher, vive breve tempo, cheio de inquietação. Nasce como a flor e murcha; foge como a sombra e não permanece. Porque há esperança para a árvore, pois, mesmo cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus rebentos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e no chão morrer o seu tronco, ao cheiro das águas brotará e dará ramos como a planta nova (Jó 14.1-2;7-9).

A palavra sofrimento diz respeito aos infortúnios que são da vida humana. E Jó é campeão bíblico em falar de sofrimento. Ele é tão sofredor que tem uma visão correta dos limites da criação. Ele diz que É dito que o homem, nascido de mulher vive breve tempo, cheio de inquietação. Que texto atual não!
Vivemos um tempo mui breve mesmo. Passamos pela vida como uma nuvem mesmo. As coisas vão acontecendo e quando olhamos já foram anos da vida. E percebemos que os dias são de aflições e de inquietações. São as contas que não conseguimos pagar. São as oportunidades que escapam das nossas mãos. São as perdas de queridos que amávamos e não veremos mais. A nossa vida é cheia de inquietação e tristezas. Convivemos com a tristeza e com a alegria, com a decepção e com as conquistas, com as chateações e realizações, com a morte e com a vida, com a juventude e com a velhice. E de certa forma isto vai se parecendo com a afirmação de Jó sobre a flor que vem e murcha e com a sombra que vai embora rápido. Só que o texto não para aí. Qual a esperança diante de tanta realidade sobre a nossa estrutura?

1. Há esperança para nós em Cristo Jesus:

Ele continua e nos versículos 7 a 9 vemos que há esperança para nós mesmo diante da realidade da nossa brevidade como seres humanos e mesmo no meio de aflições.
Há esperança para a árvore, pois, mesmo cortada, ainda se renovará e não cessarão os seus rebentos. Jó diz mais: Se envelhecer na terra a sua raiz e no chão morrer o seu tronco, ao cheiro das águas brotará e dará ramos como a planta nova.
O que isto quer dizer? É que mesmo no meio das aflições do tempo presente, mesmo no meio de todas as tristezas. Tudo isto não se compara à glória que será revelada em nós (ver Cl. 3.4; II Ts. 1.7-12; 2.14; I Pe. 1.13; 4.14; I Jo. 3.2).

2. Somos os ramos da videira celestial.

Nada, absolutamente nada pode nos roubar a esperança em Jesus. O futuro que está reservado à nós em Cristo mesmo diante das aflições do tempo presente, é melhor do que a brevidade e dificuldades que passamos. Há esperança para nós. É nesta bendita esperança que podemos descansar, convictos de que nada nos separará do amor de Cristo (Rm. 8.35). As tribulações, angústias, perseguições, fome, nudez, perigo ou espada. As circunstâncias do tempo presente nada podem contra aqueles que estão guardados em Cristo Jesus (Jr. 31.3; Jo. 10.28; 13.1; II Ts. 2.13-16). O amor de Cristo é revelado a nós por meio do Pai e isto traz esperança viva no coração. E isto nos torna pessoas cheias de esperança e com numa visão correta acerca da estrutura humana. Como C. S. Lewis afirma:

“Nós somos, não em metáfora mas verdadeiramente, uma obra-de-arte divina, algo que Deus está fazendo, e portanto, algo com o qual ele não ficará satisfeito até que possua umas tantas e determinadas características. Defrontamos de novo aqui com aquilo a que dei o nome de "elogio insuportável". O artista pode não se preocupar muito com o esboço feito com negligência para divertir uma criança: ele pode deixá-lo ficar como está, mesmo que não seja exatamente aquilo que pretendia que fosse. Mas em relação ao grandioso quadro de sua vida - o trabalho que ama, embora de forma diversa, tão intensamente como o homem ama uma mulher ou a mãe a um filho – ele se aplicará intensamente - e iria sem dúvida dar muita preocupação ao quadro se este tivesse sensibilidade. Podemos imaginar um quadro sensível, depois de ter sido apagado e raspado e recomeçado pela décima vez, desejando não passar de um esboço simples feito num minuto. Da mesma maneira, é natural para nós desejar que Deus nos traçasse um destino menos glorioso e menos árduo; mas, assim, não estaremos então desejando mais amor e sim menos amor” (LEWIS, O problema do sofrimento, 2005, p. 19).

Que Deus nos dê a graça de entendermos a nossa estrutura e assim buscarmos cada vez a graça dele para a nossa vida!

Alcindo Almeida
IGREJA PRESBITERIANA DE PIRITUBA
LEWIS, C. S. O problema do sofrimento. São Paulo: Vida, 2005.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Devemos suplicar sempre a misericórdia de Deus para conosco


-Texto para reflexão: Inclina, Senhor, os teus ouvidos, e reponde-me, pois estou aflito e necessitado. Preserva a minha alma, pois eu sou piedoso; tu ó Deus meu, salva o teu servo, que em ti confia. Compadece-te de mim, ó Senhor, pois a ti clamo de contínuo. Alegra a alma do teu servo, pois a ti, Senhor, elevo a minha alma (Salmo 86.1-4).

Há um personagem histórico que nos chama a atenção: Theodore Roosevelt – presidente dos Estados Unidos da América. Ele é chamado de o presidente vaqueiro dos Estados Unidos da América. Quando criança era franzino e tinha muitas doenças. Sofria de asma, tinha miopia e era extremamente magro. Seus pais acreditavam que ele não sobreviveria por muito tempo. Ele se preocupou então em estruturar seu corpo assim como fazia com a sua mente. Ele enfrentou as crises profundas do seu coração porque quando menino era nervoso e tímido e carregava doenças terríveis no seu corpo (MAXWELL, John C. 2007, p. 51). Este foi um presidente reconhecido pela sua braveza e luta no meio das crises e dificuldades da vida.
Hoje todos nós temos crises como Theodore Roosevelt. Temos dificuldades que podem nos afetar na vida. Então quando estamos em crise de problemas diversos para qual Salmo nós podemos recorrer?
Podemos recorrer a um Salmo que fala que Deus é misericordioso, um Salmo que fala que ele atenta para o nosso clamor. Um Salmo que afirma que Deus é o único, o grande, o maravilhoso, o poderoso, o Deus incomparável e soberano. O Deus que é cheio de compaixão, o Deus que merece todo o louvor e toda a adoração.
Este Salmo é uma oração solitária do rei Davi. Este Salmo consiste num elogio como também numa oração. Davi elogia Deus e ao mesmo tempo retrata a sua oração diante de Deus. Por isso, é especialmente conhecido como a oração de Davi. As circunstâncias da vida dele são variadas e expressivas no texto. Em muitos aspectos se assemelha ao Salmo 17.1-15. Aqui vemos as orações de um homem que não tem medo de expor seus dilemas diante de Deus. Ele sabe deles e, por isso, recorre ao nome de Deus muito freqüentemente citado neste Salmo.
No Salmo Davi reconhece a miséria humana, a necessidade do homem de clamar pela misericórdia, pela compaixão de Deus para a vida. Sua forma é simples como uma súplica e finalizada por um ato de louvor pelo alívio da pressão que Davi sofrera. Os dois primeiros versículos mostram bem claramente o apelo de Davi pela compaixão de Deus para a sua vida. Davi apela para a fidelidade de Deus no fato dele ser misericordioso para com o seu servo, porque Davi está aflito e necessitado. Então ele suplica a Deus porque ele é também piedoso, ou seja, Deus é íntegro e fiel em suas promessas (KIDNER, Vol. 14b, p. 336).
Davi ora a Deus pedindo para que ele incline os seus ouvidos à voz dele, pois, ele está em angústia. Ele diz: Inclina, Senhor, os teus ouvidos, e reponde-me, pois estou aflito e necessitado. Preserva a minha alma, pois eu sou piedoso; tu ó Deus meu, salva o teu servo, que em ti confia. Compadece-te de mim, ó Senhor, pois a ti clamo de contínuo. Alegra a alma do teu servo, pois a ti, Senhor, elevo a minha alma.
Aqui está uma súplica, uma petição que precisamos fazer sempre para o nosso Deus eterno. Que profundo reconhecimento da limitação do ser humano diante de Deus. E quanto o homem necessita, carece e precisa da misericórdia do Senhor.
Primeiro, Davi pede para o Senhor inclinar, ouvir, considerar atentamente o seu pedido, ouvir cuidadosamente a palavra do seu servo. Porque ele está aflito e necessitado de alguém muito especial para ouvi-lo. E este alguém é o Deus dele.
Segundo, Davi pede para Deus guardá-lo, pois, o teme e confia nele.
Terceiro, Davi pede para que o Senhor tenha misericórdia da sua vida, pois, ele clama por isso todos os dias. Davi sabe o que é a misericórdia de Deus, ou seja, Deus não deu a Davi o que ele merecia, a condenação. Pois, Davi por causa dos seus pecados de adultério e assassinato deveria ter sido morto pelo Senhor. Mas, o Senhor sendo misericordioso com Davi o poupou da morte.
Quarto, Davi pede para que o Senhor alegre o seu coração, pois, ele enleva o seu coração com sinceridade a Deus. Então pelo fato de Deus ser misericordioso e compassivo para com Davi, ele suplica da parte de Deus a alegria para que ele viva. Porque Davi reconhece que diante da aflição e angústia a alegria vinda de Deus no coração é a melhor coisa que pode lhe acontecer. Por isso ele disse: Na tua presença há abundância de alegrias (Salmo 16.11).
Oração é sempre este processo de confissão do que somos, um pedido de súplica e intercessão pelas pessoas e por algo que desejamos diante de Deus.
Davi nos ensina neste Salmo a sermos sinceros e abertos diante de Deus quando clamamos a ele com toda a sinceridade a nossa necessidade e aflição. Ele não esconde que está aflito e necessitado diante de Deus. Ele abre o seu coração com transparência.
Não tenhamos medo na presença de Deus e abramos o nosso coração diante dele. Ele quer que expressemos o que sentimos diretamente a ele em oração e súplica. Ele quer que tenhamos um diálogo de oração de maneira simples e íntima. Você pode notar esta intimidade na vida de Davi quando lê os Salmos 4.2; 17.1-8 e 145.1 (NOUWEN, 2007, p. 89).
Na oração de coração aberto entramos na contemplação do Deus que conhece a nossa mente e coração e escuta atenciosamente os dilemas da nossa alma. Na oração aprendemos a descansar na bondosa providência de Deus e expressamos nosso pensamento, sonhos e pesadelos diante daquele que é o nosso Pai amoroso que nos olha com compaixão e graça (NOUWEN, 2007, p. 91).
Neste Salmo percebemos uma oração que precisamos fazer sempre na vida. Precisamos como Davi pedir todos os dias para que Deus atente para a nossa aflição, para as nossas necessidades. Para que ele incline os seus ouvidos, para que ele ouça atentamente a nossa súplica. Aprendemos com Davi que na hora da aflição só podemos recorrer ao único foco da vida, Deus. Precisamos pedir para que ele nos guarde em todos os sentidos da vida. Precisamos pedir para que ele derrame cada dia sobre nós as suas misericórdias, pois, elas são sem fim e são sem sombra de dúvidas, a causa de não sermos consumidos. Precisamos reconhecer que a alegria só vem de Deus e para ele somente que podemos pedir a alegria para a vida.
Pense nisto:
· Necessitamos reservar um tempo e local para uma conversa com Deus sobre os dilemas e aflições da vida;
· Tenhamos Deus como foco primordial na vida;
· Abrecemos o silêncio no espaço de oração na presença de Deus;
· Aprendamos a ser consolados por Deus através da sua Palavra.

Pr. Alcindo Almeida

KIDNER, Derek. Comentário em Salmos. São Paulo: vida Nova, 1995, Vol. 14b.
MAXWELL, John C. As 21 irrefutáveis leis da liderança. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2007.
NOUWEN, Henri. Direção espiritual. Petrópolis: Vozes, 2007.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Estabeleça a prioridade do ouvir


Salomão afirma em Eclesiastes 5.1b: Chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal.
Ouvir [obedecer] é melhor do que a participação formal na oferenda de sacrifícios. O ensino é que a obediência sincera, de coração, a Deus, é superior à participação religiosa meramente cerimonial. O formalismo produz autojustiça e resulta não em bem, mas em mal para o praticante. Dá a impressão de que tudo está bem perante Deus, mas não está.
O ensino de Salomão é que Deus quer obediência da nossa parte (Deuteronômio 10.12) em sinceridade. No meio de todo o formalismo e cerimonial do Antigo Testamento, esse é um ensinamento repetido (Salmo 51.16,17; Provérbios 21.3; Jeremias 6.20; 7.21-23; Amós 5.21-24).
Cremos num Deus pessoal que nos criou como seres pessoais para se relacionar pessoalmente conosco. O distintivo da pessoa é a palavra. Deus, assim como nós, é um ser que fala e quer ser ouvido. É na Bíblia que fundamentalmente encontramos a Palavra de Deus, cujo ápice é Jesus Cristo (Hebreus 1.1) e que precisamos sempre ouvir, antes de dizer e fazer qualquer palavra para não nos precipitarmos e passarmos por tolos. A espiritualidade bíblica é uma espiritualidade da audição. Este é o sentido privilegiado nas Escrituras. A oração mais conhecida do Antigo Testamento é o shemá: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor (Deuteronômio 6.4-9). Deus constantemente exorta seu povo a ouvi-lo através dos seus profetas. O Salmo 95.7 afirma: Quem dera ouvísseis hoje a Sua voz!
Devemos, pois, ter a mesma atitude de Samuel quando chamado por Deus: Fala, porque o teu servo ouve (I Samuel 3.9). Ouvir é mais do que meramente escutar. Escutamos muitos barulhos, muitas vozes, muitos sons, que entram por um ouvido e saem pelo outro. Precisamos ouvir Deus com atenção, com interesse, com tempo, com envolvimento de todo o nosso ser, como Maria, irmã de Marta, que se quedava assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos (Lucas 10.39) e Maria, mãe de Jesus, que guardava todas estas palavras, meditando-as no coração (Lucas 2.19).
Ouvir a Deus só faz sentido se desemboca na obediência à sua Palavra. Ouvimos a voz do Senhor para obedecer e praticar a sua vontade. Não devemos ser ouvintes negligentes, mas operosos praticantes da Palavra de Deus (Tiago 1.25). O homem prudente é o que ouve e pratica as palavras de Jesus (Mateus 7.24-27). A Bíblia afirma: Bem-aventurados são, sobre todos, os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam! (Lucas 11.28).
Aprendamos o princípio de que é melhor ouvir do que falar. Vejam que o sacrifício tolo é para os que falam demais sem saber discernir as razões do coração e da vida diante de Deus. Ouçamos mais e falemos menos. O silêncio e a contemplação na tradição cristã traduzem a postura que assumimos diante de Deus para ouvir a sua voz (NOUWEN, Henri 2000, p. 27).
Tenhamos essa prioridade na vida. Sejamos pessoas que carregam a sabedoria na alma e no coração para ouvir a voz do eterno Pai.