terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Nossa página interna

O mundo helênico adorava a beleza. O culto ao corpo nasce dos gregos, assim como a retórica, a arte de falar bonito. Falar sobre a beleza é discorrer sobre padrões estéticos que são sempre culturais e mudam ao longo do tempo e conforme as sociedades. O termo grego mais próximo para beleza ou belo é kalón: significa aquilo que agrada, que suscita admiração, que atrai o olhar. Os gregos antigos não tinham uma definição clara sobre o que é beleza. Associavam a beleza a outros valores. Para Platão, por exemplo, a beleza estava na sabedoria, para o Oráculo de Delfos, na justiça. Nem mesmo Homero, que cantou a irresistível beleza de Helena, definiu a beleza, mas a usou como justificativa para a Guerra de Troia. 
Bom, para nós latinos, o conceito de estética e beleza tem a ver com as aparências. Gostamos de exibir o corpo sarado, gostamos de mostrar quando falamos bem. Gostamos de exibir o carro novo que compramos, a casa bonita e etc. Os gritos dos pregadores de hoje, geralmente têm o desejo de chamar a atenção para si mesmos. Eles têm a necessidade de que as pessoas os vejam, então falam do que eles fizeram. 
O grande problema em querermos aparecer é que geralmente não mostramos a essência de nós mesmos. Quando mostramos um lado só da moeda, não dizemos quem de fato somos por dentro. Aliás, morremos de medo de expor quem somos na página interna. Haja vista, o fato de termos dificuldades de compartilhar a vida com alguém. Temos sofrido demais com essa loucura de mostrarmos apenas a nossa beleza externa. Talvez seja oportuno falarmos mais dos nossos erros, mazelas e defeitos do ser. 
Quando falamos de quem somos, ficamos mais leves e mais humanos e não precisamos pintar um quadro superficial de nós mesmos. Somos apenas nós mesmos. Paulo estava correto e foi muito sincero ao dizer: Cristo veio salvar pecadores, dos quais, eu sou o principal. Por trás da nossa estética externa há uma realidade interna de que somos pecadores miseráveis que precisam da graça, do amor e da misericórdia divina. (Alcindo Almeida)

Um comentário:

  1. Excelente reflexão ,vou aproveitar a idéia, o irmão tem sido uma benção , obrigado

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