sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Os três níveis de amizades

Bill Hybels no livro Simplifique fala de três níveis de amizades:

1. Amigos circunstanciais: com esses vemos a amizade terminada quando mudam as circunstâncias.
2. Amigos de verdade por um período: com esses em alguns momentos de mudanças podemos vê-los distantes de nós.
3. Amigos para a vida inteira: esses são os amigos vitalícios que são forjados nas trincheiras do cotidiano. Esses são os que nós abrimos o coração.

O mundo pós-moderno

O mundo pós-moderno é o mundo do desencanto, da decepção, da desilusão, das incertezas. Emocionalmente, a modernidade refletiu o progresso, o otimismo, a confiança na tecnologia. O pós-moderno é o oposto da ideia de depender do ser divino. O pós-moderno acha que tudo é subjetivo, é a movimento dos sentidos. É um movimento que cortou Deus no centro de tudo. A pessoa diz: eu sigo minha vida e determino tudo. Não preciso de ninguém e sou um ser divino e ando com vibrações. Ela só não pensa assim quando está num ofício fúnebre e vê que um caixão é carregado por outros, não pela própria pessoa que é finita, limitada e insuficiente para as realidades da vida humana (Alcindo Almeida).

Uma linguagem teológica

Precisamos de uma teologia que nos desperte para um relacionamento pessoal e verdadeiro com Deus. Em outras palavras, uma teologia e uma linguagem teológica que nos aponte o caminho da oração; que nos conduza e inspire a “amar a Deus de todo coração, alma e entendimento”; que seja mais pessoal, afetiva e comunitária, e não apenas acadêmica (Ricardo Barbosa).

O ser pós-moderno

Espiritualidade tem a ver com o novo estado de espírito do mundo pós-moderno. Falar em espiritualidade, segundo James Houston, é falar sobre a revolta do espírito humano ao aprisionamento que a cultura racional impôs sobre a civilização ocidental, levando-a a olhar para a vida apenas na perspectiva superficial da ótica científica. 
O ser pós-moderno não aceita mais viver sob esta ótica estreita e limitada da cultura racional, mas, paradoxalmente, sua luta contra o aprisionamento da superficialidade racional o levou a um novo estado de alienação e superficialidade, fruto do subjetivismo e do individualismo impessoal. (O melhor da espiritualidade brasileira. Nelson Bomilcar. Mundo Cristão, 2005)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Uma referência na vida

O filósofo René Descartes certa vez disse: a única coisa de que podemos ter certeza é a dúvida. Essa afirmação faz todo sentido para que anda sem chão mesmo. Para quem não tem no que se apoiar. Isso não faz sentido para a pessoa que não busca a Deus para responder à sua incerteza e dúvida na alma. Há muitas pessoas sozinhas com suas dúvidas e incertezas porque não têm fé, não sabem mais em quem crer e descansar. Interessante que o ponto de partida de Descartes foi a sua famosa frase: “Penso, logo existo”. Nós existimos sem Deus? Sobrevivemos sem Deus? Isso é absolutamente impossível, sem Deus na vida não andamos, não pensamos e não sobrevivemos. Por isso, o grande escritor Paulo disse no Livro de Atos 17: Nele nos movemos, nele existimos e nele respiramos. A nossa dúvida e as incertezas da vida terminam quando temos uma referência na vida que é chamada de Jesus Cristo de Nazaré. Nele podemos confiar e depositar todos os sentimentos do coração (Alcindo Almeida).

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Ouvindo a voz do Pai


Precisamos deixar um pouco de lado as agitações e correrias da nossa vida cotidiana e silenciar o nosso coração para ouvir a voz do Pai. Todos nós somos viciados em trabalho, atividades e mais atividades. É hora de nos tornar viciados em silenciar o nosso coração para ouvir a voz do Pai. E fazemos isto através do momento da oração, em que paramos para ouvir Deus. Esse momento nos lança nos braços do criador que compreende nossas dores, as crises e ilumina o nosso caminho diante dele (Meu novo livro Caminhada inteligente - Reflexões em Provérbios).

terça-feira, 25 de novembro de 2014

O vento e o mar - Expresso Luz



Quem pode o vento acalmar e a tempestade deter
Quem pode o mar aquietar não me deixar perecer
Quem pode até descansar mesmo com a vida em revés
Ondas que levam a naufragar se quebram aos seus pés

Em pleno mar sem direção, em meio à noite sem luz
Pra me guiar na escuridão posso acordar Jesus

Quem pode me conhecer e ver meu coração
Reconhecer minha fé no meio da multidão
E com seu simples olhar sabe o que há em mim
Vento e mar faz obedecer, ficar tão calmo assim

Em pleno mar traz direção, em meio à noite a luz
Pra me guiar na escuridão posso acordar Jesus
Pra iluminar o meu coração vou convidar Jesus

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O desafio de envelhecer

O desafio de envelhecer é esperar com paciência cada vez maior e com uma expectativa cada vez mais forte. É viver com uma esperança ansiosa. É confiar que através de Cristo tivemos acesso a essa graça a paz com Deus e nos gloriamos na esperança de possuir um dia a glória de Deus (Henri Nouwen).

Vencendo o medo

Fico pensando em diversas questões que passamos na vida, e uma dela é o medo. Sem sombras de dúvidas o medo é a principal barreira para a paz interior. Ele é um grande empecilho quando queremos viver de maneira simples e dependente. Ele nos limita em termos de confiança no caráter e na vontade do Eterno Deus. A nossa finitude nos deixa cheios de medo e insegurança, e tira o nosso chão quanto à paz interior. Então o que precisamos fazer é confiar sem medo e sem temor na graça cuidadora do nosso coração. Não é por acaso que Paulo diz em Filipenses 4.7: A paz de Cristo que excede todo o entendimento, guardará o nosso coração e o nosso pensamento em Cristo Jesus. Descansemos nessa verdade e assim venceremos o medo pela graça de Cristo (Alcindo Almeida).

Simplifique de Bill Hybels

Ontem a noite estava lendo o livro de Bill Hybels Simplifique e ele comenta Provérbios 3-9-10. Ele trata sobre um assunto chamado: O princípio 10-10-80: 

- Dê os primeiros 10% a Deus. Dê honra ao Senhor, oferecendo a ele a primeira parte de tudo quanto você ganha (Provérbios 3.9,10). Ele diz: Experimentem! Vejam a oportunidade de provar que isso é verdade! Suas colheitas serão formidáveis, porque eu as protegerei dos bichos e das pragas (Malaquias 3.10). Isso faz sentido porque Deus disse que é assim que funciona!
- Invista em você com cuidado: Digno é o trabalhador do seu salário (Lucas 10.7b). Guarde pelo menos 10% no seu orçamento. Você pode poupar gastar ou investir este valor. Lembre-se que o dinheiro é dado por Deus para administrarmos com sabedoria.
- Viva e pague as contas com o restante dos 80%: Ajuste o seu padrão de vida a estes 80% de seus ganhos e não fique sufocado nas finanças mensais. Bill chama isso de reconciliação financeira.


Seguindo esse plano simples você descobrirá que pode evitar dificuldades financeiras e, aos poucos, acumular uma receita excedente maior do que poderia imaginar. Se você não tiver um plano para determinar para onde vai o seu dinheiro, ele acabará indo para onde bem entender. 
Deus nos pede que o devolvamos a ele com alegria, de boa vontade, generosa e prontamente. Ele nos deu habilidade para ganhar esse dinheiro e a melhor forma de administrá-lo é fazer como Ele diz: Dê honra ao Senhor, oferecendo a ele a primeira parte de tudo quanto você ganha. Ele encherá completamente os seus celeiros até transbordarem! (Provérbios 3.9-10).

Precisamos de um lugar

Pertencer é uma de nossas necessidades mais básicas, precisamos de um lugar onde nos identificamos como seres humanos. Uma pessoa bem saudável, geralmente tem um lugar onde se abriga e desfruta de vida em comum. Como diz o escritor e teólogo Henri Nouwen: "Nossa sociedade estimula o individualismo. Somos constantemente levados a acreditar que tudo o que pensamos, dizemos ou fazemos, é nossa realização pessoal, merecendo uma atenção individual. Mas como pessoas que pertencem à comunhão dos santos, nós sabemos que qualquer coisa de valor espiritual não é o resultado da realização individual, mas fruto de uma vida em comum".

sábado, 22 de novembro de 2014

Disposição para fazer

Todas as pessoas que se tornaram bem-sucedidas simplesmente criaram o hábito de fazer aquilo que os fracassados não gostam de fazer e não estão dispostos a fazer — JOHN C. MAXWELL

Compromisso sério

Há uma diferença entre interesse e compromisso. Quando você está interessado em fazer alguma coisa, você só faz quando for conveniente. Quando está comprometido com alguma coisa, você não aceita desculpas, só resultados (Ken Blanchard).

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Coração determinado

"Não precisamos de arte nem de ciência para ir até Deus. Tudo o que precisamos é de um coração firmemente determinado a não se dedicar a outra coisa que não seja a ele, por amor a ele e tão somente amá-lo” (Frank Laubach. Praticando a presença de Deus).

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Verdadeiras amizades

Confiança, transparência e vulnerabilidade são os itens com os quais as verdadeiras amizades são construídas (Livro Amizade da alma).

Amigos espirituais

Como necessitamos de mentores nesta jornada cristã, de amigos espirituais que nos ajudem a perceber os nossos vícios compulsivos, amigos que percebem a nossa fraqueza não para nos condenar, mas para nos ajudar a voltar para o foco do Reino de Deus e para a dependência total do criador. Amigos que nos ajudam a crescer na fé e na dedicação do Reino de Deus. Amigos verdadeiros e sinceros que nos ajudem a carregar os fardos (Livro Amizade da alma).

Doze anos de escravidão

Uma cena marcante do filme Doze anos de escravidão é quando a moça escrava é chicoteada pelo carrasco do seu dono e Solomon diz a ele: Em algum lugar da eternidade esse seu pecado será pago com justiça!

Um homem humilhado

É duro saber que o filme 12 Anos de escravidão é real. Ver um homem músico, pai de família, que acorda um dia transformado num ser rastejante, que todos calcam, e esmagam, e fazem rodar o pé, até desaparecer não o homem, mas o próprio conceito de homem. É isto ser escravo, ser desapossado da sua própria identidade, ser propriedade de alguém, dos mais lunáticos, sádicos, boçais donos de plantações como era o tal Eppsl.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Acolhendo o próximo

Ser um hospitaleiro é abrir o coração para acolher o próximo e permitir que ele ali encontre o ambiente adequado para experimentar a transformação e o crescimento na graça de Cristo Jesus (Livro Amizade da alma).

No fundo da alma

Hoje pensei em vários momentos da dor na nossa vida. Realmente não gostamos muito deles, porque afetam nossa sensibilidade e coração. Mas, é interessante observar que a dor sempre nos conduz para o centro do nosso ser que anseia mais por Deus. Então a dor tem um efeito pedagógico em nosso interior. Deixemos nossas dores penetrarem nossa alma no mais profundo para que experimentemos os cuidados divinos. Não dá para negar os sofrimentos que passamos na vida, seja na hora da morte de alguém querido, uma perda, um problema na família. Em todos esses momentos podemos descer lá no fundo da alma e perceber que há o Eterno Deus nos consolando, restaurando nosso ser e trazendo alento no meio da dor e sofrimento. E lá percebemos que na dor aprendemos mais sobre quem Deus é e o que ele faz dentro de nós (Alcindo Almeida).

Noite escura

A “noite escura da alma” é metáfora de uma experiência mística que envolve paradoxo, porque essa experiência é iluminativa e, no entanto, obscurece a consciência e acarreta sofrimento. João da Cruz, num poema lírico de oito estrofes relata a própria passagem por essa prova que antecede a plena iluminação. Nos comentários a esse poema, diz que, mediante a noite escura, a alma se dispõe e encaminha para a divina união de amor. 
A passagem pela noite escura da alma encontra apoio nas escrituras bíblicas. Tanto no Antigo, como no Novo Testamento, há vários exemplos de pessoas santificadas que sofrem provação antes de receberem um grande benefício. A noite escura do Cristo teve início no Getsêmane, pouco antes de o Divino Mestre ser preso, e terminou na cruz com a sensação de abandono: ” Eli, Eli, lamá sabactâni” (MT 27.46).Graças, porém, à tormenta física e mental, Jesus de Nazaré ressurgiu como o Cristo Cósmico Eterno, dando ensejo a uma das mais influentes tradições religiosas do mundo.
Na expressão Noite Escura, que dá nome à poesia de São João da Cruz, estão implícitos os vários sentidos figurados da noite: o mitológico (geratriz da luz), o sapiencial ( momento da sabedoria e da inspiração divina), o poético (instante doce  do amor) e o psicológico (centro de consciência transcendente).

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Os obstáculos da nossa jornada

Muitas vezes no meio das nossas crises, achamos que Deus se esqueceu de nós e nem olha mais para o momento de vida que passamos. Grande engano da nossa parte pensar assim, porque ele se move com determinação rítmica através de nossa agonia e dor, rumo a uma alegria inimaginável. Ele tem o melhor da sua graça quando estamos em lutas, tristezas e aflições da vida. Ele nos sustenta em dores nos levando para mais perto dos caminhos dele. Eles nos assiste em cada momento de dor trazendo da sua esperança para que suportemos todos os obstáculos da nossa jornada diária. Não nos preocupemos, Deus está no seu trono olhando para cada momento da nossa dor e aflição! (Alcindo Almeida).

O Evangelho sadio

O caminho que imita o nosso mestre resulta na glória de Deus na nossa vida. E quando isto acontece, a unidade prevalece, a humildade passa a ser algo vivencial para uma comunidade. A felicidade é o rumo dela e ela anuncia o Evangelho sadio, o Evangelho de impacto e amor (Livro Amizade da alma).

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A voz do Pai Eterno

No meio da escuridão profunda da alma, não podemos ver nada, mas pela graça podemos ouvir e ouvir a voz do Pai Eterno dizendo para nós: Não temam quando passarem pelos abismos da vida porque eu estou com vocês, protejo o coração de vocês e ando ao lado de vocês (Alcindo Almeida).

O lugar do silêncio

O deserto é o lugar do silêncio diante de Deus, onde a quietude faz com que o coração perceba a sua presença mais próxima que a nossa própria respiração (James Houston. Cristianismo verdadeiro).

O despertamento para o amor de Deus

A dor é um grande despertador para as realidade que outrora estavam adormecidas em nossa vida. Mas é o despertamento para o amor de Deus que transcende todas as outras formas de consciência humana (James Houston. Cristianismo verdadeiro).

A história de William Wilberforce


No século 18, a Inglaterra detinha o monopólio do comércio de escravos negros. Os meios de transporte eram os mais cruéis imagináveis. Boa parte da população inglesa tirava proveito desse comércio, e o povo, de maneira geral, aceitava a escravidão. Havia aqueles que enriqueciam e, por isso, defendiam com veemência o escravagismo. Mas Deus graciosamente ergueu uma geração de políticos cristãos para lutar contra o que William Carey chamou de “maldito comércio de escravos”.
Preciosa graça É surpreendente que nenhum grande reformador da história ocidental seja tão pouco conhecido como William Wilberforce. Ele nasceu numa família nobre da Inglaterra, na cidade portuária de Hull, em Yorkshire, em 24 de agosto de 1759. Naquela época, como hoje, a aristocracia vivia em meio a contradições: nela se encontravam alguns dos grandes benfeitores da nação e alguns de seus maiores corruptores. Wilberforce era fruto dessas ambiguidades.
Após estudar em uma escola em Pocklington, foi aceito em 1776 no St. John’s College, na Universidade de Cambridge, onde decidiu dedicar-se à carreira política, tendo sido eleito representante de seu povoado aos 21 anos de idade. Além de repartir o dinheiro que possuía, mandou fazer um grande churrasco para todo o vilarejo, o que lhe valeu um bom número de votantes. Aos 24 anos, já era um político famoso por sua eloqüência e acabou por ser eleito representante de Yorkshire, o maior e mais importante condado da Inglaterra, chegando a Londres cheio de popularidade.
Em 1784, ainda aos 24 anos de idade, partiu para uma viagem a Nice, na França, que traria grande transformação em seu caráter. Levou consigo a mãe, Elizabeth, a irmã Sally, uma amiga dela e Isaac Milner, seu antigo professor primário, e que veio a se tornar presidente do Queen’s College, na Universidade de Cambridge. Na bagagem de Milner, Wilberforce viu uma cópia do livro de Philip Doddridge – mais conhecido por ter escrito o famoso hino “Oh! Happy Day” [Oh! Dia Feliz!] -, The Rise and Progress of Religion in the Soul [O começo e o progresso da religião na alma]. Ele perguntou para seu amigo o que era aquilo e recebeu a resposta: “Um dos melhores livros já escritos”. Os dois concordaram em lê-lo juntos na jornada.
A leitura desse livro e das Escrituras, acompanhada de conversas com Milner, levaram o jovem político à conversão. Ele declarou em seu diário, em fins de outubro daquele ano:

Assim que me compenetrei com seriedade, a profunda culpa e tenebrosa ingratidão de minha vida pregressa vieram sobre mim com toda sua força, condenei-me por ter perdido tempo precioso, oportunidades e talentos [...]. Não foi tanto o temor da punição que me afetou, mas um senso de minha grande pecaminosidade por ter negligenciado por tanto tempo as misericórdias indescritíveis de meu Deus e Senhor. Eu me encho de tristeza. Duvido que algum ser humano tenha sofrido tanto quanto eu sofri naqueles meses.
Wilberforce começou um programa que durou toda sua vida, de separar os domingos e um intervalo a cada manhã para se dedicar à oração e às leituras espirituais.

Uma longa e dura luta
Já de volta a Londres, a vida de Wilberforce tomou novos rumos. Ele considerou suas opções, inclusive o ministério cristão, mas foi convencido por John Newton que Deus o queria permanecendo na política, em vez de entrar para o ministério. “Espera e crê que o Senhor te levantou para o bem da nação”, escreveu Newton.
Depois de muito pensar e orar, Wilberforce concluiu que Newton estava certo. Deus o chamara para defender a liberdade dos oprimidos como parlamentar. “Minha caminhada é de vida pública. Meu negócio está no mundo, e é necessário que eu me misture nas assembléias dos homens ou deixe o cargo que a Providência parece ter-me imposto”, escreveu em seu diário, em 1788.
Outro que o influenciou fortemente foi JohnWesley. Newton e Wesley tinham, além de uma fé vibrante no evangelho, uma forte convicção de que não havia maior pecado pesando sobre as costas do Império Britânico do que o terrível e abominável tráfico de escravos, que Wesley batizara de “execrável vileza”.
Bruce Shelley diz que os ingleses entraram nesse comércio em 1562, quando Sir John Hawkins pegou uma carga de escravos em Serra Leoa e a vendeu em São Domingos. Então, depois que a monarquia foi restaurada em 1660, o rei Carlos II deu uma concessão especial para uma companhia que levava 3 mil escravos por ano para as Índias Orientais. A partir daí, o comércio cresceu e atingiu enormes proporções. Em 1770, os navios ingleses transportavam mais da metade dos cem mil escravos vindos da África Oriental. Muitos ingleses consideravam o tráfico de escravos inseparavelmente ligado ao comércio e à segurança nacional da Grã-Bretanha.
John Wesley escreveu sua última carta a Wilberforce, em 24 de fevereiro de 1791, seis dias antes de morrer, encorajando-o a executar o plano da abolição da escravatura. Um parágrafo dessa carta diz o seguinte: “Oh! Não vos desanimeis de fazer o bem. Ide avante, em nome de Deus, e na força do seu poder, até que desapareça a escravidão americana, a mais vil que o sol já iluminou”.
Foi por conta dessas influências que Wilberforce decidiu dedicar toda a força de sua juventude e todo o talento que tinha a um único objetivo que consumiria toda sua vida: a abolição do tráfico negreiro. Algum tempo depois, num domingo, 28 de outubro de 1787, ele escreveu em seu diário as palavras que se tornaram famosas: “O Deus todo-poderoso tem colocado sobre mim dois grandes objetivos: a supressão do comércio escravocrata e a reforma dos costumes.
Uma fonte de estímulo nessa luta foi sua participação ativa no chamado Grupo de Clapham (Clapham Sect), constituído de pessoas ricas cujas residências ficavam em Clapham, um elegante bairro localizado a 8 quilômetros de Londres, que apoiava muitos líderes leigos na busca de uma reforma social, liderados por um humilde ministro anglicano, John Venn. Como destacam Clouse, Pierard & Yamauchi, o Grupo de Clapham foi, de longe, a mais importante expressão anglicana na esfera da ação social. Esse grupo de leigos geralmente se reunia para estudar a Bíblia, orar e dialogar na biblioteca oval de Henry Thornton, um rico banqueiro que todo ano doava grande parte de seus rendimentos para a filantropia.
Outros que participavam do grupo eram: Charles Grant, presidente da Companhia das Índias Orientais; James Stephens, cujo filho, chefe do Departamento Colonial, auxiliou bastante os missionários nas colônias; John Shore, Lorde Teignmouth, governador-geral da Índia e primeiro presidente da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira; Zachary Macauley, editor do Observador Cristão; Thomas Clarkson, famoso líder abolicionista; a educadora Hannah More, além de outros líderes evangélicos. Dentre várias atividades, eles ajudaram a fundar a colônia de Serra Leoa, onde escravos libertos poderiam viver livres.

Clouse, Pierard & Yamauchi dizem:
Este grupo uniu-se numa intimidade e solidariedade incríveis, quase como uma grande família. Eles se visitavam e moravam um na casa do outro, tanto em Clapham, como na própria Londres e no campo. Ficaram conhecidos como ‘os Santos’ por causa de seu fervor religioso e desejo de estabelecer a retidão no país. Vários comentaristas observaram que eles planejavam e trabalhavam com um comitê que estava sempre reunido em ‘conselhos de gabinete’ em suas residências pata discutir o que precisava ser consertado e estratégias que poderiam usar para alcançar seus objetivos.
Neste grupo, discutiam os erros e as injustiças de seu país, e as batalhas que teriam de travar para estabelecer a justiça. Os membros do Grupo de Clapham demonstraram a diferença que um grupo de cristãos pode fazer. Eles elaboraram 12 marcas que nortearam seu esforço pela reforma social na Inglaterra do século 19:

1. Estabeleça objetivos claros e específicos.
2. Pesquise cuidadosamente para produzir uma proposta realista e irrefutável.
3. Construa uma comunidade comprometida que apóie uns aos outros. A batalha não pode ser vencida sozinha.
4. Não aceite retiradas como uma derrota final.
5. Comprometa-se a lutar de forma contínua, mesmo que a luta demore décadas.
6. Mantenha o foco nas questões; não permita que os ataques malignos de oponentes o distraiam ou provoquem resposta similar.
7. Demonstre empatia com a posição do oponente, de forma que diálogo significativo aconteça.
8. Aceite ganhos parciais quando tudo o que é desejado não puder ser obtido de uma só vez.
9. Cultive e apóie suas bases populares quando outros, que estiverem no poder, se opuserem a seus projetos.
10. Transcenda à mentalidade simplista e direcione-se às questões maiores, principalmente as que envolvem questões éticas!
11. Trabalhe através de canais reconhecidos, sem lançar mão de táticas sujas ou violentas.
12. Prossiga com senso de missão e convicção de que Deus o guiará providencialmente se estiver verdadeiramente a seu serviço.

Em 1797, Wilberforce publicou um livro intitulado Practical View of Real Christianity [Panorama prático do cristianismo verdadeiro], amplamente lido e ainda publicado, que evidenciava o interesse evangélico na redenção como a única força regeneradora, na justificação pela graça por meio da fé e na leitura da Escritura em dependência ao Espírito Santo, ou seja, numa piedade prática que redundasse em serviço relevante para a sociedade. Nessa obra, ele disse sobre o cristianismo verdadeiro:
Eu compreendo que a marca prática e essencial dos verdadeiros cristãos é a seguinte: que os pecadores arrependidos, confiando na promessa de serem aceitos [por Deus], mediante o Redentor, têm renunciado e abjurado todos os outros senhores, e têm de maneira integral se devotado a Deus. Agora, seu propósito determinado é se dedicar integralmente ao justo serviço do legítimo Soberano. Eles não mais pertencem a si mesmos: todas as faculdades físicas e mentais, sua herança, sua essência, sua autoridade, seu tempo, sua influência, tudo o que desconsideram como sendo seus [...] devem ser consagrados em honra a Deus e empregados a seu serviço.

E sobre o poder e o direito:
Eu devo confessar [...] que minhas próprias [e sólidas] esperanças pelo bem-estar do meu país não depende de seus navios e exércitos, nem da sabedoria de seus governantes, ou ainda do espírito de seu povo, mas sim da [capacidade de] persuasão de todos aqueles que amam e obedecem ao evangelho de Cristo.
No tempo de Deus
Wilberforce e seus amigos do Grupo de Clapham também ajudaram a fundar escolas cristãs para os pobres, a reformar as prisões, a combater a pornografia, a realizar missões cristãs no estrangeiro e a batalhar pela liberdade religiosa. Mas Wilberforce acabou por se tornar mais conhecido por seu compromisso incansável pela abolição de escravidão e do comércio de escravos.
Sua luta começou por volta de 1787 – ele já era parlamentar desde 1780. Haviam pedido a Wilberforce que propusesse a abolição do comércio de escravos, embora quase todos os ingleses achassem a escravidão necessária, ainda que desagradável, e que a ruína econômica certamente viria ao acabar com a escravidão. Apenas uns poucos achavam o comércio de escravos errado. A pesquisa de Wilberforce o pressionou até conclusões dolorosamente claras. “Tão enorme, tão terrível, tão irremediável aparentou a maldade desse comércio que minha mente ficou inteiramente decidida em favor da abolição”, disse ele à Casa dos Comuns. “Sejam quais forem as conseqüências, deste momento em diante estou resolvido que não descansarei até efetuar sua abolição.” Wilberforce falou primeiramente sobre o comércio de escravos na Casa de Câmara dos Comuns em 1788, num discurso de três horas e meia, que concluiu dizendo: “Senhor, quando nós pensamos na eternidade e em suas futuras conseqüências sobre toda conduta humana, se existe esta vida, o que esta fará a qualquer homem que contradisser as ordens de sua consciência e os princípios da justiça e da lei de Deus!”. Sua luta custou-lhe dezoito anos de trabalho incansável.
Os feitos de Wilberforce foram realizados em meio a tremendos desafios. Ele era um homem de constituição fraca e com uma fé desprezada. Quanto à tarefa, enquanto a prática da escravatura era quase universalmente aceita, o comércio de escravos era tão importante para a economia do Império Britânico quanto é a indústria de armamentos para os Estados Unidos hoje. Quanto à sua oposição, incluía poderosos interesses mercantis e coloniais e personalidades como o famoso Almirante Horacio Nelson e a maior parte da família real. E quanto à sua perseverança, Wilberforce continuou incansavelmente, anos a fio, antes de alcançar seu alvo. Sempre desprezado, ele foi duas vezes assaltado e surrado. Certa vez, um amigo lhe escreveu, dizendo-lhe que, do jeito que as coisas andavam, “eu espero ouvir dizer que foste carbonizado por algum dono de fazenda das Índias Ocidentais, feito churrasco por mercadores africanos e comido por capitães da Guiné, mas não desanime – eu escreverei o seu epitáfio!”
O comércio de escravos foi finalmente abolido em 25 de março de 1806. Quando a lei foi aprovada, todo o Parlamento se pôs de pé e aplaudiu Wilberforce por vários minutos, enquanto ele, já desgastado pelos anos, chorava com o rosto entre as mãos. Ele continuou a campanha contra a escravidão em todos os territórios britânicos, e o voto crucial da famosa Lei de Emancipação chegou quatro dias antes de sua morte, em 29 de julho de 1833.
Por conta da decisão parlamentar, poderosa como era e não querendo ser lesada em seus interesses, a Grã-Bretanha declarou ao mundo que nem ela nem ninguém mais poderia traficar escravos. Além disso, tornou-se a guardiã dos mares. Logo, Portugal e Bélgica, as duas nações rivais, tiveram também de parar com o tráfico, por força do poderio naval inglês.
Um ano depois da morte de Wilberforce, em julho de 1834, 800 mil escravos, principalmente na Índia Ocidental britânica, foram libertos. Em pouco tempo, a maior parte dos países ocidentais aboliria a escravidão em definitivo.

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