quarta-feira, 31 de março de 2010

Leia este precioso livro: O obstinado amor de Deus

Dois milênios de cristianismo proporcionaram tempo mais que suficiente para que inúmeros pensadores tentassem descrever, qualificar ou quantificar o amor divino das mais diversas maneiras. O esforço de minerar algum termo ou cunhar uma expressão grandiosa para articular esse conceito indizível — afinal, Deus é o próprio amor que dele emana — levou Lutero a se referir a ele como “fogo ardente”.
Para Tereza de Ávila, era a “suprema perfeição”. Francisco de Assis o considerava “galé de livres”, alusão (em contraponto) aos antigos navios impulsionados pelo trabalho escravo dos remadores.Talvez compreendendo a insuficiência dos adjetivos, Agostinho preferiu valer-se de uma constatação: “Deus ama tanto a cada um como se não existisse ninguém mais a quem pudesse dedicar seu amor”.
Essa inspiração agostiniana perpassa o texto de O obstinado amor de Deus. Neste livro, Brennan Manning desfia as fibras desse relacionamento tão inusitado para revelar, no cerne, uma realidade poderosa e comovente: desde a plenitude de sua grandeza, o Autor da vida nos ama de modo tão intenso e inflexível que jamais alguém foi capaz de conceber, e convida: “Venha e participe da alegria do seu senhor!” (Mt 25.23, NVI).

terça-feira, 30 de março de 2010

A Cruz e o Ministério Cristão – D. A. Carson

Um dos temas mais discutidos atualmente no ministério cristão é questão da liderança. Centenas de títulos têm sido escritos sobre este assunto em todo o mundo evangélico. É fato consumado que o crescimento das igrejas evangélicas aliado ao apelo do enfoque gerencial e gestorial tem produzido uma efervescência sem precedentes sobre o assunto. Com toda a certeza, a palavra liderança está na ordem do dia.
Apesar do grande interesse no assunto, poucos estudos bíblicos fundamentados numa exegese segura das Escrituras têm sido disponibilizados nos últimos tempos. Parece que a Bíblia tornou-se uma referência secundária para muitos. Em minha perspectiva, vivemos uma situação dramática: autores de perfil prático falam de liderança sem qualquer fundamentação exegética, enquanto que autores de perfil teológico e técnico pouco escrevem sobre questões práticas do cotidiano ministerial.
Foi nesse incômodo vazio literário que surgiu este opúsculo elaborado pelo conhecido estudioso do Novo Testamento D A Carson. O renomado erudito canadense é hoje um dos autores mais prolíficos e premiados da área bíblica no mundo de fala inglesa. Sem dúvida alguma, trata-se de um nome de peso que em muito tem contribuído para os estudos teológicos e exegéticos nas últimas décadas.
A partir de uma exposição de trechos escolhidos da epístola de Paulo de 1 Coríntios, Carson aborda exegética e expositivamente elementos fundamentais do texto que são úteis para a condução do ministério cristão. Deve ser destacado aqui que esta carta paulina tem muito a nos ensinar, visto que o apóstolo dos gentios discute questões essenciais para a prática da liderança e a condução do ministério cristão no contexto confuso de Corinto.
Como se pode facilmente perceber na leitura da obra, a ênfase do opúsculo de Carson é a cruz, marca do cristianismo bíblico. Em dias quando o mero pragmatismo tem sugerido que um bom líder cristão é apenas um gestor operacional eficiente que conhece elementos básicos de psicologia, Carson recupera o tom ético, marcado pela valiosa alteridade que permeia a espiritualidade neotestamentária. Em resumo, veremos que não é possível ser um líder sem desafiar o egoísmo e o pecado que está em nós e que prejudica o ministério cristão.
Está de parabéns a Editora Fiel pela escolha de uma obra tão sucinta, prática, objetiva e séria. Absolutamente relevante e útil para a igreja evangélica brasileira.
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Luiz Sayão - Pastor da Igreja Batista Nações Unidas, em São Paulo.

Fitando os olhos em Deus

- Texto para reflexão: Pela manhã ouves a minha voz, ó Senhor; pela manhã te apresento a minha oração, e vigio (Salmos 5.3).

Um aspecto importante da lida espiritual com o tempo é a prática da contemplação. Contemplatio no latim significa propriamente olhar para; fitar. Olho para dentro do espaço da alma, a fim de fitar a luz interna e olhar para Deus, que está dentro de mim. Mas, ele não pode ser visto diretamente como imagem ao lado de outras imagens, e sim como o modelo presente em toda e qualquer imagem. Contemplari designa um olhar no qual eu me esqueço de mim mesmo. Contemplando, eu me uno ao contemplado.
Nessa unificação, o tempo pára; então, já pressinto algo da eternidade. Na tradição cristã, a vida eterna com Deus é entendida como uma bem-aventurada contemplação do Senhor. Contemplar transcende o tempo. Na eternidade, não ouviremos a Deus; mas o contemplaremos. Enquanto o ouvir acontece no tempo, o contemplar é intemporal. Contemplando, o tempo pára.
Toda manhã, depois das matinas, quando eu pratico a contemplação com a oração isso tem sua conseqüência. Enquanto pronuncio a oração eu olho para dentro do meu coração, em que acredito que Cristo está presente. Muitas vezes, nessa contemplação, tenho a experiência de que o tempo parou e de eu estar totalmente presente.
Como é bom este tempo de contemplação. Moro num local privilegiado e quando abro a janela saio na varanda e todas as manhãs, eu olho para as árvores e um jardim maravilhoso. Ouço o cantar dos pássaros e vejo com atenção o movimento das árvores ao meu redor.
O fato é que estou simplesmente ali, sem saber sua duração desta contemplação. Às vezes, passo apenas um momento, no qual tenho a sensação de que não existe mais tempo, uma vez que adquire outra qualidade e dissolve-se na eternidade. Mas, às vezes passo mais de uma hora ali num tempo de contemplação. Na verdade, só paro porque tenho que cumprir a agenda de trabalho.
O que é contemplar?
É ir à profundidade de tudo, onde o nosso olhar atravessa, não vemos somente algo determinado. A contemplação é o momento em que enxergamos até a profundeza de nossa alma. Contemplação é oração sem palavras, sem imagens e sem pensamentos. O nosso pensar se opera no tempo, ao passo que palavras precisam de tempo. Contemplação é a experiência de que tudo é um e que eu sou um com Deus, o qual está além do tempo (Evagrius Ponticus).
O monge Agostinho também refletiu sobre a experiência da eternidade na oração e na contemplação. Para ele, o tempo é sofrimento, e seu desejo é se tornar partícipe do divino, que está além do tempo. Agostinho deseja constância e firmeza em meio à instabilidade do mundo. Em um comentário sobre o evangelho joanino, ele descreve de modo impressionante o caráter instável e inseguro do tempo:

“Neste mundo, porém, os dias rodam e rodam; uns vão, outros vêm, nenhum fica. Enquanto falamos, também os momentos se empurram uns aos outros; nenhuma sílaba pode esperar até outra soar. Enquanto estamos falando, ficamos um pouco mais velhos, e, sem dúvida, sou mais velho agora do que hoje de manhã. Assim nada fica parado, nada está firme no tempo. Por isso, devemos amar aquele que cria os momentos, para que sejamos livres do tempo e confirmados na eternidade, onde não mais existirá a variabilidade do tempo”.

Para ele, monge Agostinho, a oração é o lugar onde superamos o tempo e nos encontramos com Deus, que está além do tempo. Orar significa não formular muitas palavras, mas entrar em contato com o desejo que mora em nosso coração. E o desejo de estar com o Deus eterno. Nesse desejo, superamos o mundo; nele, o vestígio do Eterno está gravado em nosso coração.
Contemplação nos leva a ter os nossos olhos fitos, concentrados em Deus. E este ato é algo que precisa fazer parte da nossa espiritualidade!
Tenhamos os nossos olhos fitos, concentrados em Deus por meio deste elemento tão singular e relevante em nossa vida, a contemplação.
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Alcindo Almeida - membro da equipe pastoral da IP Lapa.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Crer ou sentir – eis a questão!


Texto para meditar: Todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma. Hebreus 10:38.

A vida cristã é uma experiência inspirada e causada pela fé ou movida pelo sentimento? Vivemos num momento histórico em que a fé tem sido substituída pelo sentimento. Eu estava no carro, ouvindo numa estação de rádio evangélica, uma canção muito agradável em sua linha melódica, mas com uma letra terrível, do ponto de vista bíblico. Era algo mais ou menos assim: "eu sinto a tua presença... eu sinto a tua graça"... E por ai viajava nos sentimentos. Fico pensando: como posso sentir a presença de Deus?
O mundo moderno foi invadido pelo sentimento. As artes, a poesia, a religião e todo o pensamento contemporâneo vem sendo dominado pelo nível da emoção. A verdade que vale, não vale ser a verdade, pois o sentimento é quem dita o seu conteúdo. No fundo da criação humana encontra-se, como fundamento de maior valor, um simples sentimento hedonista. O prazer imediato é o lance que avalia e estipula o significado das decisões mais importantes.
A foto que aprisiona o fato de uma gravidez não planejada tem mais valor que um feto abortado com o fito de satisfazer um sentimento da futilidade egoísta. A menina tirou o retrato de sua barriga prenha, e depois, num gesto vulgar de desprezo pela vida, tirou a criança de suas entranhas, porque fazia estrias no tecido liso do ventre esguio.
Aquilo que eu sinto hoje é mais forte e merece mais crédito do que a realidade ética.Vivemos a ditadura dos sentimentos. Se me sinto bem comigo mesmo, posso fazer qualquer coisa, ainda que aquilo que faço, não deveria fazer. A moral do nosso tempo é uma questão da emoção egocêntrica. Alguém me sussurrou com galhofaria diante de sua gula: "vale a pena transgredir por um sentimento delicioso. O que nos resta nesse mundo de sofrimentos são esses momentos de prazer. O que encanta, distrai".
Deus também virou matéria de sentimento. A grande maioria vive buscando emoções que validem e evidenciem a presença divina. Queremos sentir a sua presença! Queremos tocar no manto de Jesus. Essa é a tônica da mentalidade pós-moderna que vive embriagada com a aparência da realidade e com o desfrute de tudo aquilo que é meramente sensório. Mas a Bíblia afirma: Visto que andamos por fé e não pelo que vemos. 2Coríntios 5:7. Isto é: andamos pela fé e não pelos sentimentos.
A presença de Deus não é assunto de sentimento. Deus não é perceptível pelos nossos sentidos nem pode ser captado pela nossa emoção. Mesmo que o céu esteja coberto por espessas nuvens negras, o sol continua brilhando em seu percurso. Mesmo que não haja qualquer evidência da presença de Deus, ele continua presente em todo lugar. Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá. Salmos 139:7-10.
Creio na presença de Deus em todo lugar nesse universo, porque a sua palavra afirma que ele está presente em qualquer lugar. Isto é fé, pois a fé se baseia apenas na suficiência da palavra de Deus. Ainda que eu não sinta a menor comprovação e não haja qualquer sinal de sua presença no universo, eu creio que Deus está bem presente porque sua palavra afirma. E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo. Romanos 10:17.
Ninguém que tem fé precisa de um sentimento para comprovar a sua convicção, já que a fé na palavra de Deus tem a sua própria persuasão fundamentada na mesma palavra. Alguém disse que: "a mente sabe que sabe, enquanto o olho não vê que vê". Embora, o olho que vê, não vê que vê; a mente que sabe, sabe que o seu saber procede da própria mente que sabe. Quem tem fé não carece de prova, pois nenhuma prova pode provar o que a própria fé prova firmada na palavra de Deus.
Quem crê não precisa de demonstração para crer, e quem não crê não há comprovação no mundo que o leve a crer. A essência da fé nega qualquer constatação fenomenológica, pois "a fé é a crença apesar das evidências". Se alguém necessita de uma prova sensória para firmar a sua fé, então essa pessoa encontra-se no campo da ciência e fora do terreno da fé. Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem. Hebreus 11:3.
A fé está relacionada apenas com a palavra de Deus. Se não houver sinal da palavra de Deus não há o menor indicio de fé. Ninguém que crê baseado na palavra de Deus precisa de qualquer sentimento para corroborar com a sua fé, pois a verdadeira confiança só carece da verdade de Deus para se sustentar. Jesus desconfiou da crença alicerçada em milagres. Estando ele em Jerusalém, durante a Festa da Páscoa, muitos, vendo os sinais que ele fazia, creram no seu nome; mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos. João 2:23-24.
Alguém pode estar indagando: então, você é contra o sentimento? Não. Absolutamente não. Mas o sentimento nunca será o fundamento da fé. Ninguém precisa de emoção para crer, mas se houver alguma emoção em sua crença, tudo bem. O sentimento não pode ser a locomotiva do trem, mas pode ser um vagão. A fé depende somente da palavra de Deus para se manifestar e o sentimento pode ou não acompanhar a fé. Visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé. Romanos 1:17.
A teologia dos sentimentos que se tornou mais desenvolvida a partir do século XIX, com Friedrich Schleiermacher, tem sua ênfase naquilo que podemos sentir no âmbito da alma. A sua tese mostra que a experiência verdadeira está vinculada com a sensação íntima e nunca com a verdade em si mesma. Para os promotores desse tema é preciso sentir a verdade, a fim de torná-la legítima. Mas Jesus não apóia essa premissa, pois seu destaque recai no puro conhecimento da verdade. E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. João 8:32.
Jesus disse: e conhecereis a verdade; ele não disse: e sentireis a verdade. A vida de fé é um produto da verdade divina, revelada em sua palavra, sem necessidade alguma de um sentimento comprobatório que autentique a veracidade da experiência. Ninguém precisa de uma emoção para apoiar a fé depositada na palavra de Deus, e mesmo que alguém tenha alguma muito importante, não há obrigação de vinculá-la ao conteúdo da fé.
Esse destaque nos sentimentos tem sido responsável por uma grande distorção na proclamação autêntica do cristianismo. Muita gente vive querendo sentir os efeitos da verdade ou as comoções estáticas de alguma experiência para poder afirmar a sua fé. Alguns acreditam que o choro e a alegria servem para confirmar a legitimidade do acontecimento. Mas a Bíblia continua sustentando que o justo viverá somente pela fé: Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé. Habacuque 2:4.
A fé é a recusa de ingressar no pânico, em virtude da suficiência concebida pela revelação divina. Só a fé na palavra de Deus pode comprovar a onipotente veracidade do Deus da palavra, e com isso, provar a realidade consistente de que a graça de Deus, origem da revelação, é também a causa da fé. A água está para o peixe, assim como a palavra de Deus está para fé. O Deus da graça que concede a expressão da sua palavra, concebe o surgimento da fé embutida na mesma palavra. Porém que se diz?
A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos. Romanos 10:8. Não é o sentimento do coração, mas a palavra da revelação que faz toda a diferença.
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Pr. Glênio Fonseca Paranaguá - Pastor da Igreja Batista de Londrina há mais de 35 anos.

Quarta da família na 1a Igreja Batista de Angra dos Reis


ESPIRITUALIDADE - Novo livro do Pr. Hernandes


LOPES, Hernandes Dias. A maior tragédia do mundo - Vol. I. São Paulo: Fôlego, 2010. Certamente conhecemos e temos lido sobre muitas tragédias que têm desabado sobre a humanidade ao longo dos séculos. São catástrofes naturais, crises econômicas, guerras encarniçadas, terremotos que abalam as estruturas da terra, enfim, são tragédias que se multiplicam ainda nos dias de hoje. Mas, certamente não há nenhuma tragédia mais grave, mais profunda e de conseqüências tão danosas como a tragédia que o texto de Gênesis relata. É sobre tal momentoso assunto que compartilharemos neste livro. Contém 52 páginas.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Deus se importa com você apesar de não merecer


- Texto para reflexão: Quando Israel era menino, eu o amei e do Egito chamei o meu filho (Oséias 11.1).
Deus se importa com você, comigo, ele se importa com a nossa história. Ele tem tempo para ficar com a gente, ele investe na gente mesmo quando preferimos as coisas terrenas. Ele nos ama apesar de não merecermos, apesar de sermos seres absolutamente cruéis e corruptos no interior.
Deus se importa com você, ele não se importou um dia, não se importaria, mas Deus se importa! Hoje. Neste momento. Neste minuto! Não é preciso esperar na fila ou voltar amanhã. Ele está com você. Não poderia estar mais próximo do que neste segundo. A lealdade dele não vai aumentar se você for melhor nem diminuir se você for pior. Ele se importa com você (LUCADO, Max. Os mais brilhantes pensamentos de Max Lucado. Rio de Janeiro. Thomas Nelson, 2008, p. 11).
Todos os seres humanos que não têm valor são aceitos por este Deus maravilhoso.
Ninguém pode abater o amor deste Deus que trata o ex Jacó (enganador) em Israel. E quando era menino, o texto diz que Deus o amor e do Egito (lugar do pecado e da separação de Deus), ele o chamou como filho.
Vejam que coisa extraordinária que este Deus maravilhoso faz. Ele ama gente que não vale nada e torna filho. E por tornar filho, ele ama, se importa, investe, dá a vida, sofre, chora não porque merecemos o choro dele, mas porque ele quer chorar. Você poder perguntar: Por que ele quer chorar por gente que não vale nada?
Porque Deus na sua infinita graça e misericórdia, ele resolveu se importa com gente que não merece absolutamente nada, mas ele ama e pronto! Deus nos tira do Egito e nos torna filhos de adoção dele. Gente que é pecadora, miserável e totalmente distante dos princípios divinos. Louvado seja o Deus que se importa comigo que sou terrivelmente pecador e com você que é igual a mim também!
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Alcindo Almeida é um dos pastores da Igreja Presbiteriana em Alpaville em São Paulo. Casado com Erika de Araújo Taibo Almeida e pai da pequena Isabella. É autor de várias obras literárias. Além disso, é membro fundador do grupo de apoio pastoral Projeto Timóteo.

terça-feira, 23 de março de 2010

7º Congresso Pastoreio de famílias.


A 7º edição do Congresso Pastoreio de Famílias contará com a participação de escritores e líderes cristãos. Eles estarão durante três dias compartilhando sobre a primeira instituição que Deus criou; FAMÍLIA.
O Congresso Pastoreio de Famílias tem como objetivo de capacitar, orientar e fortalecer pastores, líderes de ministérios, membros das famílias. São TRÊS DIAS especiais com MAIS de 10 MINISTRAÇÕES durante todo o período do Congresso.
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Igreja Batista Boas Novas - Rua Manaias, 50 - Parque Vila Prudente - SP.
(11) 2122–4243 ou por e-mail:
pastoreiodefamilias@editorafolego.com.br
Desconto especial - Até dia 15/03 -> R$25,00 A partir do dia 16/03 -> R$30,00 DATA: 15 a 17 de abril de 2010
http://www.pastoreiodefamilias.com.br

segunda-feira, 22 de março de 2010

Vi e recomendo para vocês...Um sonho possível

O filme conta a história de Michael Oher (Quinton Aaron), um jovem negro vindo de um lar destruído, que é ajudado por uma família branca, liderada por Leigh Anne (Sandra Bullock) que acredita em seu potencial. Com a ajuda do treinador de futebol, de sua escola e de sua nova família, Oher terá de superar diversos desafios a sua frente, o que também mudará a vida de todos a sua volta.
O filme é simplesmente maravilhoso!!!!

Vida de negação pela cruz


- Texto para meditar: Em seguida dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me (Lucas 9.23).

Bernardo de Claraval disse algo precioso demais: "Aprenda esta lição: se você tem de fazer o trabalho de um profeta, você precisa não de um cetro, mas, de uma enxada".
Como a cruz é o símbolo da submissão, assim a toalha é o símbolo do serviço. Quando Jesus reuniu seus discípulos para a última Ceia, eles debatiam sobre quem era o maior. Este problema não lhes era novo. Sempre que houver problema acerca de quem é o maior, haverá problema acerca de quem é o menor.
A grande verdade é que esse é um ponto crucial para nós. Nós sabemos que nunca seremos os maiores, só um é maior do que nós e ponto final: Jesus Cristo.
Interessante que no encontro de Jesus com seus discípulos na festa da Páscoa, eles sabiam que alguém tinha de lavar os pés dos outros. O problema era que só os menores é que deveriam lavar os pés dos outros.
O fato é que naquele momento eles estavam com os pés empoeirados. Era um ponto tão melindroso que eles nem mesmo iriam falar sobre o assunto. Ninguém desejava ser considerado o menor naquele momento de encontro. Então, sem palavras, sem nada a declarar como o soberano e majestoso Deus, o simples e humilde Jesus pega uma toalha e uma bacia, e com estes gestos redefine o que é a grandeza.
Ele começa em silencio a mostrar para os seus discípulos quem de fato é o maior. Ele com uma atitude singular e profunda lava os pés de pecadores que jamais mereceriam um pouco do seu amor, que dirá ter os pés lavados pelo Senhor dos senhores. Por isso ele mesmo declarou: Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós. Ele rejeitou completamente os sistemas de ordem de importância de seu tempo. Ele disse: Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva... Tal como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir (Mateus 20:25-28).
A autoridade espiritual a que Jesus se referia não era uma autoridade que se encontrava numa posição, num título, mas numa toalha. E esta toalha e bacia só se evidenciam através de um caminho, o da negação. Só acontece quando crucificamos a carne, o orgulho e a nossa arrogância. Só a cruz pode nos fazer imitar o exemplo da toalha e da bacia.
Jesus disse aos seus: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
Seguir a Jesus é morrer todos os dias para nós mesmos e a fim de que a vida dele seja viva em nós. Só podemos seguir os seus passos através da cruz, através da negação de nós mesmos. Não há outro caminho no Reino a não ser o da negação.
Sem crucificação não tem serviço e sem serviço não tem participação no Reino de Deus!

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Alcindo Almeida é um dos pastores da Igreja Presbiteriana da Lapa em São Paulo. Casado com Erika de Araújo Taibo Almeida e pai da pequena Isabella. É autor de várias obras literárias. Além disso, é diretor e membro fundador do grupo de apoio pastoral Projeto Timóteo.

SUA ALTEZA, O MENDIGO. XLIII


O velho mendigo se matriculou na escola da fé. Sua primeira aula foi sobre a metodologia auditiva. Aprender a escutar o silêncio. A voz de Aba é mais suave que o cicio da brisa, enquanto a fé é o mistério da palavra confidencial, ouvida no secreto do coração.
Os barulhos da alma são ensurdecedores. Uma boca calada e um ambiente sossegado não garantem tranqüilidade para a mente, nem ausência de ruídos interiores, capazes de ouvir a voz de Deus.
Ouvir a voz celestial não é tarefa fácil e, sem esta fala divina, não há fé. O Espírito diz que a fé só aparece quando Deus conversa com ternura. O problema é que ele, quando discorre suavemente, essa tonalidade é imperceptível ao ouvido físico. A voz do Altíssimo é um sussurro baixíssimo, delicada e sutil. Ele sopra doce e elegantemente do seu Espírito ao nosso espírito em harmoniosa dicção espiritual com a sua requintada palavra.
A voz audível de Deus no mutismo da alma e na calmaria do ser é a matriz da fé. O velho mendigo de Tarso descreveu assim o processo real da confiança. A fé vem pelo ouvir, e o ouvir vem pela palavra de Cristo. Romanos 10:17. Onde não há a escuta interior da palavra de Deus, não haverá a menor probabilidade do aparecimento da fé verdadeira.
O curso da fé começa com a audição silenciosa. O Mestre é claro: Quem tem ouvidos [para ouvir], ouça. Mateus 11:15. Tem gente que só escuta fisicamente, mas é surda no espírito. O ensurdecimento espiritual incapacita o discípulo de ser aprovado na fé.
Pedro foi arrojado ao andar sobre as águas. Ele, num primeiro momento, ouviu a voz do Senhor e andou sobre o tapete vermelho da Palavra de Cristo. O “vem” de Jesus lhe deu sustentabilidade sobre a face do mar, mas o vento e as ondas o levaram a afundar. Ele ouviu, por um instante, a voz que gera a fé, para, logo em seguida, ficar insensível pela dúvida. Aqui, não basta ouvir. É preciso continuar ouvindo o concerto da fidúcia eterna.
Se quisermos tomar parte na escola da fé, temos que aprender ouvir a voz de Cristo na suavidade do seu falar. Para intuir a sua voz é necessário silêncio profundo no interior de nosso ser.
A alma só ficará silente quando todos os seus segredos forem elucidados diante de Aba, a fim de se perceber aceita. A pessoa justificada goza profunda paz e, consequentemente, se aquieta diante do trono para ouvir a voz aprazível condutora da fé. É neste instante que surge a oração dos filhos de Aba. Esta é a lição inicial da fé. Boa aula.
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Glenio Paranaguá – mendigo-padrão.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Precisamos de pessoas

- Texto para reflexão: Já que tendes purificado as vossas almas na obediência à verdade, que leva ao amor fraternal não fingido, de coração amai-vos ardentemente uns aos outros (I Pedro 1.22).

O caminho para a nossa construção como seres humanos é que precisamos das pessoas. Mesmo que as amemos ou não, nós precisamos delas. Podem crer que uma hora dessas precisaremos daqueles que menos amamos.
Quantas foram às vezes que eu recebi ajuda inesperada de pessoas com quem eu não tinha relacionamentos fortes de amizade. E a vida é assim, passam pelo nosso caminho pessoas que nos abençoam de alguma maneira. Seja com um gesto de carinho, algo que alguém faz para nos socorrer sem esperar nada de volta.
Quantas vezes julgamos pessoas por conta de pensamentos e conclusões nossas, e lá na frente elas são colocadas por Deus em nosso caminho para nos ajudar.
Algo que precisamos entender é que pessoas que não precisam de outras não amam. O fato é que não começamos a amar de verdade até o dia em que precisamos profundamente de alguém. Deus sempre nos surpreende mostrando a necessidade de amarmos as pessoas. Lembro-me de um exemplo da minha adolescência. Havia uma pessoa que eu detestava, nós não podíamos nos ver que saia briga. Estas coisas de meninos com 13 ou 14 anos de idade. Eu dia Deus me fez precisar dele, eu estava no caminho de volta para casa e passei muito mal. Não tinha para onde correr, a não ser na casa exatamente desta pessoa. Tive que ter a humildade de lhe pedir socorro. Qual foi a minha surpresa?
Este rapaz me tratou como alguém que ele conhecia há muito tempo. E depois deste dia nos tornamos amigos inseparáveis. Eu o levei na minha comunidade e ele foi tocado pela graça de Deus. E hoje tem a sua família inteira no Evangelho.
Quando estamos em crise ou com alguma dificuldade, Deus coloca pessoas em nossa direção. Assim vínculos são estabelecidos e a nossa vida espiritual é fortalecida através de pessoas.
Pedro mostra que em Jesus somos purificados pela obediência à verdade. E esta verdade nos leva a uma prática de amor não fingida para com o nosso próximo e isto com um coração ardente, ou seja, fervorosamente, constantemente, pois, o amor para com o próximo deve ser parte da própria essência do povo de Deus.
Esta é uma razão de termos temor para com Deus, pois, em Jesus ele nos deu o privilégio de obedecer à Palavra amando as pessoas, servindo-as com coração sincero, fervoroso e bondoso.
A grande verdade é que deus nos convida a viver do lado das pessoas demonstrando amor para com elas porque como seres humanos nós precisamos de pessoas.
Não deixemos de reconhecer isto na vida!

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Alcindo Almeida

terça-feira, 16 de março de 2010

7º Congresso Pastoreio de famílias....


PALESTRANTES E LOUVORES
JAIME KEMP é doutor em ministério familiar e diretor do Lar Cristão. Foi missionário da Sepal a 31 anos e fundador dos Vencedores por Cristo. É palestrante e autor de 50 títulos. Casado com Judith, é pai de 3 filhas e avô de 2 netos.
VAGNER VAELATTI é pastor titular da Igreja Batista Boas Novas, desde 1994. Com formação em bacharel e mestre em Teologia com especialização em Evangelismos e missões é casado com Marta Conovalov Vaelatti e tem três filhos.
IVONILDO TEIXEIRA É casado com Mônica Teixeira com quem possui duas preciosas filhas, Samanta e Talita. Natural de Montes Claros, Minas Gerais. Reside na cidade de Vila Velha, Espírito Santo, onde foi condecorado com o título de cidadão vilavelhense no ano de 2001.
RAMON TESSMANN É músico, dirigente de louvor, conferencista na área de adoração e avivamento. É casado com Amanda Tessmann e reside em Criciúma, SC, tendo a cobertura da Igreja Vida Nova, na pessoa dos pastores Edson e Vanilda Tessmann. Tem desenvolvido pesquisas e importantes estudos na área ministerial, abrangendo temas como louvor, liderança, avivamento, discipulado, missões, caráter e muitos outros. Isso tem trazido edificação para músicos, pastores e líderes ao redor do mundo.
MARTA VAELATTI Marta Vaelatti é líder de mulheres da Igreja Batista Boas Novas, mãe de três filhos.
MARCOS GARCIA é pastor na Catedral Metodista de São Paulo, no bairro da Liberdade, mestre e doutor em Ciências da Religião, Teologia Prática e Sociedade pela Universidade Metodista de São Paulo, professor no Centro Metodista de Capacitação – Cemec e palestrante em encontro de casais. É casado com Ivana e pai de Mateus e Larissa.
PAULO DE TARSO é engenheiro civil e mestre em teologia. É o idealizador e organizador do Site, Palestra e Seminário Finanças para a Vida e do Projeto Educação Financeira para Todos (paulodetarso@financasparaavida.com.br) - www.financasparaavida.com.br
ALCINDO ALMEIDA é pastor da Igreja Presbiteriana da Lapa em São Paulo É casado com Érika e juntos tem uma filha. Ele vem desenvolvendo seu ministério pastoral desde 1997, autor dos livros: Conselhos para uma vida sábia, Dores, lágrimas e Alegrias nos Salmos, entre outros.
GERSON BORGES é carioca de Campinho, subúrbio do Rio de Janeiro. Começou no violão aos nove, tendo seu pai como primeiro instrutor e mestre musical e poético. Estudou da Escola de Música Villa-Lobos, no centro do Rio e depois graduou-se em Letras, tendo pós-graduação em Sociologia da Literatura .Casado, dois filhos , pastor na Comunidade de Jesus em São Bernardo do Campo, SP.
MINISTÉRIO IPIRANGA Liderado por Peter Quintino e Davi Passamani tem baseamento em um viver em santidade, integridade, compromisso e excelência, que são as palavras chaves que norteiam o ministério.
MARCOS TOMAZZI Thomazzi é pastor da Comunidade Cristã Ministério Ipiranga, docente do Instituto Haggai e palestrante internacional. Casado com Lúcia e pai de três filhos e dois netos.
ADHEMAR DE CAMPOS é cantor, músico, compositor e pastor auxiliar da Igreja sede da Comunidade da Graça no Brasil, localizada na Vila Carrão, São Paulo.

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DATA: 15 a 17 de abril de 2010

O local será aberto ás 15h00 do dia 15 para recebimento do Kit participante e ás 18h00 para acesso ao auditório para louvor e ministrações.

LOCAL: Igreja Batista Boas NovasRua Manaias, 50 Parque Vila Prudente - SP.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Vem aí o meu novo livro pela Editora Fôlego

ALMEIDA, Alcindo. Alegria - foco para o crescimento diante de Deus - Livro de Filipenses. São Paulo: Fôlego 2010.

Alcindo foi muito feliz quando abordou as marcas da verdadeira alegria na elaboração desta obra. Não podia ser o contrário. Primeiro, porque ele foi beber na cacimba da alegria. Esta carta delicia qualquer peregrino exausto.
Quando eu ando meio jururu, então está na hora de saborear água fresca neste manadeiro da excelência gozosa. Assim, freqüentemente, eu preciso retornar à meditação desta Epístola recheada de regozijo para me restaurar.
Segundo, Alcindo é um discípulo desta escola jubilosa, evidenciando no seu estilo os traços de uma pessoa bem-aventurada. Não gosto de fazer elogios, porque eles são perigosos. Além do que a Bíblia afirma que os homens são provados, exatamente, pelos elogios que recebem. Mesmo assim e, correndo este risco, não posso deixar de dizer que foi muito bom, para mim, o convívio que experimentei com o Alcindo.
Sou muito grato ao Senhor pela sua amizade e de sua família. Alguém disse que “amigo é aquele que se achega quando todo mundo se afasta”. Foi num tempo de quarentena que Alcindo se aproximou de mim como amigo e companheiro de jornada rumo à Terra Prometida, ajudando-me com as suas sugestões preciosas de leitura e com o seu afeto de leitor criterioso.
Quem escreve precisa muito de leitores atilados com a tarefa de fazer análises sérias e críticas densas, a fim de ajudarem ao escritor descomplicar o pensamento. Agradeço também a este amigo por ter prefaciado um dos meus livros.

Glenio Fonseca Paranaguá Mendigo-padrão da Casa da Aba.

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Local: Novo Templo da Igreja Batista Boas Novas - Rua Manaias, n. 50 Pq. Vila Prudente
Fone: 2341- 8141
Data: 17.04.2010
Horário: 11:00 hs

sábado, 13 de março de 2010

O drama da cruz: No jardim do Getsêmani nossa salvação estava por um fio -- mas o fio era de aço!

“Jesus teve as mesmas tentações que nós temos, ainda que ele nunca cedeu a elas nem pecou” -- é o que diz a Bíblia (Hb 4.15, BV). Porém, nenhum de nós passou por uma tentação tão difícil como a que ele experimentou na madrugada de seu último dia de vida.
O momento da tentação
Aconteceu logo após o programa da reunião de despedida realizada no cenáculo de Jerusalém na noite de quinta para sexta-feira. Logo após o lava-pés, a celebração da Páscoa, a instituição da Santa Ceia, a exortação “não se perturbe o coração de vocês”, a promessa de outro Consolador, o discurso da Videira verdadeira, o adeus final, a oração intercessória e o cântico de um dos salmos.
O ambiente da tentação
Em certa altura do Monte das Oliveiras, a 830 metros de altura, fica o Jardim do Getsêmani, do outro lado do ribeiro Cedrom, lugar onde costumeiramente Jesus e seus discípulos oravam (Jo 18.2). Foi exatamente ali que aconteceu a última e mais feroz tentação de Cristo. O fato de ter sido num jardim lembra o jardim do Éden, onde se deu a primeira tentação da história humana, quando o pecado entrou no mundo. O detalhe de que o Getsêmani ficava do outro lado de Cedrom (Jo 18.1), lembra a experiência mais dramática de Jacó, quando ele lutou com Deus e venceu, do lado de cá do ribeiro Jaboque. Era um ambiente aberto e bucólico, numa madrugada de lua cheia.
As andanças de JesusLogo na entrada do jardim, Jesus deixa alguns discípulos no ponto “A” e leva outros três para o ponto “B”, um pouco mais na frente. Em seguida, sozinho, avança mais um pouco e chega ao ponto “C”. Depois, faz duas vezes o percurso de ida e volta entre o ponto “C” e o ponto “B”. Ele parece agitado.
O que era muito razoável, já que, nos momentos seguintes, ele seria traído com um beijo, negado três vezes pelo próprio Pedro, condenado como réu de morte por um tribunal religioso, açoitado, espancado, ridicularizado (cruz de espinhos na cabeça e cetro de caniço na mão direita), entregue para ser morto pela justiça romana e pregado numa cruz. Se ele não estivesse disposto a beber o cálice, nada disso aconteceria.
Oscilações de humor
Ao chegar ao ponto “B”, na companhia de Pedro, Tiago e João, Jesus “começa a entristecer-se e a angustiar-se” (Mt 26.37). Antes, ele não estava nem triste nem angustiado, a ponto de afirmar aos seus discípulos, enquanto no cenáculo: “Tenho-lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa” (Jo 15.11). Com Ana, mulher de Elcana e mãe de Samuel, aconteceu o inverso: ela passou da tristeza para a alegria depois de ter orado no templo (1Sm 1.18).
DesabafoNunca ninguém fez o que Jesus faz na parada do meio (o ponto “B”). O Verbo feito carne, a imagem visível do Deus invisível, o enxugador de lágrimas alheias, o Todo-poderoso que acalma o mar e repreende o vento, o perdoador da mulher adúltera e da mulher pecadora, o médico dos médicos, o ressuscitador de mortos -- abriu seu coração com Pedro, Tiago e João e desabafou: “A minha alma está profundamente triste até a morte” (Mt 26.38). O texto é mais dramático na NTLH: “A tristeza que estou sentindo é tão grande, que é capaz de me matar”.
Trinta metros adianteEnquanto os três amigos não conseguem vencer o sono, Jesus, a sós no ponto “C”, encosta a parte mais alta do corpo no chão e ora ao seu Pai: “Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres” (Mt 26.39). O teor dessa oração, que seria repetida duas vezes, mostra qual é a tentação pela qual Jesus está passando.
É uma tentação atroz: a vontade surpreendente de não beber o cálice transbordante da ira de Deus que iria atingir o ser humano por culpa do seu pecado, caso ele não o bebesse. Alguns dias antes, estando ainda em Cesareia de Filipe, ao norte da Galileia, ele havia sido tentado por Pedro a ter compaixão de si mesmo e evitar a cruz (Mt 16.21-23).
Oração submissa
Embora totalmente livre e soberano, Jesus autoriza: “Não seja feito o que quero [no presente momento da tentação], mas o que tu queres” (Mt 26.39, 42). Em outras palavras, Jesus está dizendo: “Eu quero a tua vontade e não a minha” (BV). Jesus é coerente com o modelo de oração que ele havia ensinado: “Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra [no jardim do Getsêmani, aqui e agora] como no céu” (Mt 6.10).
No início daquela semana, pouco depois da entrada triunfal em Jerusalém, Jesus já estava afirmando sua submissão ao sacrifício: “Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora” (Jo 12.27).
Tentação absurdaJá que sacrifícios e holocaustos de animais não podem em absoluto remover pecados, Jesus, antes mesmo de sua encarnação, havia se oferecido para entregar seu próprio corpo como oferta definitiva pelo pecado: “Estou aqui, ó Deus, venho fazer a tua vontade” (Hb 10.7, NTLH).
Agora, no Getsêmani, uma vontade contrária e circunstancial muito forte toma conta dele. Todo o esquema de salvação, na antiga e na nova aliança, fica dependurado por um fio. Tornam-se tremendamente incertas a justificação, a santificação e a glorificação do miserável pecador!Totalmente impossívelÉ verdade que Jesus usou a condicional “se possível” na oração do Getsêmani. Mas não era possível, a bem do pecador, afastar de Jesus o cálice da salvação. Desde o Jardim do Éden, desde a queda, “não havendo derramamento de sangue, não há perdão de pecados” (Hb 9.22, NTLH).
Nossa redenção não é por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro, “mas pelo precioso sangue de Cristo, como um cordeiro sem mancha e sem defeito”, planejada antes da criação do mundo (1Pe 1.18-21). É o sangue de Jesus que nos purifica de todo pecado (1Jo 1.7). Todo o processo depende de Jesus, dependia da cruz. Jesus não podia falhar -- e não falhou.Gotas de sangueO sofrimento é tão grande que o suor de Jesus fica vermelho, transforma-se em gotas de sangue cai no chão, onde está o seu rosto (em termos médicos, o que acontece é uma hematidrose).
O sofrimento é tão grande que Jesus resolve orar mais intensamente (a oração é um recurso para ele e para nós, em qualquer drama). O sofrimento é tão grande que vem ao seu encontro um anjo do céu que o conforta e lhe dá bom ânimo, ajuda indispensável para quem precisa vencer uma batalha ou uma tentação. Trinta e poucos anos antes, uma multidão do exército celestial havia irrompido nos céus de Belém para comunicar e festejar o nascimento de Jesus (Lc 2.13-14).
Tentado, mas não vencido
De repente, a vontade espúria diminui e desaparece, e a vontade legítima volta a vingar e prevalece. A tempestade passa, a crise acaba, a tentação é vencida e o processo de salvação continua. Jesus levanta a cabeça, reúne os discípulos, entrega-se corajosamente aos seus algozes, caminha para a cruz, toma sobre si a iniquidade de todos nós, derrama sua alma na morte e realiza plenamente o seu projeto!
O fio no qual a nossa salvação estava dependurada não se rompe. A expiação dos nossos pecados foi tão plenamente cumprida que o véu do templo, naquele mesmo dia, se rasgou por inteiro de alto a baixo! Aleluia!

Encontro no Servo de Cristo


C. S. Lewis, J. I. Packer e a Canaã dos cristãos

Nossa peregrinação rumo à Canaã dos cristãos é diária. Ainda não chegamos ao rio Jordão. Há uma escolta nos aguardando na outra margem do rio. Nosso apetite pela Canaã futura é inveterado.Por enquanto somos “anfíbios” -- metade espírito e metade animal.
Somos como o mármore à espera de modelagem ou como o metal derretido ainda não despejado no molde. Não sabemos exatamente como nos tornaremos na Canaã dos cristãos, mas podemos ter certeza de que seremos mais e não menos do que somos aqui e agora. No momento estamos sujeitos à ondulação -- a volta repetida a níveis mais baixos e a níveis mais altos.
Enquanto vivermos aqui, do lado de cá do Jordão, períodos de riqueza e vivacidade emocional e corpórea se alternarão com períodos de embotamento e pobreza. Estamos nas preliminares dessa primavera amplamente difusa, no hall de entrada, na sala de espera. Fomos predestinados e tornados justos, estamos sendo continuamente guardados e santificados, mas a plenitude da salvação, a glória final, ainda não chegou. Ela está depois do rio Jordão.
Em Cristo, passaremos das águas geladas e escuras para as águas azuis e quentes, em direção à luz do sol e ao ar puro.Estamos caminhando para o dia em que a vontade de sermos santos e irrepreensíveis perante o Senhor será finalmente realizada quando atravessarmos o rio, pois, “quando Jesus vier, seremos semelhantes a ele” (1Jo 3.2).
Então, a grande multidão de remidos se encontrará e todos vamos nos encontrar face a face com o nosso Deus e Pai e com o Senhor Jesus para todo o sempre!
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Texto inspirado em trechos de Um Ano com C. S. Lewis e O Conhecimento de Deus ao Longo do Ano, de J. I. Packer.

O Que é Missão Integral?

"A FIM DE PROCLAMAREM AS VIRTUDES DAQUELE QUE OS CHAMOU DAS TREVAS PARA A SUA MARAVILHOSA LUZ.”

Ainda que a expressão “missão integral” esteja na moda, o modelo de missão que ela representa não é recente. Além disso, há muitas igrejas que a praticam sem necessariamente usar a expressão para referir-se ao que estão fazendo. O que aconteceu nos últimos anos foi uma recuperação da perspectiva bíblica segundo a qual não basta falar do amor de Deus em Cristo Jesus: é preciso vivê-lo e demonstrá-lo em termos de serviço.
Em O Que é Missão Integral?, René Padilla mostra que a igreja que se compromete com a missão integral entende que seu propósito não é chegar a ser grande, rica ou politicamente influente, mas sim encarnar os valores do reino de Deus e manifestar o amor e a justiça, tanto em âmbito pessoal como em âmbito comunitário.* * *
“Nos últimos anos, a causa da missão integral se expandiu de modo admirável, tanto na América Latina como ao redor do mundo, especialmente nos países em desenvolvimento. Os textos aqui reunidos são “escritos de trincheira".
Quase todos surgiram no calor das circunstâncias, em resposta às exigências do momento. A vantagem é que o que alguém escreve assim é mais simples e espontâneo e reflete melhor a realidade que o rodeia.
A desvantagem é que há o risco de improvisação e generalizações. No entanto, nada do que escrevi parece ter sido tão usado em grupos de reflexão, igrejas e instituições de educação teológica como estes ensaios.
Acredito que a explicação para isto é que a leitura deles não requer muito tempo e, além disso, cada um é acompanhado de um guia de atividades para facilitar o diálogo e o estudo em grupo.”
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C. René Padilla: é um dos teólogos e pensadores protestantes latino-americanos mais conhecidos em todo o mundo. Nascido no Equador e residente em Buenos Aires, na Argentina, é fundador e presidente da Rede Miqueias. É bacharel em filosofia, mestre em teologia pelo Wheaton College, EUA, e doutor em Novo Testamento pela Universidade de Manchester, na Inglaterra. É membro-fundador da Fraternidade Teológica Latino-Americana e diretor de Ediciones Kairos, editora ligada à Fundação Kairós. É ex-presidente internacional da Tearfund, e autor e organizador de vários livros publicados em vários idiomas.

Perguntas que equilibram as emoções

Vivemos um tempo em que é muito fácil perder o equilíbrio emocional e espiritual. Uma dificuldade que muitos cristãos enfrentam é aceitar a realidade e responder a ela apropriadamente. Nossas reações emocionais emergem da forma como pensamos sobre a vida e os acontecimentos. Não são as realidades externas que nos perturbam, mas o julgamento que fazemos sobre elas. Sobretudo, a forma como cremos que Deus participa delas.
O apóstolo Paulo, em carta aos cristãos que viviam na capital do Império Romano, faz quatro perguntas retóricas que nos ajudam a construir uma estrutura espiritual capaz de produzir em nós sentimentos e atitudes verdadeiros diante das diferentes situações e experiências. Primeira pergunta: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”. Sabemos que existem muitas coisas “contra nós”. Existem acidentes, doenças, mortes. Existem crises econômicas e políticas. Existem fofocas, mentiras, calúnias, traições.
Paulo não está afirmando que nada disso vai acontecer conosco. Acontecem com todos os santos. Podemos sofrer as frustrações de um divórcio, a angústia da demissão ou a desilusão em relação aos amigos. Tudo isto atua “contra nós”. Porém, a pergunta de Paulo é: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”.Como reagimos emocionalmente a estas situações? Fugindo? Vitimando-nos? Responsabilizando os outros? Duvidando de Deus? A verdade que compõe a estrutura espiritual de Paulo é que Deus é por nós.
O Deus Criador de todas as coisas, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, é por nós. Paulo estava seguro desta verdade, e tal convicção moldava seu pensamento e, consequentemente, seus sentimentos e emoções.Segunda pergunta: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?”.
A ansiedade é um dos grandes males do nosso tempo. Porém, quando achamos que estamos perdendo alguma coisa, Paulo nos convida a perguntar: Se na cruz Deus nos deu o melhor, por que o medo de perder algo? Confiamos que ele nos dará tudo de que precisamos? A verdade que sustenta a vida de Paulo é: o Deus que nos deu o que tinha de mais precioso não deixará de nos dar nada que nos seja necessário.
Como reagimos emocionalmente ao sentimento de que algo está faltando? Davi responde: “O Senhor é meu pastor, nada me faltará”. Como Paulo, ele confiava no Deus que ama e supre cada uma de nossas necessidades.Terceira pergunta: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?”. Somos constantemente afligidos por sentimentos de culpa.
Para Paulo, se Cristo nos justifica, quem pode nos condenar? O veredicto que ele apresenta não é baseado no que temos feito, mas no que Cristo fez. As pessoas podem nos acusar, cobrar ou condenar, mas isto pode mudar alguma coisa? O único que de fato pode nos acusar é o mesmo que nos justifica. O nosso maior problema não são os outros, somos nós. Uma grande liberdade emocional nasce do simples fato de nos fazer esta pergunta: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?”. Quarta pergunta: “Quem nos separará do amor de Cristo?”.
Aqui Paulo fala de situações que podem nos fazer sentir que Deus se esqueceu de nós. Tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada -- situações que ele viveu. São experiências com grande potencial de nos fazer sentir abandonados. De onde vêm estes sentimentos? Destes eventos ou do que pensamos sobre eles?
Podem estas circunstâncias nos separar do amor de Cristo? Para Paulo, não.Nossas respostas aos fatos não são determinadas por eles, mas pelo julgamento que fazemos deles. Se julgarmos que uma provação tem o poder de nos afastar do amor de Deus, certamente nos afastará. Se julgarmos que alguém pode levantar uma acusação contra nós e nos fazer sentir culpados, certamente isto acontecerá.
Fazer tais perguntas não muda as circunstâncias, mas muda a forma como as vemos ou julgamos. Ao fazê-las, adquirimos uma perspectiva correta e amadurecemos nossos sentimentos.
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• Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de “Janelas para a Vida” e “O Caminho do Coração”.

sexta-feira, 12 de março de 2010

SUA ALTEZA, O MENDIGO XLII

Ser mendigo e fazer parte de um sindicato de classe deve ser um terror. Mendigo sindicalizado é como papagaio na gaiola, pode até falar, mas não tem a liberdade de voar. Sua Alteza tem compromisso com a calçada, mas não com o cartão de ponto.

O verdadeiro mendigo é livre. Liberdade é o maior patrimônio do Evangelho garantido ao ser humano. Ser filho de Aba é usufruir da liberdade em sua essência. Contudo, libertação nunca foi libertinagem. Não há licença para a licenciosidade. Eu sou livre para fazer todas as coisas de acordo com a minha natureza de filho de Deus e apenas para a edificação dos outros, de acordo com a glória do próprio Deus.
Mesmo os membros da raça adâmica só são livres em sua natureza para fazer as coisas que produzem benefícios de mão dupla. Por exemplo: ninguém é livre para matar, roubar ou adulterar. Aqui, o que é bom para um, tem que ser, necessariamente, bom para todos. Perdoa-me, Pai, pelo abuso, se ultrapassei os limites da tua criação.
Todavia, não há liberdade coagida, muito menos liberdade para a destruição de uma personalidade. A liberdade é um fluxograma designado só para a construção das vidas. A licitude tem que se relacionar com a edificação das pessoas, jamais com a demolição do caráter de quem quer que seja. Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam. 1 Coríntios 10:23.
Quem disse que sou livre para ferir alguém? Não há liberdade para golpear as costas alheias ou odiar o próximo. Todo o que odeia é escravo servil dos sentimentos mais baixos do inferno. Os filhos de Aba só são livres para perdoar e amar. Quem perdoa o seu algoz, permanece fora de uma penitenciária de segurança máxima, a amargura insidiosa. Perdoar é viver em liberdade pelo amor.
As crianças de Aba não apreciam viver em creches apertadas ou abusadas por códigos. Sua Alteza também detesta pressão e prisão. O legalismo é uma camisa de força legada ao manicômio judicial da religião opressora. Uma dama, livre por Cristo, nunca usará um espartilho para conter seu tecido adiposo, nem o cavalheiro da graça vestirá a cinta elástica para esconder seu abdômen obeso.
O Evangelho é a mensagem da libertação plena e a casa de Aba é o ambiente da alforria inalterável na subjetividade de seus filhos. Nenhum filho de Deus pode residir em comunhão constrangida sobre os muros do altar, muito menos pelos olhares críticos de gente trucidada pelos sentimentos de culpa não perdoada. Para aqueles que vivem na presença do Pai, ninguém tem o direito de apontar o dedo. Boa viagem, peregrinos libertos, rumo à Nova Jerusalém.
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Glenio Paranaguá – mendigo-padrão.

Enfrente a dor


- Texto para reflexão: Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então é que sou forte (II Coríntios 12.10).

O caminho para a recuperação é uma escalada longa e íngreme, mas supera a agonia de permanecer no vale do desespero.
A pergunta para nós hoje é: Quem nunca perdeu um ente querido, por divórcio, morte ou rompimento de um romance?
Quem não teve o sofrimento das perdas? Eu perdi há mais de um ano o meu pai com uma doença terrível que é o câncer. E percebo que geralmente quem passa pela dor da perda de alguém querido, consegue entender a vida com maior intensidade e com ela se preocupa mais profundamente. A perda faz parte da vida e, mais cedo ou mais tarde, todos a enfrentamos. Às vezes, que a morte, por exemplo, nunca baterá a nossa porta, não nos iludamos, ela baterá um dia destes.
Isso não nos deve nos magoar; pelo contrário, deve nos levar a crescer e crescer. Aliás, acredito que o propósito do sofrimento dado por Deus em nossa vida, é extrair um sentido da dor, lucrar com ela, amadurecer com o desgosto e transformar a tristeza em alegria.
Acredito que este foi o ensinamento de Deus na vida de Paulo. O sofrimento de Paulo foi pedagógico para sua alma. Os tempos de aflição na vida de Paulo foram estações produtivas na seara. Por isso, que não concordamos que os acontecimentos parecidos com os da vida de Jó são maldições. Não, Deus manda espinhos na carne que se tornam bênçãos profundas na vida e provocam grande dependência dele em nossa vida.
Então, se você está passando por este espinho na carne, andando em algum vale sombrio, suportando tempestades das tentações (PARANAGUÁ, Glênio Fonseca. As bênçãos na aflição. Londrina – PR. Editora IDE, 2002, p. 12. Se você está assim, não se desanime e olhe para o que acontece na vida do maior dos apóstolos, Paulo. E siga o seu exemplo de dizer não para o desânimo e descansar em Deus e na sua graça sempre.
Admitir e aceitar a perda é essencial para a cura de um coração partido. Se essa é sua situação, não importa a intensidade da dor, o importante é que quando estamos fracos por causa da dor e sofrimento, aí Deus nos torna mais fortes e a graça dele nos basta.
Algumas das histórias de maior sucesso foram escritas por pessoas que, ultrapassando desvantagens que pareciam insuperáveis e esmagadoras, aceitaram suas perdas e as transformaram em oportunidades para o crescimento pessoal.
Nós podemos fazer o mesmo!
Quando o coração está partido, a vida sai de foco. A perda de um amor provoca um forte impacto na vida presente, e pode até ameaçar a felicidade futura. Até mesmo diante do abalo de uma relação amorosa desestruturada, tem forças nos meio das fraquezas.
Tenho conversado com uma moça que perdeu o marido nestas facetas da vida, ela diz que tem um aperto dentro dela que não tem cura. Eu disse a ela que a marca ficará, mas a dor acabará uma hora. E esta fraqueza e tornará muito mais forte e dependente da graça de Deus.
Enfrentemos pela graça a nossa dor!
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Alcindo Almeida

sábado, 6 de março de 2010

Entre comunidades enfermas e indivíduos doentes

Precisamos abrir mão do mito da congregação cristã perfeita

Cresce no Brasil o número daqueles que defendem a possibilidade do exercício da espiritualidade cristã sem vínculos formais com as chamadas igrejas. Tal tendência é cada vez mais encontrada em livros e na postura de pastores, lideres e artistas que não mais possuem compromisso efetivo com uma comunidade local. Para estes, as igrejas, tanto em sua expressão local como também institucional, deslocaram o foco do simples exercício da fé comunitária para a manutenção dos projetos personalistas de seus líderes ou demandas de suas denominações. Inúmeros casos e histórias são contados para justificar a acusação. Ao ouvi-los, somos levados a concluir: estas comunidades se encontram enfermas.
O problema é o que fazer diante dessa situação. Simplesmente abortar a expressão comunitária da espiritualidade cristã seria a solução? Substituir a congregação formal por uma reunião semanal, quinzenal ou mensal, com pessoas à nossa imagem e semelhança, é a saída? Ou é mais válido viver à parte dos demais cristãos, alimentando a perigosa pretensão de que somente nós estamos saudáveis, enquanto todos os demais estão enfermos? Quando condicionamos nossa reflexão aos conceitos e princípios que nos são oferecidos na Palavra de Deus, teremos que admitir que, ao eliminarmos o engajamento comunitário de nossa prática espiritual, geramos apenas indivíduos doentes.
Nosso Deus, ao se revelar através da história da salvação, apresenta-se como um Deus comunitário. Ele é Pai, Filho e Espírito Santo. A trama da salvação é vivida por estas três pessoas, que pertencem a uma comunidade divina. Cada uma delas possui características próprias, porém fazem uso delas não na direção da autonomia, mas da interdependência, a qual constrói historicamente a redenção de todas as coisas. Da mesma forma, o Senhor nos criou como seres comunitários. Existe uma expressão do plano divino em nossas vidas que só pode ser desenvolvida através da vida em comum, com constância e compromisso. O perigo do isolamento é a construção de um projeto autônomo, no qual nossos pensamentos e características próprias tornam-se o parâmetro da verdade.
Quando Deus escolheu e chamou Abraão, manifestou sua intenção em construir historicamente uma comunidade, na qual o alvo maior seria a mutualidade, o serviço. Além disso, o elemento unificador daquela comunidade não seriam as virtudes dos indivíduos que a formariam, mas a perfeição de seu criador e redentor, que por sua imensa graça une gente imperfeita e complexa. O reflexo dessa vida comunitária no Novo Testamento segue o mesmo padrão. Jesus escolhe e chama seus discípulos dentre homens complicados e inconsistentes, para fazer deles um grupo que tem como marca o amor e serviço mútuo. As dificuldades de um projeto dessa natureza se manifestaram desde cedo, e se intensificam ao longo da plantação das primeiras comunidades cristãs. Mesmo assim, a exortação do escritor bíblico é clara: “Não deixemos de nos congregar, como é costume de alguns” (Hebreus 10.25).
Estão certos aqueles que acusam as igrejas de serem comunidades enfermas, já que Deus escolheu e chamou um pessoal complicado para formá-las. Tal constatação pode nos levar ao isolamento, o que até parece mais confortável. Mas também pode nos levar ao compromisso em aprender a celebrar as virtudes do outro e acolhê-lo em suas limitações, o que é mais saudável. Por outro lado, quem diz que os que vivem de forma autônoma e isolada adoecem também têm razão. O dilema, então, chega a ser shakespeareano: ser ou não ser parte de uma comunidade cristã?
Primeiramente, precisamos admitir que não existe outro caminho para aprendermos a amar e a servir, expressando a marca maior daqueles que seguem a Jesus, se não nos engajarmos em relacionamentos duradouros e, consequentemente, na vida comunitária. Aqueles que não se submetem a esse processo desenvolvem uma individualidade imatura e doentia, passando a ter a si mesmos como referência, o que é a pior forma de idolatria. Em segundo lugar, precisamos buscar comunidades que correspondam aos critérios mínimos de higidez estabelecidos pelas Escrituras – e a maneira como a Palavra de Deus é ensinada, a forma como a liderança é exercida e o tipo de relacionamento que é incentivado entre seus membros são bons exemplos de elementos a serem observados.
Mas em terceiro e último lugar, precisamos também abrir mão do mito da comunidade cristã perfeita, que tem levado muita gente a acreditar que ela poderá ser estabelecida por eles mesmos, à sua imagem e semelhança. Todavia, será só uma questão de tempo para perceberem o problema ético e estético de tamanha pretensão. Acontece que comunidades cristãs possuem um fator distintivo: elas são formadas por pessoas imperfeitas, confusas e complicadas que têm como fator unificador não os seus méritos, mas as virtudes daquele que as chamou.
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Ricardo Agreste é pastor da Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera

O céu não é a questão


Não há acordo na Igreja hoje em dia sobre o que acontece com as pessoas quando morrem, embora o Novo Testamento seja claro sobre o assunto. Paulo fala da “redenção do nosso corpo” em Romanos 8.23. Não há espaço para dúvidas sobre o que ele quer dizer: ao povo de Deus é prometido um novo tipo de existência corporal, a completude e redenção da nossa vida corporal presente. O resto dos primeiros escritos cristãos, onde este assunto é abordado, estão em completa sintonia com isto.
O quadro tradicional de pessoas que vão para o céu ou para o inferno como uma jornada pós-morte, com um estágio de duração, representa uma séria distorção e diminuição da esperança cristã. A ressurreição do corpo não é nada diferente desta esperança – é o elemento que dá forma e significado ao resto da história dos últimos propósitos de Deus. Se resumida, como muitos têm feito, ou até deixada de lado, como outros fizeram explicitamente, perde-se esta visão extra, uma espécie de “peça central” da fé, que a faz funcionar. Quando falamos com precisão bíblica sobre a ressurreição, descobrimos uma base excelente para um trabalho cristão criativo e vivo no mundo presente, e não, como alguns supõem, mero escape ou devoção sacrificial.
Enquanto o paganismo greco-romano e o judaísmo possuíam uma grande variedade de crenças sobre vida após a morte, os primeiros cristãos, a começar por Paulo, eram memoravelmente unânimes acerca do tema. Quando Paulo fala, em Filipenses 3, sobre a “cidadania dos céus”, o apóstolo não quer dizer que vamos nos aposentar na eternidade após terminar nosso trabalho aqui. Ele diz na linha seguinte que Jesus virá dos céus para transformar nossos corpos humilhados do presente em um corpo glorioso como o seu. O Senhor fará isto através do seu poder, já que tudo está sob o seu domínio. Esta declaração contém, em suma, mais ou menos o que Paulo pensa sobre o assunto. Jesus ressurreto é tanto o modelo para o corpo futuro dos cristãos como a forma pela qual este corpo chegará.
O corpo ressurreto de Jesus, que para nós é quase inimaginável neste momento em toda a sua glória e poder, será o modelo para o nosso próprio corpo. Mas a passagem mais clara e forte é a de Romanos 8.9-11. Se o Espírito de Deus habita em alguém, então aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos dará vida a seu corpo mortal. Outros escritores do Novo Testamento apóiam essa idéia. A primeira carta de João declara que, quando Jesus aparecer, seus servos se tornarão como ele, pois o verão como é. Cristo reafirma a ampla expectativa dos judeus sobre a ressurreição no último dia e anuncia que a hora já havia chegado: “Eu lhes afirmo que está chegando a hora, e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e aqueles que a ouvirem, viverão”. De outra feita, garante: “Não fiquem admirados com isso, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão – os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados”.
É claro que haverá uma futura completude envolvendo a última ressurreição. A compreensão teológica em Lucas não deixa dúvidas, sobretudo no que se refere à passagem do ladrão da cruz – aquele que ouviu do Salvador as seguintes palavras: “Hoje, estarás comigo no paraíso”. Lucas deve ter compreendido tal afirmação como uma referência a estar na eternidade. Com Jesus, a esperança futura chega ao presente. Para aqueles que morrerem na fé, antes do acordar final, a promessa central é estar com Jesus de uma vez. “Meu desejo é partir e estar com Cristo, o que é muito melhor”, disse Paulo.
Aqui precisamos discutir o que Jesus quer dizer quando declara que “há muitas moradas” na casa de seu Pai. Tal descrição tem sido muito utilizada, não só no contexto de perdas para dizer que os mortos (ou pelo menos os cristãos que partem) simplesmente irão para o céu permanentemente, ao invés de serem ressuscitados subsequentemente para uma nova vida corpórea. Mas a palavra “moradas” – monai –, é regularmente usada no grego antigo não para designar um lugar de descanso final, mas para um local temporário, em uma jornada que levará a outro lugar no final. Isto se encaixa às palavras de Jesus para o criminoso na cruz: “Hoje você estará comigo no paraíso”. Apesar de uma longa tradição de erros na leitura, “paraíso”, aqui, não significa o destino final, mas um jardim, uma terra de descanso e tranqüilidade, onde os mortos encontram refrigério enquanto esperam pelo fim do novo dia.
A questão principal da frase está no aparente contraste entre o pedido do criminoso e a resposta de Jesus: “Lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”, o que significaria que isso seria num tempo distante no futuro. Contudo, a resposta de Jesus traz a esperança futura para o presente, significando que com a sua morte, o Reino de Deus é chegado, apesar de não parecer nada com aquilo que as pessoas imaginavam. Tal certeza é sintetizada na sua célebre frase: “Hoje você estará comigo no paraíso”.
A ressurreição então aparecerá com o significado da palavra no mundo antigo, quando não era uma forma de falar sobre a vida depois da morte. Era uma forma de referir-se sobre uma nova vida do corpo após quaisquer estados de existência as pessoas entrariam com a morte. Era, em outras palavras, a vida após a vida após a morte. O que dizer então sobre passagens como I Pedro 1, que fala sobre a salvação que está “guardada nos céus”, para que no presente creia que receberá “a salvação de suas almas”? O Cristianismo ocidental nos dirige em uma direção equivocada. A maioria dos Cristãos hoje, ao ler uma passagem como esta, assume que o significado seja que o céu é aonde você vai para receber esta salvação, ou até, que a salvação consiste em “ir para o céu quando você morre”.
A forma como agora compreendemos a linguagem no mundo ocidental é completamente diferente do que Jesus e seus ouvintes compreendiam e significavam. Para começar, o céu é na realidade uma forma reverente de falar sobre Deus, portanto as “riquezas do céu” significam simplesmente “as riquezas da presença de Deus”. Mas, por derivação deste primeiro significado, o céu é o lugar onde os propósitos de Deus para o futuro estão armazenados. Não significa o local onde eles devem ficar e, portanto, você deve ir até lá para aproveitá-los. É onde estão guardados até o dia em que se tornarão realidade na terra. A herança futura de Deus, o novo mundo incorruptível e os novos corpos que habitarão o mundo novo, já estão guardados, esperando por nós, para que apareçam no novo céu e nova terra.
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N. T. Wright é bispo de Durham para a Igreja da Inglaterra. Extraído de seu último livro Surprised by Hope (Surpreendido pela esperança).

Sede por integridade


- Texto para reflexão: Anda na minha presença e sê perfeito (Gn. 17.1).
O que significa ser um íntegro?
Integridade vem do l
atim integritate, significa a qualidade de alguém ou algo ser íntegro, de conduta reta, pessoa de honra, ética, educada, imparcial, brioso, o que é íntegro, é justo e perfeito, é puro de alma e de espírito.
Um ser humano íntegro não se vende por situações momentâneas, infrigindo as normas e leis, prejudicando alguém por um motivo fútil e incoerente. A moral de uma pessoa não tem preço e é indiscutível.
A verdade é que quando nos voltamos para as Escrituras em busca de auxílio nesse assunto, é bem provável que sejamos surpreendidos. Um dos primeiros fatos a nos abalar é a constatação de que, para nosso desapontamento, os homens e mulheres bíblicos não foram os heróis que imaginamos.
Não encontramos modelos impecáveis de virtude. Isso sempre choca os iniciantes na Palavra de Deus. Quando olhamos para o patriarca Abraão, ele mentiu. Quando olhamos para o patriarca Jacó, ele enganou. O velho Moisés assassinou e murmurou. E Davi? Ele cometeu adultério. Pedro blasfemou e traiu o nosso mestre, aliás, fazemos isto várias vezes.
Prosseguimos na leitura do texto bíblico e começamos a perceber a verdadeira intenção: é uma estratégia consistente para demonstrar que as maiores e mais significativas figuras da fé foram moldadas no mesmo barro que nós. Descobrimos que a Escritura economiza na informação que fornece sobre as pessoas, porém, é pródiga nas informações a respeito de Deus. A Bíblia recusa-se a alimentar a nossa ânsia por cultuar heróis. Ela não se curva ao nosso desejo adolescente de juntar-se a um tipo de fã-clube.
A razão é bastante clara. Por meio de fotografias, pequenas recordações, autógrafos e viagens de turismo, estabelecemos uma associação com alguém cuja vida – imaginamos – seja mais empolgante e interessante que a nossa. Assim, introduzimos um pouco de diversão à nossa monótona existência ao seguirmos as pegadas de alguém exótico.
Mesmo olhando para o lado negro dos personagens bíblicos e percebendo que nós somos iguais a eles. Podemos Nós podemos ser capazes de viver uma vida ímpar que lança fora os estereotipados padrões. Podemos viver de maneira integra mesmo sendo pecadores. E nós fazemos isto quando damos atenção a Palavra Deus. Quando refletimos minimamente o caráter de Cristo.
O convite de Deus para o seu servo era para praticar na presença dele esta integridade.
Andemos na presença do Pai de maneira perfeita!
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Alcindo Almeida

sexta-feira, 5 de março de 2010

Nas palmas das mãos do eterno Deus

- Texto para reflexão: Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei, os teus muros estão perante mim (Isaías 49.16).

O que mais importa não é o fato de conhecermos Deus, mas, algo maior que está implícito neste conhecimento, é o fato de que ele nos conhece. Algo profundo demais na nossa relação com Deus é que estamos gravados nas palmas das suas mãos.
Já pararam para pensar que nunca somos esquecidos por ele?
Todo o conhecimento dele depende da iniciativa permanente da parte de Deus em nos conhecer. Nós o conhecemos porque ele nos conheceu primeiro e continua a nos conhecer todos os dias que vivemos nesta vida.
A grande verdade espiritual para o nosso coração é que não há um único momento em que ele tira seus olhos de nós. Ele não é como nós que nos distraímos e nos esquecemos de ligar para aqueles amigos que estão em lutas ou passando por algo complicado. Deus é diferente, ele tem os seus olhos atentos por toda uma eternidade. Ele olha para a nossa dor, nossos sofrimentos. Ele olha para aquela moça que está aflita e com o coração partido porque acabou de perder o seu bebê que tanto esperava.
Saibamos que não há um momento sequer em que ele deixa de cuidar de nós, embora pareça às vezes, que ele está distante de nós. Não, ele está perto de nós, e o nosso nome escrito nas mãos de Deus! O nosso nome é articulado pelos lábios do eterno Deus. Este amoroso Deus que planejou o Universo simplesmente nos dá um nome, um lar, uma casa na presença dele.
Interessante avaliar a fala de Isaías quando ele se lembra dos muros de Jerusalém. Ele transporta esta realidade que aconteceu quando os muros foram destruídos e aplica para a vida espiritual. A imagem de Jerusalém está sempre diante de Deus. Os muros podem ser derrubados, mas o Senhor vê o seu povo diante dele e isto é garantia para a reedificação deles. Assim é na nossa vida diária. As coisas não vão bem, parece que tudo está perdido e que os muros nunca serão levantados. Por quê? Porque o nosso nome está na agenda do eterno Deus!
Não nos esqueçamos: Deus está constantemente consciente de nós em amor e cuidando para o nosso bem. Um texto precioso que nos lembra isto é o Salmo 48.13 e 14: Notai bem os seus antemuros, percorrei os seus palácios, para que tudo narreis à geração seguinte. Porque este Deus é o nosso Deus para todo o sempre; ele será nosso guia até a morte.
Temos o nosso nome gravado nas palmas das mãos do Deus eterno!

- Oração do dia: Que conforto temos em saber que o nosso nome está gravado nas tuas mãos oh Deus! Ajuda-nos a descansar nesta verdade todos os dias!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Liderança e a luta contra o pecado - Parte 1 - por Ronaldo Lidório

Quando um homem se torna melhor, compreende cada vez mais claramente o mal que ainda existe em si. Quando um homem se torna pior, percebe cada vez menos a sua própria maldade1. C. S. LewisA humildade é um claro sinal de maturidade cristã na jornada em busca de uma vida íntegra, pois ela, em si, é fruto da compreensão da nossa total dependência de Deus. Quanto mais buscamos uma vida íntegra na presença de Deus mais somos confrontados pelo Espírito nas áreas da nossa alma que precisam de conserto, de perdão, de libertação e cura. E este confronto gera, sempre, um espírito de humildade pois percebemos quem somos e o quanto carecemos dele em nossas vidas. Se deseja avaliar o crescimento espiritual de um amigo ou discípulo, observe sua humildade.
Devemos compreender que a busca pela integridade denuncia o pecado. Richard Baxter (1615-1691), teólogo, homem piedoso e autor de mais de 130 livros, afirma em seu livro O pastor aprovado que “é mais fácil julgar o pecado que dominá-lo” e desafia-nos: “somos exortados a olhar por nós mesmos para não suceder que convivamos com os mesmos pecados contra os quais pregamos”2. Algo que deve nos fazer refletir com temor perante o Senhor a cada palavra proferida no púlpito de nossas igrejas. Em Gn 17.1 lemos que Deus disse a Abraão: “Eu sou o Deus todo poderoso; anda na minha presença e sê perfeito”. Andar na presença de Deus nos leva ao caminho da perfeição ao mesmo tempo que aponta de forma clara as nossas imperfeições.
Não há outra forma de sermos santos e íntegros se o pecado em nossas vidas não for denunciado. O pecado é, sociologicamente, compreendido de forma simbólica na organização social humana. Ao falarmos de pecado vem à nossa mente o que rotulamos como pior, ou inaceitável, como o adultério, o roubo e o assassinato. Outras sociedades também possuem suas compreensões simbólicas do pecado. Entre os Konkombas de Gana o maior pecado é mentir. Entre os indígenas da Amazônia talvez seja ser pão duro, ou sovina, como se referem. De toda forma precisamos observar que o pecado, mesmo não embutido de um simbolismo socialmente degradante, igualmente nos afasta de Deus. Facilmente censuramos a embriaguez, mas temos dificuldade em confrontar a gula. Apontamos com clareza a falta de domínio próprio nos relacionamentos, mas convivemos pacificamente com a inveja. Nos iramos contra o roubo, mas somos tolerantes com o engano.
Quando Paulo advertiu dizendo que a carne luta contra o Espírito e este contra a carne3 , ele nos mostrou que não derrotaremos a carne lutando contra a carne. Derrotaremos a carne nos enchendo do Espírito. Isto não dilui a necessidade de estarmos alertas e 1Coríntios 10 descreve no mesmo versículo que é nossa tarefa resistir e suportar 4. Significa que os processos de transformação que contrariam a carne em nossa vida se darão pela presença e atuação do Espírito Santo em nós. Assim, o maior passo a ser dado para termos vida íntegra e santa é sermos cheios dele.
Homens maduros, e com longo tempo de liderança do povo de Deus, sistematicamente nos alertam para o cuidado com a vida devocional. Richard Cecil expressa que o principal defeito dos ministros cristãos está centrado na deficiência quanto ao hábito devocional. Edward Bounds, citando Robert Murray McCheyne em seu belo texto Comece o dia em Oração5 , alerta: “Eu sinto que é muito melhor começar com Deus — ver sua face primeiro, elevar a minha alma para junto dele — antes de me aproximar dos outros”.
João Calvino, reformador e teólogo, nos ensina: "Não somos nossos; portanto nem nossa razão, nem nossa vontade devem presidir nossos planos ou nossos atos. Não somos nossos; portanto não tenhamos como objetivo procurar o que convém à carne. Não somos nossos; portanto esqueçamos, na medida do possível, a nós mesmos e tudo o que é nosso. Pelo contrário, somos do Senhor, logo vivamos e morramos para ele. Somos de Deus; portanto deixemos a sua sabedoria e vontade presidir todas as nossas ações"6.
Para os líderes cristãos, uma das maiores barreiras para uma vida devocional é o próprio ministério. Por possuirmos um envolvimento integral com o ministério é muito fácil não termos tido tempo para a oração, leitura e reflexão na Palavra porque estávamos ocupados trabalhando para ele. Tento manter minha mente dirigida pelo comentário de Jesus sobre Marta e Maria7. O trabalho que Marta realizava era legítimo, valioso e honroso. Era para o Mestre. Ela desejava ter a casa arrumada, a comida pronta. Ela desejava servi-lo. Maria, porém, estava aos seus pés e escolheu a melhor parte. Mantenho esta imagem mental para ajudar-me no dia a dia. O serviço que posso prestar para o Senhor não deve substituir minha vida com ele, meu tempo com ele. A melhor parte a que ele se refere não está ligada tão somente ao desejo do Mestre mas à necessidade de Maria. Ela precisava estar com Jesus.
A melhor parte não é apenas um ritual que agrada a Deus mas também um elemento que sacia a nossa alma. Sem estarmos com ele o serviço, eventualmente, também perecerá. Teremos perdido a visão do alto, o rumo certo, as motivações bíblicas que antes estavam em nossos corações, a brandura no relacionamento com o outro, a paixão por ele e pelos perdidos. Teremos, enfim, apenas uma casa bem arrumada, com uma mesa posta, bonita, e comida quente. Mas ele não estará lá.
Marta estava ocupada com afazeres legítimos e Jesus a adverte que ela se preocupava demais com muitas coisas, mas poucas eram realmente necessárias. Uma delas é estar com ele.
Não desejo expor aqui sobre a vida devocional de forma prolongada pois escrevo, sobretudo, para líderes que são crentes maduros que praticam e ensinam este assunto. Desejo lhe convidar a manter uma figura mental que lhe ajude a fazer as escolhas certas, de tempo e atenção, ao longo dos dias. Escolha estar com ele.
A Bíblia nos leva a ter a verdadeira visão do pecado e entender o que é a verdadeira religião. Tiago nos diz que:
Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte ... Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã ... religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo8 .
É surpreendente a explicação de Tiago a respeito do pecado que nasce na concupiscência e gera a morte. Ao comparar o verdadeiro cristianismo com a falsa religiosidade a partir daquilo que é santo ou pecaminoso ele simplifica a mensagem tornando-a aplicável à vida diária. Exemplifica dizendo que é falsa religiosidade não refrear a sua língua ao passo que é verdadeiro cristianismo visitar os órfãos e as viúvas.
O claro ensino é que precisamos lidar com o pecado de forma prática e objetiva. C. S. Lewis nos fala sobre o engano que sempre rodeia o pecado quando afirma que “um homem mediocremente mau sabe que não é muito bom; um homem inteiramente mau pensa que é justo9 ”. Revela a mundana tendência de lidarmos com o pecado através de ilusões e fantasias, e não da verdade.
Há mensagens claras na Palavra do Senhor quanto ao pecado. Uma delas é que o pecado é combatido pelo poder de Deus. Que a carnalidade, tendência natural humana ao pecado, é controlada pelo Espírito. Que, por termos escolhas naturalmente más, sermos cheios do Espírito é a forma bíblica e certa de deixarmos morrer a carne. Que a vida devocional, buscar ao Senhor e escolher a melhor parte é a principal iniciativa para aqueles que desejam estar com ele.
Creio que boa parte dos problemas ligados à liderança ou aos relacionamentos são resultado de questões espirituais. Observando de longe percebemos tão somente o conflito entre pessoas, a dificuldade em perdoar, a complexidade das demandas, a intolerância e os erros recorrentes. A raiz destes processos, porém, é espiritual. Não são consertados por livros de autoajuda ou pelo estudo das 20 regras para ser um bom líder. São coisas do coração. Boa parte dos conflitos que drenam nosso tempo e energia não aconteceriam se tivéssemos uma vida devocional melhor.

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Bibliografia
1 C.S. Lewis. Op cit.2 Richard Baxter. O pastor aprovado. Editora PES. 1989.
3 Gálatas 5:174 1o Coríntios 10:135
www.monergismo.com6 João Calvino. As Institutas, Livro III, Cap. VII, 1. Editora Cultura Cristã, 1985.7 Lucas 10.41, 42
8 Tiago 1.14,15,26,27.9 C. S. Lewis. Op.Cit.