segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Vem aí o meu novo livro pela Editora Fôlego

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ALMEIDA, Alcindo. Os encontros de Jesus - Pessoas que foram transformadas por ele. São Paulo: Fôlego2009.Alguém escreveu que “a vida é a arte dos encontros”. E penso que eles nos fazem ser mais ou menos efetivos na vida dos outros e na nossa própria vida. Isso porque há vários tipos de encontros na vida. Há aqueles que são inevitáveis.
Há encontros em que você se sente bem em ter encontrado. Há os encontros que ocorrem quando não se espera mais nada. Há encontros em que as pessoas trocam idéias compartilham sonhos e fortalecem a vida.
Há também encontros em que as pessoas só falam obviedades que nada acrescentam e você fica com a sensação de que está perdendo o seu tempo. Há encontros em que a pessoa só fofoca, denigre e tem inveja. Estes realmente nos matam.
Há encontros em que o silêncio é mais proveitoso que as palavras. Há outros em que o olhar o toque o carinho dispensam as palavras. Há encontros em que a palavra deve ser bem pensada sentida, vivida e há encontros em que a vida pára para que as pessoas vivam. São muitos e diferentes encontros.
As reflexões brilhantes do querido amigo e irmão Alcindo em “Os Encontros de Jesus” nos dão a dimensão clara do significado que esse acontecimento teve na vida daqueles que tiveram um encontro com Jesus de Nazaré. Todos os que se encontraram com ele tiveram a vida marcada e transformada. Ninguém deixou um encontro com ele sem ser tocado quer por suas palavras suas atitudes ou por seu maravilhoso olhar.
Encontrá-lo é ver a Palavra nos penetrando e fazendo-se desejável, manifestando-se como meio da graça fazendo-nos adoradores e conscientizando-nos da necessidade do arrependimento e da salvação.
Encontrá-lo é encontrar consolo e conforto para nossas dores é encontrar o próprio sentido da vida é vê-lo transformando nossa história de vida em “antes e depois” desse encontro. Minha oração é que Deus use este livro para levá-lo a um encontro com o Senhor Jesus que mude também sua vida.
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Dia 08.09: Lançamento na Expo Cristã: 14:00 hs.
Dia 11.09: Lançamento na Expo Cristã: 19:00 hs.
Dia 12.09: Igreja Presb. de Brasilândia - 19:00 hs.
Dia 13.09: Igreja Presbiteriana da Lapa - 20:00 hs.
Dia 20.09: Igreja Presbiteriana Hebrom - 19:00 hs.






















Espiritualidade, ética e moral


De uns tempos para cá, temos sido atropelados por uma infinidade de temas sérios que atingem e comprometem toda a sociedade, e que se agravam a cada dia apesar das tentativas de contê-los.
Corrupção, violência, imoralidade, miséria e pobreza, prostituição infantil e abusos sexuais, drogas e alcoolismo, são alguns destes temas. Sempre que surge um novo escândalo em qualquer uma dessas áreas, educadores protestam contra a falta de investimento na educação, psicólogos analisam o comportamento das pessoas, sociólogos estudam o efeito das mudanças na civilização, políticos nomeiam comissões e jornalistas noticiam, cada um buscando alternativas para uma realidade que cresce e perturba os mais acomodados.
A civilização ocidental foi moldada pela tradição cristã, que tem nos mandamentos divinos sua base ética e moral. Durante séculos, o temor a Deus e a consciência de dever para com seus mandamentos moldaram o caráter não só dos cristãos, mas de toda a sociedade. Porém, vivemos hoje uma rejeição a qualquer norma ou princípio que venha de fora. Toda a possibilidade de se estabelecer fronteiras, limites, bem como a idéia de “autoridade”, perturbam as mentes mais pacíficas. Cada um — e não Deus — elabora suas próprias normas e define a forma como irá viver.
A rejeição moderna aos mandamentos de Deus tem suas raízes no secularismo materialista e narcisista. A intensificação do individualismo, a busca pela auto-realização, tem levado muitos, inclusive cristãos, a criarem um mundo exclusivo onde o sentir-se bem é o valor supremo, e, neste mundo, os mandamentos e o temor a Deus têm de desaparecer. Em nome da liberdade vamos nos tornando mais tolerantes, uma vez que os interesses pessoais se sobrepõem aos mandamentos divinos.
A tendência moderna de rejeição aos mandamentos seria percebida de forma insuficiente se não considerássemos o conflito que se encontra por trás dela: a negação de Deus e a assumida autonomia humana. É assim que o salmista descreve esta realidade: “Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido, dizendo: Rompamos os laços e sacudamos de nós as suas algemas” (Sl 2.2-3).
Este é o horizonte maior sobre o qual nossos olhos devem se concentrar. Se olharmos a Palavra de Deus com este tema em mente, ficaremos surpresos ao perceber sua relevância e importância tanto para a espiritualidade pessoal como para a moral e ética de uma sociedade. Os mandamentos revelam o amor e cuidado de Deus por suas criaturas; eles foram dados depois que Deus os libertou da escravidão — “Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da casa da servidão” (Êx 20.2).
E nossa obediência a eles revela também nosso amor por ele — “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos do meu Pai, e no seu amor permaneço” (Jo 15.10). Além de estabelecer este relacionamento pessoal, eles constituem o fundamento da ética e da moral, que, em outras palavras, é a forma como nos relacionamos com um profundo senso de respeito e amor para com o próximo.
A espiritualidade pessoal requer um compromisso ético e moral. As propostas de educadores, psicólogos e tantos outros profissionais que se interessam pela solução dos grandes temas nacionais têm seu valor; mas a atitude consciente ou não de rompimento com os mandamentos divinos encontra-se na base destes grandes temas.
Nossos olhos já não estão mais voltados exclusivamente para Deus em adoração e obediência; banalizamos o seu nome; atropelamos o tempo e não celebramos o descanso como expressão da confiança na providência divina; não damos mais a honra devida aos pais e aos idosos; matamos e destruímos a dignidade do outro com palavras e gestos; perdemos a capacidade de permanecer fiéis, de nos contentar com o que temos, de fazer da nossa palavra um testamento e não desejar nada que não seja nosso.
Por trás de cada ato de violência, corrupção ou imoralidade está, muito antes das deficiências na educação ou dos distúrbios de comportamento, a quebra de um mandamento. Alguns buscam uma espiritualidade sem ética ou moral; outros, uma ética e moral sem espiritualidade. Porém as duas precisam andar sempre juntas.
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• Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de Janelas para a Vida e O Caminho do Coração.

Reforçando as trincheiras

Deus escreveu sua Lei nas tábuas entregues a Moisés. Os textos históricos, poéticos e proféticos registram o Antigo Testamento. Os Evangelhos, as Cartas Apostólicas, os Atos dos Apóstolos e o Apocalipse, escritos por homens inspirados, formam o Novo Testamento. Esse conjunto compõe a Bíblia.
A Revelação de Deus é escrita. Somos o povo do Livro. Ao longo da história da Igreja, dos Pais Apostólicos e Pais da Igreja aos Reformadores e Pós-Reformadores, pessoas iluminadas e comprometidas, explicaram e aplicaram a Revelação às necessidades e às conjunturas, em textos que, em conjunto, formam a tradição da Igreja, o consenso dos fiéis, legado que nos cabe preservar, atualizar e transmitir, com novos textos.
Os textos bíblicos, os dos seus intérpretes ao longo dos séculos, a conjuntura dos momentos bíblicos, dos momentos dos escritores posteriores e do nosso, são dados objetivos; porém deles nos aproximamos com nossas subjetividades, condicionamentos e métodos, o que requer de cada um de nós honestidade e humildade.
Há, na vida da Igreja, lugar para a palavra falada, cantada, dramatizada, na proclamação das Boas Novas, no ensino da verdade, na conclamação à comunhão, na exortação ao serviço, e na denúncia profética aos pecados individuais, sociais e estruturais. Palavra falada que consola e exorta. Há também, na vida da Igreja, lugar para a palavra escrita, nas mesmas dimensões, com os mesmos compromissos e ministérios, sob o mesmo Espírito.
A palavra falada e a palavra escrita devem estar em harmonia entre si e com as Escrituras Sagradas, que apontam para a Palavra Encarnada: Jesus Cristo, nosso Salvador e Senhor. Daí os riscos das “revelações” privadas e de textos fora do contexto, fontes de heresias e de fanatismos, descolados do Corpo. Os textos bíblicos não foram “psicografados”, nem seus intérpretes devem cumprir a sua tarefa sob transes “mediúnicos”, ou equivalentes.
O senso comum e a intuição têm o seu lugar, assim como o uso instrumental dos métodos filosóficos e científicos, para uma melhor e mais acurada compreensão da Verdade. Se há uma dimensão “progressiva” da revelação, temos de ter cuidado com novos ensinos, que não foram feitos no passado de dois mil anos, por uma Igreja composta de pessoas com uma diversidade de dons e assistidas pelo Espírito Santo. Escrever, pois, é dom, vocação, ministério e disciplina. Em cada época, a Igreja é edificada por esse ministério.
O escritor é também leitor, de tudo o que se escreveu até agora e do que se está escrevendo no seu tempo. O escritor cristão não deve usar o seu texto para a promoção pessoal, mas para a honra e glória de Deus e a edificação do seu povo. Os textos escritos em outros países, com sua diversidade de história e contexto, são importantes para a manutenção da catolicidade, e o se evitar o paroquialismo e o sectarismo, mas não devem ser transplantados mecanicamente, pois sempre contêm elementos peculiares de cada cultura misturados com o núcleo do seu ensino edificante.
Não podemos deixar de nos preocupar com a desproporção entre a quantidade de obras traduzidas em nossas livrarias cristãs e o reduzido número de autores nacionais (porém relevantes). Muitas vezes, eles encontram dificuldades para publicar os seus textos e a “falta de fé” dos seus próprios irmãos leitores na leitura de autores com sobrenome Silva... Tenho estado nesse ministério há décadas, grato aos meus professores exigentes da língua portuguesa e aos meus críticos, quaisquer que sejam as suas motivações.
Escrevi na imprensa secular e na imprensa religiosa, e pude, pela graça de Deus, publicar doze livros e opúsculos. Espero continuar a fazê-lo, enquanto o Senhor me der condições. Escrever sobre louvor, devoção ou doutrinas espirituais é mais leve, mas adentrar por campos do temas desafiantes do cotidiano, como a responsabilidade social, o compromisso político ou a sexualidade, significa incorrer em maiores riscos de reações.
Quando se é descritivo é uma coisa, mas levantar bandeiras ou emitir opiniões pode resultar em reações positivas ou negativas, mais emocionais do que racionais. Quem não gosta, muitas vezes, no lugar de analisar a obra, ataca a pessoa do autor, tentando desqualificá-lo. Devo, na atualidade, escrever sobre os desafios que o secularismo externo e o liberalismo pós-moderno interno, com seu relativismo — inclusive ético —, e o que representam para a saúde e o futuro da Igreja. Já paguei um preço por isso.
O cristianismo histórico é chamado a se posicionar, por exemplo, diante da onda pró-homossexualismo. Sobre esse tema, e relatando a violência institucional sofrida pelos anglicanos da Diocese do Recife, é que estou trazendo ao público um novo livro: Reforçando as Trincheiras (Editora Vida). Como escritores cristãos, é nosso dever participar, com nossa vocação e nossos dons, como soldados de Cristo, das batalhas espirituais e das guerras históricas, pois “viver é tomar partido”.
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• Dom Robinson Cavalcanti é bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Política – teoria bíblica e prática histórica e A Igreja, o País e o Mundo – desafios a uma fé engajada. www.dar.org.br

Permanecei em mim


Neste ano completo 25 anos de ordenação, 25 anos de pastorado na mesma igreja e 29 anos de casamento, com a mesma mulher. Permanecer por um longo tempo num mesmo lugar, num mesmo projeto, numa mesma atividade, com o mesmo grupo, em geral produz em nós sentimentos de frustração, cansaço e desânimo.
É comum se sentir assim após uma longa estada no mesmo emprego, fazendo a mesma coisa, ou mesmo após um longo casamento, morando no mesmo lugar, convivendo com a mesma pessoa, mantendo a mesma rotina por anos a fio. Nós, seres modernos, diante do dinamismo que a cultura nos impõe, com todas as alternativas e opções que temos, tornamo-nos cada vez mais resistentes à permanência e mais abertos às mudanças.
Mudar é bom e necessário. Não podemos nos conformar e deixar que as coisas permaneçam como estão, principalmente quando é possível torná-las melhores. Mas precisamos também resistir às inquietações da vida moderna e às pressões por mudanças, que em nada contribuem para o crescimento e para as transformações de que precisamos.
É importante reconhecermos que nenhuma mudança real acontece sem que outros participem do processo. Somos parte de um corpo; o que acontece comigo afeta os outros e vice-versa, por isso é importante permanecer ligado à comunidade, seja ela família ou igreja. O problema da vida moderna não é a necessidade de mudar, mas a inquietação que não nos permite crescer.
O crescimento e a transformação pessoal se dão dentro da dinâmica dos relacionamentos. Para eu crescer, é importante que aqueles que convivem comigo participem da minha história, me apóiem e me sustentem. É por isso que vivemos em permanente tensão. Por um lado, resistimos a permanecer num mesmo lugar com as mesmas pessoas; por outro, não é possível crescer e amadurecer fora desses lugares e longe dessas pessoas.
Somos tentados a viver espasmodicamente, colhendo experiências diversas numa eterna aventura adolescente. Insistimos em viver desconectados, sem alguém para dividir nossas histórias e experiências. Certa vez, Jesus disse aos seus discípulos: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós”. Foi um convite para um relacionamento longo, dinâmico e recíproco. Não seria fora de propósito, nem abusar das regras exegéticas, estender esse convite de Jesus aos nossos relacionamentos familiares e comunitários.
A partir dessas palavras do Mestre, um marido poderia dizer à sua esposa: “Permaneça comigo e eu vou permanecer com você”. A comunidade poderia dizer: “Vamos permanecer uns com os outros”. É uma expressão que nos conecta com o próximo e nos leva a um longo caminho de comunhão e crescimento. Nos últimos tempos tenho pensado na fé como perseverança. Preciso permanecer com minha esposa e meus filhos, com meus amigos e irmãos e com minha comunidade.
Essa permanência não é simplesmente “estar juntos”, mas caminhar em direção a Cristo e na comunhão com ele, “suportando uns aos outros”, “estimulando uns aos outros às boas obras”, “sendo pacientes uns com os outros”, “orando uns pelos outros”, “perdoando uns aos outros”, e tantos outros “uns aos outros” que podemos experimentar juntos.
Essa é a dinâmica do Corpo de Cristo, onde permanecemos ao lado dos outros, às vezes caminhando por caminhos que não queremos trilhar, mas seguros de que a vida de cada um está ligada à vida do outro.
Nesta permanência, aprendemos a chorar uns com os outros e a nos alegrar uns com os outros. Esse tipo de permanência será sempre dinâmica e nos fará crescer de forma saudável, humana e divina. Sou profundamente grato a Deus por minha família, minha igreja e meus amigos, que permanecem comigo há tantos anos.
É uma convivência marcada por alegria e tristeza, compreensão e incompreensão, realização e frustração. Porém, é dentro dessa dinâmica que tenho aprendido a amar e perdoar; a acolher e ser acolhido; a me conhecer melhor e participar das histórias dos outros. Essa permanência me livra das relações superficiais, das paixões imaturas, das aventuras irresponsáveis e da vida autocentrada.
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Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de Janelas para a Vida e O Caminho do Coração.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Somos seres arrogantes!


- Texto para meditar: Tão certo como vive Deus, que me tirou o direito, e o Todo-Poderoso, que amargurou a minha alma, enquanto em mim estiver a minha vida, e o sopro de Deus nos meus narizes, nunca os meus lábios falarão injustiça, nem a minha língua pronunciará engano. Longe de mim que eu vos dê razão! Até que eu expire, nunca afastarei de mim a minha integridade. À minha justiça me apegarei e não a largarei; não me reprova a minha consciência por qualquer dia da minha vida (Jó 27.2-6).

Lembro-me de um filme jóia A Letra Escarlate. É uma estória que deixou marcas na literatura americana. O filme se baseia no romance de Nathaniel Hawthorne, que tem o mesmo título. Havia uma mulher determinada, forte, destemida, moderna. Com essas características, a senhora Prynne chocava a sociedade local. Não se preocupava em cobrir a cabeça ou o colo. Possuía conhecimento “de homem”, argumentava com qualquer um que tentasse impor-lhe regras descabidas. Essas atitudes escandalizavam os outros moradores da pequena cidade que a olhavam com censura. Ela realmente causava frisson na opinião pública da Nova Inglaterra.
Os homens achavam que a mulher liberada que chocasse a sociedade por pensar por conta própria, só poderia ser alguém sem recato, vista apenas como objeto de prazer sexual. Essa atitude masculina pode ser observada na cena em que um homem respeitado tenta beijar à força a personagem principal, interpretada por Demi Moore.
Hester Prynne deu-lhes o que precisavam: o adultério com um dos reverendos da cidade. Assim, o seu pecado tornou-se a principal razão dos males que assolavam aquela sociedade, justificando atitudes de discriminação, preconceito, injustiça e intolerância.
E os homens religiosos daquela cidade condenaram aquela mulher condenada por ter vivido um relacionamento adúltero com o reverendo Arthur Dimmesdale, essa mulher é obrigada a usar em sua roupa uma letra A de adultério bordada em vermelho, símbolo de sua vergonha. Todos se achavam totalmente justos diante daquela mulher e diante de Deus.
Interessante observarmos o que Glenio Fonseca Paranaguá disse no seu livro O crime da letra Jó – a história da justiça injustificada na salvação da alma justa:

“A queixa que evidencia a injustiça sofrida é um sintoma da dor que golpeia a alma, mas essa lamúria constante confirma uma atitude de sofredor crônico escravizado pela sua própria justiça. A justiça própria é o principal responsável pelos sentimentos mais azedos e pelas lembranças mais amargosas que uma alma pode nutrir. Jó viveu no isolamento dos aflitos na maior parte do seu livro. A agonia de Jó era porque ele não se via infrator. E de fato essa pessoa notável não tinha violado qualquer lei divina. A sua dor se expressava nessa indagação: Quantas culpas e pecados tenho eu? Notifica-me a minha transgressão e o meu pecado Jó 13.23” (PARANAGUÁ, Glenio Fonseca. O crime da letra Jó – a história da justiça injustificada na salvação da alma justa. Londrina: Ide, 2009, p.33).

Percebemos que o ser humano cheio de si mesmo não é capaz de perceber o seu orgulho. Vejam neste texto como Jó se consome com o seu amor-próprio. A patologia da soberba está mais do que evidente aqui. Jó não percebe e se baseia totalmente na sua própria justiça. E diz que se apegará a ela e não a largará. Ele diz que nunca afastará dele a sua integridade.
Parece-me que várias vezes temos a mesma postura que Jó, achamos que somos totalmente justos e as pessoas são injustas diante de nós. Quando acontece algo estranho na nossa vida, questionamos Deus e perguntamos a ele porque permite tal fato ou situação na nossa vida.
Sejamos bem francos, somos arrogantes demais. Achamos que a nossa justiça é correta e pode gritar a qualquer momento reivindicando os direitos dela. Só que Isaías nos ensina que a nossa justiça é como um trapo de imundícia e se Deus não colocar a justiça dele em nós por meio do seu Filho, o justo, estamos completamente condenados.
Então busquemos a justificação em Jesus e não nos baseemos jamais em nossa justiça própria.
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Alcindo Almeida

A GRAVIDADE DO DELITO


O crime da letra é muito grave. Jó é um livro que em que a letra tem sido responsável por uma interpretação apaixonada. Normalmente nós somos movidos pelos nossos sentimentos e deixamos de lado a visão do todo. Além disso, os nossos direitos acabam tomando partido. Esse é um livro em que as pessoas de valor presumido tomam sempre o partido de Jó, desconfiando de Deus por causa daquele sofrimento.
Já ouvi pessoas achando que Deus não foi muito adequado com o seu servo, ao permitir aquele transtorno enorme em sua vida. Como é que Deus pega o seu amigo fiel e o expõe numa tragédia do inferno sem nenhuma necessidade? Com certeza os advogados de Jó procuram incriminar a Deus por razões muito pessoais.
Mas a história de Jó é ainda mais tremenda do que sofrimento que ele padeceu e a interpretação da narrativa não pode ser praticada sem a visão global da Bíblia. Deus não passa por mudanças, nem os seus métodos sofrem alterações. Por outro lado, ele não é parcial, nem arbitrário. A questão de Jó era a sua justiça própria e ninguém será salvo, senão pela suficiência da justiça de Deus manifesta em Cristo.
Deus não foi um canalha ao convocar Satanás para prestar um serviço em favor deste seu servo fiel, nem foi injusto ao permitir todo aquele sofrimento. Na verdade, Deus foi extremamente amoroso com Jó e profundamente gracioso ao consentir todo aquele processo que visava libertá-lo do seu maior inimigo: a sua própria justiça num calibre legalista. Ninguém na terra foi mais justo do que Jó, mas essa justiça era exatamente a causa da sua tentação de se justificar.
O apóstolo Paulo fala de um espinho na carne, um estrepe agudo que era mensageiro do Maligno, que lhe fora posto com a finalidade de abatê-lo, a fim de que não se exaltasse. Diante dos acontecimentos elevados que lhe sucedera, a tendência humana é se sentir superior. Então lhe foi enviado um torturador das trevas. Era um emissário de Satanás, mas quem lhe mandou só pode ter sido Deus, pois tudo o que o Diabo mais quer é a exaltação do ser humano.
Acredito que a questão polêmica de Jó também requereria um bico de pua do coisa-ruim para tratar com um homem digno e justíssimo, que havia se apegado à sua justiça, sem querer largá-la. Só um garfo infernal poderia feri-lo no profundo do seu ser.
O ponto central do seu livro é a operação graciosa para desentulhar uma vida saturada de justiça própria. Eliú, um amigo franco, faz o diagnóstico dos sintomas de auto-suficiência e justiça própria na vida do amigo indignado, quando indaga: Disse mais Eliú: Achas que é justo dizeres: Maior é a minha justiça do que a de Deus? Jó 35:1-2. Espelho, espelho meu, será que há alguém mais justo do que eu?
Jó, de fato, era justo e achava que a sua justiça deveria ultrapassar a de Deus. A justiça humana é muito atrevida. Ele se via cheio de decência e dignidade e não podia se conformar com o que vinha passando. Sêneca, filósofo romano, dizia que: “o essencial para ser justo é ser indulgente”, mas Jó se tornou acirrado, intransigente e rigoroso em seus julgamentos, achando-se injustiçado.
Havia uma espinha de peixe atravessada na garganta de Jó que o deixava intimamente desconfortável. Afinal de contas, por que esse sofrimento desumano, se eu sou um homem justo? Aonde foi que eu pisei na casca da banana? Quando foi que eu transgredi a lei de Deus? De quem eu perverti o direito? Ora, bolas! Porque Jó disse: Sou justo, e Deus tirou o meu direito. Jó 34:5.
O maior problema do ser humano é a sua teomania, isto é, a insanidade em que se arvora tentando ser como Deus. E a maior demanda da teomania é a justiça própria. Somos uma raça infestada de rebeldia e cheia de direitos, que desfila na passarela da moda com sua arrogância de honestidade e rompante de retidão. Desde Adão até o mais desqualificado delinqüente, todos têm uma tendência marcante em evidenciar a injustiça que estão sendo vítimas, quando são apanhados em alguma infração.
O ser humano tem direito em demasia e a sua justiça é grande demais. Não existe candidato aos cargos políticos que não seja honesto, mesmo aqueles que estão sendo processados por crime de improbidade, e quase nenhum marginal se considera realmente merecedor da pena. De modo geral os bandidos se vêem como injustiçados e poucos são os que se consideram realmente culpados pelas suas transgressões.

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GLENIO FONSECA PARANAGUÁ

DECISÕES IRREVOGÁVEIS

- Texto para meditar: Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno - Jesus de Nazaré (Mateus 5.37).

Na última semana o mundo político de nossa República protagonizou mais uma daquelas cenas patéticas que tem caracterizado nosso momento atual.
Bem sabemos que, nesse nosso mundo político, decepcionar-se com aqueles que elegemos já não parece algo apenas verosímil (possível, provável), mas algo real, concreto, inegável; quase uma condição. Sei que isso traz-nos um certo sentimento de frustração, desolação, desilusão e desanimo ante ao cenário atual.
“O primeiro método para avaliar a inteligência de um governante é observar os homens que ele tem a sua volta”. Maquiavel, político florentino do séc XVI
Troca-se o projeto de um país que foram chamados a representar e ajudar a construir, por projetos pessoais de poder, nem que para isso evoquem valores tão sublimes como a amizade, reduzindo-o a um “não posso dizer não”.
“O homem forte domina os outros. O homem sábio se domina a si mesmo”. Tolstoi (escritor russo nascido em 1828).
Nunca me esqueci de um provérbio lido ainda na minha infância na parede de um lugar público de grande circulação: “Amigo é aquele que nos faz melhor do que nós somos”.
Vale a pena olhar para dentro de cada um de nós e pensar em nossa vida e nas decisões que somos convidados ou desafiados a tomar dia a dia. Sim, porque nossa vida é feita de decisões.
“Você faz suas escolhas. Suas escolhas fazem Você”. (William Shakespeare)
“Há obrigatoriamente uma escolha em tudo o que se faz. Por isso, tenha em mente que, no final, a escolha que você faz é o que faz você”. (John Wooden em “O melhor de mim”, citado por John Maxwell em “Talento não é tudo”, Ed Thomas Nelson Brasil, pág 236).
Mesmo ante nossas fragilidades e incoerências existenciais, gostaria de sugerir que você tomasse, hoje mesmo, algumas “decisões irrevogáveis”:

I – TOME A DECISÃO IRREVOGÁVEL DE AMAR OS SEUS.
Não venda a história de sua vida e de seus sonhos. Não terceirize sua felicidade.
Estabeleça prioridades corretas – ame incondicionalmente os seus.
“Se viver sozinho já é duro, viver em família pode ser onerado e oneroso. Sofremos com a precariedade dos laços amorosos. Sofremos com falta de dinheiro e tempo. Sofremos com a necessidade de suprir cada vez mais os mandatos do consumo. Sofremos com o pouco espaço para o diálogo, ternura, solidariedade dentro da própria casa. Principalmente, não temos tempo ou disponibilidade para o natural exercício da alegria e do afeto". Lya Luft (em seu livro “Perdas e Ganhos”).
Não se deixe tomar por uma visão tão desalentadora da vida. Decida amar irrevogavelmente os seus.
“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade”. Carlos Drummond de Andrade
Quando for preciso, diga “não”. Saiba: dizer “não” também pode ser um ato de amor. Recordo-me de, ainda adolescente, ouvir minha rica e terna avó materna ensinar-me: “Hilder, não é sim tem a mesma quantidade de letras. Aprenda a dizer não”. Hoje fico perplexo de como ela conhecia minha frágil alma.

II – TOME A DECISÃO IRREVOGÁVEL DE NÃO ABRIR MÃO DE SEUS PRINCÍPIOS.
Tenho assistido ao longo da vida, e com muita tristeza, homens se perdendo em seus negócios, por abrirem mão de seus princípios.
Tenho visto famílias sendo destruídas por abrirem mão dos princípios básicos de constituição, edificação e vivencia na vida familiar.
São padrões éticos, morais, relacionais se deteriorando, numa opção pela relativização inconseqüentes de princípios.
Temos colhido aquilo que temos plantado.
“Ninguém pode nos derrotar, a não ser que primeiramente nos tenhamos derrotado a nós mesmos”. Dwight D. Eisenhower (34º presidente USA).
Cuidado com os “pedidos irrecusáveis”. Salomão advertiu-nos dizendo: “Há caminhos que parecem certos, mas podem acabar levando para a morte” (Pv 13:12).

III – TOME A DECISÃO IRREVOGÁVEL DE RESPONDER AO AMOR DE DEUS.
Os japoneses, conta-nos Philip Yancey, famosos por sua impenetrabilidade, têm duas palavras para referir-se ao “eu dividido”: tatemae (a parte do eu que exteriorizo para os outros) e hon ne (a parte do que se manifesta em meu interior e que ninguém pode ver). Uma diz respeito à imagem de nós mesmos que projetamos para os companheiros de trabalho, àquela pessoa que nos atende numa loja, e outras que encontramos casualmente. A outra diz respeito aos aspectos mais vulneráveis que expomos dento de nossas famílias, ou aos melhores amigos.
Mas, precisamos de mais uma palavra. Aquela capaz de descrever o secreto, o indizível do coração, que ninguém pode ver, senão aquEle que perscruta o coração e vê onde ninguém pode ver. Por isso, não erga barreiras em sua vida para excluir Deus.
João, o discípulo amado diz: “Nós o amamos porque Ele nos amou primeiro” (I João 4:19).
Perdemos muita coisa na vida: equilíbrio, estabilidade e saúde. Perdemos empregos e chances, e perdemos no amor. Perdemos a juventude com seu vigor, idealismo e sonhos. Perdemos muita coisa, mas nunca perdemos nosso lugar no coração de Deus.

Concluindo,
“Neste dia você tem um mundo cheio de escolhas; neste dia você tem mais possibilidades do que nunca teve”. Robert Schüller (pastor americano na Califórnia)
“Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno” (Mt 5:37).
Que Deus o abençoe rica e abundantemente.
Em Cristo,
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Rev. Hilder C Stutz

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A era da Igreja

Nietzsche não é apenas um niilista, pois propõe uma filosofia experimental, para a qual, a verdade não é concebida como descoberta, mas como criação, experimento, perspectiva, e, enquanto tal, indissociável do poder.”Thiago Mota Fontenele e Silva, “Perspectivismo e Agonismo: Nietzsche sobre Verdade e Poder”.
“Alguns comentadores permaneceram hostis à ideia de uma teoria marxista da justiça, argumentando que Marx via a “justiça” como pouco mais do que uma construção ideológica burguesa projetada para justificar a exploração com referência à reciprocidade no salário contratual. ”Wikipédia“Na dialética marxista, a burguesia seria a tese -- e o proletariado, sua antítese.
A síntese seria a superação da sociedade de classes por uma sem classes: o comunismo. As crises do capitalismo, então, decorreriam dos conflitos entre burguesia e proletariado, e seriam o prenúncio de uma superação dialética da economia política. Ao assumirem seu papel histórico e dialético, os trabalhadores instituiriam, no lugar do sistema capitalista, a ditadura do proletariado, que seria um Estado provisório a ser superado pelo comunismo.”
José Renato Salatiel, revista “Pedagogia e Comunicação”“Com a derrocada do socialismo, Fukuyama conclui que a democracia liberal ocidental firmou-se como a solução final do governo humano, significando, nesse sentido, o “fim da história” da humanidade.”Luiz Marcos Gomes, “O ‘Fim da História’ ou A Ideologia Imperialista da ‘Nova Ordem Mundial’”“Os olhos são como uma luz para o corpo: quando os olhos de vocês são bons, todo o seu corpo fica cheio de luz. Porém, se os seus olhos forem maus, o seu corpo ficará cheio de escuridão. Assim, se a luz que está em você virar escuridão, como será terrível essa escuridão!” Mateus 6.22-23.
O historiador Eric Hobsbawm defende que um século pode ter mais ou menos que cem anos, dependendo dos eventos que no período ocorram e que demarquem uma mudança de fase ou de era na história. Sendo que o que se aplica ao século, se aplica a qualquer evento, é possível dizer que a Segunda Guerra Mundial, que oficialmente termina em 1945, de fato acaba em 1989, com a queda do muro de Berlim, que anuncia o fim do embate entre o capitalismo, representado pela OTAN, e o socialismo, representado pelo Pacto de Varsóvia, com a vitória do capitalismo. Foi esse o fato que levou o filósofo Francis Fukuyama a propagar a tese do “fim da história”, justamente por não haver mais embate entre as ideologias.
O fim dessa luta entre as ideologias contrastantes deixou a sociedade sem olhos. Quando da luta, as sociedades se observavam e a crítica era constante, exigindo de cada uma não só a defesa de seu ponto de vista; a presença do contraditório acabava também por forçar aprimoramentos, no sentido de sustentar a suficiência do sistema como solução para a humanidade em sua busca por felicidade.
Dessa forma, em vez de dizer que a história acabou, seria mais preciso dizer que a sociedade humana perdeu a meta perspectiva e assim a capacidade de visão, partindo do pressuposto de que ter somente a visão particular de si significa não ter, de si, visão alguma. A sociedade foi acometida de cegueira.
Sempre se pode argumentar que a queda dos estados socialistas, por excelência, não representa o fim do sonho socialista e que, portanto, a crítica e o contraditório estão mantidos. Porém, as duas ideologias tinham algo em comum: a crença de que tudo se tratava de uma relação de poder. Quem conquistasse o poder ganharia o direito de normatizar o direito, a justiça, a verdade, a ética e a moral. Desse modo, qualquer reação dos derrotados apenas reforçaria a posição do vencedor, que passaria a exigir do vencido o reconhecimento do lugar que a história, agora, lhe reserva: lugar nenhum.
Como enfrentar essa força hegemônica? Aqui entra a Igreja, a teologia. A Igreja jamais aceitou a lógica da relação de poder, porque a teologia argumenta que o Criador é quem estabelece o conteúdo das palavras ‘direito’, ‘justiça’, ‘verdade’, ‘paz’, ‘ética’ e ‘moral’. Tais conceitos não são fruto de construção, mas de revelação. Assim, a teologia irrompe como a propugnadora da ética e do direito, e a Igreja força a retomada da noção de história.
O contraditório e a crítica continuam presentes, porém não mais como contraponto ideológico, e sim como compromisso profético, a partir do grande observador -- como diria Berkeley -- que, com sua observação, além de garantir a existência, lhe dá conteúdo. Diante da teologia está o desafio de passar de momento segundo para a emuladora da mudança.
O fim do embate ideológico recolocou a Igreja e a teologia na ribalta, já que só a partir dessa lógica judaico-cristã é possível retomar o debate sobre o direito, a justiça, a ética, a paz e a moral. Por sua teologia, a igreja hoje voltou a ser os olhos da sociedade. É a única força capaz de se contrapor à lógica capitalista e de forçar a sua humanização -- ou capitulação -- frente à lógica da solidariedade. Cabe-nos que esses olhos não sejam trevas, mas luz de libertação.
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• Ariovaldo Ramos é pastor na Comunidade Cristã Reformada e na Igreja Batista de Água Branca, ambas em São Paulo.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A cruz de Cristo e a espiritualidade cristã

Tenho, nos últimos anos, refletido sobre a espiritualidade cristã. Minha preocupação está voltada para a apatia espiritual, a falta de integridade e coerência entre nossas convicções e a vida, a distância entre a teologia e a oração, e o chamado de Cristo para amar a Deus com a mente e o coração. Embora este tema tenha tomado outros rumos e provocado outros interesses, nem sempre fundamentados na Bíblia ou na longa tradição cristã, ele segue sendo um grande desafio para os cristãos do século 21.
Para manter o foco numa espiritualidade cristã e bíblica, é preciso reconhecer a centralidade da cruz. A cruz de Cristo foi única no sentido de que representou uma escolha, um caminho que Jesus decidiu trilhar: o caminho da obediência ao Pai.
A espiritualidade cristã requer obediência. Sabemos que no tempo de Jesus existiram muitas outras cruzes e muitos que foram crucificados nelas; alguns culpados, outros martirizados. No entanto, nenhuma delas pode ser comparada com a cruz de nosso Senhor em virtude daquilo que ela representou.Podemos considerar que a cruz de Cristo começa a ser carregada no episódio da tentação. Ali, o diabo propõe um caminho para Jesus ser o Messias.
Um caminho que representou uma forma tentadora de ser o Messias. Transformar pedras em pães, saltar do alto do templo e ser amparado por anjos, e receber a autoridade política e financeira sobre os reinos e as nações. Se Jesus aceitasse a oferta do diabo, rapidamente teria uma multidão de admiradores, de gente faminta encontrando pão nas ruas e estradas, encantada com seu poder sobre os anjos e os seres celestiais e com seu governo mundial estabelecendo as novas regras políticas e econômicas. Seria o caminho mais rápido para implantar seu reino entre os homens.Porém, o caminho de Deus não era este.
O reino que ele oferece precisa nascer primeiro dentro de cada um. As mudanças não acontecem de cima para baixo nem de fora para dentro. É um reino que vem como uma pequena semente e leva tempo para crescer. Não é imposto, é aceito. Não se estabelece pela força do poder, mas pelo coração e mente transformados. O rei deste reino não permanece assentado no seu trono, mas desce e se torna um servo.
A cruz de Jesus não significou apenas o sofrimento final do seu ministério público. Ela representou uma escolha que o acompanhou por toda a sua vida e que culminou em seu sofrimento e morte. Quando Jesus nos chama para segui-lo, ele afirma que, se não tomarmos nossa cruz, não será possível ser seu discípulo.
A razão para isto é clara. Se o caminho dele é o caminho do servo obediente, o nosso não pode ser diferente. Por isto, precisamos tomar nossa cruz, e ela deve representar também nossa escolha, que é a mesma que ele fez -- uma escolha pela renúncia e pela obediência ao Pai.
O apóstolo Paulo entende o chamado de Jesus para tomar a cruz e segui-lo quando afirma: “Eu estou crucificado para o mundo e o mundo está crucificado para mim”. O caminho do mundo ensina: “Ame seus amigos e seja indiferente com os outros”. O caminho de Jesus diz: “Ame os inimigos e ore por eles”.
No caminho do mundo ser o maior e o melhor é o mais importante. No caminho de Jesus o melhor é ser o menor e o servo de todos. Podemos achar que o caminho de Cristo é muito difícil, que amar os inimigos, orar pelos caluniadores, ser manso num mundo competitivo, humilde numa sociedade ambiciosa, não é só difícil -- é impossível. Concordo, por isto o chamado é para tomar a cruz. A cruz significa renúncia, sofrimento e morte.
As opções estão diante de nós diariamente. Todos os dias somos levados ao monte da tentação. Todos os dias o diabo nos oferece suas ofertas e seu caminho, e Deus, pela sua palavra, nos revela seu caminho. Todos os dias temos de fazer nossas escolhas. Tomar nossa cruz é aceitar o caminho de Cristo, e neste caminho experimentamos uma espiritualidade verdadeira.
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• Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de “Janelas para a Vida” e “O Caminho do Coração”.

sábado, 22 de agosto de 2009

Novo livro de Ricardo Agreste.....


FEITO PARA DURAR
Relacionamentos duradouros numa cultura do descartável.

Estamos inseridos numa cultura que não nos incentiva à construção de relacionamentos consistentes e duradouros. Muito pelo contrário! O tempo todo somos bombardeados por valores altamente individualistas e utilitaristas, os quais tem transformado nossas relações numa espécie de produto facilmente descartável, especialmente quando não correspondem as nossas expectativas.
Uma das principais vítimas desta cultura do descartável é o relacionamento conjugal.Por isso este livro é escrito, para nos desafiar a um olhar mais crítico para a cultura que nos envolve e a uma tomada de posição frente a sua influência em nossas vidas e relacionamentos.
Em constante diálogo com o mundo contemporâneo, você será desafiado a uma profunda reavaliação de papéis e valores e encorajado à construção de um relacionamento feito para durar.
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Ricardo Agreste da Silva.
Pastor da Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera
(www.chacaraprimavera.org.br)

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Parece acaso, mas é providência divina

-Texto para meditar: Então os servos do rei que estavam à porta do rei disseram a Mardoqueu: Por que transgrides a ordem do rei?E sucedeu que, dizendo-lhe eles isso dia após dia, e não lhes dando ele ouvidos, o fizeram saber a Hamã, para verem se o procedimento de Mardoqueu seria tolerado;pois ele lhes tinha declarado que era judeu.Vendo, pois, Hamã que Mardoqueu não se inclinava nem se prostrava diante dele, encheu-se de furor.Mas, achou pouco tirar a vida somente a Mardoqueu;porque lhe haviam declarado o povo de Mardoqueu. Por esse motivo Hamã procurou destruir todos os judeus, o povo de Mardoqueu, que havia em todo o reino de Assuero (Ester 3.3-6).

Você já parou para avaliar alguns fatos da sua vida e vem sempre uma pergunta: Isto é um acaso? Acredito que a vida não é feita de acasos, mas da providência divina em todos os aspectos.
O livro de Ester consta a ausência do nome de Deus. Embora seja verdade que Deus não é mencionado diretamente, parece haver no texto hebraico quatro casos distintos de acrósticos do Tetragrama, as letras iniciais de quatro palavras sucessivas que formam YHWH. Estas iniciais são destacadas de modo especial em pelo menos três manuscritos hebraicos antigos, e são também marcadas na Massorá com letras vermelhas.
Há dois personagens muito importantes no livro: Ester e Mordecai. Tanto um como o outro experimentam aquilo que chamamos de providência divina. Mas, parece acaso. E quando lemos o texto sagrado percebemos a evidência de que Mordecai tanto aceitava a lei de Deus como a obedecia. Mordecai negou-se a curvar-se para honrar um homem que provavelmente era amalequita.
A expressão de Mordecai em Ester 4.14 indica que aguardava uma libertação da parte de Deus e que tinha fé na direção divina do inteiro curso dos eventos. Lemos também acerca do jejum de Ester, junto com a ação similar dos demais judeus, durante três dias, antes de estar diante do rei, e isto indica confiança em Deus (Ester 4.16).
No espaço em que lemos esta história magnífica percebemos que os fatos parecem acasos, mas não são. Parece que as questões que se levantam são meras coincidências, mas não são. São sim, a providência do divino. Em palavras como: Irei ter com o rei, ainda que é contra lei. Se perecer, pereci. Vemos a providência extraordinária de Deus no Livro.
Neste Livro aprendemos e vemos a história de uma moça judia que substitui a rainha Vasti no reinado persa de Assuero (CHAMPLIN, R. N. Comentário de I Samuel. São Paulo: Hagnos, 2001, Vol. 3, p. 1825).
Para resumir a história tornou-se rainha dentro da providência divina para interceder pelo povo de Israel que estavam naquele lugar. E seu tio foi um instrumento precioso de Deus para ajudar Ester nesta tarefa. Mardoqueu é o homem que não perde jamais os princípios de Deus no seu coração e vê em medida exata que sua vida não é acaso, é providência mesmo!
Não é acaso que a rainha Vasti foi deposta (1.1-22). Ela foi deposta para Ester tornar-se rainha e ser o instrumento da graça divina para salvação do povo judeu (2.1-23).
A conspiração de Hamã (3.1–5.14) por ficar cheio de furor, e, ao descobrir que Mordecai é judeu, vê nisto a grande oportunidade de se livrar de Mordecai e de todos os judeus de uma vez por todas. Lança-se a sorte (pur) para determinar um bom dia para aniquilar os judeus.
Hamã, valendo-se do seu favor junto ao rei, acusa os judeus de serem anárquicos e pede que a destruição deles seja ordenada por escrito. Hamã oferece uma contribuição de 10.000 talentos de prata (o equivalente a cerca de US$ 66.060.000) para financiar a matança. O rei consente, e enviam-se a todo o império ordens escritas seladas com o anel do rei, marcando o dia 13 de Adar para o genocídio dos judeus.
Ao saberem da lei, Mordecai e todos os judeus pranteiam com cinzas. Há jejum, e choro, e lamento. (Est. 4.3) O que pela providência e não por acaso Ester é informada por Mordecai sobre a situação crítica dos judeus. E dentro desta providência sem ver o rei a um mês, ela comparece perante o rei sem ser convidada. O que seria sinal de morte.
Ester comparece diante do rei, vestida de seus mais requintados trajes reais. Não por acaso, mas por providência, ela obtém favor aos olhos dele, de modo que este lhe estende o cetro de ouro, poupando-lhe a vida. Ela convida então o rei e Hamã para um banquete. Durante o banquete, o rei insta-a a revelar seu pedido, assegurando-lhe de que será concedido, “até a metade do reinado”, após o que ela convida os dois para outro banquete no dia seguinte (5.6).
Hamã sai alegre. Mas, junto ao portão da casa do rei se acha Mordecai! Este se recusa outra vez a prestar honra a Hamã ou a tremer diante dele. A alegria de Hamã transforma-se em furor. Sua esposa e seus amigos sugerem que ele construa um madeiro de 50 côvados (22,3 metros) de altura e obtenha uma ordem do rei para enforcar Mordecai nele. Hamã manda construir a estaca imediatamente.
Não é por acaso que acontece a inversão na situação (6.1–7.10). Naquela noite, o rei não conseguia dormir, seria um acaso? Ele manda que lhe seja trazido e lido o livro dos registros e descobre que não recompensou a Mordecai por salvar sua vida.
Mais tarde, o rei indaga sobre quem está no pátio. É Hamã, que veio pedir ao rei autorização para executar Mordecai. O rei pergunta a Hamã sobre como deve ser honrado alguém de quem o rei se agrada. Hamã, bobo e ingênuo, imaginando que o rei pensava nele, delineia um pródigo programa de honras. Mas, a palavra do rei foi: Faze assim a Mordecai, o judeu! (6.10). Que providência extraordinária! Porque Mordecai não fez absolutamente nada, apenas não se prostrou diante de Hamã.
Agora o inimigo Hamã não tem alternativa, senão, vestir a Mordecai de esplendor régio, colocá-lo no cavalo do rei e conduzi-lo pela praça pública da cidade, clamando diante dele. Que situação não! Seria acaso? Jamais é providência divina!
O mau Hamã agora totalmente humilhado e desonrado por um judeu, se apressa em ir para casa, pranteando. Sua esposa e seus amigos não têm nenhum consolo a oferecer. A idéia na fala dos familiares de Hamã é que ele está condenado porque mexeu com uma pessoa de Deus que não vive os acasos, e sim, a providência divina!
Agora é hora de Hamã comparecer ao banquete com o rei e Ester. A rainha declara que ela e seu povo foram vendidos para serem destruídos. Quem se atreveu a perpetrar tal iniqüidade? Ester diz: O homem, o adversário e inimigo, é este mau Hamã (7.6).
O rei se levanta enfurecido e sai para o jardim. Hamã, sozinho com a rainha, implora que lhe poupe a vida, e o rei, ao retornar, fica ainda mais furioso ao ver Hamã sobre o leito da rainha. Sem demora, ordena que Hamã seja enforcado no mesmo madeiro que Hamã havia preparado para Mordecai!.
O que acontece?
Mordecai é promovido, os judeus são libertados. Como? Segundo a providência divina (8.1–10.3). O rei dá a Ester todos os pertences de Hamã. Ester informa a Assuero seu parentesco com Mordecai, a quem o rei promove à posição anteriormente ocupada por Hamã, dando-lhe o anel com o sinete real. Pela providência divina acontece a anulação do decreto escrito de destruição dos judeus.
O texto de termina assim: Mordecai foi o segundo depois do rei Assuero e grande para com os judeus,e estimado pela multidão de seus irmãos, tendo procurado o bem-estar do seu povo e trabalho para a prosperidade de todo o povo da sua raça (Ester 10.3).
Deus está no centro de tudo, ele está nos vendo em todo o tempo. Ele é o mesmo Deus da providência na vida de Mordecai. Ele não precisou fazer nada, mover uma palha para ser lembrado. Simplesmente ele fez o seu papel de servo de Deus protegendo a vida do rei. E no momento da providência divina, ele foi lembrado de maneira profunda e honrosa.
Isto não é acaso, isto é providência divina!
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Pr. Alcindo Almeida

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Precisamos hoje de um Evangelho simples

Um dos mais festejados autores cristãos da atualidade, Max Lucado faz de sua obra um instrumento do amor de Deus.

Já se disse – e é verdade – que a unanimidade é perigosa. Por isso mesmo, dizer que todo mundo gosta do escritor americano Max Lucado pode ser arriscado. Mas, com certeza, é algo bem próximo da realidade. Autor consagrado por mais de 60 livros que venderam algo perto de 50 milhões de exemplares em todo o mundo, ele é um fenômeno das letras cristãs. A abrangência de sua obra pode ser avaliada pela diversidade dos temas que aborda. Derrubando Golias, Ele escolheu os cravos, Seguro nos braços do Pai, Nas garras da graça e Simplesmente como Jesus são alguns títulos que demonstram seu ecletismo. Lucado, mestre dos textos devocionais e inspirativos, começou a escrever em 1985, quando morava no Rio de Janeiro. Aliás, o período em que viveu no país é descrito por ele como um tempo de carinhosas lembranças. “Tenho um amor especial pelo Brasil”, derrete-se. “O brasileiro é o melhor povo do mundo.”
Pastor por chamado divino e escritor por uma vocação que garante ter recebido também de Deus, Max Lucado é tido nos Estados Unidos como uma referência cristã que transcende os muros da Igreja. Seu trabalho é enaltecido por publicações seculares como o New York Times e o USA Today. Mesmo assim, ele não é condescendente com a atual situação de seu país. “Os Estados Unidos não são mais uma nação cristã, porque o cristianismo não influencia mais suas decisões”, critica. Casado com Denalyn e pai de três filhas, Lucado vive em San Antonio, no Texas, onde até recentemente pastoreava a Oak Hills Church. Afastou-se do púlpito para dedicar-se mais à carreira de escritor – embora, evidentemente, as duas funções lhe caibam como uma luva. Por telefone, Max Lucado concedeu a seguinte entrevista exclusiva a CRISTIANISMO HOJE:
CRISTIANISMO HOJE – A passagem de João 3.16, também chamado de “texto áureo” da Bíblia, é certamente a mais lida e pregada da Escritura. Por que o senhor o escolheu como base do seu novo livro?MAX LUCADO – Sou pastor, e todos os meus livros são para a Igreja – ou seja, eu os faço pensando na Igreja, e ela necessita saber que estamos numa época em que precisamos estudar um Evangelho simples. E como fazer isso? Explicando tudo numa frase bem simples, expressando opiniões mais simples ainda. Então, considero o texto de João 3.16 como uma passagem ideal. O curioso é que a primeira vez em que pensei neste livro foi em 1998, quando ouvi uma música da cantora Jacy Velasquez baseada justamente na passagem de João 3.16. Aí, uma pessoa me deu a idéia de escrever um livro baseado também naquele texto. Bem, passados estes anos, aí está o livro.
Por que o dia 11 de setembro, data tão emblemática para a humanidade, foi escolhida para o lançamento mundial de um livro que fala justamente da antítese do ódio?Há uma maneira de comparar 9/11 com João 3.16 – e é precisamente a contraposição do medo contra a esperança.
Na sua opinião, o que mudou na Igreja após aquele episódio? Ela também perdeu um pouco da sua esperança? E agora, passados seis anos dos atentados, como os cristãos americanos lidam com a questão?Infelizmente, nada mudou desde então. Eu me lembro de que nos primeiros dias após o atentado, todas as igrejas estavam lotadas. Só que o tempo passou e as pessoas não permaneceram naquela busca pelo Senhor. Agora, está tudo normal. Infelizmente, o cristianismo não influencia os Estados Unidos. Aliás, os Estados Unidos não são um país cristão, mas um país que tem cristãos. Um país cristão glorifica a Cristo em suas decisões e os Estados Unidos não estão fazendo isso. Eu acho que os Estados Unidos não estão crendo no Senhor como a Coréia do Sul, o Brasil ou a China.
Qual sua expectativa quanto ao efeito de João 3.16 sobre os leitores?Eu tenho duas expectativas. Uma delas é a de alcançar as pessoas que não são discípulos de Cristo – para isso, quis apresentar-lhes um livro que explicasse o Evangelho de forma simples. A outra é edificar os cristãos, fazendo-os entender o Evangelho. Eu quis descomplicar as coisas importantes da Palavra de Deus.
Mas o livro tem alguns capítulos que abordam temas bem complicados, como a existência do céu e do inferno. Algumas modernas interpretações da Bíblia têm procurado relativizar essa doutrina, sugerindo que um Deus tão amoroso jamais lançaria pessoas no inferno, e que este termo, na realidade, significaria apenas “sepultura”. O senhor considera que as referências ao céu e ao inferno, na Palavra, são literais e referem-se mesmo a estados eternos a que serão destinadas todas as pessoas?
Eu procurei achar todas as possibilidades e caminhos para concordar com as pessoas que dizem que não existe literalmente o inferno. Mas, simplesmente, não concordo com isso. As Escrituras descrevem uma punição eterna com a mesma convicção que falam sobre a existência do céu. Eu estou convencido de que o inferno existe de fato – e é o destino eterno das pessoas que passam a vida inteira dizendo para Deus as deixarem a sós. Pois no final, é exatamente isso que Ele irá fazer.
Desde o lançamento de O maior vendedor do mundo, de Og Mandino, os temas motivacionais e princípios da auto-ajuda ensejaram o surgimento de um dos principais gêneros literários da atualidade. Qual a sua opinião acerca deste tipo de literatura?A auto ajuda é uma boa idéia – mas uma mão limpa não pode ajudar a limpar uma suja. Logo, os princípios da auto-ajuda não são suficientes para o ser humano. Por isso, temos que buscar ajuda de outro lugar. Precisamos ter ajuda de Deus. É por isso que eu prefiro a Cristo-ajuda…
Mas esses temas também têm influenciado fortemente a literatura evangélica. Como conciliar, então, os princípios da auto-ajuda, que visam ensinar as pessoas a resolver seus problemas, com a fé cristã, que enfatiza a dependência irrestrita de Deus?Bem, todo mundo precisa de encorajamento – e, por isso, todo mundo precisa atualmente da mensagem de Cristo sobre a cruz e a ressurreição. No entanto, não podemos sacrificar o Evangelho. Só encorajar não é suficiente. Temos que tratar o pecado, explicando sua natureza e mostrando o Salvador, mas não abrindo mão do Evangelho.
O que sabe da aceitação de seus livros no Brasil?Fico feliz porque sempre recebo muitas cartas de brasileiros, que fazem questão de me encorajar e incentivar.
Que lembranças o senhor guarda do período em que viveu no Brasil?Tenho um amor especial pelo Brasil! É o melhor povo do mundo. Os brasileiros me ensinaram muito sobre relacionamento. Na juventude, eu passei um verão no Brasil como estudante universitário. Então, acabei me apaixonando pelo país, e desde então sabia que o seu país era onde eu queria morar. Eu tenho três filhas, sendo duas nascidas no Brasil; logo, eu e minha família temos raízes profundas com esse país. Eu ainda tenho muito amigos no Brasil, especialmente nas cidades do Rio de Janeiro, Natal, Recife e São Paulo. Eu também tenho lembranças de Porto Alegre e Curitiba. Foi um privilégio viver aqueles anos em seu país.
E pensa em voltar a residir no Brasil?Não. Mas adoraria uma nova estada prolongada.
A publicação do documento Respostas a questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja, no qual o Vaticano arvora para o catolicismo a condição de “única Igreja de Cristo”, foi um duro golpe no processo de aproximação da Igreja Católica das demais correntes cristãs. Como escritor que também é maciçamente lido por católicos, o que o senhor pensa acerca deste enfrentamento?Eu acho que ser cristão é ser uma pessoa cujo Deus é o Senhor e que tem a Jesus Cristo como único salvador. Ora, não podemos ser salvos sem Cristo! Eu não acho que todos os caminhos levam a Deus. O que faz uma pessoa cristã não é a igreja que ela freqüenta; por isso, acho que há verdadeiros cristãos tanto na Igreja Católica quanto nas igrejas protestantes. Todavia, há muitos católicos que não são cristãos, como também há muitas pessoas que pertencem a igrejas evangélicas que não o são.
Em seu livro Dias melhores virão, o senhor defende a crença no fato de que o Senhor sempre está no controle da situação – mesmo em casos de extremo infortúnio, como a doença e a morte, tema também presente em Aliviando a bagagem, Ele ainda remove pedras e diversas outras obras suas. Mesmo para o cristão, manter a fé diante do mundo de hoje não está cada vez mais difícil?Sim, está. Eu acho que é muito difícil ser cristão. Principalmente, nos Estados Unidos, onde o secularismo é uma religião – ou seja, só se acredita vendo. Por causa disso, as pessoas não oram, pois só acreditam no que vêem. O que eu gosto no Brasil é que os brasileiros acreditam que existe um mundo espiritual, crêem na existência de anjos etc.
Na sua opinião, o cristão tem uma percepção correta do sofrimento e do seu significado?É muito necessário a gente entender o propósito do sofrimento. Ele é a ferramenta usada por Deus para tratar o caráter humano. A Bíblia diz que o sofrimento nos prepara para sermos fortes; ele nos prepara para a vida eterna. E é fundamental ressaltar que a Palavra de Deus não nos revela que não teríamos sofrimentos – mas afirma que Cristo nos fortaleceria nestes momentos.
A teologia da prosperidade, de matriz americana, influenciou fortemente a Igreja Evangélica brasileira. Um de seus pressupostos básicos é justamente a eliminação do sofrimento nesta vida. Mas percebe-se que hoje tem havido um certo “cansaço”, sobretudo em relação a promessas dos líderes que não se concretizam na vida dos fiéis. O que o senhor pensa da confissão positiva?Eu não acho bom dizer às pessoas que, quando elas se tornarem cristãs, vão ter coisas materiais. E tenho problemas com aqueles que dizem que, quando o indivíduo se converte, vai ganhar dinheiro, não vai ter doenças… Mas promessa de Cristo é a de nos fortalecer no meio dos problemas, e não, que a gente não vai tê-los.
O que mudou no Max Lucado escritor desde o lançamento de seu primeiro livro?O que mudou (risos)? Hoje em dia, eu tenho mais dead line (Da redação: Trata-se de expressão utilizada no segmento editorial e se refere aos prazos para fechamento de textos e entrega de originais). Agora, eu trabalho muito mais no computador do que antes. Eu escrevi meus primeiros livros na época em que morava no Rio de Janeiro. Naquele tempo, eu os escrevia entre dez e meia da noite e meia-noite… Só que agora, uso o meu tempo integral para escrever.
Agora, uma pergunta inevitável: Qual o segredo do sucesso dos seus livros? Olha, eu não sei o porquê de os meus livros serem bem recebidos. Simplesmente, não tenho explicação para isso. Eu apenas gosto de escrever para pessoas que não gostam de ler, pois sou uma pessoa bem simples.
Por que o senhor resolveu aposentar-se do pastorado da Oak Hills Church, congregação onde exerceu o ministério desde 1987?Na verdade, não estou me aposentando. Só estou mudando de cargo, já que vou ficar trabalhando como professor da Bíblia. Acontece que conciliar o ofício de escritor com o cargo de pastor principal é demais. Só estou simplificando as coisas…
Em João 3.16, Deus apresenta seu amor infinito ao homem. Como o senhor tem vivenciado este amor na sua vida?O amor de Deus é a coisa mais importante da minha vida. Eu lutei muito com o Senhor nos primeiros dias da minha conversão. Era alcoólatra e achei que Deus poderia me perdoar; e aí, finalmente, comecei a acreditar nesse amor divino e efetivamente cri que Deus pode nos perdoar.
Em recente entrevista a uma revista americana, o senhor abordou essa sua relação com o álcool – tema considerado tabu no segmento evangélico, que consideram seu consumo como pecado. Por que o senhor resolveu tocar no assunto?O abuso do álcool é parte da minha história, pois me envolvi cedo com a bebida. Mas, graças a Deus, beber excessivamente não é mais uma tentação para mim.
Logo, Deus é o Deus da segunda chance?E da terceira, da quarta…

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Repórteres: Carlos Fernandes e Jacqueline Falheiro

Igreja Presbiteriana do Brasil comemora os 150 anos da chegada do missionário Ashbel Simonton ao país

Fé e pioneirismo

O navio Banshee, que aportou no Rio de Janeiro em 12 de agosto de 1859, depois de cinquenta e quatro dias de uma exaustiva viagem desde os Estados Unidos, não trazia apenas comerciantes, famílias e gente interessada em tentar a sorte do lado de baixo da linha do Equador. A bordo, um jovem de aspecto distinto e barba bem cuidada não deve ter chamado muito a atenção dos viajantes. Era Ashbel Green Simonton, missionário enviado ao Brasil pela Junta de Missões da Igreja Presbiteriana do Norte. A opção pela pregação do Evangelho no pouco conhecido Império da América do Sul foi uma guinada e tanto para um jovem com futuro promissor em sua terra. Advogado, teólogo e professor, o erudito Simonton, além de graduado no Seminário de Princeton, dominava francês, alemão, latim e italiano.
O preço da escolha seria ainda mais alto, já que, devido às péssimas condições sanitárias do Brasil de então, o missionário acabaria morrendo precocemente, provavelmente devido à febre amarela. Mas sua chegada, há exatos 150 anos, é um marco da implantação da fé protestante em território brasileiro. Foi ele quem fundou a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB), hoje uma das cinco maiores confissões evangélicas do país, com mais de 700 mil fiéis – fora as outras igrejas de linha reformada que se originaram na IPB. E todos eles estão em festa pela passagem do sesquicentenário.
Desde o ano passado, eventos e cultos solenes estão sendo realizados pelo Brasil, e o ponto alto das celebrações é agora em agosto. Além da inauguração de um monumento em homenagem a Simonton no Porto do Rio, está programada uma grande cruzada nacional de ação de graças na Praça da Apoteose.
“Muitos protestantes já haviam pisado em solo brasileiro, mas a maioria das iniciativas foram fracassadas, já que o país era oficialmente católico”, observa Alderi de Souza Mattos, historiador ligado à denominação. Na capital do Império, Simonton logo pôs as mãos na boa obra. Duas semanas após sua chegada, organizou o primeiro culto. Logo aprendeu o português e, em 1862, fundou a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, contando já com diversos novos convertidos. Foi dele a iniciativa de abrir um seminário teológico para formar obreiros nacionais, numa época em que missões transculturais tinham muito a ver com ideias colonialistas. “É preciso haver pastores brasileiros para brasileiros”, acreditava. Seu pioneirismo também ficou claro na fundação do primeiro jornal cristão do Brasil, o Imprensa Evangélica. “É impossível alcançar um país tão vasto sem o auxílio da palavra impressa”, escreveu na edição inaugural.
Expansão – Após um curto período nos Estados Unidos, onde casou-se com Helen Murdoch, o pastor Simonton voltou ao país em 1863, agora em definitivo. Montou escolas dominicais e organizou novas congregações em São Paulo. Àquela altura, tanto missionários que vieram para cá a seu convite – além do cunhado Alexander Blackford, Francis Schneider, George Chamberlain e Robert Lenington – como os obreiros brasileiros formados no Seminário Presbiteriano já semeavam a Palavra pelo interior paulista, sul de Minas Gerais e Bahia. Outro que contribuiu muito para a expansão do trabalho foi o ex-padre José Manoel da Conceição, primeiro brasileiro a ser ordenado ministro do Evangelho, em 1865.
Simonton morreu precocemente, aos 34 anos, em 1867, na cidade de São Paulo, sem poder ver a dimensão de seu legado. Nos anos seguintes, os presbiterianos deram uma notável colaboração ao crescimento do país, fundando estabelecimentos de ensino como a Escola Americana – precursora do tradicional Instituto Mackenzie –, hospitais e igrejas em todo o território nacional. Um dos principais marcos da presença da denominação no país é o majestoso templo da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro, em estilo neogótico, tombado pelo Patrimônio Histórico. É ali que será celebrado, no dia 12 de agosto, o Culto do Sesquicentenário.
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Carlos Fernandes

Aniversário da IP Lapa


Dia 22.08.09: 19:30 – Rev. Jonas Gonçalves Cunha
Dia 23.08.09: 9:00 – manhã: Rev. George Alberto Canêlhas -Coral Infantil e Cantata das crianças.
Dia 23.08.09: 18:00 noite: Rev. Alcindo Almeida - Coro Mocidade.
Venham celebrar tempo de gratidão diante do eterno Deus.
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IGREJA PRESBITERIANA DA LAPA
Rua Roma, 465.
Site: www.iplapa.org.br

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

NUNCA DESISTA DE SONHAR

- Texto para meditar: Só Eu conheço os planos que tenho para vocês (Jeremias 29.11).

Visitando uma área onde funcionava uma empresa que há quatro anos havia falido e que recentemente havia sido arrematada em um leilão judicial, a fim de identificar o possível aproveitamento de mobiliário, equipamentos e outros bens móveis existentes, fiquei pensando, enquanto andava por salas, depósito, pátio, etc, na história que aquele lugar escrevera. Quantos sonhos, projetos, idéias e ideais estavam sepultados em meio àquela sujeira, pichações, entulhos, abandono. Quantas lutas, ansiedades, medos, frustrações, choro e tristeza aquele lugar evidenciava.
Numa sociedade geradora de tantas patologias, de crise de valores, da banalização do ser em detrimento do ter, não é difícil encontrar miseráveis morando em palácios, num exercício neurótico de auto-afirmação, mas que nos momentos em que as luzes e holofotes não estão acessos vivem auto-abandonadas. Tem medo de falar consigo mesmo.
Aquele ambiente deixou-me claro e evidenciado a falibilidade de nossas vidas e de quem somos: gente imperfeita, frágil, passível de erros e acertos, de montanhas e vales, de vitorias e também de derrotas.
Por isso, para vivermos é preciso ter esperança. É preciso sonhar.
E para falar de sonhos e projetos, temos de falar da vida. É preciso uma viagem para dentro de nós mesmos. Talvez nos defrontemos com o desprezo, o abandono dos “amigos”, a exposição pública, rejeição, e tudo isso pode ou poderá ter precipitado ou desencadeado situações terríveis e avassaladoras.
Meu convite para você nessa manhã, é que sonhe em fazer de sua vida uma experiência única. Aliás, sua vida é única e você foi feito único.
E para sonhar, quero sugerir a você alguns princípios:

I – DECIDA SER AUTOR DE SUA PRÓPRIA HISTÓRIA
Isso vai incluir correr riscos. Esteja disposto a isso. Nossa vida é aprimorada quando assumimos riscos. Quem tem projetos e sonhos vai correr riscos.
Falando sobre o mundo corporativo, Zig Ziglar (escritor e orador mundialmente conhecido, cuja lista de clientes inclui milhares de executivos, empresas da lista Top 500 da revista Fortune, agências do governo dos Estados Unidos, igrejas, faculdades e organizações de caráter filantrópico) escreveu: “Você sempre corre riscos de treinar pessoas e elas saírem da sua organização. Porém, maior é o risco de você não treinar estas pessoas, e elas permanecerem”. Avalie o risco.
Preocupe-se em não ter uma necessidade neurótica de agradar sempre, a todos, e de estar sempre certo. Não espere que as pessoas te compreendam nos piores momentos da sua vida.
Esteja disposto a mudanças. Só não muda de idéia quem não tem idéias.
“Nem toda mudança é boa, mas não mudar pode ser péssimo” (Charles Swindoll em “Dia a dia com Charles Swindoll”, Ed Mundo Cristão, pág 21).
É aprender a não ter medo do medo. É pensar no amanhã apenas para ter subsídio para o presente, e não para gerar ansiedade para o futuro.
O maior de todos os sonhadores – JESUS, trabalhou em sua adolescência e juventude com as ferramentas que talhariam sua cruz.
Em seus relacionamentos mais íntimos com seus discípulos, conviveu com João – uma emoção flutuante capaz de amar e também desejar fogo do céu para queimar opositores. Conviveu com Pedro - hiperativo, cheio de emoção, mas um dique pronto a se romper. Conviveu com Judas – que não era transparente e nem mesmo se conhecia. Não era senhor da sua história.
Aprenda a perseverar, pois quem não tem perseverança não suporta o calor da caminhada.
“Você nunca tem um sonho sem ter também o poder para torná-lo uma realidade”. Richard Bach (escritor americano nascido em 1936, autor do best seller “Fernão Capelo Gaivota”).

II – APRENDA A PROTEGER SUAS EMOÇÕES
Aprenda a se doar sem esperar a contrapartida do seu semelhante. Isso o ajudará a desenvolver expectativas mais realistas e corretas.
Falando sobre o amor ao próximo David Hubbard em “The Problem With Prayer Is...” escreveu: “A mais pura forma de amor é dispensada sem nenhuma expectativa de retorno. Medida segundo esse padrão, a mais séria oração pelos outro é um magnífico ato de amor”.
Aprenda também a entender que por detrás de uma pessoa que fere há uma pessoa ferida.
“Eu costumava olhar para as pessoas e tudo o que via eram imperfeições. Porém um dia, decidi tentar compreender as pessoas e vê-las através da perspectiva de Deus. Comecei a ouvir com um pouco mais de compaixão. Sabe o que descobri? O que eu pensava serem imperfeições eram, na verdade, cicatrizes – e há uma grande diferença”. Eugene Peterson (em “Um pastor segundo o coração de Deus” – Ed Textus).
Para sonhar é preciso aprender a proteger suas emoções. É preciso saber que toda escolha inclui perdas. “Uma pessoa que nunca cometeu um erro ou sofreu uma perda, jamais tentou alguma coisa nova”. Albert Einstein
É aprender a nos ver diante de nossas próprias contradições da existência e desejar crescer através deste ato. E para isso, não basta apenas ter garra; precisa haver disciplina. Sonhos sem disciplina vão produzir frustração.

III – VOCÊ NÃO PRECISA SONHAR SOZINHO
Saiba: há alguém absolutamente comprometido e interessado em viver com você os seus sonhos – Deus!
O texto mencionado diz: “Só Eu conheço os planos que tenho para vocês: prosperidade e não desgraça e um futuro cheio de esperança. Sou Eu, o Senhor, quem está falando” (Jr 29:11).
Tenha sonhos, metas; desenvolva estratégias; busque visão de longo alcance; tenha foco e determinação. Tudo isso é extremamente necessário, digno e relevante. Aliás, seus sonhos podem não garantir o lugar onde você vai chegar, mas, vai tirá-lo do lugar onde você está. E isso é um excelente começo.
Concluindo,
Só sonha quem existe. Seus sonhos o levarão a caminhos e lugares nunca caminhados. Decida ser autor de sua própria história. Cuide de suas emoções. Inclua Deus em seu projeto de vida, pois Ele tem planos que nem mesmo seus melhores sonhos são capazes de sonhar.
Que Deus o abençoe rica e abundantemente.
Em Cristo,
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Rev. Hilder C Stutz

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Coleção de Salmos

Salmos – VOLUME 1 (1 a 50)
Autor: Alcindo Almeida
Páginas: 146
Neste livro vemos Alcindo nos dando uma saída consistente e uma ótima oportunidade para descobrirmos um mundo repleto de esperança e cheio de expectativas, de que, no Senhor e no seu Ungido (Cristo), o Deus-Homem, e somente nele, há mudanças reais. Somos advertidos a nos preocupar com a nossa vida devocional, a despertar nosso coração para esse ponto tão crucial que tem sido muito negligenciado em nossos dias. Nós vemos isso claramente no Salmo 5, portanto, a coerência se fecha em vários pontos, mostrando lições definidas e claras que nos ajudam na maturidade e no crescimento cristão. Nos Salmos 5 e 6 vemos um destaque dado a Teologia do relacionamento com Deus, reconhecendo sua soberania, justiça e amor, que é completamente diferente da teologia relacional tão em alta hoje nos círculos evangélicos. Uma teologia que banaliza Deus e exalta o homem. Alcindo, ao contrário, mostra um homem que ama o Deus justo e santo e vive em devoção e intimidade com este Deus. E creio que ninguém melhor do que Davi para expressar esta intensa comunhão, e, portanto, um acerto enorme da parte do autor, que mostra as crises de um homem e a fonte para o recomeço dessa mesma vida. E a vida de Davi é expressamente demonstrada nessa seleção de Salmo muito bem refletida e fortalecedora do nosso coração. O livro: Dores, Lágrimas e Alegrias, com toda certeza causará impacto no seu coração e lhe restaurará diante das dificuldades e crises que talvez você esteja vivendo. Que a leitura destas reflexões e as palavras dos Salmos impactem o seu coração nas dores, lágrimas e nas alegrias!

Nelson Abreu

Salmos – VOLUME 2 (51 a 100)
Autor: Alcindo Almeida
Páginas: 146
Os Salmos nos ajudam a equalizar o que cremos sobre a vida (nossa confissão de fé) com o que de fato encontramos na vida (o dia-adia). É um mosaico que registra diários pessoais e comunitários de pessoas que tentaram construir uma caminhada de fé íntegra. Nas janelas desse mosaico encontramos um contraste de alegria e tristeza, convicção e dúvida, esperança e crise, dor e conforto, decepção e realização, amizade e traição, acolhimento e indiferença. Podemos notar que talvez a razão pela qual os Salmos encantem o nosso coração é que essas orações expressam o que muitas vezes sentimos, sem dizermos uma única palavra. Ao lermos os Salmos construímos uma gramática para a vida.Emmeio aos caminhos e percalços da vida, o salmista identifica rotas, sinais, valores e referenciais. A constatação é que a vida só faz sentido se ela é construída a partir de Deus. Soren Kierkegaard disse que “a maior felicidade de um ser humano é a de ser ajudado por Deus”. Nos Salmos fica claro que Deus nos ouve e deseja ser ouvido por nós. Geralmente oração é definida como falar com Deus. Os Salmos mostram uma realidade diferente; oração é um ato interativo: “falar convergecomouvir”. Acredito que esse é o convite que Alcindo faz a mim e a vocês. O seu coração pastoral escreveu devoções para que ouçamos a voz de Deus através dos seus escritos. Mas, Alcindo deseja também que a nossa reação produza “Salmos” que registrem o que está gravado na nossa alma. Este livro chega numa boa hora! A nossa cultura performática, funcional, construída no desempenho narcotizante cria personas que simulam vidas. Alcindo com os seus “Salmos” está nos desafiando a ouvir a Deus, expressar a ele os
nossos sentimentos e nos submeter aos seus valores e princípios.
Roberto Ferreira

Salmos – VOLUME 3 (101 a 150)
Autor: Alcindo Almeida
Páginas: 160
Neste livro de reflexões nos Salmos do Antigo Testamento, Alcindo nos convida a mergulhar numa vida de adoração, tendo como base, a certeza que os Salmos nos dão de que Deus está sempre ao nosso lado, independente das circunstâncias. Através destas reflexões nos deparamos com um Deus que entende a nossa dor, se compadece de nossas lágrimas e é capaz de colocar um novo cântico em nossos lábios. Um cântico de alegria e louvor. Além das aplicações práticas e do conforto para a vida diária, em várias reflexões desta coleção encontramos informações sobre o contexto histórico dos autores e do povo de Deus. Isso nos aproxima mais dos Salmos e nos ajuda a perceber que tanto os autores como os personagens foram pessoas como semelhantes a nós. Eu recomendo aos leitores que tenham este livro sempre a mão, seja na cabeceira da cama ou na mesa do escritório. Pois, diariamente nos deparamos com situações semelhantes àquelas vividas pelos autores dos Salmos. Assim através da mensagem dos Salmos, expressa nas reflexões de Alcindo, poderemos perceber o cuidado de Deus, experimentar o consolo do Pai, sentir encorajamento da Palavra e encontrar a motivação necessária para continuarmos nas lutas da vida.
Adrien Bausells








IMORALIDADE SEXUAL....Escrito por Paulo de Tarso


O Ministério da Saúde divulgou no dia 18 de junho de 2009 uma pesquisa sobre o comportamento sexual do brasileiro, especialmente sobre o uso de preservativo nas relações sexuais. Dentre os dados apresentados, a pesquisa revelou que 21% dos homens e 11% das mulheres admitiram ter traído. Outro dado que chamou a atenção foi em relação à origem dessas traições: 7,3% dos brasileiros tiveram relação sexual com parceiros da Internet.
A questão do adultério é antiga na história da humanidade. Na Bíblia encontramos vários registros sobre o tema. Para Deus, a questão da infidelidade é tão séria que um dos dez mandamentos é justamente “não adulterarás” (Êxodo 20.14). O que leva um homem ou uma mulher a quebrar esse mandamento? São muitas as causas, e mencionamos apenas algumas.
A primeira delas é a falta do temor a Deus. Para consubstanciar essa afirmação lembramos o caso de José, que teve a oportunidade de manter relações sexuais com a esposa de Potifar, mas só não teve por ter no seu coração o temor a Deus. José sabia que antes de tudo estaria fazendo algo perverso e pecando assim contra Deus (Gênesis 39.9).
A segunda causa seria o descuido em relação às tentações do diabo, mesmo sendo temente a Deus. Muitos que caíram no pecado do adultério só caíram por não estarem atentos ao que a Bíblia denomina como “setas inflamadas do Maligno” (Efésios 6.16).
A terceira causa é a autossuficiência espiritual. Muitos caíram ou cairão por acharem que estão ou estarão imunes ao pecado do adultério. Para esses, a melhor recomendação bíblica está em 1 Coríntios 10.12.
A quarta causa é a carência, que leva um homem ou uma mulher a buscar em uma relação extraconjugal o que lhe falta no casamento. Uma esposa, inconscientemente, pode cometer adultério devido à carência afetiva. Um marido pode ter um relacionamento adulterino na tentativa de conseguir uma realização sexual que lhe falta no casamento.
O impacto que o adultério proporciona em um casamento é forte e muitas vezes devastador. A indústria do cinema já tratou do tema em vários filmes. O mais conhecido deles é “Atração fatal”, estrelado por Michael Douglas e Glenn Close.
O adultério quebra o pacto, a aliança e a unidade do casamento. Porque, segundo Paulo, uma relação sexual é que determina a expressão bíblica “uma só carne”. Orientando os crentes de Corinto, Paulo alerta que se um homem tiver relações sexuais com uma prostituta, por exemplo, além de pecar contra o seu próprio corpo, se faz um só corpo com ela (1 Co 6.15-17). O adultério fere de tal maneira a unidade do casamento que até mesmo Jesus permitiu o divórcio nesse caso (Mateus 19.9).
Há esperança para um casamento que sofreu ou sofre com o golpe do adultério? A resposta é SIM. Mas é preciso muito trabalho e contar, de forma abundante, com a graça e a misericórdia de Deus.
Para um casamento vítima de um adultério o remédio que deve ser imediatamente administrado é o do arrependimento, confissão e perdão. Não é tão fácil como uma “receita de bolo”, mas sendo administrado com a ajuda de Deus e muito trabalho e vontade por parte dos cônjuges é possível restaurar um casamento vítima do adultério. Ficarão cicatrizes? Claro que sim. Cicatrizes são cicatrizes, não feridas que sangram. Cicatrizes deixam marcas, mas não exercem influência sobre nosso organismo. Um casamento que sobrevive ao adultério não será o mesmo de antes, terá suas marcas, mas será, com certeza, uma demonstração viva do poder restaurador de Deus.
O melhor exemplo de restauração de um casamento abalado pelo adultério está na vida conjugal do profeta Oseias e Gomer. Deus até mesmo se apropriou daquele episódio triste na vida do profeta para mostrar a infidelidade do povo de Israel (Oseias 1-3). O segredo da restauração conforme a história de Oseias e Gomer está no amor (Oseias 3.1). O amor que perdoa, que restaura e reconcilia. É esse o mesmo amor que Deus demonstra para conosco, todos os dias, apesar da nossa infidelidade constante para com Ele.
Gilson e Elizabete Bifano são casados há 24 anos. Dirigem o Ministério OIKOS. São escritores e conferencistas na área de família e casamento. Ele é formado em teologia, pedagogia e filosofia. Ela é educadora religiosa e psicóloga.

(É permitida a reprodução total ou parcial do conteúdo do material editorial publicado, desde que citada a fonte e com autorização prévia e documentada da REVISTA LAR CRISTÃO)