segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Fé na graça versus impaciência


- Texto para meditar: Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas (II Coríntios 4 4. 16-18).

A impaciência é uma forma verdadeiramente de incredulidade. Quando começamos a desconfiar do caráter de Deus ou da sabedoria dele acontece este item na nossa vida.
Ela vem quando um plano é interrompido ou desfeito na vida. O oposto disto não é a negação superficial das perdas e desilusões da vida, mas a disposição permanente e profunda de esperarmos em Deus no lugar não planejado da obediência. Fé então é esperar no caminho dele de maneira absolutamente segura. Fé é acreditar com o coração na graça divina para a nossa vida.
É interessante avaliarmos que os pecados vêm da descrença nas promessas de Deus. Ansiedade, vergonha inapropriada, indiferença, cobiça, inveja, luxúria, amargura, impaciência, desânimo e orgulho. Todos estes são brotos da raíz da descrença nas promessas de Deus e na esperança nele.
Martin Luther King disse uma verdade profunda:

“A fé, honra-o a quem ele confia com a mais reverente e mais alta consideração desde que o considere como verdadeiro e de confiança. Não há mais nenhuma honra igual para a estimativa da veracidade e justiça de Deus com a qual o honramos a quem confiamos. Por outro lado, não há maneira nenhuma pela qual podemos mostrar maior desdém por um homem do que considerá-lo como falso e iníquo e de ser desconfiados dele, assim como fazemos quando não confiamos nele” (Seleções, p. 59).

Paulo faz contraposições entre o presente e o futuro. Entre o homem exterior que vai definhando e o interior que se renova sempre. A atribulada vida presente não se compara com a vida eterna em Cristo Jesus (BARBAGLIO, Ginseppe. As Cartas de Paulo. São Paulo, LOYOLA, Vol. 4, 1989, p. 436). As coisas que se vêem são temporais e as que não se vêem são eternas. É nesta perspectiva que Paulo convida a igreja de Corinto para refletir sobre a casa, a habitação do céu. Esta sensação daria uma certeza para a igreja viver pela fé na graça e não na impaciência.
O mundo real não é o do dinheiro, da casa, do carro e etc. Mas, é o do amor, do perdão, da graça, da bondade e da misericórdia divina. Por isso, Paulo disse: Andamos por fé e não por vista.
Não podemos viver em função das realidades temporais, visíveis, mas sim, das invisíveis. Precisamos viver em função do Reino de Cristo, vivermos em função da sua glória eterna. O invisível na perspectiva do Reino de Deus é real, e o visível é irreal, é passageiro e efêmero.
A paciência é a capacidade de esperar, resistir sem murmuração e desilusão. A impaciência é uma forma de incredulidade. Quando esperamos com fé, pensamos no céu, na graça e na bondade divina. Quando somos impacientes olhamos apenas e tão somente para o terreno, material e fatos do momento.
Viver pela fé na graça versus impaciência é crer que o coração do rei está controlado pelo eterno Deus. Viver pela fé na graça versus impaciência é crer que nenhum dos planos eternos será frustrado. Viver pela fé na graça versus impaciência é viver como Davi viveu e disse: Espero no Senhor com todo o meu ser e na sua palavra ponho a minha esperança (Sl. 130.5).
Que aprendamos a viver pela fé na graça de Deus em 2010! (Alcindo Almeida)

O CLAMOR EMOCIONADO DE DEUS

- Texto para meditar: Jeremias 2.1-13.

São impressionantes as semelhanças que há entre a vida de Jeremias e a de Jesus:1) Os dois nasceram e cresceram em pequenos povoados: Jeremias em Anatote e Jesus, em Nazaré.2) Os habitantes de Anatote rejeitaram Jeremias e procuraram mata-lo, da mesma maneira que os habitantes de Nazaré rejeitaram Jesus.3)
Os líderes religiosos foram os principais inimigos de Jeremias, e a mesma coisa aconteceu com Jesus.4) Jeremias atacou o povo de então por causa da sua fé supersticiosa que tinham no Templo, e por crerem que a conduta moral não era importante, já que eles obedecem ao ritual do Templo.
Jeremias disse assim: “Não confieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, Templo do Senhor é este... Eis que vós confiais em palavras falsas, que para nada vos aproveitam... Será esta casa, que se chama pelo meu nome, um covil de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi isto, diz o Senhor” (Jr 7:4,8-11).
Jesus “tendo entrado no templo, expulsou a todos os ali vendiam e compravam; também derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada Casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores” (Mt 21:12-13).5)
Tanto Jeremias como Jesus estavam destinados a viver vidas solitárias.6) Jeremias e Jesus choraram sobre Jerusalém. Ouçamos primeiramente as palavras de Jeremias: “Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos. Estou quebrantado pela ferida da filha do meu povo; estou de luto; o espanto se apoderou de mim. Acaso não há bálsamo em Gileade?
Ou não há lá médico? Por que, pois, não se realizou a cura da filha do meu povo? Oxalá a minha cabeça se tornasse em águas, e os meus olhos em fonte de lágrimas. Então choraria de dia e de noite os mortos da filha do meu povo” (Jr 8:20-9:1).
Agora, ouçamos as palavras de Jesus: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os pintos debaixo das asas, e tu não quiseste” (Mt 23:37).7) Tanto Jeremias como Jesus sabiam que a palavra de final de Deus ao seu povo não era de juízo, mas de uma nova aliança. Assim diz Jeremias: “Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que farei um concerto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá” (Jr 31:31).
E na noite em que foi traído, Jesus se reuniu com os seus discípulos no cenáculo, para celebrar a Páscoa. E, depois de haver tomado o cálice e orado, ele o deu aos seus discípulos, e disse: “Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados” (Mt 26:27-28).8) Tomando-se em conta todas essas semelhanças não é de se admirar que, quando Jesus apareceu, algumas pessoas pensassem que ele fosse Jeremias (Mt 16:13,14).
Assim como Jesus veio para proclamar aos homens o amor de Deus e convocá-los para se voltarem para Deus, Jeremias também levanta aos ouvidos da nação o clamor de Deus. Esta é a primeira mensagem de Jeremias. Ouçamo-laI.
A SAUDADE DE DEUS – V. 1-31.
Deus sente saudade dos tempos áureos de afeição do seu povo por ele – v. 2• “Lembro-me de ti, da tua afeição...” (v. 2). O coração de Deus se move de amor por você. Ele tem saudade daquele tempo quando você o conheceu, quando você se afeiçoou a ele e entregou-lhe seu coração.
Deus tem saudade daquele tempo em que você se deleitava nele e tinha prazer de ler sua Palavra e falar com ele em oração.
Deus tem saudade daquele tempo que você vinha a sua casa exultando de alegria e cantava louvores a ele com todo o fervor da sua alma. Deus tem saudade daquele tempo quando seu coração era totalmente dele e você descansava nele nas horas da sua aflição.
1. Deus sente saudade dos tempos do seu primeiro amor por ele – v. 2• Naquele tempo você tinha afeição por Deus. Naquele tempo você estava encantando com a graça de Deus. Você se assentava aos seus pés para adorar. Você não cessava de falar do seu doce nome. Naquele tempo seu coração exultava com as coisas de Deus.
Hoje, as coisas acontecem. Você vem ao templo, você gosta dos rituais. Você mantém um compromisso externo, mas o seu coração está frio. Sua alma já não está enamorada de Deus. O ritual tomou o lugar da devoção.
O templo substituiu a comunhão com o Senhor do templo. Tudo continua acontecendo, mas seu coração já não é mais puro, sua vida já não é mais santa, Deus não é mais o prazer da sua alma (Jr 7:4).3. Deus sente saudade daquele tempo que você tinha comunhão com ele – v.
2. Deus sente saudade daquele tempo que você era noiva. Oh como você se preparava para encontrar-se com o Senhor. Como você tinha prazer de estar com ele. Como gostava de ouvir sua voz. Oh! Como se deleitava nos seus conselhos! Deus se alegrava em você como o noivo se alegra com a sua noiva.
Deus tinha em você todo o seu prazer. Você era a delícia de Deus. A menina dos olhos de Deus.
3. Deus sente saudade daquele tempo que você o seguia no deserto – v. 2• Andar com Deus era uma aventura. Seu coração confiava no Senhor sem duvidar. Você saiu do cativeiro e mergulhou na aventura do deserto confiante no cuidado, no livramento, na proteção e na providência divina.
4. Deus tem saudade desse tempo que não havia rebeldia no seu coração, nem incredulidade, nem dúvida.
5. Deus tem saudade daquele tempo que você era consagrado a ele – v. 3 Você se entregou a Deus sem reservas. Seu coração, sua vida, seu destino, seu futuro: tudo você entregou ao Senhor.
Você era totalmente dele. Deus tem saudade desse tempo quando Deus era o seu maior tesouro, maior riqueza, maior alegria, sua grande recompensa.
6. Deus tem saudade daquele tempo ele tinha profundo zelo pela sua vida – v. 3 Tocar em você era tocar na menina dos olhos de Deus. Aqueles que declaravam guerra contra você, declaravam guerra contra Deus. Ele ia à sua frente para lhe defender. Ele desalojava os seus inimigos. Ele guerreava as suas guerras.
Ele desbaratava os seus adversários. Sua confiança não estava na sua força, nem na sua riqueza, nem na sua inteligência, mas no Senhor. Você confiava nele e Deus defendia você. Sua caminhada com Deus era uma aventura deleitosa.
II. O LAMENTO DE DEUS – V. 4-81.
O povo de Deus de forma ingrata o abandonou a despeito da redenção de Deus – v. 5-6• A noiva amada de Deus tornou-se infiel. Ela se enamorou pelos seus muitos amantes e se afastou do amado da sua alma.
A causa da sua infidelidade não estava em nenhuma injustiça do seu noivo, mas na sua própria infidelidade. Deus tirou o povo do Egito, debaixo do chicote, das algemas de ferro, da escravidão opressa. Deus quebrou os seus grilhões, tirou-o das gargantas do inferno, mas agora, o seu povo o abandona apesar de tão grande redenção.
Deus nos tirou do império do império das trevas, da potestade de Satanás. Ele quebrou os nossos grilhões, perdoou-nos, remiu-nos. Éramos escravos e ele nos amou, mas muitos hoje o abandonam e o trocam por outros deuses. O povo de Deus de forma ingrata o abandonou a despeito da proteção de Deus – v. 6.
Deus não só tirou o seu povo do cativeiro, mas o guiou pelo deserto. Deus o livrou dos seus inimigos. Deus lhe deu vestes e sandálias que não ficaram rotas. Deus lhe deu água no deserto. Deus lhe deu maná do céu. Deus lhe abriu fontes nas rochas. Deus estampou diante deles milagres extraordinários.
Deus guerreou suas guerras e lhes deu grandes vitórias. Mas apesar de tão grande amor, o seu povo o deixou e o trocou por outros deuses.• Deus também tem nos abençoado. Ele tem nos dado a vida, saúde, a família, o alimento, o abrigo, a proteção. Ele tem nos guiado e nos livrado do mal. Mas, apesar da proteção divina, nós também o temos deixado.
O povo de Deus de forma ingrata o abandonou a despeito da provisão divina – v. 7• Deus introduziu o seu povo em Canaã, uma terra deleitosa. Deus foi fiel em todas as suas promessas. A terra foi presente de Deus, não conquista do povo. A entrada na terra foi ação divina, não obra humana. Tudo foi feito por Deus. Tudo veio de Deus.
Mas quando o povo entrou na terra prometida, em vez de dar a glória devida ao Senhor, contaminaram a terra. Em vez de serem luz entre as nações, corromperam-se como as outras nações. Em vez de influenciar as outras nações, foram influenciadas por elas.
O povo de Deus de forma ingrata o abandonou por causa da corrupção de sua própria liderança – v. 8. O povo é um retrato da sua liderança. Enquanto estamos buscando melhores métodos, Deus está buscando melhores homens. Aqueles que deveriam conduzir o povo a Deus, a liderança desviou o povo de Deus. Tornaram-se laço, em vez de canais. Tornaram-se lobos, em vez de pastores.• Os sacerdotes tornaram-se omissos.
Os mestres da Palavra tornaram-se ímpios. Os pastores tornaram-se aproveitadores. Os profetas tornaram-se apóstatas.
III. A INDIGNAÇÃO DE DEUS – V. 9-131.
O povo de Deus tornou-se mais infiel do que os pagãos – v. 10-11. Os ímpios, mesmo adorando ídolos mudos, que não deuses, não trocavam esses ídolos por outros deuses. Mas, Israel mesmo servindo o Deus vivo, abandonou o Senhor e o trocou por ídolos de nenhum valor. A fidelidade dos ímpios aos seus deuses reprovava a infidelidade de Israel.
Os pagãos são mais dedicados aos seus deuses do que o povo de Deus ao Senhor. Eles são mais zelosos, do que o próprio povo de Deus. O povo de Deus abandonou o Senhor, a fonte das águas vivas – v. 13.
O pecado do povo de Deus é tão grave que até os céus ficam espantados. É algo inacreditável. O povo de Deus abandonou o seu Senhor. Que Senhor? Jeremias retrata a Deus com uma figura. Para Davi Deus é o bom pastor.
Para Moisés é um fogo que consome. Para Jeremias é a fonte das águas vivas. • Ilustração: Como explicar Deus? Agostinho: Esvaziar o oceano com uma vazilha.a) Deus é a fonte da vida, nossa vida depende dele – A alma afastada de Deus já está morta. Sem Deus você não vive. Só na presença de Deus tem plenitude de alegria. b) Deus é a fonte de vida abundante – Deus não é uma cisterna, mas uma fonte. Uma cisterna apenas armazena água, mas uma fonte produz água. A água corre da fonte. A fonte é inesgotável.
A fonte tem água viva, água limpa, água que flui abundantemente. Isso é símbolo da vida que Cristo oferece. Quem nele crê tem uma fonte a jorrar para a vida eterna. Quem nele crê nunca mais tem sede. Quem nele crê, rios de água viva fluem do seu interior.
Jesus veio para lhe dar vida em abundância.3. O povo de Deus cavou cisternas rotas que não retém as águas – v. 13.
O povo que vive no vale: de um lado tudo seco, do outro tudo exuberante. O povo vive do lado seco em vez de viver no pomar frutuoso. De repente o povo começa a cavar a areia dura do deserto. Abre uma cacimba. Todos gritam: água!
O povo desesperado de sede corre. Ao chegar, descobre que a cisterna está rachada e não pode reter as águas. Apesar de tanto trabalho, não há esperança para essas pessoas. Isso é um símbolo da insensatez do povo que abandona o Senhor e busca satisfação em outras fontes.a) Se Deus é o manancial das águas vivas, por que seu o povo o abandona?
Muitas vezes, o povo de Deus tem se cansado de Deus. Tem sido atraído e seduzido pelo pecado, pelo mundo, pelas cisternas rotas. Miquéias pergunta: “Povo meu, que te tenho feito? Por que te enfadaste de mim? Responde-me” (Mq 6:3).
O Filho Pródigo sentiu-se insatisfeito na casa do Pai e foi para um país distante, onde gastou tudo que tinha vivendo dissolutamente. Hoje, trocamos a Deus pelo prazer, pelo dinheiro, pelo sucesso, pelos ídolos modernos.b) O perigo de ser seduzido por algo artificial – Israel deixou o Senhor e se deixou seduzir por ídolos.
Israel pensou: O nosso Deus é muito exigente. Queremos uma religião que nos custe menos, que nos dê mais liberdade, que não nos cobre tanto. Queremos ser livres como os outros povos para fazermos tudo sem drama de consciência. Trocaram a verdade pela mentira e Deus pelos ídolos.c) Alimentando-se de pó em vez de beber da fonte – Quem troca o Senhor por outras fontes começa a morrer de sede.
Só o Senhor tem a água da vida. Só Ele pode matar a nossa sede. Só nele a sua alma pode dessedentar-se. Só ele satisfaz a sua alma.
CONCLUSÃO.
Mesmo quando abandonamos o Senhor, ele não nos abandona. Deus continuou pleiteando com o povo e com seus filhos (v. 9). Deus não abre da sua vida. Ele não desiste de você. Ele não deixa o seu encalce. Pedro desistiu de Jesus, mas Jesus não desistiu de Pedro. A seca é um brado de Deus ao seu coração.
As cisternas rotas é uma voz do céu ao seu coração. A disciplina de Deus é uma poderosa de Deus ao seu coração. Deus mandou o povo para o cativeiro. Quando não ouvimos a voz, temos que experimentar a vara de Deus. A Babilônia foi a vara da ira de Deus para trazer o povo de volta ao Senhor.3. O chamado de Deus continua (3:14; 4:1,3,4).
O que você vai fazer? O tempo de Deus é agora. Volte-se para o Senhor. Ele o espera de braços abertos. A festa da sua reconciliação já está pronta. Os anjos já estão prontos para festejar a sua volta ao Lar.

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Rev. Hernandes Dias Lopes

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Cristo é a nossa redenção

- Texto para meditar: Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus (Mc. 1.1).

A Palavra de Deus é a nossa convicção da uma fé que já há muito tempo o Espírito Santo inspirou com conteúdos que trazem verdades essenciais para a nossa vida e dinâmica espiritual. Numa vida de fé, cada pessoa descobre todos os elementos de uma aventura original e única.
A Palavra de Deus (Bíblia) deixa bem claro que sempre quando há uma história de fé, ela é completamente original. Como diz o teólogo e escritor Eugene Peterson: “O gênio criativo de Deus é inesgotável. Ele jamais se fatigará em manter os rigores da criatividade, lançando mão dos recursos de uma produção de cópias em massa. Cada vida é uma tela em branco sobre a qual Deus utiliza todas as linhas e matizes de cores, sombras e luzes, diferentes texturas e proporções nunca antes usadas por ele”.
A nossa fé é evidenciada nos Evangelhos que contam a história da nossa redenção quando Deus participa da história humana através da encarnação de um pedaço dele mesmo. Ele inicia o processo divino humano enviando o seu próprio Filho para nos redimir.
Jesus é a revelação de Deus para o nosso coração. Portanto, a verdadeira espiritualidade desvia a atenção de nós mesmos e a concentra em outro, este é Jesus.
Marcos não começa o seu texto por acaso dizendo que Jesus Cristo é princípio do Evangelho. Está correto na sua afirmação e certeza. Tudo começa em Jesus. Nenhum de nós fornece o conteúdo para a espiritualidade, recebemos este conteúdo, é Jesus quem o dá a nós. Ele nos cura, ele nos alimenta, ele nos fala a verdade e nos conduz a ela, ele treina pessoas para serem seus discípulos. Ele anuncia ao nosso coração o Reino e o coloca dentro de nós. Ele vem nasce, vive, morre e ressuscita por nós pecadores.
Através de Jesus entramos no centro da história da redenção sem nos tornarmos o centro da história. O centro da história é o nosso Redentor divino. Então o Natal tem um sentido profundo para a nossa existência: Jesus, Jesus e Jesus!!
Louvado seja para sempre aquele que é o próprio Evangelho, Jesus Cristo, Filho de Deus!

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Alcindo Almeida. É pastor da Igreja Presbiteriana da Lapa em São Paulo. Casado com Erika de Araújo Taibo Almeida e pai da pequena Isabella. É autor de várias obras dentre elas: Essência da vida, Senhor, cura a minha alma! O caminho da verdadeira sabedoria, Silenciando o coração diante do Pai. Além disso, é membro fundador do grupo de apoio pastoral Projeto Timóteo.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O declínio da sabedoria

- Texto para meditar: Agora, pois, ó Senhor meu Deus, tu fizeste reinar a teu servo em lugar de Davi meu pai; e sou apenas um menino pequeno; não sei como sair, nem como entrar. E teu servo está no meio do teu povo que elegeste; povo grande, que nem se pode contar, nem numerar, pela sua multidão. A teu servo, pois, dá um coração entendido para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; porque quem poderia julgar a este teu tão grande povo? (I Reis 3.7-9).
Vivemos dias de pouca fé e mais humanização de tudo. A tecnologia que é uma boa ferramenta para nós tem levado muitos a dependência do hoje, do agora. Não se fala em sabedoria para vida, fala-se em como progredir mais para ganhar mais. A grande verdade é que quanto mais o confia em si mesmo ocorre uma ruptura da noção da sabedoria.
Na visão do texto de Salomão, a sabedoria que ele recebeu de Deus é a consciência do mistério num mundo estruturado, não o exercício da vontade própria dos espíritos livres. Não é por acaso que Paulo afirmou: Portanto, ninguém se glorie em homens; porque todas as coisas são de vocês e vocês são de Cristo e Cristo de Deus (I Cor. 3.21, 23).O quer dizer isto? Na medida em que vivemos no mundo do nosso amado Pai, na absoluta dependência dele, é que desfrutamos de toda a riqueza da criação. O problema é que vivemos a antítese da noção da sabedoria bíblica por causa da auto-afirmação e autodependência do humano.
É importante avaliarmos o que James Houston pondera sobre os idosos do nosso tempo. Ele diz que nós trancafiamos nossos idosos em instituições que os impedem de exercer qualquer papel de relevância na sociedade.
A família tem sido o berço da sabedoria, onde aprendemos paulatinamente o lugar da vida. Quando o lar e o local de trabalho eram um, a disciplina da personalidade e os ofícios para o sustento eram aprendidos em conjunto.
A fábrica e o escritório instituíram a separação entre o local de trabalho e o lar. Assim hoje vivemos a vida desempenhando papéis excessivos, experiências em demasias. Vivemos simples prazeres de um mundo medíocre autocentrado e integrado (HOUSTON, James. O criador - Vivendo bem no mundo de Deus. Brasília: Palavra, 2009, p. 203). Um mundo que preferiu colocar a voz da sabedoria que são os nossos pais no asilo, onde eles não nos incomodam e não precisamos ouvir suas histórias.
Qual o resultado disto?
Temos uma geração presente que quer atingir a maturidade da sabedoria sem ter rumo, sem ter bases aprendidas pelos mais experientes na vida. Então buscamos o sucesso instantâneo através de literaturas tipo: Como viver uma vida vitoriosa; Como alcançar a bênção e etc.

Acredito que precisamos reestruturar o nosso pensamento de uma espiritualidade sábia da seguinte maneira:

- Lembrando que a sabedoria só pode vir de Deus para o nosso viver: A Bíblia diz que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Ela não vem do nosso próprio preparo, não vem do legalismo, e nem da força humana. Ela vem do céu, ela vem do Senhor cheio de sabedoria e graça.
- Lembrando que só alcançamos a sabedoria quando a vida é mantida debaixo da soberania de Deus: A Bíblia mostra que tudo está a serviço do criador. Tudo vem dele para nós. A sabedoria é a reflexão do caráter de Deus. Por isso, Paulo disse que Deus é o único Deus sábio (Rom. 16.27).
- Para nos tornar sábios, precisamos conhecer Deus: Conhecer Deus é ser dependente dele para tudo. E não é um mero conhecimento dele, mas um conhecimento que nos leva a prática de um relacionamento de aliança em amor e obediência.

Que nós peçamos ao Senhor esta sabedoria divina para dependermos totalmente dele!

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Alcindo Almeida é membro da equipe pastoral da Igreja Presbiteriana em Alphaville em Santana de Parnaíba SP. Casado com Erika de Araújo Taibo Almeida e pai da pequena Isabella. É autor de várias obras dentre elas: Silenciando o coração diante do Pai, Conselhos para uma vida sábia, Encontros de Jesus, Dores, lágrimas e alegrias nos Salmos e outros.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

SUA ALTEZA, O MENDIGO. XXXII


Bill Gates tentou conectar com Sua Alteza, o mendigo, mas não teve êxito na empreitada. O pedinte tem ponto fixo na calçada, mas não tem laptop. O celular até traz embutida a bolsa do governo para o pobre ter acesso, porém o mendigo não faz parte do projeto “fome zero”, nem das cotas da discriminação racial. Ele é apenas humano. Jamais será classe no humanismo.
Ele tem fome, sim, mas do Maná do céu, o Pão nosso de cada dia. Essa é uma iguaria estranha da cozinha celestial. É Pão raríssimo nas padarias humanistas. Aliás, inexiste.
No deserto não havia supermercado a vista, nem boteco para o happy end no finalzinho da tarde. Só havia Maná e mais Maná. Todos os dias e o dia todo. Maná de manhã, de tarde e de noite... Até enjoar. Foi assim que os hebreus deram início à murmuração. O coaxar do sapo na lama. Os religiosos sempre reclamam, rezingam e só gostam de menu rico e variado, exigindo uma mesa requintada. Mendigo só come Maná, a esmola da graça.
Sua Alteza não se importa com a variedade do cardápio. Seu paladar é restrito demais, mas a sua fome é desesperadora. Nada neste mundo do consumismo satisfaz a sua orexia de Pão Vivo. Ele quer mitigar seu apetite com o único alimento que atenda à sua carência de significado. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu igualmente vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá. João 6:57.
Fome zero é para quem tem 100% de Pão. A cesta básica para suprir a fome da alma é a plenitude da graça cobrindo a falência humana. Aqui não há compra de votos, nem o jogo sujo da política favorecendo bancadas no congresso da safadeza humanista. Javé não discrimina ninguém, muito menos promove desavença por questões da tonalidade da pele. Há uma só raça humana, embora ela seja multicolorida. Que lindo é vê-la em sua policromia! Que triste é vê-la em castas!
Cotas são coisas de sujeitos cotos que fazem parte das castas cotós. Só os mutilados gostam de decepar a inteireza da personalidade. Quem foi saciado pela aceitação incondicional do Amor eterno, nunca vai precisar de uma ajudinha negociada, a fim de tentar disfarçar o vazio existencial. Uma alma inteira não se vende por vales, nem se escraviza com confetes. Sua Alteza sabe que a redenção da alma deles é caríssima, e cessará a tentativa (de comprá-la) para sempre. Salmos 49:8.
Segundo a estimativa do Perito em valores absolutos, uma alma indigente vale mais do que a globalidade do Cosmo. Ele também afirmou que o custo da rebeldia da alma é a morte. Portanto, este preço só poderá ser coberto pela Vida do próprio Criador do Cosmo. Quando Sua Alteza, o mendigo, se percebeu resgatado pela cotação incalculável da Vida do Cordeiro de Deus, ninguém mais pôde botar cabresto em sua liberdade.
A alma do mendigo desvalido vale mais do que o Mundo inteiro. Portanto, viver a Vida liberta desta escravatura do Mundo é o maior tesouro dos filhos de Aba. Celebrem a liberdade eterna, mendiginhos aceitos pela graça incondicional do seu Aba!
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Glenio Paranaguá – Mendigo-padrão

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

VEJAM ESTE FILME: A HISTÓRIA DE NÓS DOIS

Ben e Katie Jordan, após 15 anos, estão lutando com o paradoxo universal: por que as qualidades que os fizeram loucos apaixonados agora são os motivos para que eles se afastem? Emocionalmente esgotados devido ao relacionamento, os Jordan tentam uma separação judial enquanto seus filhos, Josh, de 12 anos, Erin de 10, estão numa colônia de férias.
Para os dois adultos, brigar tornou-se uma condição e não mais uma exceção, onde a única opção foi a retirada para campos neutros. Durante esse afastamento, Ben e Katie refletem sobre o valor de sua história compartilhada - a dança, aperfeiçoada com o passar dos tempos, que tornaram "nós".
A História de Nós Dois, é uma avaliação real e engraçada da vida de um casal, estrelada por, Bruce Willis e Michelle Pfeiffer

Contemplemos a justiça de Deus sempre


- Texto para reflexão: O Senhor prova o justo e o ímpio; a sua alma odeia ao que ama a violência. Sobre os ímpios fará chover brasas de fogo e enxofre; um vento abrasador será a porção do seu copo. Porque o Senhor é justo; ele ama a justiça e os retos, pois, verão o seu rosto. (Salmo 11. 5 a 7).

O texto fala que o Senhor prova o justo e o ímpio. Afirma também que a sua alma odeia o que ama a violência. E Davi diz que sobre os ímpios, Deus fará chover brasas de fogo e enxofre e um vento abrasador será a porção do seu copo. Por quê?
Porque o Senhor é justo e ama a justiça. Deus vê cada ação e retribuirá com a sua justiça. Ele pesa na balança as ações do justo e do ímpio. Alguns pensam que podem praticar o mal na vida inteira e se esquecem que Deus está no seu trono vendo tudo e contemplando tudo.
O texto diz que Deus abomina a violência e fará chover brasas de fogo e enxofre sobre os ímpios. Em outras palavras, haverá terror para aqueles que praticam o mal como houve para Sodoma e Gomorra (duas cidades que foram destruídas por causa da prática de pecados). Aqui a idéia de brasas de fogo e enxofre retrata o julgamento de Deus sobre aqueles que amam a violência (CHAMPLIN, Vol. 4, p. 2091).
O texto termina afirmando que os retos verão o seu rosto. Com certeza Davi descansou nesta promessa por causa da justiça divina que nunca falha. E um dia também veremos o seu rosto e estaremos livres de todas as tribulações.
Davi enfatiza duas questões no versículo 7:

· Motivação para os eleitos de Deus:

Na justiça dele Deus nos oferece a salvação pela graça. Isto nos motiva a confiar ainda mais no seu caráter e ação em favor da justiça e equidade.

· Presença acolhedora de Deus na vida:

Os retos contemplarão a face de Deus. Este contemplar tem a ver com a presença acolhedora deste Deus santo. Que é grande e totalmente majestoso, mas ao mesmo tempo é Deus de perto. No seu trono contemplamos a presença amorosa dele, ele olha para nós e nos permite contemplar sua face todos os dias.
Louvado seja o Deus da nossa confiança!

Pr. Alcindo Almeida

sábado, 5 de dezembro de 2009

Não fuja para Társis

No seu livro A vocação espiritual do pastor Eugene Peterson mostra que Jonas é um personagem querido por todos. Pessoas de fora que têm um mínimo de conhecimento ou interesse pelas Escrituras sabem o suficiente sobre Jonas para rirem de uma piada baseada na história.
Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do Senhor para Tarsis; e, tendo descido a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e embarcou nele, para ir com eles para Tarsis, para longe da presença do Senhor (Jonas 1:3). Fiz muitas coisas em minha vida que atrapalharam os grandes alvos que eu tinha estabelecido — e algo sempre me trouxe de volta ao verdadeiro caminho.
Jonas é um personagem querido por todos. As crianças em geral adoram sua história, e os adultos também ficam fascinados. Pessoas de fora que têm um mínimo de conhecimento ou interesse pelas Escrituras sabem o suficiente sobre Jonas para rirem de uma piada baseada na história. Os estudiosos, estufados de tanta erudição, escrevem artigos e livros sobre ela. Sua influência pode ser vista em descendentes tão diferentes quanto Pinóquio e Moby Dick. Convivi com o livro em ambas as extremidades de meu espectro educacional: lembro-me das apresentações com flanelógrafo em minha classe de escola dominical em Montaria; vinte anos depois, na cidade de Nova York, foi o primeiro li-vro que li inteiro em hebraico. Foi tão interessante em hebraico quanto no flanelógrafo.
Uma das razões da longa popularidade de Jonas é que ele convida ao bom humor. O livro de Jonas, tanto no conteúdo quanto no estilo, é alegre, e ele evoca a alegria em nós.
Essa história, embora alegre, não é frívola, pois aqui não existe nada de fútil, apenas a mais séria verdade. Alguns aspectos da vida e da verdade podem ser melhor explorados por meio da diversão imaginativa. Existe uma honrosa camada de her-menêutica em nossa tradição que provoca esse texto.
Os rabinos se deram ao luxo de fazer isso e o disfarçavam sob o pomposo nome de mídrash. Eu também gostaria de fazer isso: levar o texto a sério, mas de maneira divertida.
O Jonas desobediente
Existem dois movimentos amplos na história de Jonas que localizam sua vocação, bem como as vocações daqueles que lêem a história, na espiri-tualidade. Esses movimentos se combinam para desfechar um golpe fatal contra a pretensão. Há uma enorme quantidade de romantismo pretensioso na vocação pastoral. Ele se acumula como mariscos no casco de um navio. A história de Jonas nos leva até à doca seca e raspa nossa pomposa falsa dignidade e nossas ambições inchadas pela fantasia.
O primeiro movimento na história mostra um Jonas desobediente; o segundo o mostra como profeta obediente. Em ambos, Jonas fracassa. Nós nunca vemos um Jonas bem-sucedido. Ele nunca acerta. Acho isso um tanto reconfortante. Jonas não é um modelo a ser seguido, um modelo que mostra minha ineficiência; esse é um treinamento de humildade, uma humildade bem alegre, em vez de servil.
Fuga para Társis
Veremos primeiro o Jonas desobediente. Ao receber seu chamado profético para pregar em Nínive, Jonas foi em direção a Társis. Társis é Gibraltar, ou Espanha — algum lugar nessas redondezas ou em direção a ela. O fim do mundo. Os portões da aventura.
A viagem de Jonas até Társis é iniciada com a palavra de Deus. Isto é vocacionalmente significativo. Ele não apenas ignora a palavra. Sai em Jope. Não volta ao seu velho emprego, qualquer que seja, anestesiando sua consciência vocacional com rotinas familiares. Ele vai, um ato de desobediência ou algo assim. Portanto, escolhe seu destino: Társis.
Ironias são numerosas na vocação pastoral, e eis uma das mais irônicas, uma ironia repetida geração após geração. Jonas usa o mandamento do Senhor para evitar a presença do Senhor. "Para ir com eles para Társis, para longe da presença do Senhor" (Jn 1:3). A fim de que a ironia não nos escape, existe uma repetição da frase "Társis, para longe da presença do Senhor", a sentença começa e termina com ela.
Comprando a passagem para társis
Entretanto, por que alguém fugiria da presença do Senhor? A presença do Senhor é um lugar maravilhoso: uma consciência da bênção, uma afirmação pessoal. "Presença" em hebraico significa literalmente "face" [paneh], uma metáfora carregada de experiências complexas e íntimas.
Na infância, à medida que nossos olhos gradualmente se focalizam, a face é nossa primeira visão. Por meio dos rostos paternos, nós nos conhecemos, e, em sua expressão, aprendemos nosso lugar no mundo. Adquirimos confiança e afeto (ou, em alguns casos terríveis, rejeição e maus tratos) através da face. Nossos anos de formação são passados olhando para uma face, e crescemos em direção àquilo que olhamos com respeito. Assim, a metáfora derrama percepções baseadas na experiência. A face é a nossa fonte e o nosso sol sob o qual nos percebemos como intimamente concebidos e beneficentemente iluminados.
Estes fatos se desenvolvem na metáfora da face de Deus. Os sentimentos e respostas que começam no berço desenvolvem-se no adulto, sob a influência da fé, e assumem a forma de atos de adoração: aventuras deliberadas na adoração de Deus e compromisso com Cristo, por meio dos quais escapamos do isolamento narcisista de contemplar os espelhos do nosso ego e de obter nossa própria visão da realidade, definida por nossos olhos vesgos e nossa mandíbula cerrada. Por que alguém escaparia da presença/face de Deus para contemplar isso?
Por mais incoerente que pareça, existe um motivo. Uma coisa curiosa acontece quando experimentamos Deus. Ela aconteceu pela primeira vez no jardim do Éden e continua acontecendo. A experiência com Deus — êxtase, a totalidade dele — é acompanhada por uma tentação de reproduzir a experiência como Deus.
O gosto por Deus torna-se numa ambição de tornar-se Deus. O ser amado por Deus é distorcido a ponto de se tornar uma cobiça de agir como Deus. Vislumbro um mundo onde Deus está no controle e acho que também posso assumir o controle. Abandono minha preferência pessoal por Deus e me associo à serpente despersonalizada e astuta.
Fujo da face resplandecente de Deus para um mundo sinuoso da religião que me dá licença para manipular as pessoas e adquirir atributos quase divinos. Assim que começo a cultivar a possibilidade de adquirir esse tipo de poder e glória, certamente vou evitar olhar para a face de Deus, fugir da presença do Senhor e procurar um lugar onde eu possa desenvolver meu orgulho e adquirir poder.
Todos são tentados dessa forma — uns, mais; outros, menos —, mas pastores têm a tentação aumentada por sua vocação. Nós não somos sujeitos a essa tentação de imediato. Começamos nossa vocação regozijando-nos na presença do Senhor. Jonas certamente se regozijava. Caso contrário, ele não seria um profeta. Podemos deduzir que Jonas tinha uma vida bem estabelecida ministrando a Palavra de Deus.
O início do livro mostra uma história já em andamento.2 Esta tentação específica só aparece depois de estarmos bem envolvidos com nossa vocação e, devido a esse envolvimento, já não estarmos, talvez, tão vigilantes como costumávamos estar nos anos de nossa formação pastoral, quando éramos postos à prova com as tentações básicas do ministério, as mesmas enfrentadas por Jesus no deserto (Mt 4:1-11).
Além disso, os pastores têm a seu dispor uma platéia substancial diante da qual devem agir de modo semelhante a Deus. Diferente de outras tentações que estão associadas a elementos de imoralidade, e por isso têm penalidades sociais e fisicamente visíveis, essa tentação é quase puramente espiritual e comumente recebe um reforço social.
Se nós pregarmos a Palavra de Deus por muito tempo e com freqüência, não é necessário um grande salto da imaginação para assumirmos uma postura típica do deus que está falando a palavra. Se a postura é reforçada pela credibilidade admiradora das pessoas a meu redor, benefícios de poder e bajulação começarem a ser desfrutados, eu certamente continuarei a fugir da presença do Senhor, pois lá fica o lugar onde certamente serei exposto como um enganador.
Existe uma longa e bem documentada tradição de sabedoria na fé cristã que indica que qualquer aventura como líder, quer seja leigo ou clérigo, é perigosa.
É necessário que haja líderes, mas ai daqueles que se tornam líderes. A simples pressuposição da liderança — até mesmo os mais modestos avanços em direção a ela —, possibilita o aparecimento de pecados que eram então inacessíveis.
Essas novas possibilidades são extremamente difíceis de serem reconhecidas como pecado, pois cada uma delas surge como virtude. Os descuidados abraçam essas novas "oportunidades" para o serviço do Senhor, sem perceberem a realidade de que estão mordendo a isca uma promessa que se transforma, mais cedo ou mais tarde, em maldição. "Não vos torneis muitos de vós mestres", alertou Tiago, que conhecia bem os perigos.
comprando a passagem para társis
Os pecados que enfrentamos nos primeiros anos de nossa fé, se não são facilmente resistidos, são, pelo menos, facilmente reconhecidos. Se eu matasse um homem, reconheceria meu erro. Se eu adulterasse, pelo menos teria o bom senso de não o anunciar. Se eu roubasse, iria esforçar-me diligentemente para não ser descoberto.
Os chamados "pecados menores", os pecados da carne como foram outrora categorizados, são óbvios, e não existem apenas na comunidade religiosa, mas também na comunidade civil que protesta contra sua proliferação. Os pecados maiores, "os pecados do espírito", não se discerne tão facilmente. O diagnóstico é difícil. O que será esse arroubo de zelo?
Obediência enérgica ou presunção humana? O que será essa confiança exuberante? Santa ousadia inspirada pelo Espírito Santo ou arrogância alimentada por um ego ansioso? O que será essa liderança agressiva? Fé corajosa ou auto-exaltação? E este pregador subitamente importante, com uma grande legião de seguidores apaixonados? Será ele um descendente espiritual de Pedro com seus cinco mil convertidos arrependidos ou de Arão, satisfazendo o desejo de suas dezenas de milhares com danças e cânticos religiosos em volta de um bezerro de ouro?
Não é fácil dizer. Nem um pouco fácil. Em nenhum outro lugar o engano é mais comum do que na religião. E as pessoas mais sujeitas ao engano são os líderes. Aqueles que enganam outros, enganam primeiramente a si, pois não muitos, eu acho, começam com um propósito maligno. O Diabo, afinal, é um ser espiritual. Seu modo comum de tentação não é por meio de um mal óbvio, mas por meio de um bem aparente. A forma mais comum de adoração inspirada pelo Diabo não ocorre furtivamente, com rituais de magia negra e galinhas decapitadas, mas sob as luzes brilhantes da aclamação e glória, acompanhada por belas músicas ao órgão.
Gerações mais sábias do que a nossa cercavam os líderes de conselhos e orientação. Não mandavam homens e mulheres para esse território perigoso sem antes fazer uma descrição minuciosa dos perigos e das constantes avaliações feitas ao longo de sua caminhada. Mesmo assim, o naufrágio espiritual era bastante comum.
É difícil discernir se a insensatez dos nossos dias é mais óbvia quando ingenuamente enviamos pessoas a essas missões perigosas ou quando inocentemente confiamos em sua sinceridade. O líder religioso é o mais indigno de confiança dentre todos os líderes; em nenhuma
a vocação espiritual do pastor
outra posição temos tantas oportunidades de exercer orgulho, ambição e cobiça, nem temos tantas máscaras diferentes a nosso alcance para impedir que tal ignomínia seja descoberta e confrontada.
E por que Társis? Bem, para começar, é bem mais empolgante do que Nínive, que era um lugar antigo coberto por uma história arruinada e infeliz. Ir à Nínive para pregar não era uma missão cobiçada por um profeta hebreu com boas recomendações. Társis, entretanto, era outra história. Era um lugar exótico. Uma aventura. Társis tinha o encanto do desconhecido enfeitado com detalhes barrocos de fantasia e imaginação. Nas referências bíblicas, Társis era "um porto distante e às vezes idealizado".O livro de 1Reis 10:22 relata que a frota de Salomão ia a Társis pegar ouro, prata, marfim, macacos e pavões. O estudioso de línguas semíticas, Cyrus H. Gordon, diz que na imaginação popular ela era "um paraíso distante".4 Shangri-lá.
Esse escapismo exótico é bem familiar. Deus oferece a homens e mulheres uma vocação e os chama para realizarem uma obra. Nós respondemos a essa iniciativa divina, mas humildemente pedimos para escolher o destino. Seremos pastores, mas não em Nínive, faça o favor! Vamos experimentar Társis. Em Társis, podemos ter uma carreira religiosa sem termos de lidar com Deus.
É necessário que de vez em quando surja alguém que tente captar a atenção dos pastores na fila da agência de viagens em Jope para comprar uma passagem para Társis. Neste momento, estou fazendo isto. Se eu conseguir captar a atenção de alguém, o que quero dizer é que a vocação pastoral não é uma vocação glamourosa, e Társis não passa de uma mentira.
O trabalho pastoral consiste de tarefas modestas, diárias e determinadas. É como o trabalho de um fazendeiro. O trabalho pastoral envolve rotinas semelhantes a limpar o curral, o estábulo, coletar o esterco e arrancar as ervas daninhas. Isso não é, em si, um trabalho ruim, mas, se esperamos cavalgar diariamente num desfile, num imponente cavalo preto, e então voltarmos para um estábulo limpo onde um empregado escova e alimenta nossa montaria, ficaremos extremamente desapontados e viveremos cheios de horríveis ressentimentos.
Existem muitas coisas gloriosas no trabalho pastoral, mas a congregação, como tal, não é gloriosa. A congregação é semelhante a Nínive: um lugar de trabalho duro sem muita expectativa de sucesso, pelo menos do modo como é medido pela sociedade. Porém, alguém tem de fazê-lo, alguém tem de fielmente dar visibilidade pessoal à continuidade da Palavra de Deus no lugar de adoração e oração, nos locais de trabalho e lazer, e nos congestionamentos da virtude e do pecado.
Qualquer pessoa que idealize a congregação presta um grave desserviço aos pastores. Ouvimos histórias de igrejas entusiásticas e cheias de charme e nos perguntamos o que estamos fazendo de errado, pois nossa congregação não tem nada a ver com isso como resultado de nossa pregação.
Contudo, se examinarmos de perto, não existe uma congregação perfeita. Permaneça em um templo por algum tempo e você descobrirá fofocas intermináveis, equipamentos que não funcionam, discípulos que desistiram, corais que desafinam — e coisas piores. Toda congregação é uma congregação de pecadores. Se isso não fosse ruim o bastante, todas elas têm pecadores como pastores.
Não nego que existam momentos esplêndidos na congregação. Eles existem. Muitos e freqüentes. Entretanto, também existem condições de penúria. Por que negá-lo? E como não ser assim?
Não existe um pastor sincero no mundo que não esteja profundamente consciente das precárias condições que existem na congregação e, conseqüentemente, da tarefa interminável de limpar o lixo, encontrar um espaço para respirar, fornecer alimento adequado, sair às ruas dia após dia, noite após noite, arriscando sua vida com atos de fé e amor. Nós experimentamos isso semana após semana, ano após ano.
Algumas semanas são um pouco melhores; outras, piores. Porém essa tarefa está sempre presente. Essas condições são idênticas às que Moisés enfrentou no Sinai; Jeremias, nas ruas de Jerusalém; Paulo, na lasciva igreja de Corinto; e João, entre as canas quebradas de Tiatira. Negar isso nos incapacita para nosso verdadeiro trabalho. Evitar isso nos separa das percepções espirituais de Isaías e da dor de Davi, da fome e da sede que nos atraem à justiça do Cristo crucificado.
Propagandistas estão por aí mentindo para nós a respeito de como as congregações são e devem ser. Eles estão mentindo por dinheiro. Querem nos deixar descontentes com o que estamos fazendo a fim de que compremos deles uma solução que, prometem, irá restaurar a energia de nossas congregações.
O lucro entre os que negociam essas fórmulas espirituais indica que a credulidade pastoral nesse assunto é interminável. Pastores, que enfrentam o fracasso dessas fórmulas adquiridas, tipicamente jogam a culpa na congregação e a deixam por outra.
O Diabo, que está por trás de toda essa falcatrua maquiada e engomada, tão facilmente nos deixa descontentes com o que estamos fazendo que levantamos as mãos, angustiados, e vamos para uma outra congregação que apreciará nossos dons no ministério e nossa devoção ao Senhor. Todas as vezes que um pastor abandona uma congregação por outra devido ao tédio, à raiva ou à inquietação, a vocação pastoral de todos nós é enfraquecida.
Fique onde você está
Quando iniciei meu ministério pastoral em minha atual congregação, decidi que iria permanecer ali durante todo meu ministério. Eu tinha trinta anos de idade. Não havia nada de muito atraente no local; na verdade, naquela época, não existia nada, a não ser um milharal.
Eu vinha lendo sobre São Benedito e estava ponderando sobre uma inovação radical que ele introduziu em sua ordem e que chamou minha atenção por ser extremamente sábia. No mosteiro do qual ele era o abade, acrescentou às três normas evan-gélicas — pobreza, castidade e obediência — uma quarta: um voto de estabilidade.5
Na sua época, no século vi, os monges estavam sempre de mudança. O movimento monástico tinha começado no deserto egípcio há 350 anos entre alguns homens e mulheres solitários que buscavam uma vida santa. Durante anos, o movimento atraiu centenas de homens e mulheres que estavam cônscios de uma vocação religiosa e queriam viver de tal maneira que Deus pudesse usá-los para redimir esse século e salvar o mundo.
Desde seus primórdios como agrupamentos pouco organizados de eremitas em torno de uns poucos indivíduos notáveis por sua austeridade e oração, o movimento se desenvolveu em comunidades de oração e trabalho com sedes espalhadas por toda a Europa, Síria e norte da África.
Os monges não eram essencialmente pessoas gregárias; eram anarquistas espirituais que não gostavam muito de regras. No século iii, Pacômio escreveu uma regra para a vida comunitária. Ele deu uma aparência de ordem para os bandos de ardentes devotos que buscavam a Deus.
Os votos de castidade, pobreza e obediência disciplinaram homens e mulheres que os abraçaram, fazendo deles poderosos agentes de ação social e oração contemplativa. À medida que aprenderam a viver juntos, eles desenvolveram fortes comunidades. Entretanto, um anarquismo latente combinado com uma busca de alcançar o melhor tornou-os sujeitos a um tipo de peregrinação espiritual.
Podemos reconhecer algo similar à mentalidade do faroeste americano combinado aos elementos da livre iniciativa norte-americana. Era comum para os monges saírem de um mosteiro e irem para outro, achando estarem atendendo a um desafio maior, tentando atingir uma santidade mais austera. Porém, essas peregrinações eram sempre um pouco suspeitas: eles estariam realmente buscando conhecer mais sobre Deus, ou evitando o Deus que estava se revelando a eles?
Na época de Benedito, essa inquietação mascarada como uma jornada espiritual era intensa. Quando o mosteiro mostrava-se menos do que ideal, os monges sempre procuravam um melhor, com um abade ou uma abadessa mais santos e monges mais justos. Eles tinham certeza de que, se entrassem na comunidade certa, teriam um ministério mais eficiente. Benedito pôs um fim nisso. Ele introduziu o voto da estabilidade: fique onde você está.
Quando eu, nos primeiros anos de vocação pastoral, fiquei sabendo disso, pareceu-me ser um sábio conselho para mim como pastor americano, e o aceitei. Anteriormente, eu havia sido conduzido ao sistema de carreira pastoral: alistar-se para aconselhamento vocacional, estabelecer padrões de carreira, galgar degraus na escada vocacional. Na época fiquei chocado com a imaturidade disso; o tipo de coisa feita pelo cônjuge que nunca amadurece, deixando seu parceiro quando ele ou ela não mais o satisfaça.
De alguma maneira, nós, pastores, sem percebermos o que estava acontecendo, tivemos nossas vocações redefinidas pelos termos da carreira empresarial. Paramos de pensar na igreja como um lugar para a espiritualidade pastoral e passamos a vê-la como uma oportunidade para avançarmos. Társis, e não Nínive, era o destino.
No momento que fizemos isto, começamos a agir erroneamente, pois a vocação de um pastor tem a ver com viver as implicações da Palavra de Deus numa comunidade, sem velejar pelos mares exóticos da religião em busca de fama e fortuna.
Um dia, enquanto lia um relato da espiritualidade intensa e vocacional que tinha sido desenvolvida pelos monásticos, que a essa altura eu admirava consideravelmente, encontrei um texto que ancorava os votos beneditinos num porto de profunda sabedoria, sabedoria que eu via confirmada em minha própria experiência.
O assunto era a vocação espiritual de um monge, mas, enquanto eu lia, substituía "monge" por "pastor" e "mosteiro" por "congregação". Com estas substituições, o texto ficou assim:
O que é inútil e destrutivo é imaginar que iluminação ou virtude podem ser encontradas na busca de um estímulo novo.
A vida pastoral é uma negação de qualquer ponto de vista que torne a maturidade humana perante Deus dependente de estímulos externos, "bons pensamentos", boas impressões, influências e idéias edificantes. Ao contrário, um pastor deve aprender a viver com sua própria escuridão, com o horror ou tentação interior e com a fantasia.
A salvação atinge toda a psique; tentar escapar ao tédio, à frustração sexual, à inquietação, aos desejos insatisfeitos buscando tarefas e idéias novas é tentar descartar estas áreas da graça. Sem as experiências humilhantes e totalmente "não espirituais" da vida eclesiástica — a rotina limitada de tarefas triviais, o tédio e a solidão —, não haveria maneira de confrontar boa parte da natureza humana. Trata-se de uma disciplina de destruir ilusões.
O pastor veio até sua igreja para escapar à ilusória identidade cristã proposta pelo mundo; ele agora tem de ver as raízes interiores da ilusão, a busca de um controle dramático e satisfatório de sua vida, o velho e conhecido imperialismo do ego apoiado pelo intelecto.6
Ao usar "mosteiro" como metáfora para "igreja", encontrei uma maneira de me desapegar da mentalidade de carreira que tem sido tão prejudicial às vocações pastorais e comecei a ver minha congregação como um local de amadurecimento espiritual para minha vida e meu ministério. Não insisto na metáfora para todos. Talvez ela só funcione para mim. Insisto, todavia, que a congregação não é mero local de trabalho a ser abandonado quando surge uma oferta melhor.
A congregação é o local onde o pastor desenvolve sua santidade vocacional. É desnecessário dizer que se trata do local de ministério: pregamos a Palavra, ministramos os sacramentos, oferecemos cuidado e ministração pastoral para a vida comunitária, ensinamos e damos direção espiritual.
Além de ser o local onde desenvolvemos virtudes, aprendemos a amar, progredimos em nossa esperança — e nos tornamos o que pregamos. Ao mesmo tempo que proclamamos o Evangelho, desenvolvemos uma vida santa. Não nos atrevemos a separar o que fazemos do que somos. Paulo revela essa congruência necessária entre eleição (como santos) e vocação (como ministros) quando coloca "o desempenho do seu serviço" junto "à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo" (Ef 4:12,13).
A congregação oferece os ritmos, as associações, as tarefas, as limitações, as tentações — as condições — para esse crescimento "em tudo naquele que é o cabeça, Cristo" (Ef 4:15). Essas condições talvez não sejam nem mais nem menos favoráveis à vida de fé em Jesus do que a de um fazendeiro, professor, engenheiro, artista, balconista —, mas elas são nossas. Precisamos levá-las a sério.
Pornografia eclesiástica
Existe uma tendência generalizada de nos esquivarmos das condições; mais comumente, essa fuga é alcançada ou por um encantamento artificial da igreja ou por seu repúdio. Fico muito ressentido quando pessoas tentam me atrair até Társis, pintando o trabalho pastoral como servir de sacerdote para os turistas do Mar Religioso — admirando as paisagens das Ilhas Gregas, parando em Roma para um tour pelas ruínas e museus, e finalmente chegando à lendária Társis.
Esse encantamento artificial da igreja é pornografia eclesiástica — tirando fotos ou pintando quadros de congregações que não têm mancha ou mácula, algo que só existe em umas poucas igrejas por alguns curtos anos.
Estes quadros exibidos de maneira provocante não possuem relacionamentos pessoais. Os quadros atiçam a cobiça por domínio, gratificação e por uma espiritualidade impessoal e sem envolvimento. Minha própria imagem de uma congregação desejável era lapidada por tal pornografia um templo com uma torre alta e uma congregação banal. Fico espantado e alarmado que, mesmo tendo parado há muito de olhar as revistas e cartazes nas paredes da minha imaginação vocacional, ainda estou vulnerável à sedução.
O repúdio da paróquia ocorre mais repentinamente, muitas vezes pela imaginação de estruturas alternativas. Quantos de nós, no final de um longo dia de trabalho, sonhamos em começar um centro de retiro para ser freqüentado apenas por famintos e sedentos, ou em formar comunidades onde apenas pessoas muito motivadas podem entrar, ou em escapar para um seminário ou universidade onde as complexidades do pecado e os mistérios
a vocação espiritual do pastor
da graça não sejam mais uma preocupação vocacional, trocados pelas categorias formidáveis, porém mais manejáveis de ignorância e conhecimento? Tamanha fantasia retira a energia da realidade e nos torna petulantes.
Nem todos são chamados para ser pastor. Existem diversos ministérios na Igreja de Cristo. Entretanto, nós que fomos designados para a vocação pastoral, devemos compreender e aceitar a natureza e as condições de nosso trabalho, e não do trabalho de outro.
Congregações normais são a escolha de Deus para a forma da igreja num local, e os pastores são as pessoas designadas para dirigi-las no ministério. O apóstolo Paulo falou sobre a loucura da pregação; eu quero falar sobre a loucura da congregação.
De todas as maneiras com as quais podemos nos comprometer no empreendimento da igreja, este deve ser o mais absurdo — este conjunto aleatório de pessoas que de alguma forma se ajuntam nos bancos das igrejas aos domingos, cantam sem entusiasmo algumas músicas das quais muitos não gostam, atentam ou não para os sermões de acordo com seu estado de digestão e os decibéis do pregador, além de serem desajeitadas em seus compromissos e atabalhoadas em suas orações.
Entretanto, as pessoas que se sentam nestes bancos também sofrem profundamente e encontram a Deus em seus sofrimentos. São homens e mulheres que assumem compromissos de amor, são fiéis a eles em meio às lutas e tentações, produzem frutos de justiça, frutos espirituais que abençoam outros a sua volta. Bebês, cercados de pais e amigos esperançosos e alegres, são batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Adultos, convertidos pelo Evangelho, surpresos e surpreendendo a todos que os conhecem, também são batizados. Os mortos são entregues a Deus nos funerais que dão um testemunho solene e alegre da ressurreição em meio às lágrimas de dor. Pecadores que honestamente se arrependem e confiantemente tomam o corpo e o sangue de Jesus e recebem uma nova vida.
Estas, no entanto, estão misturadas a outras, que freqüentemente não são diferentes delas. Não acho, biblicamente, nenhuma outra forma de igreja. Nada em Israel me impressiona como sendo maravilhosamente atraente. Se eu estivesse buscando uma igreja no século vii a.C., acho que os templos egípcios e zigurates babilônicos ou os belos bosques dedicados a Asera nos verdes montes da Samaria seriam muito mais atraentes. Se eu estivesse em
comprando a passagem para társis
busca de uma religião no século i a.d., tenho certeza de que tanto a pureza da sinagoga quanto os rumores intrigantes das religiões de mistério gregas, ou até mesmo o humanismo helenístico com uma pitada de mitologia, ofereceriam muito mais atrativos para minha alma de consumidor.
Apenas sessenta ou setenta anos após o Pentecostes, temos um relato sobre sete igrejas que exibiam mais ou menos a mesma qualidade de santidade e profundidade de virtude encontrada em congregações comuns hoje em dia.
Em dois mil anos de prática, não melhoramos nada. Você poderia pensar que sim, mas a resposta é não. Todas as vezes que abrimos uma porta de igreja e damos uma cuidadosa olhada lá dentro, os encontramos novamente — os pecadores. Também encontramos Cristo. E nas pregações, nos sacramentos, mas inconveniente e embaraçosamente misturado a uma congregação de pecadores.
É de se esperar nestas situações que com alguma freqüência certas pessoas se manifestem com algum novo projeto para melhorar as coisas. Elas querem purificar a igreja. Propõem torná-la algo que proclame ao mundo a beleza atraente do Reino. Com poucas exceções, essas pessoas são, ou logo se tornam, hereges, tomando apenas a porção do Evangelho que são capazes de administrar e aplicar às pessoas a sua volta, tentando construir uma versão de igreja que é tão bem-comportada e tão eficientemente organizada que não tem necessidade de Deus.
Elas detestam tanto o escândalo da cruz quanto o da igreja. Não têm nada a ver com a congregação em Nínive. Elas vão velejar até Társis e começar de maneira nova, limpa e gloriosa.
Entretanto, é da própria natureza do trabalho pastoral abraçar esse escândalo, aceitar essa humilhação e trabalhar diariamente com ela. Sem desprezar a vergonha e tampouco negá-la.
Ao ouvir muitos pastores conversando com outros pastores quando estão longe de suas igrejas, você não acreditaria em nada disso. Todos contam histórias maravilhosas sobre programas de sucesso e conversões notáveis. Eu costumava ler esses livros e ouvir essas histórias, e ficava impressionado. Após alguns anos de cuidadosa leitura bíblica e observação de igrejas, não fico mais impressionado. Acho bem mais provável que esses pastores, à medida que dizem a verdade, estão dirigindo alguma forma de religião de mistério grega, ou um santuário de Baal, ou um desfile religioso babilônico.
O agente de viagens em Jope
Quatro anos após minha ordenação, fui abençoado com uma tarefa missionária como pastor organizador de uma nova congregação. Em 1962, minha esposa, minha filha de dois anos e eu chegamos a Maryland, nos arredores de uma pequena cidade que, com o passar dos anos, se transformaria em um bairro nobre da cidade de Baltimore.
Eu estava decidido a desenvolver uma congregação que seria pura e intensa. Nós iríamos evitar toda a pompa da religião idólatra e da cultura hedonista e viver o Evangelho com compromisso e paixões profundas.
Não demorou muito até me vi envolvido em algo bem diferente. Eu estava em Nínive. Estava com pessoas preocupadas, doentes de ilusão, inconstantes, entediadas, instáveis em sua devoção. Eu tinha ingenuamente suposto que na nova congregação que estava organizando — que se reunia no porão de nossa casa para adorar, realizando a Escola Dominical nas salas de estar da casa e porões por toda a vizinhança, e com um prédio a ser financiado e construído — que toda essa inconveniência filtraria os indecisos, os superficialmente religiosos, os turistas da devoção a Deus. Em um ano, eu tinha reunido algo bem mais semelhante à congregação em Ziclague. Quando Davi estava no deserto, persona non grata para com a corte do rei Saul, reunindo a sua volta um bando de foragidos para sobreviver, "ajuntaram-se a ele todos os homens insatisfeitos e sem valor de Israel" (1Sm 22:2; grifo do autor). Por fim, uma base em Ziclague (1Sm 27:6; 30:1). Ziclague era a identificação bíblica daquilo de que eu cuidava aos domingos pela manhã. Peguei as pessoas que não se encaixavam em congregações já estabelecidas, os desajustados e insatisfeitos.
Tive de revisar minha imaginação: estas eram as pessoas das quais eu era pastor. Não eram as pessoas que eu teria escolhido, mas eram as pes-soas que me haviam sido entregues. O que poderia fazer? "Mestre, alguém semeou o joio durante a noite." Eu queria arrancar as ervas daninhas daquele campo.
A resposta do Mestre foi apontada diretamente para mim: "Deixe-as para a colheita. Deixe que cresçam juntas." Sábio conselho, pois meu olho destreinado não conseguiria então discernir a diferença entre a erva daninha e a planta boa que cresciam juntas. Ainda agora, depois de todos esses anos, na maioria das vezes não consigo ver a diferença. Aos poucos, abandonei minhas ilusões de Társis e me ajustei à realidade de Nínive.
comprando a passagem para társis
Não foi fácil, e não foi de uma vez só. Eu gostaria de poder me gabar de ter mantido meu voto de estabilidade, mas não posso. Eu o quebrei três vezes. Três vezes nos últimos 29 anos, fui ao agente de viagens em Jope para comprar uma passagem para Társis. Em cada uma dessas vezes, cheguei a um lugar onde achava que não agüentaria ficar mais do que uma semana. Estava entediado. Deprimido. Não havia mais desafio. Não havia estímulo para fazer o meu melhor.
As pessoas não tiravam de mim o que eu tinha de melhor. Meus dons não eram reconhecidos ou valorizados. Espiritualmente, eu sentia que estava num pântano — essa cultura dos bairros nobres era uma terra improdutiva, esponjosa e encharcada. Sem idéias firmes. Sem convicções fortemente defendidas. Sem compromisso sacrificial.
Pregar para aquelas pessoas era como falar com meu cachorro — elas respondiam a minha voz com gratidão, aproximavam-se de mim, seguiam-me, demonstravam afeto. Porém, o conteúdo de minhas palavras significava muito pouco. A direção de minha vida era inútil. Eles eram facilmente distraídos, correndo atrás de idéias novas ou mirabolantes que prometiam mudança ou empolgação.
Em cada uma dessas ocasiões, eu sabia sem dúvida que estava no lugar errado com a congregação errada. Eu era um pastor, pelo amor de Deus, com o Evangelho eterno em minha língua e um amor radical para com Cristo em meu coração, e aqui estava cercado por "primos distantes". Eles eram primos muito bons — gentis para comigo, amigáveis, apreciadores de meu trabalho — mas suas vidas eram moldadas por comparação de preços e por confortos materiais. Eles não combinavam com nenhuma das imagens nos cartões postais de viagem que eu tinha visto em outras igrejas mais atraentes.
Então decidi partir para Társis. Li os prospectos de viagem (em minha denominação, eles eram chamados de formulários de informação sobre a igreja). Comprei a passagem (isto é chamado de "ativação de seu dossiê").
Entrei na fila do barco no cais de Jope que me levaria a Társis. Eu não estava negando meu chamado ao pastorado, mas respeitosamente afirmei meu direito de determinar o local. Afirmação era uma palavra-chave em meu vocabulário naquela época.
Fiz isto três vezes. Três vezes, quebrei meu voto de estabilidade.
Cada vez, após fazer inúmeras pesquisas e escrever cartas urgentes sem obter resposta, desisti e voltei ao trabalho ao qual já tinha sido designado, Nínive. Nunca cheguei a Társis, mas não posso reivindicar qualquer crédito. Tentei várias vezes e com muita vontade. Todas as vezes, minha passagem me foi negada. Não havia nada que eu pudesse fazer, a não ser voltar para meu próprio lugar.
Algo interessante aconteceu a cada vez. Após engolir meu orgulho e acomodar-me a minhas frustrações, encontrei profundezas de minha própria vida emergindo até o nível consciente e, com elas, a profundidade na congregação que eu sequer suspeitava que existissem. Cada vez, eu crescia um pouco mais.
Cada vez, eu desenvolvia mais respeito por essa estranha entidade, "a congregação". Pelo menos parte desse crescimento e desenvolvimento foi "em Cristo".
Às vezes, fico imaginando se o apóstolo Paulo não tinha ocasionalmente algumas febres de Társis. Sabemos que ele queria ir para Társis (a "Espanha" de Rm 15:24) e fez planos para isso. Porém, ele também não chegou lá; ao contrário, passou dois anos numa prisão em Cesaréia e depois, após uma tempestade no mar, semelhantemente à história de Jonas, ficou preso em Roma por mais dois anos.
O lugar distante onde ele achava que faria sua obra mais gloriosa tornou-se na verdade uma pista falsa, uma ilusão de Társis; as realidades ninivescas de seu ministério foram uma prisão e um naufrágio.
Procurar e aceitar o convite para outra congregação não e errado em si, ou um ato escapista de covardia e irresponsabilidade. Deus nos chama para realizarmos diferentes tarefas em novos lugares.
A estabilidade geográfica não é um alvo bíblico. O povo de Deus e seus pastores mudaram-se várias vezes: de Ur para Canaã, para o Egito, para o Sinai, para Cades, só para começar. Daí, para a Babilônia e de volta a Canaã. Locomovendo-se entre a Galiléia e Jerusalém. Para Antioquia, até Atenas, atravessando até Roma. Depois "para os confins da terra".
São várias as vezes em que o pecado, a neurose ou uma mudança tornam difícil para o pastor e a congregação permanecerem juntos, fazendo com que seja necessário que o pastor mude de congregação. São várias as vezes em que Deus, em sua sabedoria e soberania, escolhe um pastor por seus motivos, presumivelmente estratégicos.
O pastor que, em tais circunstâncias, insiste em ficar, usando o falso argumento de "compromisso e fidelidade", provoca feridas desnecessárias no Corpo de Cristo.
A norma para o trabalho pastoral, no entanto, é a estabilidade. Pastorados de vinte, trinta e quarenta anos deveriam ser comuns (como costumavam ser), e não exceções. Muitos pastores mudam de congregação, pois estão com tédio de adolescente, não como uma conseqüência de maturidade e sabedoria. Quando isso acontece, nem o pastor nem a congregação têm acesso às condições que são propícias para a maturidade na fé.
O Jonas obediente
O primeiro movimento de Jonas é o da desobediência, velejando aventureiramente para Társis. A desobediência é abortada. O segundo movimento consiste na obediência, atravessando o deserto escaldante para chegar a Nínive. Jonas chega a Nínive obediente.
Nós, muito naturalmente, esperamos que esse movimento seja coroado de sucesso, mas não é. O Jonas obediente acaba por violar a Palavra de Deus tanto quanto o Jonas desobediente. Esse é um detalhe da história que é muito negligenciado e que os pastores não podem se dar ao luxo de negligenciar.
Jonas deixou sua desobediência na tempestade do mar e foi resgatado por um grande peixe. Salvo, ele vai para Nínive, o lugar aonde Deus tinha ordenado que fosse. Ele prega a Palavra de Deus como lhe fora ordenado pregar.
O Jonas obediente no entanto é ainda pior do que o desobediente. O Jonas obediente é irado e vingativo. Ele odeia Nínive. Despreza Nínive. É uma cidade desprezível, e ele não tem amor por ela. Jonas obedece ao mandamento de Deus, mas trai o espírito de Deus com sua ira.
Obediência profissionalizada
Jonas, é claro, a essa altura, já é um profissional completo. Se ele não pode ir a Társis, onde poderia ser um pastor sem a inconveniência da presença de Deus, ele pregará com ortodoxia dogmática profissional, de maneira tal que não precise viver na presença do Senhor.
Quando os ninivitas se arrependem perante Deus e são misericordiosamente perdoados por ele, o desgosto enfadado de Jonas trai sua completa indiferença para com Deus, para com a maneira de Deus agir, e para com o povo que acaba de se tornar povo de Deus. Agora Jonas tem uma
a vocação espiritual do pastor
reputação profissional a manter. Ele não quer saber nada de sua congregação, está interessado apenas na autoridade literal e dominante de sua pregação. Ele pregou a destruição em quarenta dias, e, por Deus, haveria destruição.
Acho este detalhe muito alarmante nessa história. Aqui ela se torna mais autobiográfica do que no primeiro movimento, pois eu com maior freqüência obedeço a meu chamado do que sou desobediente a ele. Eu faço meu trabalho. Cumpro minhas responsabilidades como ministro da Palavra e dos sacramentos. Visito os doentes e consolo os enlutados.
Apareço na igreja a tempo de dirigir o culto dominical, oro quando sou convidado a fazê-lo durante os jantares da igreja, e fico na segunda base nos jogos de beisebol nos piqueniques da igreja. Entretanto, nessa vida de obediência, existe uma diminuição constante da satisfação do ego, pois, enquanto realizo meu trabalho, percebo que as pessoas respondem cada vez menos a mim e respondem cada vez mais a Deus.
Elas escutam coisas diferentes nos sermões que preguei tão cuidadosamente, e fico ofendido com sua falta de atenção. Elas encontram maneiras de reagir positivamente ao Espírito de Deus que não se encaixam nos planos que eu tenho para a congregação — planos que, com a cooperação delas, não só serviriam para glorificar a Deus, mas resultariam em meu crédito como um de seus grandes líderes.
Em mim, e também em meus colegas, descubro que este ressentimento para com a congregação é o "pecado que jaz à porta" todas as vezes que entro ou saio da igreja.
Aqui está novamente uma das verdades mais antigas sobre a espiritua-lidade, com variações especiais no ministério pastoral: é no nosso virtuoso comportamento que estamos sujeitos aos pecados mais graves. É enquanto estamos sendo bons que temos a oportunidade de sermos muito maus.
É nesse contexto de sermos responsáveis, obedientes, que substituímos a vontade de Deus pela nossa vontade, porque é muito fácil achar que elas são idênticas. É quando tentamos ser pastores bons que temos a maior chance de desenvolver o húbris pastoral — orgulho, arrogância e insensibilidade para com aqueles que Jesus chamou de "o menor destes meus pequeninos irmãos", e que Jonas chama de "pessoas que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda" (4:11).
Quando estamos sendo pastores obedientes e bem-sucedidos, corremos mais perigo do que quando estamos sendo desobedientes e fugitivos.
Para dar-nos um alerta adequado, a história mostra que o Jonas obediente é muito menos atraente do que o Jonas desobediente: em sua desobediência, ele pelo menos teve compaixão da tripulação do barco; na obediência, tem apenas desdém para com os habitantes de Nínive.
O tipo de pastor que realmente somos
Há uma nota final de graça, pois existe um final feliz nessa história. A maravilhosa e graciosa surpresa aqui é que, em ambos os movimentos da vida de Jonas, desobediente e obediente, Deus o usou para salvar vidas.
Em sua desobediência escapista, os tripulantes do barco oraram ao Senhor e iniciaram uma vida de fé: "Temeram, pois, estes homens em extremo ao Senhor; e ofereceram sacrifícios ao Senhor, e fizeram votos" (1:16).
Em sua raivosa obediência, todos os ninivitas foram salvos: "Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria, e não o fez" (3:10). Nessa história, nunca vemos o tipo de pastor que gostaríamos de ver, mas apenas o tipo de pastor que realmente somos.
Colocar um espelho diante de nós e expor nosso duplo fracasso seriam um fardo severo e insuportável, não fosse esta outra dimensão da história: Deus realiza seus propósitos por meio de quem realmente somos, com nossa desobediência impetuosa e nossa obediência impiedosa, e generosamente usa nossa vida tal como encontra para realizar sua obra.
Ele faz isso de tal maneira que é quase impossível para nós recebermos crédito por ela, mas também de tal maneira que em algum lugar no caminho ficamos surpreendidos com as vitórias que ele realizou, no mar e na cidade, onde desempenhamos nosso estranho papel de Jonas.
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(Extraído do livro A vocação espiritual do pastor de Eugene Peterson).

Vem aí......O anseio furioso de Deus

O anseio de Deus por você é maior e mais forte que qualquer elemento impulsionador da pior catástrofe que você consiga imaginar. Deus não descansa enquanto não o encontra, esteja onde e como estiver, e o traz para ele de volta, para o seu afável cuidado. Você é o que Deus tem de mais precioso. E nada é capaz de separá-lo do amor “furioso” do Criador. Aprender a viver nesse amor e confiar em Deus é o convite que só Brennan Manning, com seu toque peculiar, poderia fazer.
O anseio furioso de Deus fala sobre um relacionamento de profundo amor com Deus, o amor com o qual ele ama o homem e que o fez entregar seu único filho para a morte na cruz. Deus nos ama e espera que cultivemos uma relação íntima com ele. É para este anseio divino que Manning nos desperta e leva.
Cada capítulo encerra-se com algumas perguntas e reflexões nas quais vale a pena meditar. O objetivo não é que você encontre a resposta “certa”, e sim que essas reflexões o façam parar e meditar sobre o tema tratado naquele capítulo, operando grandes mudanças em suas atitudes para com o Deus que tanto te ama.
“Acredito que a expressão anseio furioso é a melhor maneira de descrever o anelo que Deus sente por você e por mim. Se você conseguir levar consigo apenas uma mensagem da leitura deste livro, que seja a aquisição do hábito de orar essa passagem da Escritura (Cantares 7:10)”.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Leituras no mês de novembro

LOPES, Hernandes Dias. Como conciliar os decretos de Deus com a oração. Vol. II. São Paulo: Arte Editorial, 2009. Quem nunca ouviu ou nunca fez uma das seguintes perguntas: Como entender a finalidade da oração dentro do decreto de Deus? Se tudo já foi decretado antes da fundação do mundo, qual é o papel da oração na vida do crente? Se Deus sabe todas as coisas, por que devo orar? Se você já fez ou já ouviu alguma dessas perguntas, então este livro foi feito para você. Com certeza, você será enriquecido e receberá munição para responder e auxiliar aqueles que fazem as mesmas inquirições. Essas e outras perguntas inquietaram muitos cristãos e ainda continuam a provocar muitas indagações pelos cristãos contemporâneos. Porém, finalmente, a luz raiou em nossa pátria. Deus jamais deixa os seus eleitos na escuridão da ignorância. Este é o volume 2 da Coleção Grandes Temas da Fé Cristã, escrita pelo Rev. Hernandes Dias Lopes, autor já consagrado pelos leitores no Brasil e no exterior. Outros títulos da Coleção: Como enfrentar o sofrimento vitoriosamente A miséria no tribunal da misericórdia O povo mais feliz da Terra A missão da paternidade Evangelização: programa ou estilo de vida? Como ser um crente cheio do Espírito Santo? Absalão, o pai da paz Filosofia, a bomba das idéias. Contém 64 páginas.

LOPES, Hernandes Dias. A miséria humana no tribunal da misericórdia. Vol. III. São Paulo: Arte Editorial, 2009. O homem não tem de fazer nada para ir para o inferno. Com suas virtudes e predicados morais, ele é um pecador perdido. Mesmo sendo religioso e honrado cidadão ele está condenado, se não crer em Jesus. Não é preciso roubar, matar, adulterar. Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Para ir para o céu é preciso nascer de novo. É necessário crer em Cristo como Senhor e Salvador. Contém 60 páginas.

BOSMA, Carl. Os Salmos: Porta de entrada para as nações. São Paulo: Fôlego, 2009. Quando cristãos refletem sobre a base bíblica da missão da Igreja, normalmente concentram toda a sua atenção em textos-chaves do Novo Testamento. De fato, costuma-se focalizar quase que exclusivamente toda a atenção em Mateus 28.18-20. Infelizmente, porém, a reflexão cristã sobre a missão da Igreja dificilmente é pensada primeiramente à luz do Antigo Testamento e da missão do povo de Israel para as nações. Apenas casualmente um evento ou pessoa no Antigo Testamento nos faz lembrar essa missão de Israel para com as nações. Na verdade, alguns estudiosos questionam ou até rejeitam a idéia de que o Antigo Testamento contenha explicitamente o conceito de missão de Israel para os povos e para as nações. Mas é correto ignorarmos ou até questionarmos o testemunho do Antigo Testamento com respeito à missão de Israel e da Igreja como Israel de Deus (Gl 6.16)? No nosso ponto de vista, isso não é correto! O escritor Carl J. Bosma entra em defesa da posição de que, conforme o Antigo Testamento, Israel tinha uma tarefa missionária entre as nações, fazendo duas colocações hermenêuticas importantes. Primeiro, devemos nos lembrar de que o Novo Testamento está baseado no Antigo Testamento, e isso inclui naturalmente o conceito de missões. Segundo, o conceito missionário não nasceu apenas no tempo do Novo Testamento. Muito pelo contrário, este conceito de missão baseou-se no Antigo Testamento. Através das páginas deste livro, teremos uma ampla perspectiva bíblica da missão da Igreja através dos relatos bíblicos de toda a Bíblia. O livro contém 92 páginas.

SITTEMA, John. Coração de pastor. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. Quem pastoreia a igreja? A resposta será dada a partir de nossas conveniências pessoais, de nossas preferências e tradições ou a partir da Escritura? Um livro muito necessário, com muitas idéias úteis, encontradas na Escritura. Minha sugestão é que você o compre e o devore. John Sittema escreveu um livro excelente sobre o papel dos presbíteros, apoiado em estudo bíblico cuidadoso e rica experiência pastoral. Este é um livro desafiador e prático, um recurso muito valioso para a igreja hoje - Robert Godfrey, Presidente do Westminster Theological Seminary, CA. O livro contém 288 páginas.

LEWIS, C S. As crônicas de Nárnia - O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa. São Paulo: Martins Fontes, 2006. Ele relata as aventuras ocorridas em 1940 na Inglaterra, 40 anos após o que seria o início da saga descrita em O Sobrinho do Mago (1955). Em Nárnia já haveriam se passado mil anos, modificando, portanto, a maioria dos personagens da aventura anterior, com exceção do leão Aslam e da rainha Jadis, agora conhecida como Feiticeira Branca. A diferenciação do tempo entre os dois universos é muito utilizada por Lewis, deste modo, os mesmos personagens voltam a Nárnia em épocas diferentes, e suas aventuras anteriores são narradas como lendas. O livro contém 180 páginas.

PIPER, John, J. MacArthur, R. C. Sproul. Apascenta o meu Rebanho. São Paulo: ultura Cristã, 2009. A pregação bíblica está perto do extermínio em nossos dias. Há somente momentos para "compartilhar", "sugerir", repletos de casos e de pregações voltadas para suprir "necessidades emocionais". Mas a exposição da Palavra de Deus com autoridade é algo cada vez mais raro de se encontrar. Este livro é um apelo aos pregadores para que "preguem a Palavra". No Antigo Testamento, Deus se desagradou por seu povo estar perecendo por falta do conhecimento dele mesmo. Com muita frequência, aqueles que foram chamados para alimentar o rebanho de Cristo fazem pouco mais do que afagá-los, em vez de alimentá-los com a Palavra de Deus. Esta obra é para pastores e pregadores. Ela encoraja os pastores a honrar seu chamado. Ela guiará as igrejas a auxiliar seus pastores para que mantenham este padrão bíblico. Todo ministro da Palavra de Deus irá tirar proveito da leitura em oração deste livro. O livro contém 176 páginas.

NOUWEN, Henri. Conversa espiritual. Brasília: Palavra, 2009. Para variar um pouco, sempre aprendemos algo novo com Nouwen. sua espiritualidade e coração sensível mexe com a nossa estrutura. Vale a pena ler este pequeno livro editado pela Palavra.Contém 76 páginas.
COVENTRY, Angela M. Compreender Hume. Rio de Janeiro: Vozes, 2009. Este livro propõe uma apresentação acessível e unificada das contribuições mais importantes de Hume sobre a epistemologia e metafísica, de forma que não pressupõe qualquer familiaridade com Hume por parte do leitor. Mas apesar de ter sido escrito como um guia de orientação para o estudante iniciante, os debates acadêmicos em torno da filosofia de Hume não foram totalmente ignorados, pois foi feito o possível para manter o detalhe acadêmico num nível mínimo. Além disso, a autora também visita outras áreas do trabalho de Hume, especialmente suas opiniões sobre paixões, moral e religião. Contém 232 páginas.

MACARTHUR, Jr. John. Princípios para uma Cosmovisão Bíblica. São Paulo: Cultura.Cristã, 2003. 'Uma ensagem exclusivista para um mundo pluralista. Este pequeno livro deve ser um lembrete da distinção do evangelho. Justamente esta estreiteza coloca o Cristianismo à parte de qualquer outra cosmovisão. Afinal de contas, o ponto central do sermão melhor conhecido de Jesus foi declarar que a estrada para a destruição é larga e cheia, enquanto que a estrada da vida é tão estreita que poucos a encontram (Mt 7.14). Nossa obrigação é apontar a estrada tão estreita. Cristo é, ele mesmo, o único caminho para Deus, e obscurecer o fato é, na realidade, negar Cristo e desacreditar o evangelho em si. O livro contém 106 páginas.
PINK, Arthur W. Os sete brados do Salvador na cruz. São Paulo: Arte Editorial, 2009. A. W. Pink, cujos escritos têm despertado o interesse de novos leitores em anos recentes, faz uma exposição profunda, e ao mesmo tempo clara, a respeito das sete declarações feitas por Jesus durante as horas em que ele esteve crucificado. A partir de cada uma dessas declarações, A. W. Pink argumenta, com muita profundidade e clareza, as implicações teológicas, doutrinárias e práticas, fruto de uma elaboração que considera o todo da obra de Cristo e da revelação das Escrituras. É, sem dúvida alguma, um texto relevante para o cristão no século 21, tão carente de referenciais bíblicos sólidos, diante da pregação triunfalista que apresenta um cristianismo irreal e promete um estilo de vida estranho aos propósitos do Senhor para cada um de seus filhos. Contém 160 páginas.