sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Lançamento da coleção de livros


"Dores, lágrimas e alegrias nos Salmos"Reflexões no Livro de Salmos
(Volumes I, II e III - Salmos 1-150)
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Quero convidá-los juntamente com suas famílias para o lançamento da coleção de Salmos que escrevi.
Será na IP Pirituba no dia 30 de agosto de 2008.
Neste sábado às 19:00 horas teremos a pregação pelo Pr. Glênio Fonseca. Ele é pastor da Primeira Igreja Batista em Londrina, no Paraná há mais de 30 anos.Não deixem de participar deste tempo precioso e agendem esta data agora.
O preço da coleção de Salmos é de 77,00. Mas, no dia 30 e tão somente neste dia será vendida pelo valor de 30,00.

Um abraço e até lá se o Pai permitir...
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IGREJA PRESBITERIANA DE PIRITUBA
R. Joaquim de Oliveira Freitas, 2466

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A oração de uma palavra só - por Ed René Kivitz


A expressão da mais absoluta confiança está presente no momento da mais profunda solidão e senso de abandono e desamparo.

As pessoas que convivem comigo dificilmente me descreveriam como um homem de oração. Mas peço licença a Paulo, apóstolo, para usar suas palavras em minha defesa –“Ninguém me considere insensato! Ou então suportai-me como insensato, a fim de que também eu me possa gloriar um pouco. O que vou dizer, não o direi conforme o Senhor, mas como insensato, certo que estou de ter motivo de me gloriar”.Sou um daqueles denunciados por William James, que ora simplesmente porque não consegue evitar a oração. Minha vida de oração não se explica por outra razão senão o mais profundo desespero. Durante muito tempo carreguei a culpa de orar por razões diversas – a busca da santidade, o amor ao Senhor (o famoso e piedoso “buscar a Deus por quem Deus é”) ou mesmo aquela intercessão generosa, solidária e compassiva. Mas encontrei consolo nas palavras de Thomas Merton: “A oração é uma expressão de quem somos”. A oração nunca me fez sentido. Para falar a verdade, ainda não faz. Também não consigo compreender a mecânica ou dinâmica processual da oração. Jamais consegui me ajoelhar aos pés de um deus deliberativo, que recebe as petições e súplicas das mãos do “anjo protocolador” e as despacha à luz de critérios misteriosos. Não consigo imaginar um deus pensando se responde ou não à súplica de uma mãe no corredor do hospital ou considerando se atende ou não ao clamor de uma comunidade que pede chuva. Alguém deve imaginar que Deus ouve as orações, avalia a questão e depois dá ordens aos seus anjos conforme sua perfeita vontade: “Gabriel, faça com que aquele advogado desista da compra do apartamento, pois decidi que vou deixar que o casal que orou esta manhã feche o negócio”; ou “Miguel, dê um jeito de aquele menino esquecer o agasalho e ter que voltar para buscar, porque a mãe dele está orando e eu vou poupá-lo do acidente que está para acontecer na esquina da escola”. Se o leitor acredita que as coisas de fato acontecem desta maneira, nada contra. Não tenho qualquer argumento para afirmar que Deus não faça ou não possa atender orações desse tipo. Respeito seu ponto de vista, até porque não duvido que você tenha inúmeras histórias de orações cujas respostas de Deus o levam a acreditar que as coisas funcionam assim mesmo. Quando comecei a pensar nessas coisas, minha experiência de oração mudou muito, e para melhor. Tudo começou quando Jesus me ensinou a invocar a Deus usando a expressão Abba. Os historiadores, Joachim Jeremias por exemplo, afirmam que abba era a palavra do dialeto siro-ocidental aramaico que uma criança usava para se referir ao seu pai. O Talmud, comentário rabínico da Torah, diz que “quando uma criança saboreia o trigo, aprende a dizer abba e imma”, querendo dizer que “papai” e “mamãe” são as primeiras palavras de um pequeno recém-desmamado que está aprendendo a falar. Na verdade, a melhor tradução para abba seria “papa” ou mesmo “pa”, algo como o mero balbuciar, assim como para imma, seria “mama” ou simplesmente “ma”.O fato é que abba era um termo infantil, anterior à construção conceitual, despido de significados culturais, ainda não elaborados na mente, mas perfeitamente compreensível ao coração. A criança que pronuncia abba ou imma não detém qualquer conceito de pai ou mãe, não sabe o significado de expressões como pessoa, identidade, individualidade. Ignora o que é família, casal, irmão, irmã – quanto mais conceitos abstratos como sociedade ou comunidade. Tudo quanto uma criança que pronuncia abba sabe é que existe apenas um a quem se refere assim. Diante de muitos braços estendidos em sua direção, a criança identifica quem são seu abba e sua imma. É como se, intuitivamente, pensasse assim: “Esse é meu abba, essa é minha imma; posso ir no seu colo ou lançar-me em seus braços. Ali estou suprida e segura”. Joachim Jeremias relata que Jesus se dirigia a Deus “como uma criancinha fala a seu pai, com mesma simplicidade íntima, o mesmo abandono confiante”. Jeremias considerou este Abba “ipsissima vox de Jesus”, isto é, maneira própria e original de falar do Filho de Deus. Os apóstolos assim compreenderam, e Paulo vai dizer mais tarde que o clamor Abba é ipsissima vox dos filhos de Deus, adotados na comunhão do Espírito Santo.Muito provavelmente, Abba é a palavra com que Jesus invoca Deus Pai quando do seu brado final e triunfante do alto da cruz: “Abba, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. Logo, a expressão da mais absoluta confiança está presente no momento da mais profunda solidão e senso de abandono e desamparo. Eis a fé, como disse Martin Buber, como “adesão a Deus”. Não a uma imagem de Deus, um conceito, uma idéia do divino. Mas uma adesão a Deus, uma adesão que transcende imagens, conceitos, idéias e também sensações e percepções. A fé como adesão a Deus tal qual a adesão de uma criança desmamada no colo de sua mãe: além, ou aquém, da consciência racional, que decodifica e disseca o Senhor como um cadáver sobre a mesa da academia. Mas, ao mesmo tempo, trata-se de fé como adesão adulta, madura, capaz de transitar além, ou aquém, das sensações e percepções, ciente tão somente de que Deus está, Deus é, e que seus braços acolhem. A oração de uma palavra só, Abba, é pronunciada na mais tenra infância e na mais extrema maturidade. Entre os dois momentos da pronúncia do Abba está a prepotência de quem acredita compreender e manipular o Deus “que habita em luz inacessível”. Diante do Abba, a oração deixa de ser um arrazoado inteligente, ou uma ladainha de murmurações e súplicas que serão depois catalogadas em colunas de “respondidas na data tal”. Diante do Abba, a oração é mais parecida com um suspiro, um gemido profundo, ou uma efusão de lágrimas; também é semelhante a um salto de alegria incontida, um literal derramar do coração. O Abba é aquele que transcende nossos dogmas, nossos sentidos e nossas manipulações. Mas é aquele que compreende e acolhe o que não dizemos pela simples razão de não sabermos o que dizer, ou como dizer. É aquele que recebe o peso dos nossos corações simultaneamente depositados aos pés da cruz e entregues em suas amorosas mãos, devolvendo ao aflito “a paz que excede a todo o entendimento”.Caso lhe seja possível compreender a oração com um estar diante daquele a respeito de quem pouco ou quase nada sabemos, exceto que é nosso Abba; se a oração é para você expressar diante dele o que lhe pesa no coração, através de gemidos profundos e um singelo balbuciar Abba, num salto de fé que transporta para além das sensações, percepções e conceitos; ou caso considere que um simples suspiro balbuciando Abba implica a mais profunda e legítima oração, então não apenas você vai orar mais, muito mais, como também – e principalmente – nunca mais será a mesma pessoa
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Um outro evangelho


Para o professor Augustus Nicodemus Lopes, a crise do movimento evangélico brasileiro está ligada ao liberalismo e à flexibilização dos conteúdos das Escrituras.

“Não me acho xiita”, vai logo dizendo o professor, pastor e pesquisador presbiteriano Augustus Nicodemus Lopes em seu mais novo livro, O que estão fazendo com a Igreja (Mundo Cristão). “Mas muitos me chamam de fundamentalista”, acrescenta. “Não fico envergonhado quando me rotulam dessa forma, embora prefira o termo calvinista ou reformado”, explica. A quantidade de adjetivos expressa bem o universo desse intelectual protestante, nascido na Paraíba e que fez carreira no segmento acadêmico religioso. Graduado em teologia, mestre em Novo Testamento e doutor em Interpretação Bíblica – este último título, pelo Instituto Teológico de Westminster (EUA) –, Nicodemus já dirigiu diversos seminários ligados à sua denominação e hoje exerce o cargo de chanceler da respeitada Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Na mesma cidade, pastoreia a Igreja Presbiteriana de Santo Amaro. O conjunto de sua obra já dá uma idéia de suas posições teológicas. Títulos como O que você precisa saber sobre batalha espiritual, Fé cristã e misticismo e Ordenação de mulheres: O que diz o Novo Testamento, todos publicados pela Cultura Cristã, entre diversos outros livros, são baseados na mesma teologia conservadora que ele não apenas abraça, como defende com unhas e dentes. O que não impede, é claro, que esteja aberto a outros pensamentos. “Desde que sejam comprometidos com as Escrituras”, ressalva. Nesta conversa com CRISTIANISMO HOJE, Augustus Nicodemus fala do livro recém-lançado na Bienal do Livro de São Paulo e avalia a situação da Igreja Evangélica hoje. “Infelizmente, estão fazendo muita coisa ruim com ela”, aponta. CRISTIANISMO HOJE – É inevitável começar esta entrevista com a pergunta que dá título ao seu livro: o que estão fazendo com a Igreja? AUGUSTUS NICODEMUS LOPES – Infelizmente, muita coisa ruim – desde desfigurá-la, passando uma imagem ao público de que todos os evangélicos e seus pastores são mercenários que vivem para fazer barganhas com Deus em troca de bênçãos, até destruí-la internamente, trocando o Evangelho de Cristo por um outro evangelho. Um evangelho despido de poder, realidade histórica e eficácia salvadora, que é ensinado pelos liberais. Aqui entram também os hiper-conservadores, às vezes chamados de neo-puritanos, com sua visão radical de culto. Quais os efeitos da pós-modernidade sobre a Igreja? A pós-modernidade facilitou e aumentou a influência do liberalismo, do relativismo e do pragmatismo na Igreja brasileira, ainda que esses movimentos e tendências sejam tão antigos quanto a própria Igreja. A presente época, marcada pela pós-modernidade, facilita a penetração desses elementos na vida, liturgia e missão das igrejas evangélicas, como de fato temos presenciado. E por outro lado, existem líderes evangélicos que conscientemente constroem ministérios, igrejas e movimentos que se apóiam em métodos e ideologias liberais, relativistas e pragmáticas. O que essas coisas têm em comum é que sempre representam uma tentação para corromper o Evangelho bíblico, quer pelo apelo à soberba humana, quer por um tipo de Cristianismo descompromissado, ou ainda pela oferta enganosa de resultados extraordinários em curto espaço de tempo. A crise de ortodoxia do Evangelho contemporâneo, bem como o pós-denominacionalismo, é resultado direto deste processo? Sem dúvida. O relativismo representa uma ameaça concreta à Igreja, pois a mesma se firma sobre verdades universais e imutáveis, como a existência do Deus Trino; a humanidade e divindade de Jesus Cristo; sua morte vicária e sua ressurreição real e física de entre os mortos; a salvação pela fé sem as obras da lei; e a segunda vinda de Cristo. A Igreja defende também uma ética centralizada no amor que, segundo Jesus e seus apóstolos, consiste em obedecer a Deus e aos seus mandamentos. Todavia, o relativismo rejeita o conceito de verdades absolutas e internaliza a verdade no indivíduo. E qual o efeito prático disso?O questionamento à autoridade da Bíblia, ao caráter único do Cristianismo e ao comportamento ético pregado historicamente pelos cristãos. Mas, num certo sentido, o relativismo pode representar uma oportunidade para o Cristianismo em ambientes pós-cristãos, onde a fé cristã já foi excluída a priori. Por exemplo, no ambiente das universidades, o discurso é geralmente anticristão, relativista, pluralista e inclusivista. Os cristãos podem, em nome da variedade e da pluralidade, pedir licença para falar, já que, de acordo com a pós-modernidade, todos os discursos são iguais e válidos – e nenhum é melhor do que o outro. O movimento evangélico brasileiro, tão numeroso e multifacetado, está perto de seu fim? Não creio que o movimento evangélico brasileiro chegue a um fim, mas temo que esse processo de desfiguramento e de enfraquecimento teológico e doutrinário, levado a cabo por liberais, neopentecostais, libertinos e neo-puritanos, acabe transformando a Igreja brasileira em algo distinto da Igreja bíblica. Por outro lado, como sempre existiram os sete mil que nunca dobraram os joelhos a Baal, é provável que, paralelamente, aconteça o fortalecimento de denominações, ministérios e grupos evangélicos que prezam a Bíblia – gente que valoriza as práticas devocionais como oração, meditação e santidade bíblica e que tem visão evangelística e missionária. Já no momento atual é possível identificar esse crescimento, embora em dimensões menores do que gostaríamos. Quanto ao perfil dessa nova Igreja, fica difícil prever. Uma das críticas que o senhor faz é à ênfase na formação teológica liberal, que seria uma espécie de “coqueluche” dos teólogos de hoje, interessados numa graduação reconhecida sob o ponto de vista acadêmico. Neste sentido, o reconhecimento oficial aos cursos de teologia, uma antiga bandeira do segmento evangélico, veio para melhorar ou piorar as coisas? Em si, o reconhecimento oficial de um diploma de teologia não representa qualquer perigo para a Igreja. Mas o problema não é o isso, e sim, o conteúdo que será ministrado aos alunos que buscam uma formação reconhecida pelo Ministério da Educação. Da minha parte, creio ser possível termos um curso de teologia reconhecido oficialmente e que apresente uma teologia bíblica e saudável. Todavia, nem sempre tem sido esse o caso. Como assim?Esse reconhecimento tem sido oferecido, freqüentemente, através de cursos de teologia de faculdades e universidades públicas e privadas que não têm compromisso com a confessionalidade cristã histórica. É verdade que o reconhecimento oficial dos cursos de teologia é uma antiga bandeira do segmento evangélico. Só que, quando os evangélicos queriam isso, os cursos de teologia reconhecidos eram oferecidos por instituições de ensino superior que tinham tradição cristã. Além disso, eram dirigidas por cristãos comprometidos com a teologia histórica da Igreja, como Princeton nos Estados Unidos e a Universidade Livre na Holanda, por exemplo. Atualmente, grande parte dos professores de alguns desses cursos obtêm seus diplomas e graus de mestre e doutor em escolas liberais – e nem sempre na área de teologia, mas em ciências da religião, sociologia, psicologia, antropologia, letras etc. O problema, então, é o que professores com este tipo de formação vão ensinar? Não é tanto o que eles ensinam, mas o que deixam de ensinar, exatamente porque não tiveram uma sólida formação teológica debaixo de orientação bíblica. Quem mais tem sentido o impacto do liberalismo teológico em sua mão de obra são as igrejas pentecostais, que por não terem tradição em preparar seus obreiros, acabam recorrendo a esses cursos e expondo seus pastores, evangelistas e obreiros à teologia liberal. Em sua obra, o senhor fala na existência de uma esquerda teológica que valoriza o liberalismo, não apenas nas questões religiosas, mas sobretudo comportamentais. Num panorama em que a esquerda política, atualmente no poder, parece confusa e adota posturas flagrantemente neoliberais, esta confusão ideológica também contamina o segmento evangélico? Acho que sim. Não é coincidência que um grande segmento evangélico esteja defendendo bandeiras liberais, como o aborto, o reconhecimento das uniões homoafetivas, o sexo antes do casamento... Essa atitude de tolerância e relativismo é a mesma que sempre marcou o esquerdismo no Brasil. Não estou dizendo que todo evangélico esquerdista é liberal e defende essa agenda; mas que existe uma coincidência de valores éticos e de agenda.O movimento evangélico brasileiro é tão diversificado quanto as milhares de denominações que o compõem. No atual panorama, identificado no seu livro, esta diversidade traz mais vantagens ou desvantagens? Acredito que a diversidade é sadia e bíblica. Entendo, porém, que existe uma unidade essencial e básica entre os verdadeiros cristãos, que pode ser resumida nos fundamentos da fé bíblica. Os verdadeiros evangélicos confessam estes fundamentos, e vamos encontrá-los em todas as denominações que compõem a Igreja Evangélica brasileira. Mas vamos encontrar também quem não crê em nenhuma dessas coisas, ou que nutrem reservas quanto a elas. Eu não tenho problemas com a diversidade, pois acho-a enriquecedora. Tenho divergências inclusive com irmãos e colegas que são reformados calvinistas como eu. Todavia, existe uma unidade essencial mais forte e superior às divergências. Teologia tem um poder tremendo para unir as pessoas ou para separá-las, pois tem a ver com convicções e experiências pessoais.A partir dos anos 1980, o advento da teologia da prosperidade e da confissão positiva mudou a maneira de se pensar a fé evangélica no país. Qual a verdadeira influência destas correntes na crise do movimento evangélico nacional? A confissão positiva acabou exercendo uma grande influência sobre os evangélicos brasileiros. Na minha opinião, todavia, ela não é a maior influência negativa. Considero a teologia da prosperidade, a busca de experiências místicas, as crendices e superstições que infestam os arraiais neopentecostais como sendo de maior periculosidade para a Igreja. Quanto ao segmento reformado, por sua própria natureza, ele é mais resistente à essas infecções e pouca influência recebeu – mas tem, entretanto, sofrido mais com outros tipos de problemas, especialmente com sua incapacidade, até o momento, de crescer de forma significativa sem perder o compromisso com a fé histórica da Igreja.Se muitos dos postulados neopentecostais vão de encontro à tradição protestante, em quê o segmento histórico falhou, ou pelo menos hesitou, para que, a partir dos anos 1970, o neopentecostalismo crescesse em proporções geométricas no cenário evangélico nacional? Boa pergunta. É interessante que, na década de 1950, a Igreja Presbiteriana era uma das maiores denominações evangélicas do país. Por algum motivo, perdemos o bonde. Não sei avaliar direito o que aconteceu. Pode ser que tenhamos exagerado na reação aos abusos do movimento carismático na década de 70 e nos fechamos na defensiva. Ficou difícil, naquela época, falar do Espírito Santo e de reavivamento espiritual sem sermos confundidos com carismáticos e pentecostais. Pode ser também que reagimos da mesma forma diante do crescente movimento litúrgico e do movimento de crescimento de igrejas, com toda sua parafernália metodológica centrada no homem – movimentos estes que dominaram o cenário dos anos 70 a 80. E depois, a mesma coisa diante dos neopentecostais. Não conseguimos ainda sair da defensiva e ser mais proativos, oferecendo alternativas, soluções – e o que é melhor, oferecer nosso próprio exemplo de como uma igreja pode crescer de maneira sadia, sem comprometer a teologia e a ética bíblica. Então, o liberalismo teológico também afetou as igrejas tradicionais? Sim, afetou tremendamente as igrejas históricas nos anos 60, especialmente os seus seminários. Isso causou graves problemas e disputas internas, que obrigaram essas igrejas a relegar o crescimento a um plano secundário e a se concentrarem na própria sobrevivência. As igrejas históricas que não conseguiram sobreviver ilesas hoje são as menores entre os evangélicos, mais voltadas para o social e ainda em lutas internas com os liberais que sobreviveram dentro de suas organizações e estruturas. Já as que conseguiram sair inteiras, embora chamuscadas, começam lentamente a progredir e retomar seu crescimento, como creio ser o caso da Igreja Presbiteriana do Brasil.Por que lideranças autocráticas e monolíticas, cada vez mais comuns nas igrejas, são aceitas pelos fiéis? Em minha opinião, é o que chamo em meu livro de “a alma católica dos evangélicos brasileiros”. Os brasileiros estão acostumados com o catolicismo romano e sua hierarquia eclesiástica totalitária. Por séculos, o romanismo impregnou a alma brasileira com a idéia de que a religião deve ser conduzida por líderes acima do povo, que vivem numa esfera superior; enfim, intocáveis. No romanismo, os líderes não são eleitos pelo povo, como acontece na maioria das igrejas históricas, cujo sistema de governo é democrático – eles são impostos, determinados, designados. Além disso, são considerados como especiais e distintos; é o clero separado dos leigos. As ordens eclesiásticas são um dos sacramentos da Igreja Católica. E os brasileiros viveram sua vida toda debaixo da influência de uma religião regida por bispos e por um papa, o qual, segundo um dogma católico, é infalível. Nada mais natural, portanto, que ao se tornarem evangélicos, suspirem e desejem o mesmo esquema de liderança, como os israelitas que disseram a Samuel que constituísse um rei sobre eles, para que os governasse, como o tinham as outras nações à sua volta, conforme I Samuel 8.5. Essa mentalidade romana favorece o surgimento, entre os evangélicos, de líderes autocráticos e auto-designados, que se arrogam o título e o status de bispos ou apóstolos.

A vida e a morte de um mártir moderno

Nascido na riqueza, Dietrich Bonhoeffer seguia para uma carreira brilhante como teólogo, até passar a ver a vida 'sob a perspectiva daqueles que sofrem', na Alemanha nazista, o que lhe custou a vida.
Por Geffrey B. KellyEm 1942, o pastor luterano Dietrich Bonhoeffer enviou um presente de Natal à sua família e amigos que estiveram envolvidos num plano para matar Hitler. Era um ensaio intitulado After Ten Years (Depois de dez anos). Nele, Bonhoeffer lembrou a seus companheiros de conspiração dos ideais pelos quais eles estavam dispostos a dar suas vidas. Em suas palavras: “Nós aprendemos, de uma vez por todas, a ver os grandes eventos da história do mundo de baixo para cima, das perspectivas dos proscritos, suspeitos, maltratados, impotentes, oprimidos e injuriados – em resumo, da perspectiva daqueles que sofrem”.Conforme ele analisava as várias razões pelas quais eles tinham que matar Hitler e derrubar o governo nazista, Bonhoeffer lhes falava do exemplo de Jesus Cristo. Jesus, de boa vontade, arriscou sua vida defendendo os pobres e proscritos de sua sociedade – mesmo ao custo de uma violenta morte. Na época de sua prisão, a vida de Bonhoeffer tinha se tornado uma jornada de entrelaçamento, na qual ele tinha entrado por causa desta “visão de baixo para cima”. Sua vida lhe tirou de uma confortável posição de professor universitário à liderança isolada de uma oposição minoritária dentro de sua igreja contra seu governo. Ele saiu da segurança de um refúgio fora do país para a vida perigosa de um conspirador. Ele desceu dos privilégios do ministério eclesiástico e o respeito dado a uma família nobre, para sua dura prisão e mais tarde sua morte como traidor de seu país. Determinação de aço Poucas pessoas teriam predito que o jovem Bonhoeffer terminaria como um conspirador político. Nascido em Breslau, em 1906, Dietrich era o quarto filho homem e sexto filho dentre todos (sua irmã gêmea, Sabine, nasceu momentos depois). Sua mãe, Paula von Hase, era filha de um pregador da corte do Kaiser Wilhelm II. O pai de Dietrich, Karl Bonhoeffer, era um famoso médico psiquiatra e professor na universidade.Quando era um rapazinho de 14 anos, Dietrich surpreendeu sua família declarando que não queria nada mais do que ser um ministro da igreja. Este anúncio provocou uma pequena consternação entre seus irmãos homens. Um estava destinado a ser físico, o outro, advogado; ambos eram pessoas de sucesso, para quem o serviço na igreja parecia um trabalho que não obriga ao trabalho ou responsabilidade para a burguesia, algo inferior a eles. Seu pai sentiu-se da mesma forma, mas ficou em silêncio, preferindo conceder a seu filho a liberdade de cometer seus próprios erros. Quando sua família criticou a igreja como egoísta e covarde, um lampejo da determinação de aço de Dietrich surgiu: “Neste caso, eu a reformarei!”Um “milagre teológico”Seguindo um costume de família, o jovem Dietrich estudou na Universidade de Tübingen por um ano antes de mudar para a Universidade de Berlim, onde morava a família. Na universidade, ele veio a estar sob a influência do conhecido historiador da igreja Adolf von Harnack e o estudioso sobre Lutero Karl Holl.Von Harnack considerou Bonhoeffer como um grande historiador da igreja em potencial, capaz de um dia subir no seu próprio pódio. Para tristeza de von Harnack, Bonhoeffer dirigiu suas energias do mundo acadêmico para o dogmático. Seu maior interesse ficava nos campos associados da Cristologia e da igreja. Sua dissertação, The Communion of Saints (A comunhão dos santos), foi completada em 1927, quando ele tinha apenas 21 anos. Karl Barth o celebrou com um “milagre teológico”.Nesta dissertação, Bonhoeffer declara numa sonora frase que a igreja é “Cristo existindo em comunidade”. A igreja para ele não é nem uma sociedade ideal, sem necessidade de reforma, nem o ajuntamento de uma elite cheia de dons. Pelo contrário, ela é tanto uma comunhão de pecadores capazes de seres infiéis ao evangelho, quando é uma comunhão de santos para quem servir um ao outro deve ser uma alegria. Triste encontro com a pobrezaComo ainda não estava na idade mínima para ordenação e precisava de experiência prática, Bonhoeffer interrompeu sua carreira acadêmica. Ele aceitou uma indicação como pastor-assistente numa igreja em Barcelona que tendia para as necessidades espirituais da comunidade de negócios alemã. Seus meses na Espanha (1928–29) coincidiram com as primeiras repercussões da Grande Depressão, dessa forma a vida de pastor em Barcelona deu a Bonhoeffer seu primeiro triste encontro com a pobreza. Ele ajudou a organizar um programa que sua igreja estendeu aos desempregados. Em desespero, ele até mesmo implorou por dinheiro à sua família para este propósito. Num sermão memorável, ele lembrou ao seu povo que “Deus caminha entre nós em forma humana, falando a nós naqueles que cruzam nosso caminho, sejam eles estranhos, mendigos, doentes, ou mesmo naqueles mais perto de nós em nosso dia a dia, tornando-se a ordem de Cristo em nossa fé nele”. De volta à Alemanha, Bonhoeffer voltou sua atenção para sua “segunda dissertação” – exigida para conseguir uma designação na universidade. Publicada como um livro em 1931, Act and Being (Ser e Agir) externamente parece ser um rápido tour de filosofias e teologias de revelação. Se a revelação é “agir”, então a Palavra eterna de Deus interrompe a vida da pessoa de um modo direto, intervindo muitas vezes quando menos se espera. Se a revelação é “ser”, então é a presença contínua de Cristo na igreja. Através de todas as análises cruzadas deste livro, nós também detectamos a luta profunda de Bonhoeffer entre o conforto do status acadêmico e o perturbador chamado de Cristo para ser um cristão genuíno. Primeira visita à AméricaTendo assegurada sua indicação para a universidade, Bonhoeffer decidiu então aceitar uma bolsa de pesquisa Sloane. Esta lhe ofereceu um ano de estudos adicionais no Seminário de Teologia União (Union Theological Seminary), em Nova York. Mais tarde ele descreveu este ano acadêmico de 1930–31 como “uma grande liberação”.A princípio, Bonhoeffer olhou severamente para o Seminário de Teologia União, julgando que ele fosse tão permeado de humanismo liberal que tivesse perdido suas amarras teológicas. Mas cursos com Reinhold Niebuhr e longas conversas com seu amigo mais próximo, o americano Paul Lehmann, trouxeram sensibilidade aos problemas sociais. As amizades de Bonhoeffer no Union Seminary influenciaram-no profundamente. Elas alimentaram sua crescente paixão pelas preocupações do Sermão do Monte. Através de um aluno negro do Alabama, o reverendo Frank Fisher, Bonhoeffer experimentou em primeira mão o racismo opressivo sofrido pela comunidade negra do Harlem. Admirando os serviços desta igreja, que valorizavam a vida, ele levou gravações dos spirituals para a Alemanha para tocar para seus alunos e seminaristas. Ele falou aos alunos freqüentemente sobre a injustiça racial na América, prevendo que o racismo se tornaria “um dos problemas futuros mais críticos para a igreja branca”.Outro amigo, o pacifista francês Jean Lasserre, levou Bonhoeffer a transcender sua ligação natural à Alemanha para assumir um compromisso maior com a causa da paz mundial. Bonhoeffer tornou-se devoto da resistência pacífica ao mal, e mais tarde ele defendeu com veemência a paz em encontros ecumênicos. Para Bonhoeffer, a guerra claramente negava o evangelho; nela os cristãos matavam uns aos outros para ideais alardeados que só mascaravam objetivos políticos mais sinistros. As pessoas perceberam as mudanças na perspectiva de Bonhoeffer em sua volta à Universidade de Berlim. Seus alunos o descreveram como diferente de seus colegas, estes mais enfadonhos e desinteressados. Tentando explicar o que houve com ele, Bonhoeffer disse simplesmente que tinha se tornado cristão. Como ele mesmo disse, ele esteve pela primeira vez na sua vida “no trilho certo”, dizendo ainda: “Eu sei que por dentro serei realmente claro e honesto somente quando eu tiver começado a levar a sério o Sermão do Monte”.Palestrante universitário eletrizanteRetornando da América, Bonhoeffer fez uma pausa na Universidade de Bonn, onde ele finalmente conheceu o teólogo Karl Barth. Os escritos de Barth tinham eletrizado o mundo teológico e cativado Bonhoeffer durante seus anos de estudante em Berlim. Os dois ficaram amigos, então. Barth apreciava os avisos incisivos de Bonhoeffer sobre a acomodação das ideologias políticas na religião organizada. Bonhoeffer começou a usar Barth como um meio de divulgação de suas opiniões, confiando nas avaliações maduras de Barth sobre como contra-atacar as concessões da igreja ao nazismo. Sendo o professor mais jovem da faculdade, Bonhoeffer ficou conhecido pelo seu jeito de ir até o fundo de uma questão e abordar os assuntos na sua revelância atual. Um aluno escreveu sob a direção de Bonhoeffer “cada frase encontrava seu lugar; havia uma preocupação pelo que me perturbava, e de fato, todos nós jovens, o que perguntávamos e o que queríamos saber”. Mas a carreira de ensino de Bonhoeffer foi ofuscada pela ascensão de Hitler ao poder. Os alunos atraídos pelo nazismo o evitavam. Alguns dos cursos de Bonhoeffer na universidade durante este período têm sido publicados como livros desde então. Em The Nature of the Church, (A natureza da igreja), Bonhoeffer observou que a igreja ficou à deriva; ela, com muita freqüência, buscou o conforto dos privilegiados. A igreja, ele disse aos seus alunos, tinha que confessar a fé em Jesus com coragem incomum e rejeitar sem hesitação toda idolatria secular. Em suas palestras sobre Cristologia, publicada como Christ the Center (Cristo o centro), Bonhoeffer insistiu com seus alunos a responder perguntas perturbadoras: Quem é Jesus, no mundo de 1933? Onde Ele pode ser achado? Para ele, o Cristo de 1933 era o judeu perseguido e o dissidente na luta da igreja. Durante os anos na universidade, Bonhoeffer também achou tempo para ensinar a turma de confirmação numa favela de Berlin. Para ser mais envolvido na vida destes alunos, ele se mudou para a sua vizinhança, visitou suas famílias e os convidou a passar finais de semana num chalé alugado na montanha. Depois da guerra, um destes alunos lembrou que “a turma dificilmente ficava agitada”. Crescente luta da igrejaDurante este período, muitos cristãos dentro da Alemanha adotaram o Socialismo Nacional de Hitler como parte de seu credo. Conhecidos como “cristãos alemães”, seu porta-voz Hermann Grüner, deixou claro o que eles defendiam:“O tempo se completou em Hitler para as pessoas na Alemanha. É por causa de Hitler que Cristo, Deus, o ajudador e remidor, tornou-se eficaz entre nós. Portanto, o Socialismo Nacional é cristianismo positivo em ação... Hitler é o modo do Espírito e da vontade de Deus para o povo alemão entrar na igreja de Cristo”.Ordenado em 15 de novembro de 1931, Bonhoeffer, com seu grupo de “Jovens Reformadores”, tentou persuadir delegados nos sínodos da igreja a não votar em candidatos pró-Hitler. Num sermão memorável, logo antes das eleições na igreja em julho de 1933, Bonhoeffer apelou: “Igreja, permaneça uma igreja! Confesse, confesse, confesse!” Apesar dos seus esforços, os cristãos alemães elegeram como Bispo Nacional um simpatizante do nazismo, Ludwig Müller. Numa carta à sua avó, em agosto daquele ano, Bonhoeffer afirmou com franqueza: “O conflito é realmente ser Alemão ou ser Cristão e o quanto antes este conflito ficar às claras, melhor”.Em setembro de 1933, o conflito ficou às claras. No “Sínodo Marrom” naquele mês (chamado assim porque muitos dos religiosos usavam uniformes nazistas marrons e faziam a saudação nazista), a igreja adotou a “Frase Ariana”, que negava o púlpito a ministros ordenados que tivessem sangue judeu. O amigo mais próximo de Bonhoeffer, Franz Hildebrandt, foi afetado pela legislação (junto com muitos outros). A Frase Ariana dividiu a Igreja Protestante alemã. Defesa aberta dos judeusA primeira reação pública de Bonhoeffer à legislação anti-semita chegou logo. Em abril de 1933, ele falou a um grupo de pastores sobre “A Igreja a questão judaica”. Neste sermão, ele pediu as igrejas para, em primeiro lugar, desafiar com ousadia o governo que justifica tais leis, obviamente imorais. Segundo, ele exigiu que a igreja viesse em socorro das vítimas – batizadas ou não. Finalmente, ele declarou que a igreja devia “travar as rodas” do governo se a perseguição aos judeus continuasse. Muitos dos que ali estavam saíram correndo, convencidos de que tinham ouvido a incitação para um motim. Logo após o Sínodo Marrom, Bonhoeffer e um herói da Primeira Guerra Mundial, o pastor Martin Niemöller, formaram a “Liga de Emergência dos Pastores.” Eles defendiam a luta para repelir a Frase Ariana, e no fim de setembro, tinham obtido 2.000 assinaturas. Mas, para decepção de Bonhoeffer, mais uma vez os bispos da igreja continuaram em silêncio.No Sínodo de Barmen, de 29 a 31 de maio de 1934, entretanto, a nova “Igreja Confessante” (aqueles pastores que se opuseram à Frase Ariana e outras políticas nazistas) afirmaram a agora famosa Confissão de Fé de Barmen. Concebida em grande parte por Karl Barth, sua associação do Hitlerismo com idolatria fez muitos dos simpatizantes homens marcados pela Gestapo: “Nós repudiamos o falso ensino de que há áreas em nossa vida que não pertencem a Jesus Cristo, mas a outros senhores…” Abandonando uma carreira promissora Uma vez que os cristãos alemães estavam agora entrincheirados em posições de liderança na igreja, Bonhoeffer foi rejeitado para um pastorado. Os comentários contra ele apontaram sua posição radical e intempestiva às políticas governamentais. E ele foi considerado muito ligado ao seu amigo cristão-judeu, Franz Hildebrandt. A assustadora “nazificação” das igrejas deixou Bonhoeffer sentindo-se isolado e incapaz de esboçar uma oposição destemida a Hitler dentre os pastores. Em sua posição de ensino, ele sentiu que a universidade tinha se ligado indesculpavelmente ao sentimento popular que exaltava Hitler como salvador político. Ele ficou perturbado também pela falta de protesto diante do afastamento de professores judeus. Estas frustrações facilitaram a decisão de deixar a Alemanha. No outono de 1933, ele assumiu o pastorado de duas igrejas de língua alemã em Londres. Por causa desta atitude Bonhoeffer foi severamente repreendido por Karl Barth, que achou que ele estivesse fugindo de cena quando ele era mais necessário. Barth acusou Bonhoeffer de privar a luta da igreja de seu “esplêndido arsenal teológico” e de sua “correta figura alemã”.Mas Bonhoeffer ainda não estava abandonando a luta contra o nazismo. De Londres, ele pretendia trazer pressão externa sobre a igreja do Reich Alemão. Numa carta ao líder do Ministério Eclesiástico Estrangeiro, Bonhoeffer recusou a se abster de criticar o governo alemão.Dietrich Bonhoeffer e outros delegados foram a uma conferência ecumênica em Fano, na Dinamarca, em 1934. Na conferência, Bonhoeffer pregou um sermão aos líderes cristãos de mais de 15 nações. “O mundo está sufocando com armas,” ele disse, “e a desconfiança que salta dos olhos de cada ser humano é assustadora. As trombetas da guerra podem tocar amanhã.” Nesta ocasião, ele insistiu para que os cristãos falassem contra a guerra e ousassem pelo “grande empreendimento” da paz. Buscando para o mundo o apoio da igrejaEra no nível ecumênico que Bonhoeffer esperava continuar mais efetivamente na luta da igreja. Ele tinha sido indicado secretário da juventude para a Aliança Mundial para Promover a Amizade Internacional através das Igrejas (um precursor do Conselho Mundial das Igrejas). Neste papel, ele ajuntou as igrejas internacionais para fazer um forte protesto anti-nazismo, para apoiar a Igreja Confessante e para expulsar a igreja do Reich do movimento ecumênico. Suas atividades levaram a uma amizade duradoura com o bispo inglês George Bell. Bell era presidente do Conselho Universal Cristão para a Vida e Trabalho, que trabalhava de perto com a Aliança Mundial. Ele apoiava a luta de Bonhoeffer para que a Igreja Confessante fosse reconhecida como a única representante da igreja protestante na Alemanha. Os esforços de Bonhoeffer alcançaram um clímax na conferência de 1934 em Fano, na Dinamarca. A Comissão Ecumênica de Jovens de Bonhoeffer surpreendeu os delegados por sua recusa em expressar resoluções em uma polida linguagem diplomática. Além disso, Bonhoeffer queria que as igrejas declarassem não-cristã qualquer igreja que tivesse se tornado meramente uma audiência neutra nas questões políticas. Todos os delegados sabiam que a Igreja do Reich era o alvo de tais resoluções. A contribuição mais duradoura de Bonhoeffer para esta conferência, entretanto, foi um sermão matinal inesquecível sobre a paz, chamado “A Igreja e os Povos do Mundo”. Seu aluno, Otto Dudzus relatou que as palavras de Bonhoeffer deixaram os delegados “prendendo a respiração de tanta tensão”. Como poderiam as igrejas justificar sua existência, ele perguntou, se elas não tomavam medidas para impedir a marcha em direção a outra guerra? Ele exigiu que o conselho ecumênico se levantasse “para que o mundo, embora esteja rangendo os dentes, tenha que ouvir, para que as pessoas se alegrem por que a igreja de Cristo, no nome de Cristo, tomou as armas das mãos dos seus filhos, proibiu a guerra, proclamou a paz de Cristo contra o mundo irado”. Uma frase deste sermão ficou para sempre marcada nas memórias dos alunos de Bonhoeffer: “Temos que nos atrever pela paz. Este é o grande empreendimento!”. Até mesmo Dudzus lembrou que “Bonhoeffer tinha seguido tanto à frente que a conferência não podia segui-lo.”Bravo novo seminárioEm 1935, os líderes da Igreja Confessante pediram a Bonhoeffer para dirigir um seminário ilegal perto do mar Báltico. Para a Igreja Confessante, estabelecer seus próprios seminários era um passo ousado. Eles simplesmente contornavam o treinamento típico dos candidatos nas universidades contaminadas pelo nazismo. Com seus próprios seminários, eles podiam ignorar as exigências para que os candidatos provassem seu sangue puro ariano e lealdade ao nazismo como condições para a ordenação. Estes seminários eram apoiados não por ajuda do governo, mas por ofertas de boa vontade. Os jovens candidatos, que se juntavam primeiro em Zingst, no mar Báltico e mais tarde numa escola particular abandonada, em Finkenwalde, lembram-se do seminário como um oásis de liberdade e paz. Bonhoeffer estruturava o dia ao redor da oração em comum, meditação, leituras bíblicas e reflexão, serviço fraternal, e suas próprias palestras. Cada dia era aliviado pela recreação, incluindo cantar os spirituals que Bonhoeffer trouxera da América. Mas o ponto alto de seu treinamento, eram as palestras de Bonhoeffer sobre discipulado. Elas deram origem ao mais conhecido de seus livros O discipulado. Nele, Bonhoeffer acusou os cristãos de buscarem “graça barata”, que garantia uma salvação na base da barganha, mas não fazia exigências reais às pessoas, envenenando, dessa forma, “a vida de seguir a Cristo”. Ele desafia os leitores a seguir a Cristo até a cruz, a aceitar “a graça de alto preço”, da fé que vive em solidariedade com as vítimas de sociedades sem coração. A Gestapo fechou o seminário em outubro de 1937. Bonhoeffer tentou então conduzir um “seminário secreto em atividade”. Mas não houve sucesso. O espírito de Finkenwalde sobreviveu, entretanto, no Vida em comunhão. Publicado em 1939, o livro registra as “experiências em comunidade” dos alunos. A igreja, Bonhoeffer acreditava, precisava promover um senso genuíno de comunidade cristã. Sem isso, não poderia testemunhar com eficácia contra a ideologia nacionalista na qual a Alemanha havia sucumbido. A congregação de uma igreja não era para ser fechada em si mesma, mas ser um ponto de apoio para os esgotados espiritualmente e um refúgio para os perseguidos. Através da oração e serviço a igreja podia tornar-se novamente “Cristo existindo como comunidade”. A falha na coragem da igrejaOs anos de 1937 a 1939 foram particularmente problemáticos para Bonhoeffer e seu papel na luta da igreja. Os líderes da Igreja Confessante pareciam não ter firmeza na questão de fazer o pacto civil a Hitler. Ele ofereceu aos ministros da Igreja Confessante legitimidade para retomar seu apoio silencioso aos seus planos expansionistas, incluindo a anexação da Áustria. A paz, a respeitabilidade e o patriotismo eram a isca. Bonhoeffer queria que os bispos defendessem o direito dos pastores de se recusarem a fazer o pacto de fidelidade a Adolf Hitler. Bonhoeffer foi bloqueado, também, em seus esforços para agitar uma oposição mais forte na igreja contra a cruel perseguição aos judeus. Para ele, os sínodos (assembléias) da igreja olhavam apenas os seus próprios interesses. Faltava-lhes o sentimento para assuntos mais urgentes: como contra-atacar o abuso e negação dos direitos civis na Alemanha. Ele censurou publicamente a falta de sensibilidade para com a situação difícil dos pastores aprisionados por suas dissidências. Se os líderes da igreja levantassem suas vozes em favor dos judeus, Bonhoeffer teria como avaliar o sucesso ou o fracasso do sínodo. “Onde está seu irmão Abel?” - ele perguntava. Os ensaios e palestras de Bonhoeffer deste período exibiam sua indignação contra a covardia dos bispos. Ele freqüentemente citava Provérbios 31.8 – “Erga a voz em favor dos que não podem se defender”, para explicar o motivo de ser a voz de defesa dos judeus na Alemanha nazista.Em junho de 1938, o Sexto Sínodo da Igreja Confessante reuniu-se para resolver a última crise da igreja. O Dr. Friedrich Werner, comissário do governo, responsável pela Igreja da Prússia, havia ameaçado expulsar qualquer pastor que se recusasse a fazer, como um “presente de aniversário” a Hitler, o juramento de lealdade civil. Ao invés de lutar pela liberdade da igreja, o sínodo transferiu o peso da decisão para cada pastor individualmente. Este resultado caiu nas mãos da Gestapo, que pôde facilmente identificar os poucos desleais que ousaram recusar-se a fazer o juramento. Enfurecido com os bispos, Bonhoeffer questionava, “Será que a Igreja Confessante nunca irá aprender que, em questões de consciência, a decisão majoritária mata o espírito?” Viagem por engano à América No outono de 1938, Bonhoeffer sentia que era um homem sem igreja. Ele não conseguia influenciar a Igreja Confessante a tomar coragem e resistir a um governo civil que ele considerava como o mal inerente. Na frente ecumênica, ele havia se mostrado inapto em persuadir a Aliança Mundial das Igrejas a não aceitar a delegação do Terceiro Reich em sua conferência. Como forma de protesto, em 1937, Bonhoeffer renunciou ao cargo de secretário da Aliança Mundial.Na chamada “Noite de Cristal” (Kristallnacht), em 9 de novembro de 1938, o frenesi do nazismo anti-semita é permitido contra os cidadãos judeus. A polícia observava passivamente as hordas de alemães quebrar as vidraças das casas e das lojas judias e queimar as sinagogas, brutalizando os judeus. Bonhoeffer estava fora de Berlim naquela noite, mas voltou rapidamente para aquele cenário. Ele se recusou a acreditar nas tentativas de atribuir tal violência a tão falada maldição divina sobre os judeus por causa da morte de Cristo. Em sua Bíblia, ele sublinhou Salmo 74.8 – “Disseram em seus corações: ‘Vamos acabar com eles! E queimaram todos os santuários do país’“. – e colocou ao lado a data da Noite de Cristal.Bonhoeffer sentiu um enorme desapontamento com o vergonhoso silêncio que se seguiu por parte da igreja, sobre aquela noite de selvageria. Este foi um dos fatores que o levou a cogitar uma segunda viagem à América. Ele desejava repensar seu compromisso com a Igreja Confessante, o ponto principal de sua oposição a Hitler.Outra razão para deixar a Alemanha era a iminente convocação às forças armadas para os de sua faixa etária. Bonhoeffer compreendeu que sua recusa a ingressar no exército traria a ira nazista sobre seus colegas da Igreja Confessante. Bonhoeffer também havia entrado em contato com seu cunhado, Hans Von Dohnanyi, almirante Wilhelm Canaris, e o coronel Hans Oster (todos da unidade de inteligência militar ou Abwehr), que estavam preparando um golpe de estado. Ele temia, inconscientemente, atrair a atenção da Gestapo para este plano. Por todos estes motivos, Bonhoeffer considerava a possibilidade de deixar a Alemanha, desta vez via um tour de palestras pelos Estados Unidos, no verão de 1939. O americano Paul Lehmann, seu amigo íntimo e o seu primeiro professor Reinhold Niebuhr, estavam ansiosos por resgatar Bonhoeffer do destino reservado aos dissidentes na Alemanha Nazista. Por isso arranjaram o tour com a intenção implícita de que, uma vez iniciada a guerra, ele pudesse permanecer na América. Bonhoeffer embarcou para os Estados Unidos em 2 de junho de 1939. Entretanto, a tranqüilidade desta viagem era perturbada pela lembrança da perseguição que os pastores dissidentes estavam enfrentando. A Godesberg Declaration, de 04 de abril de 1939, impunha a todos os pastores o dever de devotarem-se completamente a “política nacional de trabalho construtivo do Führer”. Tornava-se cada vez mais perigoso ser enumerado como um dos inimigos do Terceiro Reich. Neste período o diário de Bonhoeffer é repleto de expressões de ansiedade. Porque ele havia ido para a América quando era necessário aos cristãos da Alemanha?Rapidamente Bonhoeffer mudou de idéia e resolveu voltar. Partiu em 08 de julho de 1939, pouco mais de um mês de sua chegada. “Cometi um engano ao vir para a América”, ele escreveu para Reinhold Niebuhr. “Eu tenho que viver este período da história nacional com os cristãos da Alemanha. Eu não terei direito de participar da reconstrução da vida cristã na Alemanha depois da guerra, se não compartilhar das aflições deste tempo com o meu povo”.Atividades de espionagem Quando retornou ao seu país, Bonhoeffer foi proibido de ensinar, pregar ou de publicar qualquer coisa sem submeter uma cópia do material para aprovação prévia. Ele também recebeu ordens para se apresentar regularmente à polícia.A liberdade para continuar a escrever veio inesperadamente através do seu recrutamento para uma conspiração. Hans von Dohnanyi e o coronel Hans Oster, figuras de prestígio na inteligência militar alemã, arranjaram para tê-lo figurando como indispensável para as atividades de espionagem que desenvolviam. Como Bonhoeffer estava designado para o escritório em Munique, isto o livrou da prisão e o deixou longe da vigilância da Gestapo em Berlim.Sua missão ostensiva era espionar para a inteligência através de suas “visitas pastorais” e seus contatos ecumênicos. Todavia, sob esta aparência, Bonhoeffer estava envolvido em reais atividades de espionagem. Sua verdadeira e principal missão era conseguir com os Aliados os termos da rendição, caso o plano contra Hitler fosse bem-sucedido. O ponto alto dessas negociações foi em uma reunião secreta com o Bispo Bell, em Sigtuna – Suíça, em maio de 1942. Bonhoeffer convenceu Bell de que ele poderia acreditar que os conspiradores venceriam o governo nazista, restaurariam a democracia na Alemanha e fariam reparações de guerra. Bell levou estas informações ao Secretário Britânico para Assuntos Exteriores, Anthony Eden, mas os aliados responderam que para a Alemanha só havia a condição para uma “rendição incondicional”.Quando não estava desperdiçando seu tempo no escritório de Munique, Bonhoeffer ficava em seu quartel-general, localizado nas vizinhanças de um mosteiro beneditino. Lá, ele continuava a escrever o que uma vez declarou ser o principal trabalho de sua vida: Ética – obra póstuma reconstruída por Eberhard Bethge, mas que dificilmente seria “Ética” completa. Na verdade, eram os últimos quatro fragmentos dos métodos de construção da ética cristã em meio à crise nacional da Alemanha. Neles, Bonhoeffer criticava a igreja duramente por “não ter levantado sua voz em defesa das vítimas ou... encontrado meios de sair em socorro a elas”. Em uma frase contundente ele declarou a igreja “culpada da morte dos mais fracos e dos mais indefesos irmãos e irmãs de Jesus Cristo”.Cartas e papéis da prisão Enquanto trabalhava para a Abwehr, Bonhoeffer se envolveu na chamada “Operação 7”: um ousado plano de contrabandear judeus para fora da Alemanha. Isto atraiu suspeitas da Gestapo, e em 05 de abril de 1943, após o fracasso de três atentados contra a vida de Hitler – Bonhoeffer foi preso e encarcerado na prisão militar de Tegel, em Berlim. A princípio, os nazistas tinham apenas acusações vagas contra ele: sua evasão do serviço militar, sua participação na “Operação 7” e suas deslealdades anteriores.Durante o tempo que passou na prisão, Bonhoeffer escreveu cartas inspirativas e poemas que hoje são considerados como clássicos cristãos. Após a publicação póstuma de Resistência e submissão, por Eberhard Bethge; pessoas de todo o mundo começaram a apreciar a criatividade incansável de Bonhoeffer em busca do significado da fé cristã. Estruturas religiosas sem significado e linguagem teológica abstrata eram respostas insípidas aos clamores das pessoas perdidas em meio ao caos e às mortes nos campos de batalha e campos de concentração. Nestas cartas, Bonhoeffer também levantava questões perturbadoras que iriam irritar os líderes da igreja. Na carta de 30 de abril de 1944, ele confidencia que “o que mais me preocupa é a questão do que o cristianismo realmente é; ou de fato quem Cristo realmente é, hoje, para cada um de nós”.Em resposta a esta questão, Bonhoeffer observava que a igreja, ansiosa por manter os privilégios clericais e sobreviver aos anos de guerra com seu status intacto, oferecia apenas, uma religião que servia a interesses próprios, tornando-se um refúgio da responsabilidade pessoal. A igreja falhara em demonstrar qualquer tipo de credibilidade moral em uma “época em que o mundo precisava dela”. A igreja tem que repudiar aqueles “adereços religiosos” que são muitas vezes confundidos erroneamente com a fé autêntica. Para ele, se Jesus é “o homem para os outros”, então a igreja somente poderá ser uma igreja de verdade quando existir para corajosamente servir às pessoas.Bonhoeffer escreveu, também, cartas à sua noiva, Maria von Wedemeyer. Ele se apaixonara por Maria em 1942, quando conheceu a família dela durante as viagens a serviço da Abwehr. Ele foi atraído por sua beleza, vivacidade e seu espírito independente. Inicialmente, a família dela foi contra a um compromisso entre eles, por ela ser muito mais jovem – ela estava com 18 anos e ele com 37. Ele também estava envolvido em ações secretas que poderiam ser perigosas para ela. Mas após sua prisão, eles anunciaram o noivado publicamente como uma forma de apoio a ele. As visitas de Maria a Bonhoeffer tornaram-se o principal sustento dele durante os primeiros dias sombrios do seu encarceramento.Uma das cartas que escreveu a Maria, fala do amor dos dois como “um sinal da graça de Deus, e de sua bondade; que nos encoraja a ter fé”. Ele acrescenta ainda, “e eu não falo de uma fé que foge do mundo, mas de algo que faz com que ele sobreviva, e cujo amor e verdade permanecem para o mundo apesar de todo o sofrimento que ele nos traz”. Campo da morte em FlossenburgEm 20 de julho de 1944, outro plano para assassinar Hitler falhou. A Gestapo, como resultado de sua rede de investigação, fechou o cerco contra os principais conspiradores, incluindo Bonhoeffer. Ele foi transferido para a prisão da Gestapo em Berlim, em outubro de 1944. Maria e Dietrich Bonhoeffer estavam completamente separados um do outro. Em fevereiro de 1945, Bonhoeffer foi mandado para o campo de concentração de Buchenwald.Em meio ao caos reinante, por causa do assalto final das tropas aliadas à Alemanha, Maria viajou por todos os campos de concentração entre Berlim e Munique, geralmente a pé, em infrutíferas tentativas de ver Bonhoeffer novamente.O que sabemos sobre aqueles últimos dias está reunido no livro The Venlo Incident (O incidente de Venlo), escrito por um companheiro de prisão de Bonhoeffer, o oficial da inteligência britânica Payne Best. Bonhoeffer e Payne Best estavam entre os “prisioneiros importantes” levados para Buchenwald. Best escreveu mais tarde sobre Bonhoeffer: “Ele foi um dos poucos homens que conheci para quem o seu Deus era real, e estava sempre junto com ele...”No dia 3 de abril, Bonhoeffer e outros presos foram colocados em um vagão de trem e levados para serem exterminados no campo de Flossenbürg. Para transportarem prisioneiros desta maneira, a sentença de morte já havia sido decretada em Berlim. Os guardas da SS cumpririam as formalidades de uma corte marcial, executariam estes inimigos do Terceiro Reich e depois destruiriam seus corpos.Em 08 de abril, eles alcançaram Schönberg, uma pequenina vila da Bavária, onde os prisioneiros eram amontoados em uma pequena escola usada temporariamente como prisão. Era o primeiro domingo depois da Páscoa, e muitos prisioneiros pediram a Bonhoeffer para liderá-los em culto e orações. Ele aceitou e meditou no livro de Isaías “E por suas chagas fomos curados”. Em seu livro, Best relembra aquele momento: “Ele tocou o coração de cada um, encontrando as palavras certas para expressar o espírito do nosso aprisionamento, os pensamentos e resoluções que isto tinha trazido”.A quietude foi interrompida assim que a porta foi aberta por dois homens, membros da Gestapo, em trajes civis. Eles ordenaram que Bonhoeffer os seguisse. Para os prisioneiros, isto só podia significar uma única coisa: que ele seria executado em breve. Bonhoeffer arrumou tempo para se despedir de cada um. Puxando Best de lado, ele falou as últimas palavras das quais se têm registro, uma mensagem para seu amigo inglês, o Bispo Bell: “Este é o fim – mas para mim, o início da vida”.Bem cedo, na manhã de 9 de abril, Bonhoeffer, Wilhelm Canaris, Hans Oster, e mais quatro outros conspiradores foram enforcados no campo de extermínio de Flossenbürg. O médico do campo, que testemunhou as execuções, se lembra de ter visto Bonhoeffer ajoelhar-se e orar antes de ser levado à forca. “Eu fiquei profundamente comovido pela maneira com a qual aquele homem amável orava: tão devotado e tão certo que Deus ouviria sua oração,” ele escreveu. “Naquele lugar de execução, ele novamente fez uma pequena oração e então subiu os degraus para a forca; corajoso e sereno... Nos quase cinqüenta anos em que trabalhei como médico, creio que jamais vi um homem morrer tão completamente submisso à vontade de Deus”.À distância, soavam os canhões do exército norte-americano do general George Patton. Três semanas depois Hitler cometeria suicídio e, em 7 de maio, a guerra na Europa estaria terminada. O nazismo contra o qual Bonhoeffer lutou sobrevive no mundo moderno sob outras formas de um mal sistemático. Mas o seu testemunho de Jesus Cristo ainda vive. Bonhoeffer continua a desafiar os cristãos a seguir Jesus até a cruz do genuíno discipulado e a ouvir o clamor dos oprimidos.Dr. Geffrey B. Kelly é professor de teologia sistemática na La Salle University, na Filadélfia, e autor de Liberating Faith: Bonhoeffer's Message for Today (Augsburg, 1984) (Liberando a fé: a mensagem de Bonhoeffer para hoje)

Não dê as costas para Deus


- Texto para reflexão: Mas tens praticado o mal, pior do que todos os que foram antes de ti, e foste fizeste para ti outros deuses e imagens de fundição, para provocar-me à ira, e me lançaste para trás das tuas costas (I Reis 14.9).

Hoje pela manhã ouvi uma canção que mexeu com o meu coração: Abraça-me de David Quinlan.
A canção diz:

“Quero ser como criança. Te amar pelo que És. [Voltar à inocência]. Voltar à inocência [E acreditar em Ti]. E acreditar em Ti. Mas às vezes sou levado pela vontade de crescer. Torno-me independente e deixo de simplesmente de crer. Não posso viver longe do Teu amor, Senhor. Não posso viver longe do Teu afago, Senhor. Não posso viver longe do Teu abraço, Senhor. [Não posso]. Não posso viver longe do Teu amor, Senhor. Não posso viver longe do Teu afago, Senhor [Abraço]. Não posso viver longe do Teu abraço, Senhor. Abraça-me, abraça-me, abraça-me, com Teus braços de amor. "Levante sua voz e peça pra Ele te abraçar". Abraça-me, abraça-me, abraça-me, com Teus braços de amor. Abraça-me. Abraça-me, abraça-me, abraça-me, [Abba Pai]. Com Teus braços de amor. Abraça-me, abraça-me, abraça-me, com Teus braços de amor. Com Seus braços de amor. [Não posso viver]. Não posso viver longe do Teu amor, Senhor. Não posso viver longe do Teu afago, Senhor. Não posso viver longe do Teu abraço, Senhor. [Eu não posso] Não posso viver longe do Teu amor, Senhor. Não posso viver longe do Teu afago, Senhor. Não posso viver longe do Teu abraço, Senhor. [Senhor]. Abraça-me, abraça-me. Abba Pai, Abba Pai. Abraça-me, abraça-me, abraça-me com os Teus braços de amor” (Composição: David Quinlan).

O que me chamou a atenção é o desejo expresso de querer ser como criança, de amar ao Senhor e de voltar à inocência. E a parte que enfatiza que não pode viver longe do amor do Senhor.
Olhando para a realidade da vida de Jeroboão percebemos um abandono destas verdades.O texto afirma que ele teve algumas atitudes terríveis diante de Deus?
· Praticou o mal, pior do que todos os que foram antes dele;
· Fez para ele outros deuses e imagens de fundição;
· Provocou a ira de Deus;
· Lançou Deus para trás das costas.

Vejam que Jeroboão não confiou em Deus e em sua promessa. Ele temeu que o povo de Israel voltasse a Jerusalém para celebrar suas festas religiosas anuais, e então decidiriam rejeitá-lo como rei. Em vez de confiar em Deus, ele pôs sua confiança em sua própria sabedoria. Para distrair o povo da verdadeira religião praticada em Jerusalém, ele instituiu engenhosas imitações dentro de Israel. Ninguém teria que ir a Jerusalém se ele lhes oferecesse uma religião substituta. Ele deu ao povo um novo conjunto de símbolos, novos sacerdotes e novos dias festivos. Com seus bezerros de ouro, ele, como Arão, ofereceu ao povo um objeto de adoração visível, que aparentemente pretendia representar o Deus verdadeiro que os tinha tirado do Egito (I Reis 12.28).
Jeroboão levou Israel a perder de vista a verdadeira adoração espiritual do coração. Ele usou sacerdotes humanos e pastores não qualificados, em vez de escolher os servos que Deus quer. Daí a afirmação de que fez pior do que todos outros.
Jeroboão tinha tudo que precisava para ser muito bem sucedido. Quando Deus mandou o profeta Aías falar com Jeroboão sobre o plano divino de lhe entregar as 10 tribos de Israel, ele prometeu a permanência da família de Jeroboão no trono, se este fosse fiel ao Senhor: Se ouvires tudo o que eu te ordenar, e andares nos meus caminhos, e fizeres o que é reto perante mim, guardando os meus estatutos e os meus mandamentos, como fez Davi, meu servo, eu serei contigo, e te edificarei uma casa estável, como edifiquei a Davi, e te darei Israel (I Reis 11.38). Ele tinha a oportunidade de estabelecer sua dinastia em Israel! Mas, houve esta condição
Esta condição de obediência foi o problema de Jeroboão. Com atos absolutamente corruputos Jeroboão virou as costas para Deus.
Este homem depois de ouvir as histórias de seus antepassados não compreendeu a dimensão da obediência como item primordial para ser rei.
Não podemos dar as costas para Deus em hipótese alguma. Quando Deus fala, devemos ouvir a sua voz sempre. Na vida de Jeroboão, Deus o chamou a atenção 5 vezes. E daí a idéia forte de que ele virou as costas para Deus. Se Jeroboão tivesse respeitado a lei já revelada, poderia ter evitado muito sofrimento (Provérbios 16.20 e 19.16).
Não podemos dar as costas para aquele que nos ama e nos quer bem. Devemos abandonar o erro e buscar um lugar para servir ao Senhor conforme a vontade dele.
É terrível alguém ouvir Deus falando: Lançaste-me para trás das tuas costas!
Em nome de Jesus não demos as costas para o Senhor, diante de quem, não podemos viver longe jamais!
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Alcindo Almeida

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Deus quer inteireza e verdade no nosso coração


- Texto para reflexão: Ora, se tu andares perante mim como andou Davi, teu pai, com inteireza de coração e com eqüidade, fazendo conforme tudo o que te ordenei, e guardando os meus estatutos e as minhas ordenanças, então confirmarei o trono de teu reino sobre Israel para sempre, como prometi a teu pai Davi, dizendo: Não te faltará varão sobre o trono de Israel. Se, porém, vós e vossos filhos de qualquer maneira vos desviardes e não me seguirdes, nem guadardardes os meus mandamentos e os meus estatutos, que vos tenho proposto, mas fordes, e servirdes a outros deuses, curvando-vos perante eles, então exterminarei a Israel da terra que lhe dei; e a esta casa, que santifiquei a meu nome, lançarei longe da minha presença, e Israel será por provérbio e motejo entre todos os povos (I Reis 9.4-7).

Ninguém vive pela metade! O espaço de vida de cada um é o que cada qual tem de inteiro. Se dura vinte ou cinqüenta anos, não faz diferença. O que conta é que uma vida é uma vida e ela deve ser vivida na perspectiva do serviço de amor e uma entrega total do nosso coração para Deus.
Na presença de Deus não existe meio amor, meia felicidade, meia vida de entrega para ele. Então, se nos sentimos nesse meio caminho, talvez seja o momento de pararmos e refletirmos um pouco na nossa existência.
A vida que Deus quer de nós é inteira, aliás, ele quer que andemos na presença dele como inteireza de coração e com eqüidade. Ele quer que façamos aquilo que ele desejou para o coração do rei mais sábio que a história já conheceu. Ele quer que façamos tudo conforme ele nos ordena na sua Palavra. E o que ela ordena?
O texto de I Reis 9 nos responde: Ora, se tu andares perante mim como andou
Davi, teu pai, com inteireza de coração e com eqüidade, fazendo conforme tudo o que te ordenei, e guardando os meus estatutos e as minhas ordenanças, então confirmarei o trono de teu reino sobre Israel para sempre, como prometi a teu pai Davi.
Deus nos convida para um processo de não apenas olhar para a Escritura, mas para guardá-la. Ele quer que olhemos as suas ordenanças porque isso trará um coração inteiro na presença dele. Quando olhamos para os preceitos de Deus com um coração completo, inteiro e verdadeiro desejamos vivê-los intensamente e com um caráter totalmente firme.
As promessas e expectativas de Deus estão colocadas diante de nós. Deus na sua infinita graça nos motiva a seguir seus caminhos e decretos que trarão bênçãos dele e respeito dos homens. Só que o texto é bem claro, o contrário, que são outros caminhos nos levam sofrer as conseqüências.
Quando lemos as Escrituras, parece ser fácil, porém, a nossa visão muitas vezes é ofuscada por causa de nossa natureza pecaminosa. Por isso, entristecemos o coração de Deus. Então todo cuidado com o nosso coração é necessário porque ele é enganoso e nos desviamos fácil do foco que é Deus. É preciso rogar ao Espírito para que nos dê inteireza de coração e verdade para vivermos com o temor dos preceitos da Palavra.
Vivemos num mundo de rápidas e profundas transformações, onde as normas, os valores e os princípios básicos da vida são constantemente mudados. De fato, a família vive hoje no meio de um mundo de tensões, divisões, contestação dos valores éticos e morais vigentes e de ruptura da unidade familiar.
Nós como igreja somos conclamados por Deus a desenvolver uma intervenção sendo instrumento de reconciliação e renovação da vivência familiar e de uma sociedade que tenha um coração inteiro, uma vida reta. O instrumento da graça de Deus para isto acontecer, somos nós como seus embaixadores.
Assumamos um compromisso diante de Deus com um coração inteiro e cheio de verdade!

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Alcindo Almeida - pastor da IP Pirituba

terça-feira, 26 de agosto de 2008


Texto para reflexão: “Se o faço de livre vontade, tenho galardão; mas, se constrangido, é, então, a responsabilidade de despenseiro que me está confiada” (1 Coríntios 9.17).

A vida de um cristão autêntico é demonstrada pela atitude de um simples despenseiro. A despensa é o local da casa, palácio, escola, hospital onde se guardam os mantimentos. O despenseiro é o encarregado que cuida da despensa. Ele é o responsável pelo controle dos gêneros armazenados, fornecendo os víveres sempre que forem requisitados.
Como ecônomo, precisa tomar cuidado com a previsão, para poder moderar a provisão da casa. Ele é o administrador que tem o encargo de vigiar o estoque e atender a demanda, para que não falte suprimento, tanto na despensa, como na cozinha. Paulo aqui se compara com um despenseiro e apresenta a particularidade efetiva da mordomia cristã. Nas fronteiras do Reino de Deus não há senhores ou proprietários de coisa alguma. Todos os servos de Cristo são somente mordomos nesse mundo. “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam.” Salmos 24:1. O Senhor é o único dono do mundo, e nós somos seus mordomos.
A verdade capital da mordomia cristã aponta para tudo o que tocamos como propriedade de Deus. Ele é o titular do universo, amo e patrão de toda a criatura, que mediante a sua graça nos permite gerenciar algumas coisas. Mordomia cristã é algo semelhante com a postura de Potifar ao admitir José como o superintendente de todos os seus bens. “Potifar tudo o que tinha confiou às mãos de José, de maneira que, tendo-o por mordomo, de nada sabia, além do pão com que se alimentava. José era formoso de porte e de aparência.” Gênesis 39:6.O cristão não é proprietário de coisa alguma nesse mundo, mas um mero criado responsável pela administração do patrimônio de Deus. Mas tenha cuidado, pois um gerente pode ser displicente na sua tarefa, outro pode gerir determinado apenas pelo dever, enquanto outro ainda pode ser um gestor motivado pelo poder sublime do amor. Lembre-se que, você e eu não somos cristãos por acidente. Deus nos escolheu por sua graça para sermos participantes do seu Reino e mordomos dos seus bens. E a graça não torna a mordomia algo opcional. A obediência diligente e alegre é a marca distintiva de uma mordomia verdadeira. “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” 1 Pedro 4:10.
A mordomia na esfera da graça não é uma alternativa para gente inconsistente, nem um mero dever para uma turma bem-mandada. Creio que o assunto vá além do que afirmou Paul Rees quando disse que, a mordomia não é um ato de deixar uma gorjeta sobre a mesa de Deus. É uma confissão de uma dívida impagável contraída no Calvário. O formato da oferta na vida do crente é mais do que uma expressão de gratidão ou o impulso de ressarcir uma dívida. É o testemunho vivo de uma libertação profunda quanto ao domínio dos bens na vida dos seres humanos. Poucas coisas são tão poderosas como a amabilidade, e nada é tão amável como a generosidade. “Porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade.” 2 Coríntios 8:2.A mordomia cristã é a graça de Deus libertando os seus filhos da tirania da posse, e concedendo a alegria de participar no projeto mais saudável, na edificação dos outros e na promoção do seu Reino aqui na terra. Por outro lado, Deus tem um método secreto para recompensar seus santos. Ele toma providência para que eles se tornem os primeiros beneficiados por sua própria beneficência. A alegria da generosidade é a retribuição mais eloqüente desse serviço, de modo que já está recompensado, quem contribui com alegria. J Blanchard diz que a alegria é o resultado natural da obediência do cristão à vontade revelada de Deus. Se não há alegria na vida cristã, alguma coisa está errada. A mordomia do crente não é uma mera obrigação fomentada por um dever moral. A questão ainda é a mesma. Se você ama a Cristo, o amor é a resposta da alegria em contribuir. “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.” 2 Coríntios 9:7. O dízimo não é uma gratificação pelos serviços do garçom. Deus não age na base da recompensa e a fidelidade movida pelo interesse não faz parte dos estímulos da graça. Quando a Bíblia fala de dízimo não está se referindo a uma propina para merecer a bênção, muito menos, uma remuneração pelo arrendamento dos bens. O dizimo é o piso a partir do qual caminhamos na estrada da liberalidade. Ser um despenseiro no Reino de Deus é ser um agente da graça na administração fiel dos recursos que lhes são confiados. A fidelidade é um dos constitutivos da generosidade cristã. “Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel.” 1 Coríntios 4:2. João Crisóstomo, um dos pais da igreja, dizia que, a fidelidade em coisas pequenas é uma grande coisa. Para Jesus, tanto a fidelidade como a injustiça, sempre partem do pouco para o muito. “Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito.” Lucas 16:10. William Plumer também afirmava: “Aquele que não é liberal com o que tem, simplesmente engana-se a si mesmo quando pensa que seria liberal se tivesse mais”. O crente que é fiel no pouco que tem, dificilmente será infiel quando tiver muito. O temor reverente a Deus e um amor evidente pelo Senhor Jesus Cristo são as causas da fidelidade em quaisquer circunstâncias. Creio que, se há uma coisa que golpeia hoje o coração do Senhor da igreja, com intensa dor, esta não é mais a iniqüidade do mundo, pois o Senhor já pagou a conta do pecado, mas é a infidelidade da sua igreja.Joseph Parker insiste: “O que o mundo necessita hoje é de homens que tenham visto a seu Senhor. A visão da fé fomenta a fidelidade”. Todo aquele que é um genuíno resultado da fidelidade de Deus, não pode se enveredar pelas ruas da traição. O despenseiro de Deus não dispensa a fidelidade nas pequenas coisas. Gosto desse pensamento de Elton Trueblood: “Se a fé de um homem não afeta a sua algibeira, então a sua fé é fingida. Mas, a maneira como se dá, vale mais do que aquilo que se dá”. O pouco da oferta da viúva pobre, dado com desprendimento, valia mais do que o muito oferecido pelos ricos arrogantes.
Antes de você se tornar um ofertante, você deve ser transformado em uma oferta, como os crentes da Acaia. “E não somente fizeram como nós esperávamos, mas também deram-se a si mesmos primeiro ao Senhor, depois a nós, pela vontade de Deus;” 2 Coríntios 8:5. Quem não se dá ao Senhor de todo coração, não consegue dar com júbilo, no seu coração. Finalmente, onde devemos contribuir? Com quem devemos colaborar? Estas são algumas questões que muitos crentes desejam se inteirar, para contribuir com segurança. A Escritura mostra que você deve cooperar com o ministério onde recebe o alimento espiritual. A expressão tosca deste roceiro pode ilustrar este ponto. A ovelha sempre aduba a pastagem onde come. O método voisin que multiplica os piquetes favorece o tema, já que o gado fertiliza o capim onde pasta. “Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas àquele que o instrui.” Gálatas 6:6. Participe materialmente com os que partem e repartem o pão espiritual. Contribua com a comunidade onde você compartilha a sua fé. Colabore com os santos que pela graça de Deus são os instrumentos para a pregação legítima do verdadeiro evangelho e que promovem a edificação do corpo de Cristo. Seja fiel à vontade do Senhor, comprometido com a sua missão nesse mundo.Busque no Senhor a direção para ser uma bênção nos projetos que são abençoados por ele. Lembre-se que você é mordomo e não dono, por isso, não seja omisso nesse compromisso, nem veja nisso um ensejo para vangloriar-se pelo fato de poder contribuir. Toda glória pertence a Deus, e ao despenseiro cabe tributar com alegria e desprendimento, louvor e glória ao Senhor que lhe fez participante do seu Reino. Aleluia! Amém.

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Glenio Fonseca Paranaguá é psicólogo e pastor titular da I Igreja Batista em Londrina, Paraná.

LIDANDO COM O FRACASSO


- Texto para reflexão: “Porque todos tropeçamos em muitas coisas” (Tiago 3.2).

Voltando aos Jogos Olímpicos de Pequim (Beijing 2008), assistimos nesses últimos dias decisões em várias modalidades esportivas ali disputadas. A busca por uma medalha, o estabelecimento de um novo recorde, a competição cada vez mais difícil entre uma eliminatória e outra, tudo vem trazendo emoção e expectativas em centenas de atletas e milhões de torcedores ao redor do mundo.
Se por um lado vemos cenas de alegria e júbilo dos atletas que conquistam suas vitórias, celebrando-as intensamente e vibrando com murros no ar, sorrisos, abraços e lágrimas incontidas ante ao êxtase (como o nadador brasileiro César Cielo), vimos também lágrimas de dor, de choro, de tristeza, de revolta, de frustração e de sentimento de fracasso.
São rastros que vão ficando para trás, mas que deixam marcas na vida de muitos atletas que viram seu sonho, seus esforços, dedicação, preparação, determinação e perseverança sendo colocados à prova, e muitas vezes transformados em derrotas ante seus adversários.
Não podemos esquecer o pedido de desculpas de nosso ginasta Diego Hypólito por não ter conseguido o pódio esperado, ante uma queda inesperada. As lágrimas de Jade ou de Daniela dos Santos. Além de muitos anônimos nacionais ou estrangeiros. Ou mesmo de estrelas de primeira grandeza como o astro chinês Liu Xiang, corredor dos 110 m com barreiras, e que, ante uma contusão, abandonou na largada a corrida, e fez a China chorar.
Certamente não é nada fácil lidar com nossos fracassos. Lidar com nossa glória é mais leve, embora não menos perigoso. Mas, lidar com nossos fracassos, realmente não é nada fácil.
Isso porque todos queremos o sucesso. “Sucesso é mover-se de um fracasso para outro sem perder o entusiasmo”. Winston Churchill.
É sob essa ótica que gostaria de fazer algumas considerações que nos ajudarão a lidar com os nossos fracassos:

I – TODOS ESTAMOS EXPOSTOS AO FRACASSO.
As circunstancias poderão ser as mais variadas possíveis, mas todos estamos expostos ao fracasso. E quem não tem medo de enfrentar o fracasso? No trabalho, na vida profissional, nos relacionamentos?
Quem poderia imaginar a cena vivida essa semana pela atleta brasileira de salto com vara para mulheres (Fabiana Murer) que após anos de preparação e expectativas vê seu sonho transformar-se em pesadelo, decepção e frustração, ante o sumiço de uma das varas preparadas por ela para a competição? Estresse, nervosismo, desconcentração e choro marcaram seu fracasso.
A verdade é que ele pode vir travestido em diversas e variadas situações e circunstancias, mas estamos sempre expostos a ele.
Às vezes nem mesmo o nosso melhor é suficiente para nos livrar do fracasso. O próprio medo do fracasso nos expõe a ele. E esse medo se torna inibidor de talentos.
Quantas pessoas em vez de tentar alguma coisa nova, preferem a mediocridade ante a oportunidade? Quantos cristãos em vez de aceitar o convite para fazer diferença no mundo, optam pela omissão e o silêncio para não se arriscarem?

II – APRENDA A LIDAR COM O FRACASSO.
Lembro-me de meu primeiro trabalho na Faculdade. Era um trabalho sobre a História de Israel. Acostumado com o sucesso dos quadros de medalhas na minha escola, preparei um trabalho impecável sobre o tema proposto. Só esqueci de ser original e autentico. Ele foi “amavelmente” explodido pelo professor. Senti-me um fracasso.
Depois de uma longa conversa com o professor, ele sorriu paternalmente e disse: “Pelo menos você nunca vai esquecer seu primeiro trabalho de História”.
A verdade é que todos erramos. O fracasso não se trata de uma questão pessoal. Você não é o próprio fracasso. O fracasso é uma circunstancia, nunca uma característica pessoal. Pense a respeito dessas palavras.
“Obstáculos são ingredientes indispensáveis a uma vida bem-sucedida. Cada problema é uma oportunidade para um sério e maduro confronto. Desperdiçar essa oportunidade é comprometer seu próprio futuro”. Og Mandino
No momento em que começar a interpretar o fracasso corretamente, você dará seu primeiro e gigantesco passo em direção à maturidade.

III – COMPREENDA: É PRECISO FAZER UMA LEITURA DA VIDA LEVANDO SEMPRE DEUS EM CONTA.
É por isso que você precisa começar a aprender a enxergar o fracasso a partir do ponto de vista de Deus. Isso porque o medo do fracasso não vem de Deus. Aliás, o fracasso faz parte da vida. Ele costuma ser um dos ingredientes mais importantes na receita do sucesso, e o preço que se paga pelo crescimento pessoal.
Você pode fracassar! “Porque todos tropeçamos em muitas coisas.” (Tg 3:2).
Todos tropeçamos e falhamos. Não só em uma ou outra coisa, mas, de muitas maneiras. Isso faz parte do processo de crescimento pessoal.
Deus costuma realizar grandes coisas em nossas vidas a partir dos nossos fracassos. Pergunte-se: “O que Deus deseja me ensinar?” Aquilo que acontece em você é mais importante do que aquilo que acontece com você. Podemos crescer com o fracasso quando adquirimos experiência na arte de vencê-lo.
Concluindo:

Creia: Com Deus, você pode vencer o fracasso.
Provérbios 24:16 afirma: “... ainda que o justo caia sete vezes, tornará a erguer-se...”. A Bíblia nos ensina que as pessoas íntegras são aquelas que vivem na dependência total de Deus. Quando caímos, podemos nos levantar com a ajuda de Deus. Se a queda se repetir, Ele está ali, pronto para nos ajudar. E Ele nunca falha!
O problema não é termos falhado, mas que não falhamos o suficiente. Tentamos ainda uma vida autônoma, auto-suficiente, cheia de orgulho.
O que queremos provar? Quem você está querendo impressionar?
Alivie a pressão. Ele estará com você através de tudo: vitórias e fracassos; dias brilhantes ou de tristeza. Ele o guiará, ensinará e irá com você.
Em Cristo......

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Pr. Hilder C Stutz - IP Alphaville.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Lançamento da coleção de livros
"Dores, lágrimas e alegrias nos Salmos"Reflexões no Livro de Salmos - Volumes I, II e III (Salmos 1-150)
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Quero convidá-los juntamente com suas famílias para o lançamento da coleção de Salmos que escrevi.
Será na IP Pirituba no dia 30 de agosto de 2008.
Neste sábado às 19:00 horas teremos a pregação pelo Pr. Glênio Fonseca. Ele é pastor da Primeira Igreja Batista em Londrina, no Paraná há mais de 30 anos.
Não deixem de participar deste tempo precioso e agendem esta data agora.
O preço da coleção de Salmos é de 77,00. Mas, no dia 30 e tão somente neste dia será vendida pelo valor de 30,00.
Um abraço e até lá se o Pai permitir...
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IGREJA PRESBITERIANA DE PIRITUBA
R. Joaquim de Oliveira Freitas, 2466

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Todos os homens se prostram diante do Senhor dos Exércitos


- Texto para reflexão: A arca do Senhor ficou na terra dos filisteus sete meses. Responderam eles: Se enviardes a arca do Deus de Israel, não a envieis vazia, porém sem falta enviareis a ele uma oferta pela culpa; então sereis curados, e se vos fará saber por que a sua mão não se retira de vós. Então perguntaram: Qual é a oferta pela culpa que lhe havemos de enviar? Eles responderam: Segundo o número dos chefes dos filisteus, cinco tumores de ouro e cinco ratos de ouro, porque a praga é uma e a mesma sobre todos os vossos príncipes. Fazei, pois, imagens, dos vossos tumores, e dos ratos que andam destruindo a terra, e dai glória ao Deus de Israel; porventura aliviará o peso da sua mão de sobre vós, e de sobre vosso deus, e de sobre vossa terra: Por que, pois, endureceríeis os vossos corações, como os egípcios e Faraó endureceram os seus corações? Porventura depois de os haver Deus castigado, não deixaram ir o povo, e este não se foi? Agora, pois, fazei um carro novo, tomai duas vacas que estejam criando, sobre as quais não tenha vindo o jugo, atai-as ao carro e levai os seus bezerros de após elas para casa. Tomai a arca de Senhor, e ponde-a sobre o carro; também metei num cofre, ao seu lado, as jóias de ouro que haveis de oferecer ao Senhor como ofertas pela culpa; e assim a enviareis, para que se vá. Reparai então: se ela subir pelo caminho do seu termo a Bete-Semes, foi ele quem nos fez este grande mal; mas, se não, saberemos que não foi a sua mão que nos feriu, e que isto nos sucedeu por acaso. Assim, pois, fizeram aqueles homens: tomaram duas vacas que criavam, ataram-nas ao carro, e encerraram os bezerros em casa; também puseram a arca do Senhor sobre o carro, bem como e cofre com os ratos de ouro e com as imagens dos seus tumores. Então as vacas foram caminhando diretamente pelo caminho de Bete-Semes, seguindo a estrada, andando e berrando, sem se desviarem nem para a direita nem para a esquerda; e os chefes dos filisteus foram seguindo-as até o termo de Bete-Semes. Ora, andavam os de Bete-Semes fazendo a sega do trigo no vale; e, levantando os olhos, viram a arca e, vendo-a, se alegraram (I Samuel 6.1-13).

Vejam que o texto diz no versículo 1 do cap. 6 que a arca do Senhor ficou na terra dos filisteus sete meses. Eles resolvem devolver a Arca e demonstram a reverência e o reconhecimento de que o Deus de Israel vive. Eles mandam oferta pela culpa. Os sacerdotes estipulam cinco tumores de ouro e cinco ratos de ouro. E pedem para os filisteus darem glória ao Deus de Israel. Porque assim, ele aliviaria o peso da sua mão de sobre eles e de sobre a terra deles.
Alem disso, os sacerdotes dizem no versículo 8 para eles tomarem a arca de Senhor, e colocá-la sobre o carro, colocar num cofre, ao seu lado, as jóias de ouro que eles haveriam de oferecer ao Senhor como ofertas pela culpa. E no versículo 13 quando a Arca passa pelos de Bete-Semes que estão fazendo a sega do trigo no vale, eles vendo-a, se alegraram. E quando eles olham para dentro da Arca, o Senhor os fere. Cinqüenta mil e setenta homens são feridos com morte. E a grande indagação deles é: Quem poderia subsistir perante o Senhor, este Deus santo? E para quem subirá de nós?
Que coisa extraordinária! Todos os homens prostram-se diante do criador. É como Calvino mesmo diz que: “A aparência do céu e da terra compele até mesmo os ímpios a reconhecerem que algum criador existe” (CALVINO, João. Exposição de Hebreus. São Paulo: Parakletos, 1997 - Hb 11.3, p. 299).
Todos os reinos, povos e nações reconhecem que há um criador, um ser superior no universo. De fato, Deus é criador. E aqui no texto, basta Deus se manifestar através de uma arca. A arca é o mover de Deus para que os filisteus reconheçam a majestade e glória de Deus. Basta os de Bete-Semes olharem para dentro da arca e verem o grande poder de Deus.
Aqui através da arca, percebemos que os homens se prostram e aprendem que o panteísmo é nulo, é irreal (N.L. GEISLER & P.D. FEINBERG. Introdução à Filosofia. p. 220). Porque o mesmo diz que tudo, todas as coisas são imanentes e que não há nenhuma realidade transcendente; por isso, deus e o mundo formam uma unidade essencial, sendo, portanto, a mesma coisa. Daí a negação da transcendência de Deus visto que ele se confunde com a própria matéria, sendo esta a própria manifestação de Deus.[1]
Deus é verdadeiro e faz com que através de um simples objeto, a sua majestade, o seu poder sejam manifestos para que reconheçam quem ele é.
Vejam que temos o Deus criador que se manifesta sim. Não temos um Deus frouxo, um deus deísta que largou a sua criação e deixa a coisa rolar. Não temos um Deus frio, distante, mas um Deus que evidencia o seu poder e faz com que toda boca confesse que ele é Senhor. Que faz com que todo joelho se dobre perante sua majestade e glória.
Ele mesmo que faz com que um Nabucodonosor que constrói uma estátua para a sua própria adoração, diga: Agora, pois, eu Nabucodonosor, louvo e exalto e glorifico ao Rei do céu, porque todas as suas obras são verdadeiras, os seus caminhos justos, e pode humilhar aos que andam na soberba (Dn. 4.37).
Encerro esta reflexão citando uma canção que expressa a grandeza e majestade deste Deus a quem servimos:

Deus supremo és Soberano em glória.
És incomparável em tua formosura.
És incomparável em tua majestade.
Não há outro Deus como Jeová.
Não há outro Deus além do Senhor.
Não há no céu, não há na terra.
Não há no mar Deus como o Senhor.

Que a graça do Pai caia sobre nós para que valorizemos a honra de termos este poderoso Deus no nosso coração.

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[1] O termo foi usado pela primeira vez em 1709 por Fay; seu adversário, J. Toland, usara em 1705 a expressão “panteísta”. (Cf. Panteísmo: In: N. ABBAGNANO, Dicionário de Filosofia, p. 712; Panteísmo: In: A. LALANDE, Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia, p. 786. Para uma abordagem do conceito panteísta através da História, Vd. Panteísmo: In: Russel N. CHAMPLIN & João M. BENTES, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, Vol. 5, p. 40-41.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O pecado envergonha e traz conseqüências horríveis para nós


- Texto para reflexão: Então pelejaram os filisteus, e Israel foi derrotado, fugindo cada um para a sua tenda; e houve mui grande matança, pois caíram de Israel trinta mil homens de infantaria. Também foi tomada a arca de Deus, e os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, foram mortos. Então um homem de Benjamim, correndo do campo de batalha chegou no mesmo dia a Siló, com as vestes rasgadas e terra sobre a cabeça. Ao chegar ele, estava Eli sentado numa cadeira ao pé do caminho vigiando, porquanto o seu coração estava tremendo pela arca de Deus. E quando aquele homem chegou e anunciou isto na cidade, a cidade toda prorrompeu em lamentações. Ora, Eli tinha noventa e oito anos; e os seus olhos haviam cegado, de modo que já não podia ver. E disse aquele homem a Eli: Estou vindo do campo de batalha, donde fugi hoje mesmo. Perguntou Eli: Que foi que sucedeu, meu filho? Então respondeu o que trazia as novas, e disse: Israel fugiu de diante dos filisteus, e houve grande matança entre o povo; além disto, também teus dois filhos, Hofni e Finéias, são mortos, e a arca de Deus é tomada. Quando ele fez menção da arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, junto à porta, e quebrou-se-lhe o pescoço, e morreu, porquanto era homem velho e pesado. Ele tinha julgado a Israel quarenta anos. E estando sua nora, a mulher de Finéias, grávida e próxima ao parto, e ouvindo estas novas, de que a arca de Deus era tomada, e de que seu sogro e seu marido eram mortos, encurvou-se e deu à luz, porquanto as dores lhe sobrevieram. E, na hora em que ia morrendo, disseram as mulheres que estavam com ela: Não temas, pois tiveste um filho. Ela, porém, não respondeu, nem deu atenção a isto. E chamou ao menino de Icabô, dizendo: De Israel se foi a glória! Porque fora tomada a arca de Deus, e por causa de seu sogro e de seu marido. E disse: De Israel se foi a glória, pois é tomada a arca de Deus (I Samuel 4.10-22).

No versículo 10 diz que Israel foi derrotado e fugiu diante dos filisteus. A derrota realmente foi grande. Trinta mil homens caíram. A Arca do Senhor foi tomada por eles. Esta foi a primeira conseqüência do pecado do povo. A segunda foi a morte de Hofni e Finéias.
O texto continua no versículo 12 e afirma que um homem de Benjamim, correndo do campo de batalha chegou no mesmo dia a Siló, com as vestes rasgadas e terra sobre a cabeça. E ele dá a notícia a Eli que está sentado numa cadeira ao pé do caminho vigiando. Porque o seu coração estava tremendo pela arca de Deus.
O texto diz no versículo 13 que quando aquele homem anunciou isto na cidade houve mais uma conseqüência do pecado, o povo foi acometido de uma grande lamentação.
No versículo 14 diz que Eli ouvindo a voz do lamento, perguntou: Que quer dizer este alvoroço? Então o homem, apressando-se, chegou e o anunciou a Eli. E Eli que tinha noventa e oito anos; e os seus olhos haviam cegado, de modo que já não podia ver, recebe a notícia de que os seus dois filhos, Hofni e Finéias, morreram e a arca de Deus foi tomada.
E quando ele fez menção da arca de Deus, Eli caiu da cadeira para trás, junto à porta, e quebrou-se-lhe o pescoço, e morreu, porquanto era homem velho e pesado.
Mas, a coisa não pára por aí. O texto afirma que a sua nora, a mulher de Finéias, estava grávida e próxima do parto, e ouvindo estas novas, de que a arca de Deus era tomada, e de que seu sogro e seu marido eram mortos, encurvou-se e deu à luz, porquanto as dores lhe sobrevieram. E, na hora em que ia morrendo, disseram às mulheres que estavam com ela: Não temas, pois tiveste um filho. Ela, porém, não respondeu, nem deu atenção a isto.
E o texto diz que chamou ao menino de Icabô, dizendo: De Israel se foi a glória! Porque fora tomada a arca de Deus, e por causa de seu sogro e de seu marido. E ela disse no versículo 22: E disse: De Israel se foi a glória, pois é tomada a arca de Deus.
O pecado é algo que tira de maneira profunda a nossa comunhão como o Pai e traz conseqüências terríveis para o nosso coração. Pois Icabô aqui no texto foi-se a glória de Israel – era a referência à Arca de Deus que havia sido tomada.
O pecado do povo trouxe esta conseqüência ruim para o povo e para toda a família de Eli. Pois, morreram Hofni, Finéias, o próprio sacerdote da casa de Deus – Eli e a sua nora.
Tomemos cuidado profundo com o pecado. Ele perverte a nossa relação com o Pai. Ele faz com que a nossa glória da comunhão se afaste de nós. Ele gera morte, inquietação ele quebra os relacionamentos, ele separa, ele causa vergonha como vimos no texto. O povo de Israel teve de passar a vergonha de fugir dos filisteus cada um para a sua tenda. O pecado é aquilo que faz o nosso coração endurecer e provoca em nós uma cegueira e surdez profundas diante de Deus.
Cuidado com o pecado meu querido irmão, pois como diz Cornelius Plantinga no seu livro: Não era para ser assim: “Pecado é uma fera rosnando à porta, é o rompimento da harmonia criada e a resistência à restauração divina dessa harmonia” (PLANTINGA, Cornelius Não era para ser assim. São Paulo: CEP, 1998, p. 19).
Pecado é uma nódoa, uma mancha na relação com o nosso Pai. O pecado quebra o Shalom que temos com a Trindade (PLANTINGA, pp. 26 e 27).
Vejam os resultados disto na vida da família de Eli e para todo o povo de Israel. O pecado deles infectou todo o Israel, acabou com o Shalom que havia em Israel e só gerou desgraça, tristeza e morte de 34 mil homens, mais Hofni, Finéias, Eli e sua nora.
Olhem para a afirmação de Davi no Salmo 31 e 32. No Sl. 31.9 ele diz: Tem compaixão de mim, ó Senhor, porque estou angustiado; consumidos estão de tristeza os meus olhos, a minha alma e o meu corpo. 10 Pois a minha vida está gasta de tristeza, e os meus anos de suspiros; a minha força desfalece por causa da minha iniqüidade, e os meus ossos se consomem.
No Salmo 32 ele diz que enquanto ele guardou silêncio, consumiram-se os seus ossos, pelo seu bramido durante o dia todo. No vers. 4 diz que de dia e de noite, a mão do Pai pesava sobre ele; o seu humor se tornou em sequidão de estio. Ele queria dizer que o seu coração tornou-se um feixe de palha seca, que não servia para nada.
Fujamos do pecado como quem foge de uma peste, de um vírus. Façamos como Davi que dizia: Confessei-te o meu pecado, e a minha iniqüidade não encobri. Disse eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado. (Sl. 32.5).
Corra dele, se afaste dele, busque a graça do perdão de Deus. Porque do contrário, experimentaremos a falta do Shalom de Deus Pai na nossa vida. Não deixe que a corrupção no seu coração, por causa do pecado, perturbe o Shalom de Deus no coração. Não deixe que esta experiência do Icabô faça parte da sua caminhada com o Pai.
Peçamos graça sobre graça da parte do nosso Senhor.
Que ele nos ajude em nome de Jesus!
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Alcindo Almeida