terça-feira, 27 de novembro de 2007

A graça de Deus é a marca da nossa vida


- Texto para reflexão: E por derradeiro de todos apareceu também a mim, como a um abortivo. Pois eu sou o menor dos apóstolos, que nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo (I Cor. 15.8-11).

Fenelon foi um conselheiro do padre Tronson. E ele também tenta ensinar o neto de Luís XIV, o Duque de Edimburgo, um garoto cheio de orgulho e arrogante como o seu avô. Então Fenelon diz: Vê se lembra que você é o presente da graça de Deus. Diga para você mesmo eu sou, eu mesmo o presente da graça de Deus para mim. Ele me deu a mim mesmo (HOUSTON, 2003, 144).
Paulo afirma que Deus ordenou a sua vida muito antes dos seus pais o formarem. Temos de reconhecer que apesar de às vezes, nos desesperamos por causa das influências negativas que desgastaram, marcaram e aleijaram a nossa identidade, este não é o nosso último destino. Paulo afirma neste texto que embora seja convertido depois de ter feito coisas terríveis, como perseguir a igreja de Deus. Ele é um filho da graça de Deus, ele é um predestinado, eleito de Deus pela graça.
Paulo nos diz que fomos predestinados em amor (Ef. 1.4). Nós fomos adotados para sermos um dos seus filhos através de Jesus Cristo de acordo com a sua boa vontade. Lemos a história de Paulo para que nós entremos na história nós mesmos. Falar de uma história é falar de evento. E o evento de Deus na nossa vida é a sua redenção pela graça. E o propósito da história de Paulo é ser contada para ser repetida. Nós entramos dentro dela e a experimentamos em nós mesmos. Olhem que evento histórico profundo da redenção em Paulo:

1. Deus apareceu a ele como a um abortivo: a idéia aqui é nascido fora do tempo. É mais ou menos a mesma palavra que vemos no Velho Testamento: que do Egito eu chamei o meu Filho. Paulo é escolhido para ser um filho de Deus já depois de longa data e nem imaginaria que depois de perseguidor da igreja de Deus, seria considerado perseguido por causa do Evangelho da graça de Deus. Ele quer contar e repetir esta história da graça de Deus em sua vida. Ele não pode se calar porque isto é o poder de Deus em transformar um homem duro e insensível quanto ao Evangelho. Ele mostra que Deus não apareceu somente aos doze apóstolos no seu estado glorioso, mas também a ele na estrada de Damasco e isto lhe daria a graça de ter autoridade como apóstolo de Jesus Cristo. Paulo considera isto como graça de Deus marcante em sua vida. A sua transformação foi tão marcante e tão radical e gerou tanta transformação que parece ter sido fora do tempo (CALVINO, 1996, 452).


2. Ele se considerava o menor dos apóstolos: Paulo dizia que nem era digno de ser chamado apóstolo, porque perseguiu a igreja de Deus. Ele achava que não merecia esta condição de autoridade como servo de Deus porque foi o grande perseguidor da igreja. Ele presenciou a morte de Estevão, concordou com a morte de outros cristãos. E isto fazia com que Paulo se considerasse o menor diante de todos. Ele via tão somente a graça de Deus de maneira marcante em sua vida para fazê-lo apóstolo do Evangelho.


3. Pela graça de Deus ele foi escolhido: pela graça de Deus Paulo diz que era um novo homem. Pela graça de Deus ele foi vaso de honra e a esta graça para com ele não foi vã. Antes trabalhou muito mais do que todos. Mas, ele volta a afirmar que não foi ele, mas a graça de Deus que estava sempre com ele. É a graça que opera em Paulo, não é ele que trabalha sozinho, é a graça que faz tudo em Paulo, o capacita e traz os resultados do Evangelho usando-o como instrumento. A graça é a operação profunda de Deus para Paulo ser quem é.
A história da graça de Deus na vida é tão marcante que Paulo quer contar, contar e contar. Assim como Fenelon ensinou o neto de Luís XIV, o Duque de Edimburgo que ele era o presente da graça de Deus, nós devemos nos lembrar também que somos o presente da graça de Deus. Nada nos torna melhores ou significativos a não ser a graça de Deus. Somos o que somos pela graça. Somos escolhidos pela graça, temos saúde pela graça, temos fé pela graça, temos esperança na eternidade pela graça. Temos uma família pela graça de Deus que é marcante em nossa vida. Ainda respiramos, andamos, comemos pela graça de Deus. Somos do Evangelho pela graça, somos servos mesmo pecadores, tudo pela graça de Deus em nós!

Pr. Alcindo Almeida

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Buscando o essencial, não aquilo que é corriqueiro.


(Ler o texto de João 6.38)

Na nossa vida no envolvemos com diversas coisas. Gastamos mais ou menos 3 horas em estudos na Faculdade, no Mestrado ou no doutorado. Damos 8 horas diárias para o serviço. Alguns gastam uma média de 1 hora no Computador. Outros pelo menos 2 horas no futebol, vôlei, natação e ginástica, isto pelo menos duas vezes por semana. Nós gastamos uma média de 1 hora 1/2 diariamente na frente da TV. Nós investimos uma média de 2 horas semanais para algum hobby. O total destas horas é de 17 horas e 30 minutos.
A verdade é que nos deparamos com esta realidade e percebemos que não prestamos atenção na diferença entre o essencial e o urgente. Permitindo que as coisas urgentes e corriqueiras governem o nosso tempo, nunca faremos aquilo que é essencial e estaremos sempre descontentes. O problema básico é como estabelecemos a nossa prioridade. Jesus afirma em João 6.38 o que era essencial para a sua vida. Ele diz: “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou”.
O essencial para Jesus era mais precioso do que o corriqueiro.
A vontade de Deus na sua vida era a coisa mais preciosa e essencial no ministério aqui na terra. Ele não se deixava levar pelas atividades diárias no seu caminho e atrapalhar o que ele desejava, a vontade do Pai no seu coração. Não deixemos o ministério vacilar em função das coisas corriqueiras, pratique esportes, vá ao cinema, curta a esposa, os filhos. Mas, não deixemos de estar no centro da vontade de Deus que é o essencial em toda a nossa caminhada.
Não deixemos de buscar o querer e o propósito do Pai para o nosso coração, pois experimentaremos a graça de viver em função do melhor que é Cristo no centro de tudo.

Alcindo Almeida

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A realidade da estrutura humana


- Texto para reflexão: O homem, nascido de mulher, vive breve tempo, cheio de inquietação. Nasce como a flor e murcha; foge como a sombra e não permanece. Porque há esperança para a árvore, pois, mesmo cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus rebentos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e no chão morrer o seu tronco, ao cheiro das águas brotará e dará ramos como a planta nova (Jó 14.1-2;7-9).

A palavra sofrimento diz respeito aos infortúnios que são da vida humana. E Jó é campeão bíblico em falar de sofrimento. Ele é tão sofredor que tem uma visão correta dos limites da criação. Ele diz que É dito que o homem, nascido de mulher vive breve tempo, cheio de inquietação. Que texto atual não!
Vivemos um tempo mui breve mesmo. Passamos pela vida como uma nuvem mesmo. As coisas vão acontecendo e quando olhamos já foram anos da vida. E percebemos que os dias são de aflições e de inquietações. São as contas que não conseguimos pagar. São as oportunidades que escapam das nossas mãos. São as perdas de queridos que amávamos e não veremos mais. A nossa vida é cheia de inquietação e tristezas. Convivemos com a tristeza e com a alegria, com a decepção e com as conquistas, com as chateações e realizações, com a morte e com a vida, com a juventude e com a velhice. E de certa forma isto vai se parecendo com a afirmação de Jó sobre a flor que vem e murcha e com a sombra que vai embora rápido. Só que o texto não para aí. Qual a esperança diante de tanta realidade sobre a nossa estrutura?

1. Há esperança para nós em Cristo Jesus:

Ele continua e nos versículos 7 a 9 vemos que há esperança para nós mesmo diante da realidade da nossa brevidade como seres humanos e mesmo no meio de aflições.
Há esperança para a árvore, pois, mesmo cortada, ainda se renovará e não cessarão os seus rebentos. Jó diz mais: Se envelhecer na terra a sua raiz e no chão morrer o seu tronco, ao cheiro das águas brotará e dará ramos como a planta nova.
O que isto quer dizer? É que mesmo no meio das aflições do tempo presente, mesmo no meio de todas as tristezas. Tudo isto não se compara à glória que será revelada em nós (ver Cl. 3.4; II Ts. 1.7-12; 2.14; I Pe. 1.13; 4.14; I Jo. 3.2).

2. Somos os ramos da videira celestial.

Nada, absolutamente nada pode nos roubar a esperança em Jesus. O futuro que está reservado à nós em Cristo mesmo diante das aflições do tempo presente, é melhor do que a brevidade e dificuldades que passamos. Há esperança para nós. É nesta bendita esperança que podemos descansar, convictos de que nada nos separará do amor de Cristo (Rm. 8.35). As tribulações, angústias, perseguições, fome, nudez, perigo ou espada. As circunstâncias do tempo presente nada podem contra aqueles que estão guardados em Cristo Jesus (Jr. 31.3; Jo. 10.28; 13.1; II Ts. 2.13-16). O amor de Cristo é revelado a nós por meio do Pai e isto traz esperança viva no coração. E isto nos torna pessoas cheias de esperança e com numa visão correta acerca da estrutura humana. Como C. S. Lewis afirma:

“Nós somos, não em metáfora mas verdadeiramente, uma obra-de-arte divina, algo que Deus está fazendo, e portanto, algo com o qual ele não ficará satisfeito até que possua umas tantas e determinadas características. Defrontamos de novo aqui com aquilo a que dei o nome de "elogio insuportável". O artista pode não se preocupar muito com o esboço feito com negligência para divertir uma criança: ele pode deixá-lo ficar como está, mesmo que não seja exatamente aquilo que pretendia que fosse. Mas em relação ao grandioso quadro de sua vida - o trabalho que ama, embora de forma diversa, tão intensamente como o homem ama uma mulher ou a mãe a um filho – ele se aplicará intensamente - e iria sem dúvida dar muita preocupação ao quadro se este tivesse sensibilidade. Podemos imaginar um quadro sensível, depois de ter sido apagado e raspado e recomeçado pela décima vez, desejando não passar de um esboço simples feito num minuto. Da mesma maneira, é natural para nós desejar que Deus nos traçasse um destino menos glorioso e menos árduo; mas, assim, não estaremos então desejando mais amor e sim menos amor” (LEWIS, O problema do sofrimento, 2005, p. 19).

Que Deus nos dê a graça de entendermos a nossa estrutura e assim buscarmos cada vez a graça dele para a nossa vida!

Alcindo Almeida
IGREJA PRESBITERIANA DE PIRITUBA
LEWIS, C. S. O problema do sofrimento. São Paulo: Vida, 2005.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Devemos suplicar sempre a misericórdia de Deus para conosco


-Texto para reflexão: Inclina, Senhor, os teus ouvidos, e reponde-me, pois estou aflito e necessitado. Preserva a minha alma, pois eu sou piedoso; tu ó Deus meu, salva o teu servo, que em ti confia. Compadece-te de mim, ó Senhor, pois a ti clamo de contínuo. Alegra a alma do teu servo, pois a ti, Senhor, elevo a minha alma (Salmo 86.1-4).

Há um personagem histórico que nos chama a atenção: Theodore Roosevelt – presidente dos Estados Unidos da América. Ele é chamado de o presidente vaqueiro dos Estados Unidos da América. Quando criança era franzino e tinha muitas doenças. Sofria de asma, tinha miopia e era extremamente magro. Seus pais acreditavam que ele não sobreviveria por muito tempo. Ele se preocupou então em estruturar seu corpo assim como fazia com a sua mente. Ele enfrentou as crises profundas do seu coração porque quando menino era nervoso e tímido e carregava doenças terríveis no seu corpo (MAXWELL, John C. 2007, p. 51). Este foi um presidente reconhecido pela sua braveza e luta no meio das crises e dificuldades da vida.
Hoje todos nós temos crises como Theodore Roosevelt. Temos dificuldades que podem nos afetar na vida. Então quando estamos em crise de problemas diversos para qual Salmo nós podemos recorrer?
Podemos recorrer a um Salmo que fala que Deus é misericordioso, um Salmo que fala que ele atenta para o nosso clamor. Um Salmo que afirma que Deus é o único, o grande, o maravilhoso, o poderoso, o Deus incomparável e soberano. O Deus que é cheio de compaixão, o Deus que merece todo o louvor e toda a adoração.
Este Salmo é uma oração solitária do rei Davi. Este Salmo consiste num elogio como também numa oração. Davi elogia Deus e ao mesmo tempo retrata a sua oração diante de Deus. Por isso, é especialmente conhecido como a oração de Davi. As circunstâncias da vida dele são variadas e expressivas no texto. Em muitos aspectos se assemelha ao Salmo 17.1-15. Aqui vemos as orações de um homem que não tem medo de expor seus dilemas diante de Deus. Ele sabe deles e, por isso, recorre ao nome de Deus muito freqüentemente citado neste Salmo.
No Salmo Davi reconhece a miséria humana, a necessidade do homem de clamar pela misericórdia, pela compaixão de Deus para a vida. Sua forma é simples como uma súplica e finalizada por um ato de louvor pelo alívio da pressão que Davi sofrera. Os dois primeiros versículos mostram bem claramente o apelo de Davi pela compaixão de Deus para a sua vida. Davi apela para a fidelidade de Deus no fato dele ser misericordioso para com o seu servo, porque Davi está aflito e necessitado. Então ele suplica a Deus porque ele é também piedoso, ou seja, Deus é íntegro e fiel em suas promessas (KIDNER, Vol. 14b, p. 336).
Davi ora a Deus pedindo para que ele incline os seus ouvidos à voz dele, pois, ele está em angústia. Ele diz: Inclina, Senhor, os teus ouvidos, e reponde-me, pois estou aflito e necessitado. Preserva a minha alma, pois eu sou piedoso; tu ó Deus meu, salva o teu servo, que em ti confia. Compadece-te de mim, ó Senhor, pois a ti clamo de contínuo. Alegra a alma do teu servo, pois a ti, Senhor, elevo a minha alma.
Aqui está uma súplica, uma petição que precisamos fazer sempre para o nosso Deus eterno. Que profundo reconhecimento da limitação do ser humano diante de Deus. E quanto o homem necessita, carece e precisa da misericórdia do Senhor.
Primeiro, Davi pede para o Senhor inclinar, ouvir, considerar atentamente o seu pedido, ouvir cuidadosamente a palavra do seu servo. Porque ele está aflito e necessitado de alguém muito especial para ouvi-lo. E este alguém é o Deus dele.
Segundo, Davi pede para Deus guardá-lo, pois, o teme e confia nele.
Terceiro, Davi pede para que o Senhor tenha misericórdia da sua vida, pois, ele clama por isso todos os dias. Davi sabe o que é a misericórdia de Deus, ou seja, Deus não deu a Davi o que ele merecia, a condenação. Pois, Davi por causa dos seus pecados de adultério e assassinato deveria ter sido morto pelo Senhor. Mas, o Senhor sendo misericordioso com Davi o poupou da morte.
Quarto, Davi pede para que o Senhor alegre o seu coração, pois, ele enleva o seu coração com sinceridade a Deus. Então pelo fato de Deus ser misericordioso e compassivo para com Davi, ele suplica da parte de Deus a alegria para que ele viva. Porque Davi reconhece que diante da aflição e angústia a alegria vinda de Deus no coração é a melhor coisa que pode lhe acontecer. Por isso ele disse: Na tua presença há abundância de alegrias (Salmo 16.11).
Oração é sempre este processo de confissão do que somos, um pedido de súplica e intercessão pelas pessoas e por algo que desejamos diante de Deus.
Davi nos ensina neste Salmo a sermos sinceros e abertos diante de Deus quando clamamos a ele com toda a sinceridade a nossa necessidade e aflição. Ele não esconde que está aflito e necessitado diante de Deus. Ele abre o seu coração com transparência.
Não tenhamos medo na presença de Deus e abramos o nosso coração diante dele. Ele quer que expressemos o que sentimos diretamente a ele em oração e súplica. Ele quer que tenhamos um diálogo de oração de maneira simples e íntima. Você pode notar esta intimidade na vida de Davi quando lê os Salmos 4.2; 17.1-8 e 145.1 (NOUWEN, 2007, p. 89).
Na oração de coração aberto entramos na contemplação do Deus que conhece a nossa mente e coração e escuta atenciosamente os dilemas da nossa alma. Na oração aprendemos a descansar na bondosa providência de Deus e expressamos nosso pensamento, sonhos e pesadelos diante daquele que é o nosso Pai amoroso que nos olha com compaixão e graça (NOUWEN, 2007, p. 91).
Neste Salmo percebemos uma oração que precisamos fazer sempre na vida. Precisamos como Davi pedir todos os dias para que Deus atente para a nossa aflição, para as nossas necessidades. Para que ele incline os seus ouvidos, para que ele ouça atentamente a nossa súplica. Aprendemos com Davi que na hora da aflição só podemos recorrer ao único foco da vida, Deus. Precisamos pedir para que ele nos guarde em todos os sentidos da vida. Precisamos pedir para que ele derrame cada dia sobre nós as suas misericórdias, pois, elas são sem fim e são sem sombra de dúvidas, a causa de não sermos consumidos. Precisamos reconhecer que a alegria só vem de Deus e para ele somente que podemos pedir a alegria para a vida.
Pense nisto:
· Necessitamos reservar um tempo e local para uma conversa com Deus sobre os dilemas e aflições da vida;
· Tenhamos Deus como foco primordial na vida;
· Abrecemos o silêncio no espaço de oração na presença de Deus;
· Aprendamos a ser consolados por Deus através da sua Palavra.

Pr. Alcindo Almeida

KIDNER, Derek. Comentário em Salmos. São Paulo: vida Nova, 1995, Vol. 14b.
MAXWELL, John C. As 21 irrefutáveis leis da liderança. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2007.
NOUWEN, Henri. Direção espiritual. Petrópolis: Vozes, 2007.